Eurogrupo terminou ontem sem acordo, negociações são retomadas hoje domingo. Berlim quer saída da Grécia do euro, França não. FMI pede alívio à dívida que Berlim não aceita e Itália pede aos alemães que deixem de humilhar os gregos. Direita nacionalista e anti-UE da Finlândia ameaça deitar abaixo governo se aceitar resgate. Posição alemã está a levar alguns países a perderem a compustura. Atenas já se comprometeu com um pacote de austeridade na linha dos desejos dos credores pedindo apenas a inclusão de medidas para o alívio da sua dívida - já que a maioria das instituições já confirmou que sem uma redução da dívida jamais a Grécia conseguirá sair do buraco, independentemente da dimensão dos pacotes de austeridade. Mas Berlim não cede. Seis países do Eurogrupo carecem de votação parlamentar para aprovar empréstimo do MME à Grécia. Em Portugal bastou uma maioria simples do governo para Passos Coelho já ter recusado qualquer perdão da dívida grega, alertando além disso que o tempo para o povo grego está a escassear. (fonte)
Em que ponto estamos? Voltou a lenga-lenga do horror ao "perdão de dívida".
Ora, não se conhecem propostas concretas recentes do governo grego sobre a dívida de longo prazo (que está nas mãos sobretudo do FEEF e dos estados do Eurogrupo que fizeram empréstimos bilaterais em 2010).
A proposta que Varoufakis foi defendendo em vários Eurogrupo e agora materializada já pelo seu sucessor Tsakalotos foi a de pedir um empréstimo ao MEE sobretudo para limpar a dívida ao FMI e recomprar as obrigações nas carteiras do BCE e do Eurosistema. Deixar a zeros a dívida a estes dois credores oficiais -- transferindo a dívida para um empréstimo de muito longo prazo junto do MEE.
A única proposta de "perdão de dívida" que se conhece recentemente foi colocada ... pelo FMI.
FMI, que na já célebre página 16 do documento preliminar de análise da dívida (DSA) divulgado a 2 de julho, defendia o seguinte:
a) objetivo provável de um alívio de dívida equivalente a mais de 30% do PIB grego (o que ronda uns 50 e picos mil milhões);
b) o alívio pode ser obtido, às tantas, de duas formas, ou pelo write-off dos empréstimos bilaterais (mais de 50 mil milhões), sim leram bem, write-off, sem contemplações dos 52,9 mil milhões metidos por 12 países do Eurogrupo (incluindo Portugal que meteu 1,1 mil milhões); ou "por medidas equivalentes" (ou seja aplicar as tesouradas no FEEF, onde Portugal não meteu em garantias);
c) fazer um reprofiling das dívidas "oficiais" de longo prazo duplicando (sim, estão a ler bem) as maturidades (não começarem a ser pagas antes de 2055) e a moratória de pagamento de juros (não começar o serviço antes de 2035). (Jorge Nascimento Rodrigues)
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