nesta ânsia bem portuguesa pelo dizer mal, páro e de repente vejo que no melhor pano cai a marca de roupa de luxo O
O que é um português?,,, mais concretamente, um intelectual português?
É um espécime que se levanta de manhã, toma banho com sabão liquido Palmolive, faz a barba com Gilette, escova os dentes com Colgate, usa loção after-shave Dior e gel Garnier, que veste informalmente umas calças Levis, uma T-shirt Ralph-Lauren e calça uns ténis Adidas, pega nos óculos Rayban e no telemóvel Nokia e sai para tomar o pequeno almoço de leite Parmalat com aveia Kellogs seguido de um Nescafé enquanto dá uma vista de olhos pelo Financial Times. Depois pega nas chaves do Toyota com uns bestiais pneus novos Firestone e zarpa em direcção ao estaminé onde trabalha, ouvindo pelo caminho as últimas noticias no CD player Sony para se sentir bem informado e continuara a lutar contra a hegemonia das Multinacionais que tanto incomodam o “povo de esquerda”. Finalmente ei-lo sentado, escrevendo no programa Word da Microsoft do seu MacIntosh o artigo que irá imprimir na impressora Xerox acompanhado da foto digital que tirou com a sua Olympus.
No pretenso “fim da História”, este tipo de Homem Novo que é o Consumidor, é afinal o mesmo velho homem de sempre,,, aquele que com a Revolução Francesa se libertou da condição de Escravo-propriedade emancipando-se para a condição de Cidadão,,,
que com o Estado moderno passou de Cidadão policiado a Contribuinte social,,,
e que com o declinio do Estado passa agora da simples condição de Contribuinte a ser contabilizado como mero Consumidor, num panorama regido de forma desregulamentada pelas Corporações Multinacionais do comércio-livre que fazem tábua rasa dos Direitos Sociais, enterrando de vez o Welfare State de Lord Keynes, constituido pelo padrão de financiamento público Estatal da Economia Capitalista. Este modelo de pretensa estabilidade monetária havia construido um amplo consenso entre dominadores e dominados (uma Sociedade passiva de empregados e rendeiros) pela via da acumulação de mais valias pela emissão da moeda falsa hegemónica que é o Dólar, criando a ilusão de um mirabolante futuro desenvolvimento às periferias.
Este modelo chegou tardiamente a Portugal como sempre foi históricamente habitual, bem visível no pós-25 Abril na alternância do Bloco Central transformado em senso comum, balizado pelo “socialismo metido na gaveta” de Soares e pelo desvio dos Fundos Estruturais Europeus pelas clientelas de Cavaco que raramente teve dúvidas e nunca se enganará na pretensão do retorno à roubalheira apoiada no aparelho de Estado. De Mário Soares, que aos 80 anos compete como 2ª face da mesma moeda, poder-se-á relembrar o dichote endereçado a Fidel Castro (79 anos) quando o designou de “dinossauro” fora de prazo, para se aquilatar a lata que é preciso ter para representar este tipo de papéis de candidatos.
A mentira como politica de Estado e o descrédito dos politicos em Portugal atingiu um nivel tal, que levou o guru conservador Adriano Moreira a declarar recentemente que “as pessoas razoáveis devem pedir aos governos que não ultrapassem a mentira razoável”.
* As camisas da multinacional americana "ralph lauren" eram fabricadas na Trofa,antes da produção ter sido deslocalizada (salvo erro) para as Ilhas Mauricias.
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