Segundo John Kerry o apoio da Rússia ao governo legitimo da Síria poderá levar a um conflito entre os Estados Unidos e a Rússia. Contudo, as duas únicas nações que estão a fazer todo o possível para evitar esse conflito são o Irão e a Rússia. Tentando resolver a questão por meios pacíficos, solicitando um esforço conjunto contra o terrorismo e a chegada de ajuda humanitária às populações aterrorizadas. A única coisa que a Rússia está a fazer é cumprir com as suas obrigações contratuais com a Síria, fornecendo armamento de defesa, ajuda humanitária e socorristas. E a partir daqui o Ocidente inventa que o grande problema são os russos que estão a enviar tropas que invadem a Síria sempre em número crescente. Acusação aliás igual à usada na Ucrânia. Referência a seguir é a União Euro-Asiática consignada no Projecto “Rota da Seda da China”, implicitamente a construção da nova comunidade euro-asiática como um contrapeso para a ambição desmedida e conduta agressiva dos Estados Unidos.
O presidente da Rússia na Assembleia Geral das Nações Unidas centrou o seu discurso nos pontos principais: o apoio dos Estados Unidos aos rebeldes da Síria é ilegal, e além disso ineficaz para os seus desígnios, não completamente claros. Na opinião de Putin “o fornecimento de apoio militar a estruturas ilegais contradizem os principios do direito internacional consignados nas leis e tratados e a própria Carta das Nações Unidos (…) o presidente da Rússia pode aqui falar do programa do Pentágono de 500 milhões de dólares para prover equipamento militar aos rebeldes na Síria, que conselheiros militares e funcionários dos serviços de informações já manifestaram ser um fracasso. Descobriu-se que apenas 60 desses combatentes tinham sido efectivamente treinados e apenas 4,5% dessas pessoas ainda possuíam armas. Os restantes desertaram com armas, veículos e equipamentos militares norte americanos para se juntarem ao “Estado Islâmico” (ISIS). Sabemos que nas fileiras do “Estado Islâmico” se incluem ex-militares iraquianos que foram postos na rua após a invasão do Iraque em 2003. Muitos recrutas vêm da Líbia - um país cuja soberania foi destruída como resultado de graves violações da Resolução de 1973 da ONU.
Os militantes islâmicos do ISIS ganharam uma posição no Iraque e na Síria, procurando a partir daí dominar a totalidade do mundo islâmico. O ISIS não nasceu do nada, foi criado como arma para ser usada contra regimes incómodos. O Estado Islâmico não só é uma ameaça directa contra os habitantes locais mas antes, pelos seus crimes sanguinários, a ruina de uma religião tão importante como o Islão. Devemos reconhecer que na Síria, excepção feita a todas as forças do presidente al- Assad e as milícias Curdas, ninguém combate a sério contra o ISIS, e as outras organizações terroristas. É urgente criar em todo o mundo um espaço de segurança comum para todos, não apenas para alguns predestinados (uma clara alusão a Israel). Gostaria de perguntar quem tem criado o caos no Médio Oriente – quem e o que é que fizeram? – coisa similar ao que se passou na Ucrânia onde se verificou um golpe-de-estado provocado por forças armadas a partir do exterior.
Putin começou o discurso provocatoriamente com uma referência à Conferência de Yalta na Crimeia em 1945. Foi durante esta conferência que os “Big Three” (os EUA, a URSS e a Grã-Bretanha) concordaram em criar a Organização das Nações Unidas. E como todos na sala sabem, ainda que subjectivamente, esta foi a conferência em que Estaline e Roosevelt dividiram o mundo em duas esferas de influência. Metade da Europa ficou numa, outra metade noutra, seguindo o princípio do equilíbrio de poder como meio de garantir a paz mundial – agora em contraste com a rejeição do referido princípio e da pretensão dos Estados Unidos a um excepcional status como "única superpotência" do mundo, face aos acontecimentos no Iraque, na Libia, na Siria, com o Estado Islâmico (ISIS) e a crise dos refugiados, nós sugerimos que parem de jogar jogos com terroristas, juntem-se ao abrigo das Nações Unidas contra o ISIS . Os vácuos de poder no Médio Oriente e regiões do Norte de África têm levado ao surgimento de áreas sem lei que imediatamente são preenchidas com extremistas e terroristas. Propomos, em vez de trabalhar cada um para as suas ambições, criarmos uma ampla coligação contra o terrorismo, tal como fizemos antes ao criar a coligação contra Hitler.
"Eu não posso deixar de perguntar àqueles que causaram esta situação: vocês compreendem agora o que fizeram? Eu tenho medo que a questão fique a pairar no ar, porque afinal as políticas baseadas na auto-confiança e da crença na excepcionalidade e impunidade nunca foram abandonadas". Ao invés de realização de reformas e o triunfo da democracia e progresso prometidos pela intervenção, temos violência, pobreza, desastre social e a destruição dos direitos humanos, incluindo o direito à vida, a qual nenhum valor pode medir. Aqueles que estão no "topo da pirâmide" foram tentados a pensar que "se somos tão fortes e excepcionais, sabemos o que fazer melhor que outros – resultando daqui consequências trágicas e degradação ao invés de progresso - a agressiva interferência externa resultou na destruição calamitosa das instituições nacionais e do próprio modo de vida dos sírios. Devemos todos lembrarmo-nos o que o nosso passado nos ensinou. Nós lembramos-nos dos exemplos na história da União Soviética. Parece, contudo, que alguns não estão aprendendo com os erros dos outros, mas ficam repetindo-os, como o da exportação das chamadas "revoluções democráticas". Ninguém é obrigado a subscrever um modelo único de desenvolvimento, obrigado pela força das armas a reconhecer um entre muitos como o único justo…
"Portanto, os agressores não têm que contar com uma ONU, que autoriza, em vez de automaticamente legitimar por demissão as decisões necessárias, criando muitas vezes obstáculos, ou por outras palavras" obstruindo o caminho à paz. As tentativas de minar a autoridade e a legitimidade das Nações Unidas são "extremamente perigosas": poderiam levar ao colapso de todo o sistema das relações internacionais. "O fluxo de pessoas que foram forçadas a deixar a sua terra natal tem literalmente inundado os países vizinhos e a partir daí a Europa – é uma nova migração dolorosa causada por guerras contra os povos. Só uma estratégia global de estabilização política e económica dos países atingidos por crises terroristas seguida de desenvolvimento poderá trazer esperança à resolução do problema da crise de refugiados,
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