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quinta-feira, julho 07, 2005

Angola no pântano da Corrupção Global ( III )

NINGUEM PRESTA!

Falcone, Presidente ZEDU, Chirac o lixado, BUSH e Barroso

No ano 2000 Pierre Falcone, o traficante de armas libertado sob caução depois do pagamento de uma fiança (1) de 14 milhões de dólares (pagos pela Sonangol),acusado por “tráfego ilegal de armas, fraude fiscal, uso ilícito de benefícios sociais, abuso de confiança e tráfego de influência” faz uma doação à Campanha para a Eleição de George W.Bush no valor de U$ 100 milhões de dólares – provenientes de uma empresa gerida pela esposa de Pierre Falcone , tanto quanto a contribuição de Kenneth Lay o “ patrão” da ENRON.!!,,, Após a exposição desta ligação com “dinheiro sujo”na “Newsweek” em Janeiro de 2001, o Presidente Bush diz que irá devolver (!) a doação.
Passando por anos da politica “soft” de Clinton de promover a guerra biológica pelo lançamento de desfolhantes químicos que destruíram milhares de kilómetros quadrados de lavras lançando a fome e a degradação sobre as populações afectas à Unita, a nova Administração americana de Bush resolve-se pela rápida eliminação física da Oposição angolana, que virá a culminar com o assassinato de Jonas Savimbi utilizando a aviação com pilotos israelitas e tecnologia GPS (num processo similar ao utilizado por Israel para matar o sheik Yassin na Palestina).
Do pré-acordo para riscar a Unita do mapa faz parte o pagamento da DÍVIDA de US$ 2,2 biliões de dólares a Portugal. A acção do recém-eleito 1º ministro português Durão Barroso (o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros que tinha estado em Lusaka) parece ter sido decisiva para obrigar José Eduardo dos Santos. Um antigo funcionário do Ministério das Finanças de Portugal comentou à "Global Witness" que acreditava que o novo acordo fora diligenciado mais pela necessidade urgente de lidar com o défice público português, mantendo-o dentro do limite imposto pelo Pacto de Estabilidade Europeu, do que por qualquer coisa a ver com perdoar a dívida angolana. Parece que o governo angolano concordou com um pagamento único, imediato, de US$ 270 milhões, em troca de algum perdão da dívida e de condições favoráveis para o reembolso do resto. Um representante da Embaixada de Portugal em Londres disse à "Global Witness" que, até Dezembro de 2003, o acordo não tinha sido finalizado. Não obstante, a mensagem de governação deficiente é clara: numa altura em que Angola enfrenta uma situação humanitária crítica, o seu governo parece disposto a contrair empréstimos volumosos com altas taxas de juro para pagar as suas dívidas a Portugal, enquanto Portugal procura uma solução rápida para as suas obrigações com o Pacto de Estabilidade da UE.
Enormes Novos Empréstimos Offshore: não muito após ter vindo à luz o acordo com Portugal em Janeiro de 2003, o governo angolano organizou um novo e volumoso empréstimo, de bancos estrangeiros, garantido por petróleo, encaminhado através das Ilhas Cayman que, desta vez gerou mais de US$ 1 bilião. O empréstimo foi organizado pelo BNP Paribas, Société Générale, Natexis Banques Populaires e Banque Belgolaise e é, até agora, o maior empréstimo contraído por Angola e parece estar a ser gerido através dum mecanismo não transparente, chamado um 'Special Purpose Vehicle' ou SPV, com base num abrigo fiscal offshore, cujos capitais serão os rendimentos da produção petrolífera angolana.
Por esta altura da narrativa, podemos ser levados a pensar que o dinheiro seria utilizado para pagar os bens que milhares de portugueses foram obrigados a deixar em Angola; mas o dinheiro fazia falta para outros fins,,,
O posterior apoio e colaboração dados pelo governo Barroso à invasão do Iraque pelos Estados Unidos não serão de todo estranhos a este acordo. A versão da “estória para consumo público” por António Monteiro ex-embaixador de Portugal em Luanda e depois em Paris ( Dezembro de 2003) pode ser lida no artigo – “Portugal, os Estados Unidos e a guerra angolana” publicado na Revista nº6 dos Negócios Estrangeiros.
O Presidente Dos Santos aperta a mão a Bush em Washington em Fevereiro de 2002. O julgamento do Processo ELF terminaria em Paris em meados de Novembro de 2003, com a condenação de 30 dos acusados e penas que incluíram prisão e multas pesadas.Ao apresentar o caso, a acusação forneceu detalhes extensos sobre uma série de estruturas offshore e sobre a forma deliberadamente pouco transparente de negociar instituída pelos executivos da companhia para distribuírem benesses aos líderes africanos e conseguirem manipular a política nacional e internacional em seu proveito – o autodenominado “sistema Elf'”. Pierre Falcone, entretanto alvo de um mandado de Captura internacional, passa em trânsito pelo aeroporto da Portela em Lisboa no dia 5 de Maio de 2004 (outras 3 visitas anteriores tinham sido feitas no ano de 2004 a Lisboa), e o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) avisado pela Interpol é obrigado a detê-lo. Acabaria por ser libertado algumas horas mais tarde, sem que tenha sido conduzido ao Tribunal da Relação de Lisboa. É evidente que o governo de Lisboa quer esconder o escândalo diplomático e Durão Barroso, parte interessada no negócio, MENTE descaradamente à “comunicação social”, mas as mentiras do Governo português têm pernas curtas, tão curtas que nem os petrodólares do Futungo as conseguem abafar. O caso torna-se uma vergonha nacional até entre os próprios Liberais!
(continua)

(1) Aquela que foi estimada como sendo a maior fiança de sempre em França, foi mais tarde reduzida para cerca de um terço, depois de uma acção de recurso interposta pelos advogados do empresário.Segundo o jornal francês «Nouvelle Observateur», citado no relatório «Hora de Transparência», esse valor viria ser pago “pela empresa estatal de petróleo angolana Sonangol, para demonstrar a solidariedade de Angola para com Falcone”

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