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sábado, agosto 15, 2015

intermezzo

Pergunta-se se dentro de poucos séculos a nossa sociedade será considerada como uma sociedade injusta e totalitária e a nossa era uma época das mais terriveis e negras das história, algo como uma segunda Idade Média pintada com outras cores.
Talvez um dia nos livros de história se escreva assim: "Depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo foi unificado sob uma religião: a economia dos Estados Unidos e sua abordagem comercial como medida para todas as coisas, cabeça a cabeça. Qualquer transação entre humanos era baseada no dinheiro, assim como qualquer projecto de vida, fosse individual ou colectiva, obedecia a uma finalidade económica. Tudo tinha um potencial económico, e não havia limites morais sobre a quantidade de benefícios de que cada um podia dispôr. 
Por um lado, clérigos e estudiosos dessa religião (os banqueiros e peritos) tinham o conhecimento para compreender e manipular a questão-chave: o dinheiro, e portanto, a dívida. Esses “especialistas” podiam criar dinheiro a partir do nada, podiam comprar e vender as dívidas dos outros, podiam especular e prever o futuro da economia, sempre com base em números abstratos e cálculos complexos. Os números eram as Escrituras, e só eles poderiam reflectir a verdade; embora muitas vezes não se baseassem em nada de substancial, mas em meras especulações.
Muito poucos foram capazes de compreender esta intrincada teia de números e figuras. Para as pessoas comuns (verdadeiros crentes nesta religião) era impossível de entender. Assim, as massas confinados à sua ignorância, não tinham escolha a não ser aceitar o que ditavam aqueles que sabiam demais: "estamos mergulhados numa crise económica (…) estamos recuperar da crise" ... As declarações dos Clérigos eram comunicadas às pessoas por profissionais da politica e pelos meios de comunicação de massas, enquanto os magnatas estavam sentados nos seus bancos ou gritando nos Templos (mercados) de valores mobiliários. Ambos os grupos (media e os políticos) eram firmes aliados da elite financeira global. A liberdade do povo, o seu mais nobre atributo, era vista aos olhos do sistema como a liberdade outorgada pelo consumismo. O grau de devoção era definido pelo consumo, cujo nivel definia o status social do indivíduo. Este consumo baseava-se a maior parte das vezes nos empréstimo com juros; e as dívidas continuavam a crescer, e a dívida fazia com que todo o sistema continuasse em movimento. Indivíduos, grupos sociais e nações inteiras foram-se tornando cada vez mais e mais escravos das dívida aos bancos. Ai de quem ousasse enfrentar a nova Inquisição, o sistema Fiscal Global
Deste modo, os banqueiros tomaram o controlo das vidas das pessoas, das decisões politicas e do futuro de sociedades inteiras. De qualquer forma, a grande maioria da população permanecia sem perceber a sua própria situação, a sua subjugação ao sistema bancário. As massas tinham uma imagem da realidade criada e manipulada pelos meios de comunicação e propaganda. Os media e os políticos detinham o poder de manipular a verdade e esconder os factos inadequados, usando uma retórica enganosa, linguagem ambígua e grande overdose de eufemismos. As pessoas viviam na obscurantista prisão da ignorância; visionários como Miguel Torga haviam avisado: "tenho a impressão de que certas pessoas, se soubessem exactamente o que são e o que valem na verdade, endoideciam. De que, se no intervalo da embófia e da importância pudessem descer ao fundo do poço e ver a pobreza franciscana que lá vai, pediam a Deus que as metesse pela terra dentro"
Um novo amanhecer parecia ser sua única salvação .... até ao dia da assumpção de pânico geral, quando perceberam que no dia seguinte todos já estariam a viver acima das capacidades do planeta Terra…

5 comentários:

Thor disse...

"Pergunta-se se dentro de poucos séculos a nossa sociedade será considerada como uma sociedade injusta e totalitária e a nossa era uma época das mais terriveis e negras das história, algo como uma segunda Idade Média pintada com outras cores."



vivemos simplesmente a pior era de sempre, xatoo.

http://followingjesus.org/images/section_graphics/deaths_in_war.gif


antigamente eram todos uns bárbaros que andavam de espada a matar toda a gente e bla, bla, bla, agora é tudo modernaço, civilizado, sofisticado e democrático, mas precisamente com a ascensão das democracias, dos capitalismos, e etc, é que tivemos o século com mais mortes de sempre em guerra (séc.20) e este século 21 vai pelo mesmo caminho.

e isso é só mortos em guerra, xatoo.
não inclui outro tipo de mortes, terrorismo, false-flags, campos de concentração, fome, exploração, tortura, drogados, abortos, doenças fabricadas (tipo SIDAS e outras), desemprego, sem-abrigo, feridos, amputados, suicídios, depressão, assassinatos, crimes violentos, sequestros, etc

escreve isto que te digo:
os alienados pensam que vivemos a melhor era de sempre, a com mais 'evolução' e bla bla bla. eu digo, vivemos de longe, mas de longe, a PIOR época de sempre da humanidade.

e o pior ainda está para vir.

bem-vindo de volta, xatoo.

Anónimo disse...

Vivemos uma periodo de transição, estamos a passar de um tipo de sociedade para outro tipo, e os periodos de transição são sempre muito complicados de atravessar, acontecem muitas desgraças nesses periodos. Na sociedade do futuro, apenas uma pequena percentagem da população terá acesso ao trabalho e isto irá mudar tudo.

Sobre o dinheiro e o seu processo de criação, acho que não fará sentido a existência de dinheiro numa sociedade onde a maioria das pessoas não tem acesso ao trabalho, não creio que na última metade deste século continue a existir dinheiro.

Já agora deixo uma questão no ar, como imaginam uma sociedade de alta tecnologia, onde 99,99% das pessoas não teriam acesso ao trabalho ?, como se organizaria ? qual seria o sistema politico e económico ? Eu suponho que uma democracia directa apoiada com meios informáticos será o sistema do futuro, e acho uma pena que não seja já o sistema do presente.

Anónimo disse...

@Anónimo das 12:39
"o amor ao dinheiro é raiz de todos os males"
(Citação do Novo Testamento, "versículo 1, Timóteo 6:10")

Meu caro senhor, eu não me preocuparia muito com ideologias políticas, nem na troca das personagens públicas que estão em lugares de aparente poder de quatro em quatro anos. Na minha opinião, isso é apenas como se fabrica consentimento.

Todas as sociedades actuais tem um sistema monetário, e quem controla esse sistema, quem controla o dinheiro, como é criado e quem tem acesso a ele, controla tudo o que se faz nessa sociedade. O resto é treta. Não conheço ideologia política que vença o poder do dinheiro.

Neste momento temos toda a tecnologia que precisamos para transformar este mundo num paraíso celestial, mas certas pessoas parecem preferir...
"...reinar no inferno do que servir no céu."
(Citação do Paraíso Perdido do John Milton)

Infelizmente estamos ainda muito longe dessa nova sociedade para a qual estamos lentamente em transição. Há muitos obstáculos no caminho e muita gente que não quer que se chegue lá.

Porto Santo disse...

Ou matamos o capitalismo ou ele nos mata!

Anónimo disse...

@thor
Há uma história neste site: http://marshallbrain.com/manna1.htm , que imagina uma possível sociedade futura, a história tem um final feliz, mas algo assim pode esperar-nos senão fizermos algo para o evitar. Algo assim, sem final feliz.

@Porto Santo
Capitalismo é a utilização de um sistema monetário (dinheiro) numa sociedade.
Como cada vez há menor acesso ao trabalho como fonte de rendimento, cada vez há menos acesso ao dinheiro por uma parte cada vez maior da população.

Esta pressão social, o desemprego devido à evolução tecnológica, eventualmente vai "matar" o capitalismo, é uma questão de tempo. Só que até lá, até acontecer essa mudança, vai haver muito sofrimento, muita desgraça, muita pobreza, não precisa de ser assim, podia-se dividir o trabalho restante e fazer outras mudanças positivas, mas isto não está a acontecer, que se pode fazer ? dá a ideia que "o circo tem de pegar fogo", ou seja a desgraça ainda piorar mais, até que a pressão para que hajam mudanças positivas prevaleça.

Achei neste link, coisas sobre desemprego em Portugal, que pode achar interessante:
http://www.ces.uc.pt/observatorios/crisalt/documentos/barometro/13BarometroCrises_Crise%20mercadotrabalho.pdf

Com a tecnologia actual, não é necessário, nem fome nem pobreza, depois de ter visto este video " https://www.youtube.com/watch?v=bUDgfdy53Kc ", a partir dos 40:40, fiquei com a ideia que podemos criar comida e energia para a população do planeta sem problemas de maior. Porquê isso não acontece ?