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segunda-feira, janeiro 29, 2007

Era do cimo desta torre numa das maiores fazendas de açúcar, a de Manaca-Iznaga, que se vigiava o trabalho dos escravos, capturados e embarcados à força de África pelos navios negreiros no que foi já considerada como a maior migração na história da humanidade - estima-se que cerca de 13 milhões de seres humanos tenham sido levados para o Novo Mundo para aí serem escravizados em campos de trabalho, desde Minas Gerais até ao Mississipi.


Lá do alto, os capatazes do fazendeiro tinham uma visão ampla dos imensos campos de cana de açúcar dando o alerta ao menor sinal de tentativa de fuga dos milhares de escravos que aí trabalhavam. Neste caso particular, estamos em Cuba, próximo de Trinidad, no Vale dos Engenhos, que hoje é um sitio considerado pela Unesco como Património da Humanidade. Foi invocando este imaginário trágico da escravatura que um dissidente cubano escreveu o romance "o Engenho" que com grande surpresa vemos pelos escaparates de livrarias insuspeitas, como a "Ler Devagar". Mas afinal quem é Reinaldo Arenas, e sobre o que escreve?

“Cuba, anos 70. Milhares e milhares de jovens, tal como os escravos no século XVI, são recrutados à força para trabalhar nos engenhos de cana- de-açucar. Em condições miseráveis e absolutamente infames, vêem-se obrigados a atingir as elevadas quotas de produção decretadas pelo Grande Cacique”
Bastaria ver "El Brigadista" do realizador cubano Octavio Cortazar (1977) para nos darmos conta do regime de voluntariado que imperou na Revolução Cubana desde as campanhas de alfabetização, e de como é miserável esta conversa dos "dissidentes" que arranjam bons empregos, lá longe, pagos por Washington. Lógicamente, trabalhar é uma coisa que sempre fez cócegas aos párias.

"O tom de epopeia anti-castrista que o editor dá ao livro pode induzir em erro. Na realidade, esta espécie de longo poema sobre as brigadas de jovens "coagidos" a trabalhar na safra da cana- de-açucar, não é fácil de ler e a sua atmosfera fantasmagórica e de pesadelo parece muito pouco convincente" (lê-se na Politica Operária),
"Reinaldo Arenas, que no dizer de um biógrafo, “fez da sua homossexualidade uma bandeira”, saiu de Cuba no inicio dos anos 80 e veio a morrer de sida em Nova Iorque aos 47 anos, depois de ter recriado numa série de obras as pulsões obcessivas da adolescência. À falta de mais notáveis figuras, tem sido desde então promovido por meios de direita norte- americanos a mártir do regime cubano. Jogo a que se presta gostosamente o editor português”. Se tivessem vergonha na cara, tanto a "Antigona" como a "Ler Devagar" tiravam essa porcaria das estantes
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