à atenção da chamada "Esquerda"- no futuro quando o barco correr riscos os ratos continuarão ainda a abandonar o porão?,,,
Jeremy Rifkin, no Guardian:
O que acontece quando se cruza um humano e um rato? Parece o começo de uma piada de mau gosto mas, de facto, trata-se de uma experiência séria recentemente empreendida por uma equipa encabeçada por um reconhecido biólogo molecular, Irving Weissman, na Universidade de Stanford.
Cientistas injectaram células de cérebro humano em fetos de ratos, criando uma espécie de ratos que são aproximadamente 1% humanos. Weissman está a considerar dar continuidade ao projecto, o que produziria ratos cujos cérebros seriam 100% humanos.
O que aconteceria se os ratos fugissem do laboratório e começassem a proliferar? Quais seriam as consequências ecológicas de existirem ratos que pensam como seres humanos, correndo soltos pela natureza? Weissman diz que manteria os ratos sob rédea curta, e que se mostrassem qualquer sinal de “humanidade”, ele os mataria. Muito encorajador…
Experiências como essa que produziu um rato parcialmente humanizado esticam os limites de os humanos mexerem na natureza atabalhoadamente, a um patamar patológico.
O novo campo de pesquisa, na vanguarda da revolução biotecnológica, é chamado de experimentação quimérica. Investigadores em todo o mundo estão a combinar células humanas e animais e a dar origem a criaturas quiméricas que são parte humanas, parte animais.
leia mais, Aqui
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
Pesquisar neste blogue
quarta-feira, agosto 31, 2005
Paulo Morais
Um obscuro nº 2 do PSD, afastado das listas eleitorais, ao não ser repescado para se recandidatar á Câmara do Porto, resolveu botar a boca no trombone em entrevista à revista Visão, denunciando ter sido “pressionado, enquanto foi vereador do Urbanismo, por membros do actual e dos anteriores governos, partidos,,,etc, sofrendo pressões de todo o tipo”. Recusou-se porém, como é habitual neste tipo de oportunistas quando ficam apeados, a revelar nomes em concreto. “Nomes e Projectos ficam reservados para as minhas memórias” acrescentou o jovem Paulo Morais.
Em discurso directo respigamos da entrevista:
- “ Se os vereadores do Urbanismo são os coveiros da democracia, os partidos são as casas mortuárias”
- “Existe uma preocupante promiscuidade entre diversas forças politicas, dirigentes partidários, famosos escritórios de advogados e certos grupos empresariais”
- “Os vereadores do Urbanismo que, pelo país fora, aceitam transferir bens públicos para a mão daqueles que dominam de forma corporativa os partidos estão a enriquecer pessoalmente e a destruir a democracia”
- “Chumbámos o prédio proeza, do BPI, que seria um mamarracho numa zona de vivendas; o projecto para a Quinta da China, da empresa Mota&Companhia, que visava a construção de outros dois mamarrachos em cima do rio Douro, entre a ponte D. Luis e a ponte do Freixo; um edificio com 13 andares da empresa Ferreira dos Santos, quase em cima da praia do Ourigo; um edificio no Parque da Cidade da empresa Rodrigues Gomes, para o qual recebi pressões e cunhas de dezenas de pessoas, da forma mais ostensiva, incluindo a nivel governamental; um edificio do Grupo Amorim na zona de Campanhã,,, enfim, talvez possamos ficar por aqui”,,,
A gravidade das acusações levou Maria José Morgado a comentar que “mais dia menos dia haverá um “mensalão” à portuguesa”, insistindo na necessidade de implementação de um programa de combate efectivo à Corrupção. Mas como?,,, se cada vez mais “há uma viscosidade cada vez maior em certas zonas da vida politico-partidária portuguesa que se torna cada vez mais dificil de aceitar por quem é honesto”?
O próprio Paulo Morais conclui – “falo de subversão da democracia porque o Urbanismo é na maioria das câmaras a forma mais encapotada e subreptícia de transferir bens públicos para a mão de privados” sustentando que “os maiores financiadores das campanhas e dos partidos são os promotores imobiliários e os empreiteiros” com o objectivo de “obterem contrapartidas” e desfere um violento ataque aos poderes corporativos, aos partidos e seus dirigentes: “Quando as Corporações tomam o poder dentro dos partidos e estes se organizam como bandos de assalto ao Poder, os dirigentes são marionetas ao serviço dessas Corporações”
Nada portanto que constitua novidade, nem diferente do que afirmámos faz semanas, AQUI,,,
Corrupção - Uma luz no fundo do túnel?
Esta problemática não é exclusivo nacional e de há muito deixou de ser um caso de policia, tornando-se num problema de Regime, pelo que, neste e em muitos outros casos concretos, a “intervenção” do DCIAP no campo criminal se revelará inconsequente.
A promiscuidade de interesses entre os partidos e os seus patrocinadores financeiros, que tem como palco o Estado (e nomeadamente, no nosso caso, o elo mais fraco que é a gestão dos Fundos Públicos pelas Autarquias), é exemplarmente exposta por Noam Chomsky no seu ensaio “O Estado e as Corporações”
Que fins poderá perseguir o Estado quando não passa de um mero actor entre outros de igual dimensão, ou em muitos casos, de menor dimensão do que as grandes Empresas supra-nacionais?
No arquipélago planetário do Crime Financeiro em que o mundo se transformou, combater o polvo da Corrupção é desmascarar o Liberalismo e o modo inviável social-democrata de produção capitalista que actua em exclusivo explorando e corrompendo as periferias, no perigoso conflito de negação de Direitos de Cidadania que é o Totalitarismo Neoliberal.
“À mão invisível foi agora calçada uma luva de ferro que, para além de lhe restringir a Liberdade, a torna finalmente numa entidade designável e susceptível de ser expressa e abertamente orientada” (AMH)
http://www.infoshop.org/octo/index.html
Em discurso directo respigamos da entrevista:
- “ Se os vereadores do Urbanismo são os coveiros da democracia, os partidos são as casas mortuárias”
- “Existe uma preocupante promiscuidade entre diversas forças politicas, dirigentes partidários, famosos escritórios de advogados e certos grupos empresariais”
- “Os vereadores do Urbanismo que, pelo país fora, aceitam transferir bens públicos para a mão daqueles que dominam de forma corporativa os partidos estão a enriquecer pessoalmente e a destruir a democracia”
- “Chumbámos o prédio proeza, do BPI, que seria um mamarracho numa zona de vivendas; o projecto para a Quinta da China, da empresa Mota&Companhia, que visava a construção de outros dois mamarrachos em cima do rio Douro, entre a ponte D. Luis e a ponte do Freixo; um edificio com 13 andares da empresa Ferreira dos Santos, quase em cima da praia do Ourigo; um edificio no Parque da Cidade da empresa Rodrigues Gomes, para o qual recebi pressões e cunhas de dezenas de pessoas, da forma mais ostensiva, incluindo a nivel governamental; um edificio do Grupo Amorim na zona de Campanhã,,, enfim, talvez possamos ficar por aqui”,,,
A gravidade das acusações levou Maria José Morgado a comentar que “mais dia menos dia haverá um “mensalão” à portuguesa”, insistindo na necessidade de implementação de um programa de combate efectivo à Corrupção. Mas como?,,, se cada vez mais “há uma viscosidade cada vez maior em certas zonas da vida politico-partidária portuguesa que se torna cada vez mais dificil de aceitar por quem é honesto”?
O próprio Paulo Morais conclui – “falo de subversão da democracia porque o Urbanismo é na maioria das câmaras a forma mais encapotada e subreptícia de transferir bens públicos para a mão de privados” sustentando que “os maiores financiadores das campanhas e dos partidos são os promotores imobiliários e os empreiteiros” com o objectivo de “obterem contrapartidas” e desfere um violento ataque aos poderes corporativos, aos partidos e seus dirigentes: “Quando as Corporações tomam o poder dentro dos partidos e estes se organizam como bandos de assalto ao Poder, os dirigentes são marionetas ao serviço dessas Corporações”
Nada portanto que constitua novidade, nem diferente do que afirmámos faz semanas, AQUI,,,
Corrupção - Uma luz no fundo do túnel?
Esta problemática não é exclusivo nacional e de há muito deixou de ser um caso de policia, tornando-se num problema de Regime, pelo que, neste e em muitos outros casos concretos, a “intervenção” do DCIAP no campo criminal se revelará inconsequente.
A promiscuidade de interesses entre os partidos e os seus patrocinadores financeiros, que tem como palco o Estado (e nomeadamente, no nosso caso, o elo mais fraco que é a gestão dos Fundos Públicos pelas Autarquias), é exemplarmente exposta por Noam Chomsky no seu ensaio “O Estado e as Corporações”
Que fins poderá perseguir o Estado quando não passa de um mero actor entre outros de igual dimensão, ou em muitos casos, de menor dimensão do que as grandes Empresas supra-nacionais?
No arquipélago planetário do Crime Financeiro em que o mundo se transformou, combater o polvo da Corrupção é desmascarar o Liberalismo e o modo inviável social-democrata de produção capitalista que actua em exclusivo explorando e corrompendo as periferias, no perigoso conflito de negação de Direitos de Cidadania que é o Totalitarismo Neoliberal.
“À mão invisível foi agora calçada uma luva de ferro que, para além de lhe restringir a Liberdade, a torna finalmente numa entidade designável e susceptível de ser expressa e abertamente orientada” (AMH)
http://www.infoshop.org/octo/index.html
terça-feira, agosto 30, 2005
a Actividade Primordial dos Machos Tugas na Pátria: o Futebol
à pergunta hoje feita num diário:
"Concorda que a Liga de Futebol seja patrocinada por uma empresa de apostas na internet?"
os portugueses responderam assim:
afinal quem faz a pergunta (como sempre) vicia o resultado, porque a pergunta mais correcta seria:
Concorda que a Liga de Futebol possa ser patrocinada por outras receitas que não apenas as que são geradas pela sua própria actividade?
Desde a inauguração por Durão Barroso da época das aldrabices como politica oficial dos governos, que tinham prometido aos aficionados do futebol&afins que a vitória do Benfica na "Super-Liga" seria boa para economia e para o optimismo deste povo. Afinal, também não era verdade. O "Défice" e a colocação das questões erradas à opinião pública persistem,,,
"Concorda que a Liga de Futebol seja patrocinada por uma empresa de apostas na internet?"
os portugueses responderam assim:
afinal quem faz a pergunta (como sempre) vicia o resultado, porque a pergunta mais correcta seria:
Concorda que a Liga de Futebol possa ser patrocinada por outras receitas que não apenas as que são geradas pela sua própria actividade?
Desde a inauguração por Durão Barroso da época das aldrabices como politica oficial dos governos, que tinham prometido aos aficionados do futebol&afins que a vitória do Benfica na "Super-Liga" seria boa para economia e para o optimismo deste povo. Afinal, também não era verdade. O "Défice" e a colocação das questões erradas à opinião pública persistem,,,
sábado, agosto 20, 2005
Os incêndios do regime
"O Português sofre de uma indisposição cultural nativa" - desenho de Almada Negreiros
Paulo Varela Gomes:
"O território português que está a arder - que arde há vários anos - não é um território abstracto, caído do céu aos trambolhões: é o território criado pelo regime democrático instalado em Portugal desde as eleições de 1976 (a III República Portuguesa). Está a arder por causa daquilo que o regime fez, por culpa dos responsáveis do regime e dos eleitores que votaram neles.
Ardem, em Portugal, dois tipos de território: em primeiro lugar, a floresta de madeireiro, as grandes manchas arborizadas a pinheiro e eucalipto. A floresta arde porque as temperaturas não param de subir e porque, como toda a gente sabe, está suja e mal ordenada. Não foi sempre assim: este tipo de floresta começou a crescer nos últimos 50 anos, com a destruição progressiva da agricultura tradicional, ou seja, com a expropriação dos pequenos agricultores, obrigados em primeiro lugar a recorrer à floresta pela ruína da agricultura, para, depois, perderem tudo com os incêndios e desaparecerem do mapa social do país. Também isso está na matriz da III República: ela existe para "modernizar" o país, o que também quer dizer acabar com as camadas sociais de antigamente, nomeadamente os pequenos agricultores. Em 2005, os distritos de Portalegre, Castelo Branco e Faro ardem menos que os outros e não admira: já ardeu aí muita da grande mancha florestal que podia arder, já centenas de agricultores e silvicultores das serras do Caldeirão ou de S. Mamede perderam tudo o que podiam perder.
O segundo tipo de território que está a arder, em particular neste ano de 2005, é o território das matas periurbanas, características dos distritos mais feios e mais destruídos do país: os do litoral Centro e Norte. Os citadinos podem ver esse território nas imagens da televisão, a arder por detrás dos bombeiros exaustos e das mulheres desesperadas que gritam "valha-me Nossa Senhora!": é o território das casas espalhadas por todas as encostas e vales, uma aqui, outra acolá, encostadas umas às outras, sem espaço para passar um autotanque, separadas por caminhos serpenteantes, que ficaram em parte por alcatroar - é o território das oficinecas no meio de matos de restolho sujo de óleo, montanhas de papel amarelecido ao sol, garrafas de plástico rebentadas. É o território dos armazéns mais ou menos ilegais, cheios de materiais de obra, roupas, mobiliário, coisas de pirotecnia, encostados a casas ou escondidos nos eucaliptais, o território dos parques de sucata entre pinheiros, rodeados de charcos de óleo, poças de gasolina, garrafas de gás, o território dos lugares que nem aldeias são, debruados a lixeiras, paletes de madeira a apodrecer, bermas atafulhadas de papel velho, embalagens, ervas secas. É o território que os citadinos,leitores de jornais, jornalistas, ministros, nunca vêem porque só andam nas
auto-estradas, o território, onde, à beira de cada estradeca, no sopé de casa encosta, convenientemente escondido dos olhares pelas silvas e os tufos espessos de arbustos, há milhares - literalmente milhares - de lixeiras clandestinas, mobília velha, garrafas de plástico, madeiras de obras (é verdade, embora poucos o saibam: o campo, em Portugal, é muito mais sujo que as cidades).
Este território foi criado, inteiramente criado, pela III República. Nasceu da conjugação entre um meio-enriquecimento das pessoas, que, 30 anos depois do 25 de Abril, não chega para lhes permitir uma verdadeira mudança de vida, e o colapso da autoridade do Estado central e local, este regime de desrespeito completo pela lei, que começa nos ministros e acaba no último dos cidadãos. É o território do incumprimento dos planos, das portarias e regulamentos camarários, o território da pequena e média corrupção, esse sangue, alma, nervo da III República.
É evidente que a tragédia dos campos e das periferias urbanas portuguesas se deve também ao aumento das temperaturas. Para isso, o regime tão-pouco oferece perspectivas. De facto, seria necessário mudar de vida para enfrentar o que aí vem, a alteração climatérica de que começamos a experimentar apenas os primeiros efeitos: por exemplo, seria necessário reordenar a paisagem, recorrendo à expropriação de casas, oficinas, armazéns, sucatas. Seria necessário proibir a plantação de eucaliptos e pinheiros. Na cidade, pensando sobretudo nas questões relativas ao consumo de energia, seria necessário pensar na mudança de horários de trabalho, fechando empresas, lojas e escolas entre o meio-dia e as cinco da tarde de
Junho a Setembro, mantendo-as abertas até às oito ou nove da noite, de modo a poupar os ares condicionados - cuja factura vai subir em flecha. Modificar os regulamentos da construção civil, de modo a impor pés-direitos mais altos, menos janelas a poente, sistemas de arrefecimento não eléctricos. Para alterações deste calibre - que são alterações quase de civilização -, seria preciso um regime muito diferente deste, um regime de dirigentes capazes de dizer a verdade, de mobilizar os cidadãos, de manter as mãos limpas. Vivo no campo ou perto do campo, na região centro, há já alguns anos. Há três Verões que me sento a trabalhar, enquanto a cinza cai de mansinho no meu teclado, em cima dos meus livros, no chão que piso.
Não tenho culpa do que é hoje este país e o regime que o representa: militei e votei sempre em partidos que apregoavam querer outro tipo de regime e deixei de militar e de votar quando vi esses partidos tornarem-se tão legitimistas como os outros.
Espero um rebate de consciência política por parte destes políticos, ou o aparecimento de outros. Faço como muitos portugueses: espero por D. Sebastião, desempenho a minha profissão o melhor que posso, e penso em
emigrar".
Historiador (Podentes, concelho de Penela)
(do Público, 11-08-05)
Paulo Varela Gomes:
"O território português que está a arder - que arde há vários anos - não é um território abstracto, caído do céu aos trambolhões: é o território criado pelo regime democrático instalado em Portugal desde as eleições de 1976 (a III República Portuguesa). Está a arder por causa daquilo que o regime fez, por culpa dos responsáveis do regime e dos eleitores que votaram neles.
Ardem, em Portugal, dois tipos de território: em primeiro lugar, a floresta de madeireiro, as grandes manchas arborizadas a pinheiro e eucalipto. A floresta arde porque as temperaturas não param de subir e porque, como toda a gente sabe, está suja e mal ordenada. Não foi sempre assim: este tipo de floresta começou a crescer nos últimos 50 anos, com a destruição progressiva da agricultura tradicional, ou seja, com a expropriação dos pequenos agricultores, obrigados em primeiro lugar a recorrer à floresta pela ruína da agricultura, para, depois, perderem tudo com os incêndios e desaparecerem do mapa social do país. Também isso está na matriz da III República: ela existe para "modernizar" o país, o que também quer dizer acabar com as camadas sociais de antigamente, nomeadamente os pequenos agricultores. Em 2005, os distritos de Portalegre, Castelo Branco e Faro ardem menos que os outros e não admira: já ardeu aí muita da grande mancha florestal que podia arder, já centenas de agricultores e silvicultores das serras do Caldeirão ou de S. Mamede perderam tudo o que podiam perder.
O segundo tipo de território que está a arder, em particular neste ano de 2005, é o território das matas periurbanas, características dos distritos mais feios e mais destruídos do país: os do litoral Centro e Norte. Os citadinos podem ver esse território nas imagens da televisão, a arder por detrás dos bombeiros exaustos e das mulheres desesperadas que gritam "valha-me Nossa Senhora!": é o território das casas espalhadas por todas as encostas e vales, uma aqui, outra acolá, encostadas umas às outras, sem espaço para passar um autotanque, separadas por caminhos serpenteantes, que ficaram em parte por alcatroar - é o território das oficinecas no meio de matos de restolho sujo de óleo, montanhas de papel amarelecido ao sol, garrafas de plástico rebentadas. É o território dos armazéns mais ou menos ilegais, cheios de materiais de obra, roupas, mobiliário, coisas de pirotecnia, encostados a casas ou escondidos nos eucaliptais, o território dos parques de sucata entre pinheiros, rodeados de charcos de óleo, poças de gasolina, garrafas de gás, o território dos lugares que nem aldeias são, debruados a lixeiras, paletes de madeira a apodrecer, bermas atafulhadas de papel velho, embalagens, ervas secas. É o território que os citadinos,leitores de jornais, jornalistas, ministros, nunca vêem porque só andam nas
auto-estradas, o território, onde, à beira de cada estradeca, no sopé de casa encosta, convenientemente escondido dos olhares pelas silvas e os tufos espessos de arbustos, há milhares - literalmente milhares - de lixeiras clandestinas, mobília velha, garrafas de plástico, madeiras de obras (é verdade, embora poucos o saibam: o campo, em Portugal, é muito mais sujo que as cidades).
Este território foi criado, inteiramente criado, pela III República. Nasceu da conjugação entre um meio-enriquecimento das pessoas, que, 30 anos depois do 25 de Abril, não chega para lhes permitir uma verdadeira mudança de vida, e o colapso da autoridade do Estado central e local, este regime de desrespeito completo pela lei, que começa nos ministros e acaba no último dos cidadãos. É o território do incumprimento dos planos, das portarias e regulamentos camarários, o território da pequena e média corrupção, esse sangue, alma, nervo da III República.
É evidente que a tragédia dos campos e das periferias urbanas portuguesas se deve também ao aumento das temperaturas. Para isso, o regime tão-pouco oferece perspectivas. De facto, seria necessário mudar de vida para enfrentar o que aí vem, a alteração climatérica de que começamos a experimentar apenas os primeiros efeitos: por exemplo, seria necessário reordenar a paisagem, recorrendo à expropriação de casas, oficinas, armazéns, sucatas. Seria necessário proibir a plantação de eucaliptos e pinheiros. Na cidade, pensando sobretudo nas questões relativas ao consumo de energia, seria necessário pensar na mudança de horários de trabalho, fechando empresas, lojas e escolas entre o meio-dia e as cinco da tarde de
Junho a Setembro, mantendo-as abertas até às oito ou nove da noite, de modo a poupar os ares condicionados - cuja factura vai subir em flecha. Modificar os regulamentos da construção civil, de modo a impor pés-direitos mais altos, menos janelas a poente, sistemas de arrefecimento não eléctricos. Para alterações deste calibre - que são alterações quase de civilização -, seria preciso um regime muito diferente deste, um regime de dirigentes capazes de dizer a verdade, de mobilizar os cidadãos, de manter as mãos limpas. Vivo no campo ou perto do campo, na região centro, há já alguns anos. Há três Verões que me sento a trabalhar, enquanto a cinza cai de mansinho no meu teclado, em cima dos meus livros, no chão que piso.
Não tenho culpa do que é hoje este país e o regime que o representa: militei e votei sempre em partidos que apregoavam querer outro tipo de regime e deixei de militar e de votar quando vi esses partidos tornarem-se tão legitimistas como os outros.
Espero um rebate de consciência política por parte destes políticos, ou o aparecimento de outros. Faço como muitos portugueses: espero por D. Sebastião, desempenho a minha profissão o melhor que posso, e penso em
emigrar".
Historiador (Podentes, concelho de Penela)
(do Público, 11-08-05)
quarta-feira, agosto 17, 2005
Este mundo de injustiça globalizada
José Saramago
Premio Nobel de Literatura 1998.
Começarei por contar em brevíssimas palavras um feito notável da vida rural ocorrido numa aldeia dos arredores de Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me solicitar toda a vossa atenção para este importante acontecimento histórico porque, ao contrário do habitual, a moral que se pode extrair deste episódio não terá que esperar pelo final do relato; não tardará nada para ela saltar à vista.
Estavam os habitantes nas suas casas ou trabalhando nas suas hortas, entregues cada um aos seus afazeres e cuidados, quando de súbito se ouviu tocar o campanário da igreja.
Naqueles velhos tempos (falamos de algo sucedido no século XVI), os sinos tocavam várias vezes ao longo do día, e não era por aí que haveria estranheza, porém aquele campanário tocava melancólicamente a finados, e isso sím era surpreendente, porque não constava que alguem da aldeia se encontrasse mal ao ponto de morrer. Sairam as mulheres à rua, juntaram-se as crianças, deixaram os homens os seus trabalhos e oficios, e, em pouco tempo estavam todos congregados no largo da igreja, à espera que lhes dissessem por quem haveriam de chorar. Os sinos continuaram a tocar durante alguns minutos mais, e finalmente calaram-se. Instantes depois abríu-se a porta e, um camponês apareceu entre as ombreiras. Porém, não era este o homem encarregado habitualmente de tocar os sinos, e assim era compreensivel que os vizinhos lhe perguntassem onde se encontrava o tocador do campanário e quem era o morto. “O sineiro não está, e fui eu quem fez tocar os sinos”, foi a resposta do camponês.”Mas então não morreu ninguem?” replicaram os vizinhos, e o camponês respondeu ”Não morreu nada que tivesse nome ou figura de pessoa; Toquei a finados pela Justiça!, porque a justiça está morta”
¿Mas, que havia sucedido? Aconteceu que o senhor rico daquele lugar (algum conde ou marquès sem escrúpulos) andava fazia algum tempo mudando de sitio os postes de limite das suas terras, metendo-os adentro na pequena parcela daquele camponês,cuja propriedade a cada avanço cada vez mais se reduzia. Sentindo-se prejudicado ele começou por se queixar e protestar, depois implorou compaixão, e finalmente fêz queixa ás autoridades acolhendo-se sob a protecção da Justiça. Tudo sem resultado; a expoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar urbi et orbi (uma aldeia tem o tamanho exacto do mundo para quem viveu sempre nela) a morte da Justiça. Talvez tivesse pensado que o seu gesto de exaltada indignação lograria comover e fazer tocar todos os sinos do universo, sem diferença de raças, credos ou costumes, e que todas elas sem excepção, o acompanhariam no toque a finados pela morte da justiça, e não se calariam até que ela fosse ressuscitada.Num clamor tal que voaria de casa em casa, de cidade em cidade, saltando por cima de fronteiras, lançando sonoras pontes sobre rios e mares, que por força haveriam de despertar o mundo adormecido,,,Não sei o que sucedeu depois,não sei se braço popular acudiu a ajudar o camponês a voltar a colocar os postes nos seus sítios, ou se os vizinhos, uma vez declarada morta a justiça, voltaram resignados, cabisbaixos e de alma rendida, à sua triste vida de todos os dias. É bem certo que a História nunca nos conta tudo,,,
Suponho que esta terá sido a única vez, em qualquer parte do mundo, em que os sinos de um campanário, uns inertes sinos feitos de bronze, depois de tanto tocar pela morte de seres humanos, choraram a morte da Justiça.Nunca mais se voltaram a ouvir aqueles toques fúnebres da aldeia de Florença, mas a Justiça continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste instante em que vos falo, distantes ou aqui ao lado, à porta da nossa casa alguém a está matando.
Cada vez que morre, é afinal como se nunca tivesse existido para aqueles que sempre confiaram nela, para aqueles que esperavam dela o que todos temos direito a esperar da justiça: Justiça!, simplesmente justiça. Não a que se envolve nas túnicas dos teatros e nos confunde com floreados de vã retórica judicial, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e alterasse os pesos da balança, não a da espada que corta sempre mais de um lado do que de outro, mas sim uma justiça terrena, uma justiça companheira dos homens, uma justiça para a qual o justo seria o sinónimo mais exacto e rigoroso do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável para a vida como o é o alimento para a felicidade do espírito como indispensável para a vida é o alimento para o corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dúvidas, sempre que ela fosse determinada pela Lei, mas também, e sobretudo,uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em acção, uma justiça em que se manifestasse, como ineludível imperativo moral, o respeito pelo direito que assiste a cada ser humano de o ser.
Porém os sinos, felizmente, não dobravam só para chorar os que morriam. Dobravam tambem para assinalar as horas do dia e da noite, para chamar á festa ou à devoção os crentes, e houve um tempo, neste caso não tão distante, em que o seu toque a rebate convocava o povo para acudir às catástrofes, às inundações e aos incêndios, aos desastres, a qualquer perigo que ameaçasse a comunidade.Hoje, o papel social dos campanários se vê limitado ao cumprimento das obrigações rituais, e o gesto iluminado do nosso camponês de Florença seria visto como obra de um louco desalmado, ou pior ainda, como um simples caso de polícia.
Outros sinos distintos são hoje os que hoje defendem e afirmam, por fim, a possibilidade de implantar no mundo aquele tipo de Justiça solidária dos homens, aquela justiça que é condição para a felicidade do espirito e até, por surpreendente que nos possa parecer, condição para o próprio alimento do corpo. Se houvesse essa justiça, nem um só ser humano morreria mais de fome ou de tantas doenças incuráveis para uns e não para outros. Se houvesse essa justiça, a existência não seria, para mais de metade da humanidade,a condenação terrivel que objectivamente tem sido. Estes novos campanários cuja voz se alarga, cada vez mais forte, por todo o mundo, são os múltiplos movimentos de resistência e de acção social que pugnam pelo estabelecimento de uma nova justiça distributiva e comutativa, que todos os seres humanos possam chegar a reconhecer como sua; uma justiça protegida pela liberdade e pelo direito, e não por nenhuma das suas negações.
E digo que para essa justiça dispomos já de um código de aplicação prática ao alcance de qualquer compreensão, e que esse código se encontra consignado desde há cincoenta anos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, naqueles trinta direitos básicos essenciais (dos que hoje só se fala vagamente, quando não se silenciam sistemáticamente), mais desprestigiados e manchados hoje em dia do que estiveram, faz quatrocentos anos, a propriedade e a liberdade do camponês de Florença. E digo tambem que a Declaração Universal dos Direitos do Homem, tal qual está redigida, sem que fosse preciso mudar apenas uma aspa que seja, poderia substituir com vantagens, no que respeita á rectidão de princípios e à clareza de objectivos, os programas de todos os partidos politicos do mundo, expressamente os da denominada “esquerda”, anquilosados em fórmulas caducas, alheios ou impotentes para enfrentar a brutal realidade do mundo actual, que cerram os olhos às já evidentes e temíveis ameaças que o futuro prepara contra aquela dignidade racional e sensivel que imaginávamos ser a aspiração suprema dos seres humanos.
Acrescentarei que as mesmas razões que levam a referir-me nestes termos aos partidos politicos em geral, as aplico igualmente aos sindicatos locais e, em consequência, ao movimento sindical internacional n seu conjunto. De modo consciente ou inconsciente, o dócil e burocratizado sindicalismo que hoje conhecemos é, em grande parte, responsável pelo adormecimento social resultante do processo de globalização económica em marcha.
Não me alegra dizê-lo, mas não o poderia calar. E, também, se me autorizam a acrescentar algo de particular às fábulas de La Fontaine, então direi que, se não interviermos a tempo – que é dizer já, que o Ratinho dos Direitos Humanos acabará por ser devorado impacávelmente pelo Gato da Globalização Económica.
¿E a democracia, esse invento milenário duns ingénuos atenienses para os quais significava, nas circunstancias sociais e políticas concretas desse momento, e segundo a expressão consagrada, um Governo do Povo, pelo Povo e para o Povo? Ouço muitas vezes explicações de pessoas sinceras, e de comprovada boa-fé, e, a outras que têm interesse em simular essa aparência de bondade, que, apesar de ser uma evidência irrefutavel a sitação de catástrofe em que se encontra a maior parte do planeta, será precisamente no marco do sistema democrático em geral que mais possibilidades teremos de chegar à consecução plena, ou ao menos satisfatória dos direitos humanos.
Nada mais certo, com a condição de que o sistema de governo e de gestão da sociedade a que actualmente chamamos democracia fosse efectivamente democrático.E não o é!,,, É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, por delegação da particula de soberania que nos reconhece como cidadãos com direito de voto normalmente num partido, ecolher os nossos representantes ao Parlamento; é certo enfim, que a relevância numérica (de tais representações e combinações politicas que a necessidade de uma maioria impõe) sempre resultará num Governo.Tudo isso está certo, porem é igualmente certo que a possibilidade de acção democrática começa e acaba aqui. O eleitor poderá retirar do poder um governo que não lhe agrade e colocar lá outro no seu lugar, porem o seu voto não tem tido, não tem e nunca terá um efeito visivel sobre a única força real que governa o mundo: refiro-me, obviamente, ao Poder Económico, e em particular àquela parte do mesmo, sempre em crescendo, regida pelas empresaS multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm a ver com aquele bem comum a que, por definição, aspira a Democracia.Todos sabemos que tudo é assim, e que por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a crua nudez dos factos, continuamos a falar de “democracia” como se de algo vivo e actuante se tratasse, quando dela pouco mais resta do que um conjunto de formas ritualizadas, de inócuos passos e gestos duma espécie de missa laica.
E não nos precavemos, como se para isso bastasse apenas ter olhos, de que os nossos Governos, esses que para o bem e para o mal elegemos e de que somos, portanto, responsáveis, se vão convertendo cada vez mais em meros comissários politicos do Poder Económico, com a missão objectiva de produzir as Leis que convêem a esse Poder,para depois, envolvidas na doçura da pertinente publicidade, as introduzir no mercado social sem suscitar demasiados protestos, salvo os das certas e conhecidas minorias eternamente descontentes,,,
¿Que fazer? Da literatura à ecología, da guerra das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento dos residuos aos congestionamentos de tráfico,tudo se discute neste nosso mundo.
Porém o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute.Mas se não estou equivocado, se não sou capaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, urge, antes que se faça demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a Democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida politica e social, sobre as relações entre os Estados e o Poder Económico e Financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e esperanças da Humanidade ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um a um e, todos juntos.
Não há pior engano do que aquele que se engana a si mesmo. E assim vamos vivendo.
Não tenho mais nada a dizer.Ou talvez sim, apenas uma palavra para pedir um instante de silêncio. O camponês de Florença acaba de subir uma vez mais à torre da igreja, e os sinos vão tocar. Oiçamo-los por favor.
(Texto lído no encerramento do Forum Social Mundial reunido em Porto Alegre)
domingo, agosto 14, 2005
Literatura "ralph lauren" made in (longe da) Trofa*
nesta ânsia bem portuguesa pelo dizer mal, páro e de repente vejo que no melhor pano cai a marca de roupa de luxo O
O que é um português?,,, mais concretamente, um intelectual português?
É um espécime que se levanta de manhã, toma banho com sabão liquido Palmolive, faz a barba com Gilette, escova os dentes com Colgate, usa loção after-shave Dior e gel Garnier, que veste informalmente umas calças Levis, uma T-shirt Ralph-Lauren e calça uns ténis Adidas, pega nos óculos Rayban e no telemóvel Nokia e sai para tomar o pequeno almoço de leite Parmalat com aveia Kellogs seguido de um Nescafé enquanto dá uma vista de olhos pelo Financial Times. Depois pega nas chaves do Toyota com uns bestiais pneus novos Firestone e zarpa em direcção ao estaminé onde trabalha, ouvindo pelo caminho as últimas noticias no CD player Sony para se sentir bem informado e continuara a lutar contra a hegemonia das Multinacionais que tanto incomodam o “povo de esquerda”. Finalmente ei-lo sentado, escrevendo no programa Word da Microsoft do seu MacIntosh o artigo que irá imprimir na impressora Xerox acompanhado da foto digital que tirou com a sua Olympus.
No pretenso “fim da História”, este tipo de Homem Novo que é o Consumidor, é afinal o mesmo velho homem de sempre,,, aquele que com a Revolução Francesa se libertou da condição de Escravo-propriedade emancipando-se para a condição de Cidadão,,,
que com o Estado moderno passou de Cidadão policiado a Contribuinte social,,,
e que com o declinio do Estado passa agora da simples condição de Contribuinte a ser contabilizado como mero Consumidor, num panorama regido de forma desregulamentada pelas Corporações Multinacionais do comércio-livre que fazem tábua rasa dos Direitos Sociais, enterrando de vez o Welfare State de Lord Keynes, constituido pelo padrão de financiamento público Estatal da Economia Capitalista. Este modelo de pretensa estabilidade monetária havia construido um amplo consenso entre dominadores e dominados (uma Sociedade passiva de empregados e rendeiros) pela via da acumulação de mais valias pela emissão da moeda falsa hegemónica que é o Dólar, criando a ilusão de um mirabolante futuro desenvolvimento às periferias.
Este modelo chegou tardiamente a Portugal como sempre foi históricamente habitual, bem visível no pós-25 Abril na alternância do Bloco Central transformado em senso comum, balizado pelo “socialismo metido na gaveta” de Soares e pelo desvio dos Fundos Estruturais Europeus pelas clientelas de Cavaco que raramente teve dúvidas e nunca se enganará na pretensão do retorno à roubalheira apoiada no aparelho de Estado. De Mário Soares, que aos 80 anos compete como 2ª face da mesma moeda, poder-se-á relembrar o dichote endereçado a Fidel Castro (79 anos) quando o designou de “dinossauro” fora de prazo, para se aquilatar a lata que é preciso ter para representar este tipo de papéis de candidatos.
A mentira como politica de Estado e o descrédito dos politicos em Portugal atingiu um nivel tal, que levou o guru conservador Adriano Moreira a declarar recentemente que “as pessoas razoáveis devem pedir aos governos que não ultrapassem a mentira razoável”.
* As camisas da multinacional americana "ralph lauren" eram fabricadas na Trofa,antes da produção ter sido deslocalizada (salvo erro) para as Ilhas Mauricias.
O que é um português?,,, mais concretamente, um intelectual português?
É um espécime que se levanta de manhã, toma banho com sabão liquido Palmolive, faz a barba com Gilette, escova os dentes com Colgate, usa loção after-shave Dior e gel Garnier, que veste informalmente umas calças Levis, uma T-shirt Ralph-Lauren e calça uns ténis Adidas, pega nos óculos Rayban e no telemóvel Nokia e sai para tomar o pequeno almoço de leite Parmalat com aveia Kellogs seguido de um Nescafé enquanto dá uma vista de olhos pelo Financial Times. Depois pega nas chaves do Toyota com uns bestiais pneus novos Firestone e zarpa em direcção ao estaminé onde trabalha, ouvindo pelo caminho as últimas noticias no CD player Sony para se sentir bem informado e continuara a lutar contra a hegemonia das Multinacionais que tanto incomodam o “povo de esquerda”. Finalmente ei-lo sentado, escrevendo no programa Word da Microsoft do seu MacIntosh o artigo que irá imprimir na impressora Xerox acompanhado da foto digital que tirou com a sua Olympus.
No pretenso “fim da História”, este tipo de Homem Novo que é o Consumidor, é afinal o mesmo velho homem de sempre,,, aquele que com a Revolução Francesa se libertou da condição de Escravo-propriedade emancipando-se para a condição de Cidadão,,,
que com o Estado moderno passou de Cidadão policiado a Contribuinte social,,,
e que com o declinio do Estado passa agora da simples condição de Contribuinte a ser contabilizado como mero Consumidor, num panorama regido de forma desregulamentada pelas Corporações Multinacionais do comércio-livre que fazem tábua rasa dos Direitos Sociais, enterrando de vez o Welfare State de Lord Keynes, constituido pelo padrão de financiamento público Estatal da Economia Capitalista. Este modelo de pretensa estabilidade monetária havia construido um amplo consenso entre dominadores e dominados (uma Sociedade passiva de empregados e rendeiros) pela via da acumulação de mais valias pela emissão da moeda falsa hegemónica que é o Dólar, criando a ilusão de um mirabolante futuro desenvolvimento às periferias.
Este modelo chegou tardiamente a Portugal como sempre foi históricamente habitual, bem visível no pós-25 Abril na alternância do Bloco Central transformado em senso comum, balizado pelo “socialismo metido na gaveta” de Soares e pelo desvio dos Fundos Estruturais Europeus pelas clientelas de Cavaco que raramente teve dúvidas e nunca se enganará na pretensão do retorno à roubalheira apoiada no aparelho de Estado. De Mário Soares, que aos 80 anos compete como 2ª face da mesma moeda, poder-se-á relembrar o dichote endereçado a Fidel Castro (79 anos) quando o designou de “dinossauro” fora de prazo, para se aquilatar a lata que é preciso ter para representar este tipo de papéis de candidatos.
A mentira como politica de Estado e o descrédito dos politicos em Portugal atingiu um nivel tal, que levou o guru conservador Adriano Moreira a declarar recentemente que “as pessoas razoáveis devem pedir aos governos que não ultrapassem a mentira razoável”.
* As camisas da multinacional americana "ralph lauren" eram fabricadas na Trofa,antes da produção ter sido deslocalizada (salvo erro) para as Ilhas Mauricias.
quarta-feira, agosto 10, 2005
Suspeito de terrorismo implicado no 7/7 em Londres, vinculado aos serviços secretos britànicos?
Um cidadão británico chamado Haroon Rashid Aswat, residente en Lusaka, na Zambia, é procurado para ser interrogado por atividades relacionadas com os atentados de Londres no dia 7 de Julho.
Haroon Rashid Aswat provem da mesma localidade em West Yorkshire, Dewsbury, onde vivíam tres dos presumiveis terroristas. “Suspeita-se ter visitado diversas vezes os terroristas nas semanas anteriores aos ataques”, segundo informa o New Republic de 8 de Agosto de 2005.
Leia a noticia completa AQUI
A mesma fonte (Fox News) que apresenta Aswat como o “cérebro” dos atentados, também aponta a relação de Aswat com os serviços de inteligencia británicos e dos EUA, através duma organização islámica sedeada na Grâ Bretanha: Al-Muhajiroun
Haroon Rashid Aswat provem da mesma localidade em West Yorkshire, Dewsbury, onde vivíam tres dos presumiveis terroristas. “Suspeita-se ter visitado diversas vezes os terroristas nas semanas anteriores aos ataques”, segundo informa o New Republic de 8 de Agosto de 2005.
Leia a noticia completa AQUI
A mesma fonte (Fox News) que apresenta Aswat como o “cérebro” dos atentados, também aponta a relação de Aswat com os serviços de inteligencia británicos e dos EUA, através duma organização islámica sedeada na Grâ Bretanha: Al-Muhajiroun
A Reunificação da Coreia
clique na imagem para ampliar
Quanto na gíria Neocon tipo “eixo do Mal” é referida a Coreia do Norte, a menção em si é manipuladora, devendo qualquer ideia sobre o país ser equacionada no âmbito únicamente de Coreia, um país dividido pela “guerra imposta pelos Estados Unidos contra o “comunismo” no início da Guerra Fria, que na região levou à “Guerra da Coreia” (de 1948 até à detente de 1953).
Desde então que a situação de fronteira no paralelo 38 chamada irónicamente Zona Desmilitarizada é, com os seus 238 quilómeros de minas terrestres, uma das mais peculiares em todo o mundo. De um e de outro lado um milhão de soldados vigiam-se mútuamente.
A próxima reforma da ONU em Setembro próximo (para onde o padrinho americano da parte Sul da Coreia impôs o falcão Jonh Bolton como seu embaixador) vem encontrar as duas Coreias concertadas na oposicão á entrada do Japão para membro permanente do Conselho de Segurança, facto que a acontecer branquearia as atrocidades inflingidas aos coreanos durante a ocupação japonesa de 1905 a 1945 (a que se acrescenta o diferendo sobre a disputa das ilhas Dodko)
A Norte a Coreia sovietizada com a economia centralizada e dependente da URSS, quando esta se desmoronou, foi confrontada com a alta de preços dos fornecimento de petróleo e de energia o que levou a agricultura ao colapso e à grande fome de 1996.
A Sul na Coreia americanizada, depois da crise asiática de 1996, os gigantes base do desenvolvimento Samsung, Hyundai, Daewoo,LG e muitas outras, estão a deslocalizar em massa a produção para a vizinha China. Em 13 milhões de trabalhadores no activo 8,5 milhões estão sujeitos a trabalho precário, parcial ou ocasional. Em nenhum outro país a precarização do emprego, sobre a pressão da globalização, atingiu tais proporções. “Entre a empresa que faz a encomenda e o assalariado que a executa” declaram sindicalistas, há por vezes sete patamares de subcontratadores. O operário não sabe ao certo para quem trabalha. A responsabilidade do principal beneficiário da produção dilui-se na selva de subcontratadores e quando há problemas o assalariado ocasional fica sem quaisquer recursos, não sendo os sindicatos precários reconhecidos.
Neste contexto, a reunião do Conselho de Segurança, com o apoio implicito do Japão, sobre a questão nuclear da Coreia do Norte é um “prelúdio de guerra” afirma um responsável do rgime de Pyongyang, assunto que deixa inquieto o ministro da Unificação da Coreia do Sul, que concorda que as sucessivas ameaças americanas que pretendem pôr fim ao regime do Norte, “é um acto grave de provocação destinado a sabotar os esforços de diálogo e a agravar a situação na peninsula coreana.
Quando em 1994 houve a primeira ameaça nuclear a Bolsa de Seul caiu 36%.Recentemente apesar da ameaça ser mais séria, a Bolsa não tem registado alterações.
Faz toda a diferença viver a Norte ou a Sul do paralelo 38, mas não há sul-coreanos, ou norte-coreanos. Há apenas Coreanos!. Pelo menos, foi assim durante 13 séculos. Este foi sempre um País unificado, de uma única etnia, de uma só lingua e que criou o seu próprio sistema de escrita.
Quem construiu “a ameaça nuclear da Coreia do Norte”, uma opção legitima contra as ameaças de interferência externa, não estará decerto interessado que seja muito divulgado que a Coreia do Sul gasta U$ 11,6 biliões de dolares com o seu orçamento militar anual, enquanto o Norte despende apenas U$ 4,26 biliões. Se insistirem na ameaça, a Coreia do Norte dispõe da maior força de artilharia no Mundo, capaz de atingir Seul com 25.000 bombas apenas na primeira hora dum evental ataque. (vidé organigrama comparativo ampliando a imagem).
A solução para apagar este rastilho latente passa pela reunificação entre as duas Coreias e pelo termo das ameaças americanas na região.
Quanto na gíria Neocon tipo “eixo do Mal” é referida a Coreia do Norte, a menção em si é manipuladora, devendo qualquer ideia sobre o país ser equacionada no âmbito únicamente de Coreia, um país dividido pela “guerra imposta pelos Estados Unidos contra o “comunismo” no início da Guerra Fria, que na região levou à “Guerra da Coreia” (de 1948 até à detente de 1953).
Desde então que a situação de fronteira no paralelo 38 chamada irónicamente Zona Desmilitarizada é, com os seus 238 quilómeros de minas terrestres, uma das mais peculiares em todo o mundo. De um e de outro lado um milhão de soldados vigiam-se mútuamente.
A próxima reforma da ONU em Setembro próximo (para onde o padrinho americano da parte Sul da Coreia impôs o falcão Jonh Bolton como seu embaixador) vem encontrar as duas Coreias concertadas na oposicão á entrada do Japão para membro permanente do Conselho de Segurança, facto que a acontecer branquearia as atrocidades inflingidas aos coreanos durante a ocupação japonesa de 1905 a 1945 (a que se acrescenta o diferendo sobre a disputa das ilhas Dodko)
A Norte a Coreia sovietizada com a economia centralizada e dependente da URSS, quando esta se desmoronou, foi confrontada com a alta de preços dos fornecimento de petróleo e de energia o que levou a agricultura ao colapso e à grande fome de 1996.
A Sul na Coreia americanizada, depois da crise asiática de 1996, os gigantes base do desenvolvimento Samsung, Hyundai, Daewoo,LG e muitas outras, estão a deslocalizar em massa a produção para a vizinha China. Em 13 milhões de trabalhadores no activo 8,5 milhões estão sujeitos a trabalho precário, parcial ou ocasional. Em nenhum outro país a precarização do emprego, sobre a pressão da globalização, atingiu tais proporções. “Entre a empresa que faz a encomenda e o assalariado que a executa” declaram sindicalistas, há por vezes sete patamares de subcontratadores. O operário não sabe ao certo para quem trabalha. A responsabilidade do principal beneficiário da produção dilui-se na selva de subcontratadores e quando há problemas o assalariado ocasional fica sem quaisquer recursos, não sendo os sindicatos precários reconhecidos.
Neste contexto, a reunião do Conselho de Segurança, com o apoio implicito do Japão, sobre a questão nuclear da Coreia do Norte é um “prelúdio de guerra” afirma um responsável do rgime de Pyongyang, assunto que deixa inquieto o ministro da Unificação da Coreia do Sul, que concorda que as sucessivas ameaças americanas que pretendem pôr fim ao regime do Norte, “é um acto grave de provocação destinado a sabotar os esforços de diálogo e a agravar a situação na peninsula coreana.
Quando em 1994 houve a primeira ameaça nuclear a Bolsa de Seul caiu 36%.Recentemente apesar da ameaça ser mais séria, a Bolsa não tem registado alterações.
Faz toda a diferença viver a Norte ou a Sul do paralelo 38, mas não há sul-coreanos, ou norte-coreanos. Há apenas Coreanos!. Pelo menos, foi assim durante 13 séculos. Este foi sempre um País unificado, de uma única etnia, de uma só lingua e que criou o seu próprio sistema de escrita.
Quem construiu “a ameaça nuclear da Coreia do Norte”, uma opção legitima contra as ameaças de interferência externa, não estará decerto interessado que seja muito divulgado que a Coreia do Sul gasta U$ 11,6 biliões de dolares com o seu orçamento militar anual, enquanto o Norte despende apenas U$ 4,26 biliões. Se insistirem na ameaça, a Coreia do Norte dispõe da maior força de artilharia no Mundo, capaz de atingir Seul com 25.000 bombas apenas na primeira hora dum evental ataque. (vidé organigrama comparativo ampliando a imagem).
A solução para apagar este rastilho latente passa pela reunificação entre as duas Coreias e pelo termo das ameaças americanas na região.
sexta-feira, agosto 05, 2005
pequenos Vícios Estéticos II
Ainda emocionados pela portentosa “Norma” de Bellini no espectacular cenário do Anfiteatro Romano de Mérida, cantada por Elisabete Matos (que vem aí mais vezes)
Vamos de férias já na expectativa da próxima temporada lírica do Teatro Nacional de São Carlos, de que fica aqui já uma antevisão:
Setembro 2005 – “La Traviata” de Giuseppe Verdi
Setembro/Outubro 2005 – Integral das sinfonias de Beethoven com especial destaque para a Sinfonia Coral nº 9 com a soprano Elisabete Matos
Outubro 2005– “Otello”, O Mouro de Veneza, de Giuseppe Verdi
Outubro/Novembro 2005 – Cinquentenário da morte de Luis de Freitas Branco
Novembro 2005 – Árias Melodramáticas em concerto exclusivo da Siemens, com Elisabete Matos e José Cura
Dezembro 2005– “O Rapto do Serralho” de Mozart
Dezembro 2005 – “Hanjo” de Toshio Hosokawa
Fevereiro 2006 – “O Barbeiro de Sevilha”
Fevereiro 2006 – “Iolanta” de Tchaikovski
Março 2006 – “Santa Susana” de Paul Hindemith e “O Dissoluto Absolvido” de Azio Corghi
Abril 2006 – “Lauriane” de Augusto Machado
Maio/Junho 2006 – “O Ouro do Reno” de Richard Wagner
Junho 2006 – “O Nariz” de Dimitri Chostakovitch
Vidé Programação detalhada, Aqui
Vamos de férias já na expectativa da próxima temporada lírica do Teatro Nacional de São Carlos, de que fica aqui já uma antevisão:
Setembro 2005 – “La Traviata” de Giuseppe Verdi
Setembro/Outubro 2005 – Integral das sinfonias de Beethoven com especial destaque para a Sinfonia Coral nº 9 com a soprano Elisabete Matos
Outubro 2005– “Otello”, O Mouro de Veneza, de Giuseppe Verdi
Outubro/Novembro 2005 – Cinquentenário da morte de Luis de Freitas Branco
Novembro 2005 – Árias Melodramáticas em concerto exclusivo da Siemens, com Elisabete Matos e José Cura
Dezembro 2005– “O Rapto do Serralho” de Mozart
Dezembro 2005 – “Hanjo” de Toshio Hosokawa
Fevereiro 2006 – “O Barbeiro de Sevilha”
Fevereiro 2006 – “Iolanta” de Tchaikovski
Março 2006 – “Santa Susana” de Paul Hindemith e “O Dissoluto Absolvido” de Azio Corghi
Abril 2006 – “Lauriane” de Augusto Machado
Maio/Junho 2006 – “O Ouro do Reno” de Richard Wagner
Junho 2006 – “O Nariz” de Dimitri Chostakovitch
Vidé Programação detalhada, Aqui
quinta-feira, agosto 04, 2005
Teria António Aleixo lido Adam Smith?
As águias de hoje na guerra
Com os seus golpes traiçoeiros
Queimam os pastos da terra
Morrem de fome os cordeiros
Da guerra os grandes culpados
Que espalham a dor na terra
São os menos acusados
Como culpados de guerra
O oiro, o cobre e a prata,
Que correm pelo mundo fora
Servem sempre de arreata
P`ra levar burros à nora
Que o mundo está mal, dizemos
E vai de mal a pior;
E, afinal, nada fazemos
P`ra que ele seja melhor
Se os homens chegam a ver
Porque razão se consomem,
O homem deixa de ser
O lobo do outro homem
(Vila Real de Santo António, 1899-1949)
quarta-feira, agosto 03, 2005
Eleições para as Autarquias na Venezuela
www.venezuelasolidarity.org
No próximo dia 7 de Agosto há eleições para os Conselho Municipais e para as Juntas Paroquiais na Venezuela. Este tipo de eleições tem habitualmente uma maior percentagem de abstenção que as outras.A oposição venezuelana está a fazer um apelo à abstenção para apresentar de forma suja os resultados e tirar partido politico e mediático do facto, ao mesmo tempo que fundamenta esta atitude fazendo uma analogia do cenário descrito por José Saramago no seu "Ensaio sobre a Lucidez" no qual uma maioria decide votar em branco tendo em vista o estado de degradação da democracia.
Com o seguinte texto, o Nobel de Literatura português (muito conceituado e ouvido na América Latina) responde à tentativa de manipulação que a oposição a Chávez pretende fazer com a sua obra:
"A diferença entre o Voto em Branco do meu livro "Ensaio sobre a Lucidez" e a Abstenção que a Oposição venezuelana proclama, é a mesma que separa a Inteligência da Estupidez!
"Já me piratearam um livro na China, outro na América Latina, porém até hoje ninguem me tinha pirateado uma Ideia. Vendo bem, a diferença entre piratear um livro ou uma ideia, é que no primeiro caso não se faz nada que não seja copiá-lo para o vender mais barato, enquanto que piratear uma ideia é manipulá-la para a forçar a expressar o contrário do que o autor pretendia. Esta foi a mais recente manobra da oposição na Venezuela, ao tentar difundir uma falsa analogia entre o voto em branco em que se fala no "Ensaio sobre a Lucidez" e a abstenção nas eleições de 7 de Agosto que estão conclamando os cidadãos venezuelanos. A diferença entre uma coisa e outra é a mesma que separa a inteligência da estupidez. Os homens e as mulheres que na minha novela votaram em branco, fizeram-no como um acto de protesto contra a degradação da democracia, porem a oposição venezuelana apela à abstenção justamente quando na Venezuela se está erguendo uma Democracia com a participação directa do Povo. Não me admira que eles sejam incapazes de o entender, se tampouco souberam entender o livro que escrevi. Os talvez eles o saibam e estão conscientes do engano que pretendem transmitir aos venezuelanos. Esta manobra suja só merece o meu desprezo. Espero que o Povo venezuelano igualmente a despreze com o seu Voto".
* Hugo Chávez, em 8 de Março, (referido aqui), ter-se-ia questionado: "Temos de inventar o Novo Socialismo para o Século XXI. O Capitalismo não é um modelo sustentável para o desenvolvimento"
* Pode o Socialismo triunfar no Século XXI na Venezuela? tenta responder Heinz Dieterich, aqui,,,
na Venezuela não haverá "comunismo" diz peremptório o novo Ministro da Defesa, o almirante Orlando Maniglia,,,
mas entretanto o PODER POPULAR AVANÇA! e Chávez atinge o indice de intenções de voto mais alto de sempre: 71,8%!
No próximo dia 7 de Agosto há eleições para os Conselho Municipais e para as Juntas Paroquiais na Venezuela. Este tipo de eleições tem habitualmente uma maior percentagem de abstenção que as outras.A oposição venezuelana está a fazer um apelo à abstenção para apresentar de forma suja os resultados e tirar partido politico e mediático do facto, ao mesmo tempo que fundamenta esta atitude fazendo uma analogia do cenário descrito por José Saramago no seu "Ensaio sobre a Lucidez" no qual uma maioria decide votar em branco tendo em vista o estado de degradação da democracia.
Com o seguinte texto, o Nobel de Literatura português (muito conceituado e ouvido na América Latina) responde à tentativa de manipulação que a oposição a Chávez pretende fazer com a sua obra:
"A diferença entre o Voto em Branco do meu livro "Ensaio sobre a Lucidez" e a Abstenção que a Oposição venezuelana proclama, é a mesma que separa a Inteligência da Estupidez!
"Já me piratearam um livro na China, outro na América Latina, porém até hoje ninguem me tinha pirateado uma Ideia. Vendo bem, a diferença entre piratear um livro ou uma ideia, é que no primeiro caso não se faz nada que não seja copiá-lo para o vender mais barato, enquanto que piratear uma ideia é manipulá-la para a forçar a expressar o contrário do que o autor pretendia. Esta foi a mais recente manobra da oposição na Venezuela, ao tentar difundir uma falsa analogia entre o voto em branco em que se fala no "Ensaio sobre a Lucidez" e a abstenção nas eleições de 7 de Agosto que estão conclamando os cidadãos venezuelanos. A diferença entre uma coisa e outra é a mesma que separa a inteligência da estupidez. Os homens e as mulheres que na minha novela votaram em branco, fizeram-no como um acto de protesto contra a degradação da democracia, porem a oposição venezuelana apela à abstenção justamente quando na Venezuela se está erguendo uma Democracia com a participação directa do Povo. Não me admira que eles sejam incapazes de o entender, se tampouco souberam entender o livro que escrevi. Os talvez eles o saibam e estão conscientes do engano que pretendem transmitir aos venezuelanos. Esta manobra suja só merece o meu desprezo. Espero que o Povo venezuelano igualmente a despreze com o seu Voto".
* Hugo Chávez, em 8 de Março, (referido aqui), ter-se-ia questionado: "Temos de inventar o Novo Socialismo para o Século XXI. O Capitalismo não é um modelo sustentável para o desenvolvimento"
* Pode o Socialismo triunfar no Século XXI na Venezuela? tenta responder Heinz Dieterich, aqui,,,
na Venezuela não haverá "comunismo" diz peremptório o novo Ministro da Defesa, o almirante Orlando Maniglia,,,
mas entretanto o PODER POPULAR AVANÇA! e Chávez atinge o indice de intenções de voto mais alto de sempre: 71,8%!
terça-feira, agosto 02, 2005
a Fraude PSL na Câmara Municipal de Lisboa
Alberto da Silva Lopes, um engenheiro electrotécnico que dedicou os ultimos quatro anos a uma “batalha solitária”, como o próprio dizia, destinada a provar que a vitória de Santana Lopes nas eleições autárquicas de 2001 foi o resultado de uma fraude, apareceu morto, na semana passada na sua residência em Lisboa. (Público 2/8 pag. 47)
Completamente abandonado pelos partidos (PS e PCP) que teriam sido lesados naquelas eleições, este apoiante de João Soares acabou por ver o Ministério Público reconhecer algum fundamento às suas teses em Junho do ano passado, mas considerou que o essencial ficou por esclarecer. Isto, porque a queixa por si apresentada à Procuradoria Geral da República em 2002 foi arquivada sem que fossem apontados quaisquer responsáveis pelas irregularidades CONFIRMADAS NOS AUTOS.
Cansado de “pregar no deserto” e rejeitado pelos seus antigos amigos, incluindo os socialistas mais chegados ao antigo presidente da CML, nos ultimos dois anos o Eng. Silva Lopes, desde que se empenhou neste caso que MAIS NINGUEM ESTAVA INTERESSADO EM ESCLARECER, vivia de uma forma precária, sem emprego, apesar de ser considerado um matemático brilhante, debilitado e concentrado apenas na batalha a que se dedicara – convencido de que as Autárquicas de 2001 em Lisboa NÃO ERAM UM CASO ISOLADO, antes espelhavam a fragilidade da democracia e dos seus mecanismos eleitorais.(se fosse só isso, acrescento eu). Em conjunto com a Editora Dom Quixote o Eng. Silva Lopes preparava a edição de um livro com o resultado das suas investigações sobre a alegada “fraude computacional” que terá levado à derrota de João Soares por cerca de 800 votos. (VER PORMENORES AQUI). A Dom Quixote mantém a intenção de publicar o livro o mais brevemente possivel.
Outro caso a acrescentar ao famoso livro do ex-“socialista” Rui Mateus?
Reserve já o seu exemplar, antes que seja retirado do mercado, se é que alguma vez irá lá chegar, e entretanto medite-se na expressão “fraude computacional” e na analogia com a eleição de Bush na Flórida em 2000 e com as politicas pós-neoliberais de desmantelamento do Estado Social em curso a partir destes eventos,,,(e ainda não chegaram cá as máquinas de votar americanas da “Diebold”- a Mãe de todas as "Votações" no Século XXI)
segunda-feira, agosto 01, 2005
O Senso Comum dos Patos
A resolução da contradição entre o EU e o GRUPO reside no Senso Comum!
A verdadeira educação ensina-nos a LUTAR para reaver aquilo que nos usurparam!
antigamente era verdade que mais valia ensinar alguem a pescar do que dar-lhe um peixe,,, mas do que vale isso agora? de nada serve ensinar a pescar se os rios foram todos envenenados ou vendidos.
Para pôr os ursos a dançar nos circos, o domador prepara-os; ao ritmo da música, bate-lhes no traseiro com um pau coberto de espetos. Se dançarem correctamente, o domador deixa de lhes bater e dá-lhes comida. De contrário a tortura continua, e á noite os ursos voltam para as jaulas de barriga vazia.Por MEDO, medo das pancadas e da fome os ursos dançam. Do ponto de vista do domador isto é puro bom senso. Mas, e do ponto de vista do animal quebrantado?
Lembre-se disto, sempre que ouvir Blair/WBush( ou outro domador qualquer) speekar na TV sobre o MEDO das ameaças "Terroristas"!
portanto o problema que se põe ao EU, é a resignação e aceitação como nos propôem os católicos? cruzar os braços?, vegetar na indiferença?
Os crimes mais atrozes e dos piores prejuizos que se cometem neste Planeta são perpretados através dos organismos internacionais: Banco Mundial, OMC, FMI, empresas Multinacionais em conluio com o que resta dos Estados Nacionais tomados de assalto pelas hienas partidárias esfomeadas,,,
a Vida , tal como a ela estávamos habituados desapareceu: além da vítimas das ditaduras, desapareceram na "democracia" os empregos, os salários, as reformas, as fábricas, as terras ardidas,, os rios, e até os próprios filhos dos pobres forçados a emigrar ou a prostituirem-se.
Para nos salvarmos disto,,, juntemo-nos!
Só se salvam os que se revoltam!
- Setembro de 2001 Nova York - Quando o avião esventrou a segunda torre e esta começou a estalar e depois a desmoronar-se, as pessoas precipitaram-se pelas escadas abaixo a toda a pressa.Os altifalantes intimaram então todos os assalariados a regressar aos seus postos de trabalho.
Só se salvaram os que transgrediram!
Para nos salvarmos juntemo-nos!
*Tecnologia de vôo colectivo: o primeiro PATO lança-se e abre caminho ao segundo, que indica o caminho ao terceiro, e a energia do terceiro leva o quarto pato a voar, que arrasta o quinto, e o impulso do quinto provoca o vôo do sexto, que dá forças ao sétimo,,,
Quando o pato batedor se cansa, volta á cauda do bando e dá lugar a outro, que sobe ao cume daquele V invertido que os patos desenham no ar.Todos, sucessivamente irão atrás e á frente do GRUPO,,,
nenhum pato de transforma num SuperPato por ir á frente do grupo, nem em SubPato por ir atrás na cauda,,
os patos não perderam a noção do Bom Senso, do Senso Comum,,,
(* parábola adaptada de Eduardo Galeano)
Subscrever:
Mensagens (Atom)