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sexta-feira, março 24, 2006

Greve Geral em França
















Comunicado do Comité de Ocupação da Sorbonne no Exílio
20 de Março 2006

Universidade de Sorbonne com a sua atmosfera eterna. Repleta de História suspensa. Caminhos e átrios de mármore como pântanos gelados. “Quando não há sol, aprende-se a amadurecer debaixo do gelo”. Então, dez dias atrás, o gelo começou a derreter, num fim de tarde em séculos. Um fogo de mesas e documentos finais: uma chama maior do que qualquer homem, no meio do pátio, o pátio das cerimónias. Não mais se ouviram os murmúrios nos corredores e nas salas de aula não houve mais discursos, apenas empurrões em conjunto, pesquisando uma nova estrutura. Começou. Projécteis, viseiras, extintores, cadeiras, escadotes, contra os policias. O monstro acordou.
As autoridades são estúpidas. Correm em volta. Eles pensam que evitando-nos destruíram a explosão que emergiu aqui. Idiotas. Loucos como o surdo e pesado baque de um computador de encontro aos elmos dos policias de choque. Mandando-nos para o exílio, eles apenas aumentaram o nosso campo de acção. Vão apanhar com as suas guloseimas por nos terem tirado a nossa Sorbonne, por nos terem expropriado. Ao instalarem a sua policia aqui, eles ofereceram a Sorbonne a todos os expropriados. A esta hora quando estamos a escrever isto, a Sorbonne já não pertence aos estudantes, ela pertence a todos que, pela palavra ou pelo arremesso, entendam defendê-la. Desde o nosso exílio, temos alguns pensamentos acerca das finalidades deste movimento.

#1 – Estamos em luta contra uma lei aprovada com maioria de votos de um parlamento legitimado. A nossa simples existência prova que o principio democrático de voto maioritário é questionável, prova que a soberania da Assembleia é um mito e que esse poder de decisão pode ser usurpado. Faz parte da nossa luta limitar, tanto quanto possível, a tirania do voto maioritário. Todo este espaço concedido às Assembleias Gerais paralisa-nos e apenas serve para conferir legitimidade a decretos de um ramalhete de aspirantes a burocratas. Este tipo de Assembleias estão a neutralizar toda a iniciativa estabelecendo uma separação teatral entre as palavras e os actos. Mal o voto tenha sido depositado a favor da greve até que haja um reconhecimento da lei para oportunidades iguais, as Assembleias devem converter-se em espaços de debates conclusivos, em espaços para troca de experiências, ideias, e desejos, locais onde nós possamos demonstrar a nossa força, e não um cenário de lutas banais, futéis e de intrigas para influenciar as decisões.
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No total são 12 pontos – disponíveis (em inglês) num dos sitios dos Grevistas em www.bellaciao.org/fr

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