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sábado, janeiro 31, 2009

Second Life, um filme todo Pipoca

As pipocas foram um “alimento de sucesso” (para enganar o estômago) durante a grande depressão de 1929 que durou até à retoma que preparou a Grande Guerra; se antes serviam para enganar a fome do corpo, hoje em dia o milho assado serve para acompanhar o embrutecimento da alma - como as explosivas pipocas de milho transgénico que suam aquela baba gelatinosa (1) que os indigentes mamam em lautas ruminações nas salas escuras assim se deglute esta aglutinação de fotogramas (a Obra, ela própria uma 2ª Vida) que não vi, nem a maior parte verá, creio. excepto os críticos, por obrigação. O truque é sugerir cenas quentes. Claudia Vieira mostra as nalgas, (como Nicolau Breyner mostra a careca no filme ao lado), a Liliana mostra que é funcionária da TVI; há ainda um actor cámone que tem um negócio de bilheteira na Polónia, com o cachet pago a troco de batatas, o inenarrável Malato, a Fátima costureira-vip e o Figo armado em travolta, numa “cena de lap dancing que faz mais pela destruição da sua dignidade do que uma sucessão de passes falhados” - diz o crítico Luis M. Oliveira, “É um amontoado de cenas confusas (...) há mais densidade psicológica num porno e maior sofisticação dramatúrgica nos Morangos com Açúcar”.

O crime do espectador Otário (à semelhança dos 400 mil que foram ver o Crime do Padre Amaro) é serem sacados de casa onde vêem televisão para irem ao cinema,,, ver televisão. Já ouvimos chamar a este “pequeno apogeu da degradação do cinema comercial” – “a cultura é para o povo” diz Alexandre Valente, o frankenstein gestor desta produção de 1 milhão e 550 mil euros – sugerindo de seguida que “o cinema português devia ter quotas de exibição tal como acontece na música para que seja garantida a responsabilização do dinheiro gasto (...) que está a desbravar um caminho fora do cinema subsidiado” – para chegar a um “não lugar” como diria Marc Augé, ao sítio do semi analfabetismo e da não educação militante – um filme de não actores é um inventário de celebridades “para chegar ao público”. Só se forem mentecaptos. É capaz de ter êxito nas receitas, este Valente.

(1) sobre os xaropes super-extra doce feito de milho. Antes da década de 70 não existia nada disto no mercado. Porém o uso, como a overdose de dinheiro fictício, alastrou intensivamente porque é preciso facturação em massa sobre as massas, e finalmente verifica-se que contém metais pesados. Mercúrio,

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