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segunda-feira, março 19, 2007

O sr ministro da defesa afirmou que Portugal decidiu encerrar a embaixada em Bagdad porque o seu "colega iraquiano não lhe podia garantir a segurança das instalações". Ainda bem que Luis Amado reconhece como "colega" um titere integrado num governo de marionetas nomeadas ilegalmente por uma potência de ocupação que patrocinou e controlou um simulacro de eleições. Claro que o sr ministro não pode dizer nada de muito diferente, porque também ele é controlado pela mesmissima potência estrangeira.

Vem a propósito trazer aqui à lembrança um artigo de Domingos Lopes, vice-presidente do CPPC, publicado aquando da decisão do governo enviar tropas para o Líbano, onde afirmava: “O interesse nacional português passa por se saber posicionar no presente com olhos nos desenvolvimentos futuros. Nesse sentido, apostar naqueles que têm uma vocação de domínio é uma má opção

o Libano, o interesse nacional e o biombo do sr. Ministro da Defesa

“Parece-nos importante que a discussão sobre a guerra no Líbano e o interesse nacional se aprofunde e um artigo publicado pelo sr. Ministro da Defesa (Publico, Setembro2006) veio contribuir para essa discussão. A tese do sr. Ministro é a de que a participação das Forças Armadas Portuguesas na força multinacional da ONU corresponde à defesa dos interesses nacionais. Na verdade não corresponde, como pretendemos demonstrar.
Os principais argumentos do sr. Ministro são estes: a) há riscos de uma guerra regional; b) as principais ameaças à segurança europeia, incluindo as sedes transnacionais de organizações terroristas e os programas de tecnologia nuclear, têm origem naquela região; c) a segurança energética de Portugal e do conjunto dos paises europeus depende de uma estabilidade mínima no Médio Oriente, sem a qual não será assegurado o acesso aos recursos indispensáveis para o regular funcionamento das economias avançadas; d) a participação da UE na missão do Líbano e a presença portuguesa na missão servem para rejeitar o isolacionismo e afirmar o país na cena internacional. É pois necessário aferir se estes argumentos correspondem à melhor defesa dos interesses nacionais.










a) aos riscos de uma guerra regional:
É claro que há riscos de uma guerra regional e o senhor ministro bem sabe que não são as FFAA portuguesas e o contingente da ONU que os vão neutralizar. As razões que levam ao perigo de uma guerra regional resultam, como é unânime em todos os quadrantes da vida internacional, da ocupação dos territórios árabes depois da guerra de 1967, e sobretudo de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém –Leste, o que impede a criação do Estado palestiniano. Aqui é que bate o ponto. É profundamente revoltante para as grandes massas palestinianas, árabes e muçulmanos que todos os povos acabem por conquistar a sua independência e o povo palestiniano, esmagado pela coligação Israel/EUA, o não consiga. É esta ocupação, com todo o seu cortejo de horrores, que alimenta a luta do povo palestiniano, reconhecida pelo direito internacional. É nesta injustiça gritante que medram diversos fundamentalistas. É por isso que é preciso pôr termo a esta situação. Enquanto ela durar, os riscos de uma guerra regional estarão sempre presentes. Sem essa situação, a tensão baixará na região. A guerra regional estará sempre presente enquanto houver um país, o mais forte do mundo em termos económicos e militares, que tem um plano bélico para impor ao Médio Oriente os seus valores e os seus homens de mão para garantir a sua segurança energética. Só a a partir do interior das sociedades árabes, por obra dos seus próprios povos, se poderá construir um futuro democrático e pacífico. O resto é contemporizar com a Arábia Saudita, o Egipto ou os diversos emirados e sultanatos e manter a ocupação do Iraque...

b) quanto às ameaças à segurança europeia:
É caso para perguntar como é que cento e tal militares portugueses, mais os militares da UE, conseguem assegurar esse objectivo? Uma vez mais, trata-se de fazer confundir a árvore com a floresta. Os terroristas alimentam-se das condições miseráveis em que vivem certas populações e que não vêm outra saída. É pois preciso atacar essas condições. Claro, sem deixar de dar combate ao terrorismo, mas com a consciência de que a solução não é militar. Um exemplo: o Iraque nunca esteve ligado a redes terroristas, como reconhecem hoje os próprios EUA. Depois da ocupação pululam organizações terroristas no Iraque. É dos livros. Toda a gente sabe.

c) quanto à segurança energética de Portugal e da UE, entendamo-nos:
que quer dizer o sr. ministro? O petróleo pertence aos países onde se encontra, tais como as tecnologias avançadas pertencem aos paises seus detentores. Assim, os paises fornecedores de petróleo têm direito de negociar com os paises fornecedores de tecnologia os termos desses acordos. Estabelecendo relações equilibradas e reciprocamente vantajosas com os paises produtores de petróleo, Portugal assegurará o seu futuro e a sua segurança energética. O sr. ministro e o seu governo escolhem mal.

uma das tarefas da companhia de Engenharia destacada para o Líbano é andar a acarretar o entulho produzido por Israel. Quem paga as nossas Forças Armadas? que negócios são estes? por quem foram mandatados os governantes que optaram por este tipo de decisões?

d) quanto à participação portuguesa:
Vale a pena referir que é preciso ter a mente fria e saber distinguir quando Portugal deve ou não participar numa missão militar. Só porque é da UE, é inaceitável. Se for uma missão da UE que viole os direitos nacionais de outros povos, os interesses portugueses, Portugal não deve participar. Mas o sr. ministro também escreveu que é importante devolver aos libaneses o Líbano. Bonitas palavras. Só que Israel ocupou anos a fio o Sul do Líbano e ainda ocupa um conjunto de quintas. Israel também invadiu o Líbano com a mesma retórica. São os libaneses que vão resolver os problemas do Líbano, não vai ser o contingente da ONU, que de nenhum modo se deve envolver nos assuntos internos do Líbano. E assim, o Líbano deverá ser dos libaneses, mas é preciso que a Síria seja dos sírios, incluindo os montes Golan; e Gaz, Cisjordânia e Jerusalém –Leste sejam dos palestinianos. O interessa nacional passa por se saber posicionar no presente com olhos nos desenvolvimentos futuros. Nesse sentido. Apostar naqueles que têm uma vocação de dominio é uma má opção. Posicionarmo-nos para o futuro significa estabelecer com todos os paises árabes relações de cooperação com base na reciprocidade de vantagens.
O resto é esconder a cumplicidade com ambições totalmente estranhas ao interesse nacional
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