O modelo imposto pela vitória dos Estados Unidos na 2ª Grande Guerra e o pós-desenvolvimento pela doutrina Kissinger nos anos 70 colapsou!
O agravamento da crise que agora se inicia com a entrada dos chamados países emergentes (BRIC`s) e que afecta todo o mundo não provém da perda de valor das matérias primas, nem porque a China está a deixar de crescer aos mesmos níveis anteriores e a bolsa de Hong-Kong foi atacada pelos especuladores financeiros ocidentais, nem ao dumping ecológico da nova tecnologia de extracção de petróleo de xisto pelos Estados Unidos chantageando o modelo civilizacional, nem a qualquer outro tipo de “choque” económico. O modelo de acumulação capitalista que está a ser imposto globalmente desde há 40 anos, cuja falência se começou a manifestar em 2007 e “crashou” em 2010 ” é que é insustentável; como em 1929, está esgotado! – as explicações dos “analistas” não são válidas; o que nos dizem, é que a China é uma coisa, a Europa outra, os Bancos assim, a Grécia assado, etc. E porquê? Porque há que evitar perguntas inconvenientes e o pânico generalizado, as pessoas devem ser mantidas indiferentes, os que se dispõem a intervir devem votar em paz e ficarem tranquilos, entreter-se a ver futebol e gritar através da televisão contra os árbitros; porém nunca contra aqueles que são colocados em lugares-chave sem saber o que estão a fazer, nem contra as ocas palavras dos políticos contratados para gerir o sistema eleitoral onde só se pode escolher apenas uma coisa.
Que solução? Primeiro há que conhecer os problemas; e o primeiro é a “divida” criada pela falta de compensações entre regiões. É preciso anular de imediato toda a espécie de endividamento resultante do sistema de trocas desiguais – calcula-se que o Mundo deve a si mesmo 200 mil biliões de dólares, a “moeda” que mede o saque de recursos planetários e deve ser imediatamente extinta. A continuar é absurdo pensar que um tal nivel de endividamento possa algum dia ser pago. É necessário reconstruir todo o sistema financeiro global, contabilizar sem fraude os activos dos bancos e seguradoras; extinguir as sociedades financeiras de “investimento” especulativo. Homologar e impor os custos sobre o consumo de produtos alienantes fazendo-os depender de taxas negativas. Instaurar um “rendimento básico mundial” equitativo. Eliminar intermediários que não geram nem acrescentam valor; medir o valor pelo trabalho e não pelo capital acumulado de modo predatório que criou o abismo entre devedores e credores; conferir o protagonismo politico à classe de operários, técnicos e trabalhadores do tecido produtivo.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
Pesquisar neste blogue
domingo, agosto 30, 2015
domingo, agosto 23, 2015
a Grécia e o Socialismo do século XXI
Ex-ministro Varoufakis: “Para quê enviar tropas, se podem enviar a troika a cada mês?”
A composição social na Grécia (como em Portugal), consequência da deslocalização e terceirização do tecido produtivo numa população activa de cerca de 5 milhões de pessoas, é aproximadamente a seguinte:
* Operários empregues em trabalho produtivo, 14%
* Trabalhadores indiferenciados, 19,3%
* Profissionais técnicos e quadros, 17,5%
* Assalariados agrícolas, 2,2%
* Executantes empregues no terciário, 42,5%
* Dirigentes, Administradores e profissões liberais, 4,5%
A coligação de pequenos partidos agregados no Syriza foi eleita e apoiada pela pequena e média burguesia confrontada pelo neoliberalismo com a ameaça de proletarização face aos direitos adquiridos (o desemprego real de 27% (22% em Portugal) atravessa transversalmente todos os grupos de trabalhadores) ; o programa de governo propunha-se afrontar a grande burguesia transnacional congregada em torno da União Europeia, o que foi feito. Imediatamente boicotada, a coligação Syriza foi humilhada e derrotada. A luta passa a outro patamar, cujo objectivo deve ser a tomada de consciência que a pequena-burguesia dos serviços e a aristocracia operária devem unir-se à classe operária para formar um governo de amplo consenso democrático e patriótico
Stathis Kouvelakis: 25 deputados do SYRIZA deixaram o grupo parlamentar da coligação de esquerda no governo para criar um novo grupo, sob a denominação de "Unidade Popular". A maior parte desses deputados são filiados na ala mais à esquerda do Syriza, mas outros também se uniram, como Vangelis Diamantopoulos ou Rachel Makri, colaboradora próxima da presidente do Parlamento Zoe Kostantopoulou. É um importante importante acontecimento na política grega, mas também no plano internacional, tendo em vista o Plano B de grexit da moeda única europeia.
1. "Unidade Popular" é a denominação da nova frente política que reagrupará 13 organizações da esquerda radical que assinaram o documento de 13 de agosto que propõe que se constitua a Frente do Não. Essa Frente é, pois, o primeiro resultado concreto de uma recomposição no seio da esquerda radical grega. É recomposição que recolhe lições dos últimos cinco anos, e, claro, da experiência do Syriza no poder e da catástrofe que daí resultou. Mas o objetivo da Frente é mais amplo: trata-se de dar expressão a forças sociais que não necessariamente se reconhecem como parte da Esquerda, mas que querem combater o arrocho, os Memorandos e o "poder da Troika reloaded" do novo Memorando.
2. O objectivo da Frente Popular é constituir a expressão política do "Não", como se manifestou nas eleições de Janeiro e depois do referendo de 5 de Julho (Mais de 60% dos votos). As principais linhas programáticas são: ruptura com a Austeridade e os Memorandos; rejeição de todas as privatizações e nacionalização, sob controle social, dos sectores estratégicos da economia, a começar pelo sistema bancário; e, em termos mais amplos, um conjunto de medidas radicais, que farão pender o equilíbrio de forças a favor do trabalho e das classes populares e que abrirá caminho para a reconstrução progressista do país, de sua economia e de suas instituições. Esses objetivos não se podem realizar sem sair da Eurozona, como a catástrofe recente já o demonstrou abundantemente, e sem romper com o conjunto das políticas institucionalizadas pela União Europeia. A Frente Popular também lutará por um combate internacionalista unitário em torno de objetivos comuns à escala europeia e internacional, e apoiará a saída do país da NATO; a ruptura dos acordos existentes entre Grécia e Israel; e a oposição radical às guerras e intervenções imperialistas. Esse programa transicional situa-se na perspectiva do socialismo do século XXI.
3. O novo grupo parlamentar é agora o terceiro em número de votos, no Parlamento Grego, maior que os neonazis do "Aurora Dourada". Significa que nos próximos dias o dirigente da Frente do Não, Panagiotis Lafazanis, terá mandato para constituir governo que durará três dias, como o determina a Constituição grega. Depois da queda do governo Tsipras, esse mandato está agora entregue ao segundo partido do Parlamento, "Nova Democracia", o principal partido de oposição de direita. Esse tempo será usado pela Unidade Popular para lançar um vasto debate e mobilizar todas as forças sociais que queiram combater o Arrocho e os Memorandos, os anteriores e o recente.
O programa do partido e o conjunto de seus apoiantes entre as personalidades da esquerda grega (que é uma lista realmente impressionante), serão divulgados esta semana
quinta-feira, agosto 20, 2015
Eric Toussaint apresenta conclusões da auditoria à dívida (legendado em português)
320 mil milhões de euros é o total de "dinheiro" emprestado à Grécia, o equivalente a cada grego ter contraído uma Dívida de 29.000 euros. Quantos gregos terão gasto ou adquirido bens nesse valor ou ter esse valor no banco? Como é possivel continuar a acreditar que este sistema de endividamento tem um pingo de legitimidade? (fonte)
A Comissão para a Verdade sobre a Dívida Pública Grega apresentou as suas primeiras conclusões em Junho de 2015. É nesse quadro que Eric Toussaint, que coordena os trabalhos da comissão, resumiu em 17 de junho de 2015 os resultados, numa sessão pública no Parlamento helénico. No Portugal sob a pata de governos PSD/CDS/PS não existe comissão alguma. Ainda assim, a análise politico-económica é importante mas não chega: é preciso conjugar estas conclusões com medidas estruturais que cortem com o sistema na raiz e medidas judiciais que obriguem a trazer os fautores da dívida ao banco dos réus para responder perante o povo.
33min.57seg.
A Comissão para a Verdade sobre a Dívida Pública Grega apresentou as suas primeiras conclusões em Junho de 2015. É nesse quadro que Eric Toussaint, que coordena os trabalhos da comissão, resumiu em 17 de junho de 2015 os resultados, numa sessão pública no Parlamento helénico. No Portugal sob a pata de governos PSD/CDS/PS não existe comissão alguma. Ainda assim, a análise politico-económica é importante mas não chega: é preciso conjugar estas conclusões com medidas estruturais que cortem com o sistema na raiz e medidas judiciais que obriguem a trazer os fautores da dívida ao banco dos réus para responder perante o povo.
33min.57seg.
video traduzido seleccionando legendas em português no menu inferior
sábado, agosto 15, 2015
intermezzo
Pergunta-se se dentro de poucos séculos a nossa sociedade será considerada como uma sociedade injusta e totalitária e a nossa era uma época das mais terriveis e negras das história, algo como uma segunda Idade Média pintada com outras cores.
Talvez um dia nos livros de história se escreva assim: "Depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo foi unificado sob uma religião: a economia dos Estados Unidos e sua abordagem comercial como medida para todas as coisas, cabeça a cabeça. Qualquer transação entre humanos era baseada no dinheiro, assim como qualquer projecto de vida, fosse individual ou colectiva, obedecia a uma finalidade económica. Tudo tinha um potencial económico, e não havia limites morais sobre a quantidade de benefícios de que cada um podia dispôr.
Por um lado, clérigos e estudiosos dessa religião (os banqueiros e peritos) tinham o conhecimento para compreender e manipular a questão-chave: o dinheiro, e portanto, a dívida. Esses “especialistas” podiam criar dinheiro a partir do nada, podiam comprar e vender as dívidas dos outros, podiam especular e prever o futuro da economia, sempre com base em números abstratos e cálculos complexos. Os números eram as Escrituras, e só eles poderiam reflectir a verdade; embora muitas vezes não se baseassem em nada de substancial, mas em meras especulações.
Muito poucos foram capazes de compreender esta intrincada teia de números e figuras. Para as pessoas comuns (verdadeiros crentes nesta religião) era impossível de entender. Assim, as massas confinados à sua ignorância, não tinham escolha a não ser aceitar o que ditavam aqueles que sabiam demais: "estamos mergulhados numa crise económica (…) estamos recuperar da crise" ... As declarações dos Clérigos eram comunicadas às pessoas por profissionais da politica e pelos meios de comunicação de massas, enquanto os magnatas estavam sentados nos seus bancos ou gritando nos Templos (mercados) de valores mobiliários. Ambos os grupos (media e os políticos) eram firmes aliados da elite financeira global. A liberdade do povo, o seu mais nobre atributo, era vista aos olhos do sistema como a liberdade outorgada pelo consumismo. O grau de devoção era definido pelo consumo, cujo nivel definia o status social do indivíduo. Este consumo baseava-se a maior parte das vezes nos empréstimo com juros; e as dívidas continuavam a crescer, e a dívida fazia com que todo o sistema continuasse em movimento. Indivíduos, grupos sociais e nações inteiras foram-se tornando cada vez mais e mais escravos das dívida aos bancos. Ai de quem ousasse enfrentar a nova Inquisição, o sistema Fiscal Global
Deste modo, os banqueiros tomaram o controlo das vidas das pessoas, das decisões politicas e do futuro de sociedades inteiras. De qualquer forma, a grande maioria da população permanecia sem perceber a sua própria situação, a sua subjugação ao sistema bancário. As massas tinham uma imagem da realidade criada e manipulada pelos meios de comunicação e propaganda. Os media e os políticos detinham o poder de manipular a verdade e esconder os factos inadequados, usando uma retórica enganosa, linguagem ambígua e grande overdose de eufemismos. As pessoas viviam na obscurantista prisão da ignorância; visionários como Miguel Torga haviam avisado: "tenho a impressão de que certas pessoas, se soubessem exactamente o que são e o que valem na verdade, endoideciam. De que, se no intervalo da embófia e da importância pudessem descer ao fundo do poço e ver a pobreza franciscana que lá vai, pediam a Deus que as metesse pela terra dentro"
Um novo amanhecer parecia ser sua única salvação .... até ao dia da assumpção de pânico geral, quando perceberam que no dia seguinte todos já estariam a viver acima das capacidades do planeta Terra…
Talvez um dia nos livros de história se escreva assim: "Depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo foi unificado sob uma religião: a economia dos Estados Unidos e sua abordagem comercial como medida para todas as coisas, cabeça a cabeça. Qualquer transação entre humanos era baseada no dinheiro, assim como qualquer projecto de vida, fosse individual ou colectiva, obedecia a uma finalidade económica. Tudo tinha um potencial económico, e não havia limites morais sobre a quantidade de benefícios de que cada um podia dispôr.
Por um lado, clérigos e estudiosos dessa religião (os banqueiros e peritos) tinham o conhecimento para compreender e manipular a questão-chave: o dinheiro, e portanto, a dívida. Esses “especialistas” podiam criar dinheiro a partir do nada, podiam comprar e vender as dívidas dos outros, podiam especular e prever o futuro da economia, sempre com base em números abstratos e cálculos complexos. Os números eram as Escrituras, e só eles poderiam reflectir a verdade; embora muitas vezes não se baseassem em nada de substancial, mas em meras especulações.
Muito poucos foram capazes de compreender esta intrincada teia de números e figuras. Para as pessoas comuns (verdadeiros crentes nesta religião) era impossível de entender. Assim, as massas confinados à sua ignorância, não tinham escolha a não ser aceitar o que ditavam aqueles que sabiam demais: "estamos mergulhados numa crise económica (…) estamos recuperar da crise" ... As declarações dos Clérigos eram comunicadas às pessoas por profissionais da politica e pelos meios de comunicação de massas, enquanto os magnatas estavam sentados nos seus bancos ou gritando nos Templos (mercados) de valores mobiliários. Ambos os grupos (media e os políticos) eram firmes aliados da elite financeira global. A liberdade do povo, o seu mais nobre atributo, era vista aos olhos do sistema como a liberdade outorgada pelo consumismo. O grau de devoção era definido pelo consumo, cujo nivel definia o status social do indivíduo. Este consumo baseava-se a maior parte das vezes nos empréstimo com juros; e as dívidas continuavam a crescer, e a dívida fazia com que todo o sistema continuasse em movimento. Indivíduos, grupos sociais e nações inteiras foram-se tornando cada vez mais e mais escravos das dívida aos bancos. Ai de quem ousasse enfrentar a nova Inquisição, o sistema Fiscal Global
Deste modo, os banqueiros tomaram o controlo das vidas das pessoas, das decisões politicas e do futuro de sociedades inteiras. De qualquer forma, a grande maioria da população permanecia sem perceber a sua própria situação, a sua subjugação ao sistema bancário. As massas tinham uma imagem da realidade criada e manipulada pelos meios de comunicação e propaganda. Os media e os políticos detinham o poder de manipular a verdade e esconder os factos inadequados, usando uma retórica enganosa, linguagem ambígua e grande overdose de eufemismos. As pessoas viviam na obscurantista prisão da ignorância; visionários como Miguel Torga haviam avisado: "tenho a impressão de que certas pessoas, se soubessem exactamente o que são e o que valem na verdade, endoideciam. De que, se no intervalo da embófia e da importância pudessem descer ao fundo do poço e ver a pobreza franciscana que lá vai, pediam a Deus que as metesse pela terra dentro"
Um novo amanhecer parecia ser sua única salvação .... até ao dia da assumpção de pânico geral, quando perceberam que no dia seguinte todos já estariam a viver acima das capacidades do planeta Terra…
Subscrever:
Mensagens (Atom)