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quarta-feira, maio 07, 2014

o sistema de especulação financeira capitalista criticado pela direita

Já sabíamos da "ética neoliberal", agora o professor Rui Moreira vem-nos falar de "ética crematistica". O mesmo boi com outro nome, não o nomeando para não o pegar pelos cornos. "Crematística é um conceito aristotélico que advém das idéias de khréma e actos - busca incessante da produção e do açambarcamento das riquezas por prazer. Foi mencionado no livro Ética a Nicómaco. A prática crematística consiste em colocar a procura da maximização da rentabilidade financeira (acumulação de numerário) antes de qualquer outra coisa, em detrimento, se necessário, dos seres humanos e do meio-ambiente. É da natureza da prática crematística recorrer a diversas estratégias de acção nocivas, como especulação financeira, degradação sócio-ambiental etc, sem preocupação com as consequências".
Rui Moreira critica "a Plutocracia Mundial": a chamada politica de “quantitative easing” (emissão monetária) que a Reserva Federal (FED) e o Banco de Inglaterra iniciaram logo após o deflagrar da crise de 2007/2008, e que o BCE acompanhou (foi obrigado a acompanhar pela transferência das dívidas dos bancos comerciais para divida soberana dos Estados europeus) a partir de 2010, quando Draghi, um homem oriundo do Goldman Sachs, assumiu a sua presidência, mais não fez que aumentar essa bolha financeira, que não corresponde a nenhuma efectiva produção de riqueza (...) o estado de desespero, disfarçado de arrogância que os “poderosos” sempre ostentam, a que a plutocracia ocidental chegou é perigoso, porque um dos meios a que historicamente recorreu para preservar os seus ilegítimos privilégios, é recorrer a um conflito armado de largas dimensões. Só que, como disse, o jogo em que entraram está numa posição desesperada, porque a plutocracia ocidental sabe que esse conflito pode levar à destruição de toda a humanidade, dadas as características das armas actualmente disponíveis". Fim de citação.

"pleno emprego", diz ela
A opinião de Rui Moreira (RM) não toca em nada do essencial: porque é que os emissores do Dólar e da Libra podem imprimir moeda quanto queiram e emprestá-la directamente aos Estados e o BCE não pode? qual é a natureza desta dependência? Ao contrário do que se possa fazer crer, a Reserva Federal não acabou com a emissão de dinheiro ficticio para injectar na economia... apenas diminuiu desde Janeiro último esse valor de 85 mil milhões por mês para 58 mil milhões. O autor é omisso sobre a natureza imperialista do controlo do Euro pela moeda de referência global que é o Dólar que sustenta mais de 1000 bases militares um pouco por todo o mundo, que por sua vez sustentam o Dólar.  A Europa está sob um ataque que visa transformar 500 milhões de cidadãos em meros tributários de um Império que não fica nada a dever às intenções de Hitler, mas RM aproveita para disparar em concreto sobre o seu objectivo ao ficar "estarrecido quando vê a esquerda aplaudir a emissão de euros pelo BCE, quando deveria estar a criticar as bases do próprio sistema financeiro actualmente existente, e não a entrar na procissão dos crentes neste tipo de “solução”. Portanto, segundo a direita a culpa é da esquerda. Segundo a esquerda a culpa é da direita. É por isso que Cavaco quer uma amplo consenso de regime. Para que num modelo neofascista de dois partidos únicos, onde ambos aceitam o actual paradigma financeiro, desapareça de vez a incómoda questão da culpa tão cara aos votantes.

Quando os neonazis de Kiev recentemente tomaram o poder um dos seus primeiros actos foi embarcar secretamente as reservas de ouro do país para os Estados Unidos. Obviamente, o ouro não é equiparável a papel impresso. As reservas em ouro do Banco de Itália são as terceiras maiores do mundo, depois dos EUA (que emite o dólar) e da Alemanha (onde se emite o euro). Metade do ouro italiano está guardado em Roma, a outra metade está investida como garantia financeira nos Estados Unidos. Este esquema, por muito surpreendente que possa parecer, tem antecedentes bem concretos numa Europa que ficou sob dependência neocolonial desde 1945 e que permanece. É por isso que a emissão do Euro não é livre, serve em primeiro lugar a plutocracia privada acolitada à sombra do dólar, não serve os povos europeus.

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