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quarta-feira, julho 06, 2005

Angola no pântano da Corrupção Global (II)

foto "emprestada" pelo PULULU

A Corrupção é um Negócio de Estado. Riqueza para alguns, pobreza para muitos.O dinheiro não contabilizado foi de cerca de US$1,7 biliões por ano apenas entre 1997 e 2001.

Quando o escândalo “ANGOLAGATE” se tornou público em França envolvendo a petrolífera ELF cujo patrão, homem de confiança nomeado pelo Presidente Mitterrand, viola a legislação francesa e Pierre Falcone é acusado como traficante de armas, já era conhecido o universo obscuro da gestão do petróleo em Àfrica, pela publicação do livro “Les Secrets de L`affaire Elf” de Roger Kouam, “um tipo de actividade para peixes de águas profundas”, segundo o autor.
É na verdade impressionante o envolvimento histórico da Banca internacional nos enormes empréstimos Offshore com altas taxas de juro para a obtenção de material bélico a preços exagerados, um método deliberadamente não transparente de contrair dívidas concedendo créditos aos governantes angolanos (e a muitos outros) em troca da garantia de futuros lucros nas explorações petrolíferas, hipotecando a produção de Petróleo do país por décadas.
No caso da ELF a Justiça não podia ignorar. Segundo o jornal “Expresso” (2001) o Governo de Luanda chega a discutir no Parlamento o processo “Angolagate” cuja investigação em França sobre o alegado tráfico de armas da ex-URSS para Angola durante a década de 90, indica que grande parte das comissões destes negócios era recebida por dirigentes angolanos (Le Monde). Os escândalos financeiros relacionados alastram à Suiça e levaram o juiz Daniel Devaud a determinar o congelamento de uma conta com cerca de U$ 614 milhões de dólares. O dinheiro é alegadamente desviado da verba destinada ao pagamento da dívida angolana à Rússia (RtpÁfrica 7/6/02).
Luanda reage ameaçando mover um processo judicial contra o juiz Devaud por “difamação e danos causados à imagem e prestígio do presidente Eduardo dos Santos”, nomeia Pierre Falcone seu embaixador na UNESCO para gozar de impunidade salvando-o das garras da justiça francesa, e como retaliação não aceita a acreditação do novo embaixador francês em Luanda, impedindo o diplomata Guy Azais, de exercer qualquer actividade.
Por essa altura, o Presidente Dos Santos está optimista, e mantém incólume esta imensa máquina de fazer dinheiro. Mas a “Global Whitness” irá mais longe,,,
e publica um explosivo dossier resultante de dois anos de investigação,(depois de "Um Despertar Cru" em Dezembro de 1999) onde realça a pilhagem sistemática de receitas estatais em Angola, em "Os Homens dos Presidentes" (Março de 2002).
Luanda é uma cidade com mais de 4 milhões de refugiados de guerra, dos 12 milhões da população total da Angola (48% dos quais são crianças), que “sobraram” da guerra. Toda esta gente depende da importação de alimentos, negócio de Estado de que está encarregue a C.A.D.A. (Companhia Alimentar de Angola) gerida por altos dirigentes do Mpla/Governo em parceria com o “Grupo BRENCO Trading Lmtd” uma holding sediada em Londres e em Paris de que (voilá!) voltam a ser accionistas principais Pierre Falcone e o russo Arkadi Gaidamak.
A miséria em que se encontra o Povo Angolano é objecto de negócio pela mistura explosiva do controlo burocrático dos Monopólios Estatais herdados do modelo soviético dirigidos pela Máfia angolana, com as politicas selvagens Neoliberais da globalização dirigidas pelas Máfias internacionais.
Neste contexto a normalização das degradadas vidas dos refugiados de Luanda é impedida, criando-se dificuldades e impossibilitando activamente o regresso das pessoas às suas terras de origem. Compreende-se. O desaparecimento desta imensa mole de miseráveis concentrada em Luanda é contrária à existência de um “mercado fluorescente” em termos de “clientes” para os negócios da Brenco e da CADA.
Arkadi Gaidamak, indiciado na investigação em França, instado a comparecer perante o juiz Philippe Courroye, pura e simplesmente recusou.
No entanto o “ANGOLAGATE” ainda mexe, mostrando como a elite no poder em Angola lucrou com a brutal guerra civil entre o MPLA e os rebeldes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). Segundo um relatório da HRW, "o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, com base em Londres, calculou que as despesas militares do governo atingiram os U.S.$400 milhões em 1995 e $450 milhões em 1996. O instituto não foi capaz de fazer um cálculo para os anos de 97 e 98".
As petrolíferas e os negócios do Presidente e da oligarquia angolana permanecem de pedra e cal. Existirá uma grande inquietação de que a elite de Angola vá simplesmente passar da pilhagem dos bens estatais do tempo de guerra ao aproveitamento na sua fase de reconstrução?,,,
Seguidamente em próximo “post” se verá o envolvimento dos aliados Portugal e Estados Unidos no processo de aplicação prática da doutrina do keynesianismo militar ao concertarem com Luanda a expulsão da francesa ELF de Angola entretanto vendida à TOTAL.
(continua)

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