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sábado, dezembro 13, 2014

Sobre o "Desenvolvimento" nas Sociedades Capitalistas

Na década de 70 um grupo de intelectuais do meio universitário, face aos desvios revisionistas do que seria o caminho de desenvolvimento para uma sociedade socialista e comunista, fundam o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado, no que foram rapidamente secundados por um número crescente de operários da cintura industrial de Lisboa. Enquanto a grande burguesia acolitada pelos fascistas do regime, cujo principal interesse era "modernizar" o capitalismo, davam a mão ao Partido (Pseudo) Comunista Português (P"C"P), imediatamente a seguir ao golpe-de-Estado de 25 de Abril de 1974 uma parte importante dos militantes do MRPP foi encarcerada e o partido ilegalizado e impedido de concorrer às "eleições livres". Em termos de desenvolvimento transviado que culmina agora numa geração perdida os resultados sociais estão à vista de todos. Em 1971 era secretário-geral dos comunistas Arnaldo de Matos, o mesmo que escreve hoje esta crítica ao "desenvolvimento capitalista"  
40 anos depois...
"As Conferências de Lisboa são um fórum internacional bienal (...)  destinado a debater o tema do Desenvolvimento. Nos dias de hoje, e ao contrário do que sucedia nos anos das décadas de sessenta e setenta do século passado, em que o orbe se apresentava dividido política e economicamente em três mundos, o desenvolvimento deixou de versar apenas sobre a transformação dos países economicamente atrasados, para passar a ocupar-se dos problemas do crescimento económico, da sua sustentabilidade e da distribuição de riqueza à escala global, envolvendo todos os países e continentes, qualquer que seja o respectivo grau ou estádio de crescimento (...)  Os nossos secretários- de-Estado estão ainda naquela etapa dos conhecimentos económicos em que o desenvolvimento era visto como igual a investimento, e não havia meio de compreenderem que um país pode morrer afogado em investimento, sem nunca alcançar o desenvolvimento, como em parte aconteceu até a Portugal, com a avalanche dos subsídios europeus a fundo perdido, mas só aplicáveis onde o capitalismo anglo-franco-germânico autorizasse (…) O segundo erro da Primeira Conferência de Lisboa sobre o Desenvolvimento está no inusitado papel que a organização concedeu ao controlo ideológico da conferência pelos funcionários da União Europeia. Ora, precisamente esses funcionários deveriam estar proibidos de debater em público a problemática do desenvolvimento, à uma, porque, no seu conjunto, a União Europeia, dispondo embora de um terço do mercado mundial, tem um crescimento que mal atingirá 1% no corrente ano, e acolhe no seu seio o segundo maior conjunto de pobres do mundo. E haverá pouca gente que entenda tão bem a ignorância europeia em matéria de desenvolvimento como a entende o martirizado povo português. (o artigo completo está publicado no Luta Popular)

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