A propósito do Dia Mundial do Historiador o Zé Neves cita Hobsbawm: “a única generalização possivel em História é que ela continuará a existir enquanto houver raça humana”. Outra máxima a observar é a de que “antes de estudar História, devemos estudar o Historiador” segundo cada versão que nos é proposta. Por fim, a História segundo a servidão: um comentador televisivo afirmou, na sua opinião de sargeta, não haver utilidade em continuar a ter licenciados em História, concluindo que as escolas estão a formar pessoas que “não servem para nada” (…)
Subjacente a estas declarações está uma política que reduz a economia a um exercício de contabilidade simples, de tal modo que tudo o que não seja imediatamente lucrativo deve ser etiquetado como despesa e, enquanto tal, eliminado. São afirmações perigosas. Mas todo o atrevimento ignorante o é - a alarvidade provocou reacções entre os próprios comparsas do comentador: "se Camilo tivesse estudado Humanidades, sabia que a utilidade não pode ser a medida de todas as coisas e conheceria as críticas ao utilitarismo” (Expresso, in Camilo, a História e a Utilidade Económica”). Mas a resposta, contundente, vem de Daniel Alves Seabra: "a Economia nunca se desvincula de dimensões sociais, culturais, políticas e psicológicas que nela interferem e da qual ela depende. Se eu fosse um utilitário, perguntaria: qual a utilidade dos comentários de Camilo Lourenço para a Economia? Nenhuma. O que é que os mesmos produzem no sentido mais utilitário e materialista do termo? Nada. Cabe aqui citar Henri Bergson: «São precisos séculos de cultura para produzir um utilitário como Stuart Mill»
"Diz-se que Richard Wagner foi um mentor do nazismo (...) Jamais, Wagner foi durante toda a sua vida um revolucionário (...) Diz-se que Hitler o apreciava no recato dos seus tempos livres, o que não é verdade" (diz-se isso aqui) e a afirmação, vinda de alguém que se intitula de marxista para servir interesses de determinada corporação é grave... e misturar personagens de épocas diferentes em contextos diferentes, só pode dar bota da grossa. Desfaçamos então o erro, cuja origem está na omissão de uma opinião fundamentada na luta de classes:
Wagner foi revolucionário numa perspectiva burguesa, era um aristocrata, casado com a Condessa Cosima Von Bulow; sendo um ateu convicto, pactuava, embora com um espirito crítico, com a mundivisão da Igreja, (um dos únicos empregadores seguros), entendendo o mundo como sendo liderado pela aristocracia, como se a exploração dos proletários pelos ricos e cultos fizesse parte da ordem natural das coisas; Wagner foi revolucionário dentro do contexto em que viveu, na época do nascimento do nacionalismo que unificou a miriade de Estados que formaram a Alemanha; mas a partir da derrota da revolução em 1848 a sua atitude mudou, aceitou o patronato do rei Ludwig II da Baviera, a sua última ópera Parsifal (1882, um ano antes da sua morte) é uma obra profundamente religiosa, e essa foi a causa do desentendimento com Nietzsche, o tal que afirmava que Deus está Morto! ...
Agora reparemos: (embora tendo ambos opiniões similares sobre a questão judaica) nem Wagner escreveu algo sobre Marx nem Marx (que tinha aterrorizado meia Europa com o célebre Manifesto Comunista) escreveu algo sobre Wagner; apesar de serem contemporâneos.Viviam em mundos diferentes, Wagner foi um militante do nacionalismo burguês, Marx um militante do internacionalismo proletário... Marx exilou-se para sempre após 1848, Wagner regressou à Pátria.... Quanto à apropriação após a morte de Wagner é verdade que Hitler endeusou Wagner, precisamente para, sendo Wagner um herói do nacionalismo realçar o Nacional-Socialismo Nazi; conta-se que a obra favorita de Hitler era a ópera "Rienzi, o Último Tribuno de Roma", pois era nesse papel épico que Hitler se via como ultimo defensor da ordem burguesa ocidental clássica... e por alguma razão Wagner foi proibido no Estado Sionista de Israel durante décadas...
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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