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quarta-feira, setembro 10, 2008

Capitalismo de Estado

Passados quase vinte anos da falência da URSS como sistema social sob o comando de uma nova classe burguesa instalada à sombra da maquinaria burocrática de Estado, (esse state-of-art de abstracção) eis que o outro pólo capitalista (a outra ex-superpotência), para evitar o colapso à vista, lhe resolve tardiamente copiar o modelo (a menos que já o tivessem de facto copiado antes de forma encapotada e o modelo de “free entreprise” tenha sido mais um embuste)

Camaradas Bush, Paulson e Bernanke – sejam bem-vindos à União Socialista de Repúblicas da América do Norte


(1) "A inevitável nacionalização das insolventes Fannie Mae e da Freddie Mac é a mais radical mudança de regime na economia financeira global em muitas décadas. Já não se via nada assim desde os ultimos 20 anos, depois do colapso da URSS e a queda da “cortina de ferro”, as reformas económicas liberais na China e outros mercados emergentes na economia mundial terem abandonado as grandes empresas chave como propriedade do Estado e decidido privatizá-las (cumprindo as imposições neoliberais). Esta agressiva intervenção em duas empresas privadas fulcrais é suportada pelo erário público dos Estados Unidos – os mesmos que prégavam à direita e à esquerda os benefícios do mercado livre e da livre iniciativa privada.
Agora mesmo, os mesmos Estados Unidos são protagonistas da maior nacionalização na história da humanidade. Pela nacionalização da Fannie Mae e da Freddie Mac (uma espécie de Caixas Gerais de Depósitos lá do sítio que foram privatizadas) os EUA injectaram dos seus próprios fundos públicos perto de 6 Triliões de dólares, o que significa que aumentaram o défice público/endividamento do Estado por outros 6 Triliões.
Com esta operação os Estados Unidos também se tornaram eles próprios o maior governo proprietário de “hedge funds” do mundo: pela injecção de capital (notas impressas pelo FED), qualquer coisa como 200 milhões de dólares no capital social da Fannie e Freddie, e tomando quase 6 triliões de compromissos (de GSE,s), os EUA responsabilizaram-se também pela maior e mais elevada OPA da treta (“Leveraged Buy-Out”) na história do homem sobre a face da terra – porquanto o débito em relação à equidade do “racio” é de 1 para 30 – (6.000 biliões investidos contra 200 biliões que é o valor do capital social das 2 empresas adquiridas)" – uma boa aposta, que vai ser paga pela inflação global generalizada.

o “Público”, sob o título “os mercados (essa extraordinária entidade concreta) aprovam”, depois de manipular os números, comunica que “os investidores gostaram da medida” – como não haveriam de gostar?, qual o investidor que não arrisca o seu capital para ganhar somas fabulosas especulando, se depois quando perde, sabe de antemão que as entidades que decidem no Estado virão em seu socorro “socializando” os prejuízos? – aliás, só há uma explicação para esta espécie de compadrio: é que as personagens que tomaram e beneficiaram com as privatizações (tal e qual como a Máfia Russa no desmantelamento do sector público do Estado na URSS) são os mesmos pilha-galinhas que dominam e gerem as decisões do Estado.


(1) a foto retrata um objecto do mais caro artista de sempre, Damien Hirst - uma Caveira (a peça chama-se "For the Love of God") manufacturada com 8601 diamantes oferecida a leilão no luxuriante e estratosférico mundo dos bilionários pela grotesta quantia de 100 milhões de dólares.
Era você que achava os livros do seu filho caros?
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