O papa Bento XVI afirmou que a sua viagem a França se destinou a rezar pela paz do mundo perante Nossa Senhora de Lourdes, santuário onde se recordam os 150 anos das aparições”. E, pelo meio do negócio da fé, candidamente pergunta o Diário Ateísta: “mas que aparições?”
Leonard Susskind, físico teórico em Stanford é um dos maiores vilões das teorias que odeiam o mundo das beatas papais. Há três anos atrás em “A Paisagem Cósmica: a Teoria das Cordas e a Ilusão do Desenho Inteligente” ele faz a narrativa de uma multitude de diferentes universos – todos eles recantos e fissuras de um multiverso transcendente, ou de uma “paisagem”, onde cada um desses recantos é regulado por físicas diferentes.
Esta é provavelmente a mais controversa interpretação da teoria das supercordas (por razões financeiras óbvias odiada pela grande maioria dos investigadores institucionais) mas a teoria justifica-se e é atraente. Com tantos universos por aí afora, o facto da nossa própria existência não precisa de cultos adoradores nem de grandes choques. Nós, o Homem, apenas acontecemos para ocupar um desses nichos onde as leis físicas são favoráveis à vida baseada nos átomos de carbono.
No seu último livro, “a Guerra dos Buracos Negros” o cosmos de Susskind assume-se ainda mais fantástico. Os “buracos negros” já de si semeiam suficiente medo, com a sua habilidade para engolir tudo, incluindo a própria luz. Por um momento, compreendemos que os físicos enfrentam a possibilidade que esses vórtices cósmicos podem também ser “comedores” da Ordem, chupando e destruindo Informação. Se é um facto que no meio disto tudo fica difícil topar algo parecido com “Deus”, é fácil percebermos que poderemos estar perante uma multitude de superDiabos que a qualquer momento nos entram portas adentro para guilhotinar tudo o que é Senso em Nonsense - logo, organizem-se cá em Baixo, porque lá do Alto nada virá para vossa salvação.
O prémio Nobel da Física de 2004, Frank Wilczek tenta também explicar o universo sintetizando a teoria miseravelmente falhada por Einstein: “a Grande Unificação das Forças”, profetizando uma nova idade de Ouro na Física e o estabelecimento de novos paradigmas. Transcendendo o choque com as velhas ideias acerca do que é a Matéria e o que é o Espaço, Wilczek apresenta no seu novo livro, "The Lightness of Being: Mass, Ether, and the Unification of Forces" algumas claras e brilhantes sínteses, como esta: “o Espaço é um material dinâmico, o motor da realidade, a Matéria é apenas uma amostra decorativa que causa distúrbios subtis nesse material”
Mesmo que breve, no meio deste pantanal cósmico, se venha (mesmo no beato sentido ejaculatório) a “descobrir fisicamente” o bicharoco que vive dentro da linguagem matemática, o célebre bosão de Higgs, veremos sempre mais uma e outra vez que realmente existem infinitas possibilidades naquilo que se pode fazer, tanto pelo Papa como pelos esotéricos filósofos militantes do Bloco de Esquerda, para captar o embasbacamento da ignorância, da crendice e do analfabetismo (mesmo que “especializado/compartimentado c/cursos superiores") com imagens e artifícios de tão transcendente beleza
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