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domingo, março 25, 2007

antes, durante o fascismo, quando enfrentávamos os tubarões, tinhamos esperança, porque nos sentíamos os filhos da madrugada,,,
hoje, quando as novas gerações começam a nascer algures por aí nas auto-estradas, devem conformar-se com o estado actual da nação?

Os Filhos da Brisa

As 100 maiores fortunas portuguesas representam cerca de 17 por cento do PIB. Como esse dinheiro tem de vir de algum lado, 12,4 por cento da população activa vive com o salário mínimo nacional. Ou, por outros números: há uns 10 mil portugueses com rendimentos acima dos 816 mil euros anuais, o que faz com que 1 em cada 5 portugueses, isto é, 21 por cento da população total, isto é, DOIS MILHÕES DE PESSOAS, sobrevivam no limiar da pobreza.

As graves desigualdades na repartição da riqueza em Portugal são um obstáculo ao desenvolvimento económico do país

A "Corrosão do Carácter" (Ediç.Terramar, 2001) é um livro que fica praticamente definido pelo seu subtítulo: as consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Isto é, trata-se de uma obra em que o autor – um dos grandes nomes da sociologia actual – faz uma síntese da situação em que se encontram hoje milhões de trabalhadores, começando nos Estados Unidos e alastrando pelo mundo fora: baseados nas novas regras da flexibilização laboral,trabalham e vivem na incerteza e na insegurança, sem qualquer garantia acerca do futuro dos respectivos postos de trabalho. Este fim das carreiras profissionais está a ser feito em nome de quê e em proveito de quem?
O sociólogo norte-americano Richard Sennet desmonta neste ensaio a flexibilidade do trabalho e o seu impacto no carácter pessoal dos trabalhadores. No “novo capitalismo” troca-se mais frequentemente de emprego e há menos burocracia que no passado. Deixou-se de falar no longo prazo e os empregos estão a ser substituídos por projectos. O autor sugere é que o moderno mundo das organizações está a atacar a base do nosso carácter, transformando a forma como nos relacionamos e pondo em causa parte das estruturas sociais que nos permitem viver em conjunto.

Para aqueles que eventualmente tenham a memória curta, convém lembrar que a nova legislação laboral, entre nós, foi implementada pelo ministro do "governo da tanga" de Durão Barroso, Bagão Félix - que provinha de um partido com menos de 10 por cento de votos expressos - um golpe de mestre que nos fez aderir à força ao regime neocon de Washington, na Cimeira das Lajes.

Um regime que não dá aos seres humanos razões profundas para cuidarem uns dos outros não pode manter por muito tempo a sua legitimidade”.
in “A Cultura do Novo Capitalismo

"O novo capitalismo promove desigualdades que já nem levantam grandes clamores de protesto: é o caso das indemnizações principescas aos dirigentes que são afastados depois das fusões e concentrações. Nasceram deste modo três défices sociais: fraca lealdade institucional, diminuição da confiança informal entre trabalhadores e enfraquecimento do saber institucional. Para quem comanda a empresa passou a ser um assunto delicado a construção de um sentimento de inclusão social que assente na identidade do trabalho. Com a hiperqualificação e a infradesqualificação o leque salarial tornou-se abismal. Os “McJobs” pululam evidenciado que o capitalismo social está a ser enterrado"

(Para continuar a ler na recensão do livro de Sennet, no artigo de Beja Santos, publicado no "Noticias da Amadora")
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