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quarta-feira, julho 11, 2012

Democracia Totalitária

Inventando a “superdemocracia” ou de como uma jovem “cientista social” se resignou descer à abissal Caverna dos bloggers numa falhada busca por planctôn intelectual. O texto é este, a resposta (censurada no 5Dias) foi esta:

1. a Democracia sempre foi burguesa - é a forma politica de dominação da Burguesia. Então e o termo “burguesia” não está datado? Ainda é aplicável? - na clarissima definição do Renato Guedes, “a burguesia é a classe de proprietários detentores dos meios de produção”. No caso português essa propriedade detida pela burguesia nacional é irrelevante, uma vez que os grandes meios de produção foram deslocalizados (p/e a siderurgia, a agricultura mecanizada, as indústrias, as pescas). Se Portugal importa cerca de 80% daquilo que consome, é óbvio que os “nossos” donos da Economia são basicamente parasitários: meros comissionistas, prosperam intermediando as importações do estrangeiro. Neste panorama da desindustrialização que vem sendo levado a cabo nos últimos 40 anos, a classe operária é residual. O sector produtivo não emprega como operários mais de 20% do total da força activa de trabalhadores, cuja ênfase se coloca hoje maioritariamente no sector de serviços.

2. Assim, à questão se “pode a burguesia abdicar do poder executivo para manter o poder económico?” a resposta é que de facto há muito que já o fez, aliás, sempre o fez - é o poder económico que determina as relações sociais (Marx) e não a politica burguesa que actua alterando o paradigma económico vigente criado pela burguesia. Há algumas décadas que o poder executivo é exercido rotineiramente por figurantes (vestidos com fatos de fino recorte) assessorados por personalidades que definem de forma não explicita modelos padrão e programas ocultos (maçonaria, opus dei, clube de Roma, CFR, Bilderberg, Nato, etc) através de veiculos não eleitos: consórcio financeiro de Wall-Street/FED, Banco Mundial, FMI, BEI, Pentágono, BCE, etc.

3. Constatada a dependência no caso português,“ é no minimo intrigante que este texto da dra. Raquel Varela não mencione por uma única vez o termo “Imperialismo”uma omissão recorrente nos trotskistas – afinal, citando: “qualquer marxista sabe que a Europa está em plena democracia e muito longe de qualquer tipo de ditadura”. E depois de uma diversão pelas terminologias do PCP e BE acaba inventando um termo: a “Superdemocracia” – mas a expressão correcta é “Democracia Totalitária” – e nem estamos a inventar um conceito que seja novo: vem expresso no livro de João Bernardo, 2004 (Cortez Editora, São Paulo, Br) com o titulo “Democracia Totalitária, Teoria e prática da Empresa Soberana” que tenta responder à questão “como será um mundo regido pelas Corporações?”. Depois de defender a tese que é o carácter soberano das Empresas que determina as opções do Estado que as segue (desde finais do século XV, dos primórdios do capitalismo, com as primeiras multinacionais, como a VOC holandesa ou a Companhia das Índias inglesa) o João Bernardo estuda a noção de Estado Amplo, onde empresas e executivos governamentais trabalham em simbiose - por oposição ao conceito de Estado Mínimo, restrito, cuja única função seria recolher os impostos com a finalidade de providenciar os bens comuns. Um Estado cuja única receita democraticamente autorizada fosse apenas a colecta de impostos, jamais poderia recorrer a empréstimos cedidos por interesses estranhos às populações, endividando-se com juros para praticar dumping crediticio ao Consumo sobre os cidadãos por interesse de terceiros (os futuros credores), para por sua vez recolher mais impostos dos mesmos cidadãos. É um modelo de crescimento insustentável, por oposição a um Estado Operário assente no poder dos produtores co-proprietários dos meios de produção onde só se consumisse, por uma ordem prioritária de necessidades, o equivalente ao que fosse produzido, isto é, na prática, a miséria ou a troca do fato pela farda de trabalho para a Burguesia. Portanto, sintetizando o programa do MRPP, um marxista analisa a situação, estuda um programa de acção, diz o que deve ser feito... e faz! E o que o MRPP disse (e por isso foi ferozmente censurado nos Media) foi “Não Pagamos!” uma dívida que não foi contraida pelo povo português

4. Segue-se “o lunatismo MRPP que já fala em fascismo alemão!” – a transcrição é manipulada por Raquel Varela, falsa! - ninguém no PCTP/MRPP a pronunciou referindo-se a qualquer situação actual. O que em boa verdade é referido é a expressão “imperialismo alemão” que o editor deste blogue pessoalmente acha ser apenas um “sub-imperialismo alemão”. Só para atender à macroestrutura económica financeira global – ao contrário do Euro cujo emissor, o BCE, não pode pelos seus estatutos criar dinheiro e emprestá-lo directamente aos Estados da eurozona, tanto a Reserva Federal (o Dólar) quanto o Banco de Inglaterra (Libra) podem emitir dinheiro e emprestá-lo directamente ao Estado. Esta prática remete para uma subserviência da Europa, que “precisa” do FMI. Estamos, portanto de novo no campo do tal omisso “Imperialismo”

5. Sobre a temática Trotskista abstracta do “regime bonapartista poder alcançar um caráter relativamente estável e durável somente no caso de que ponha fim a uma época revolucionária” – quais são as classes sociais possiveis agentes de uma transformação no presente paradigma neoliberal? – os “movimentos sociais”? Sem programa nem objectivos concretos e com uma prática nihilista, os chamados movimentos sociais atraem desencantados despolitizados, capazes de, por um ou outro discurso mais inflamado, se enfiarem numa qualquer aventura que atraia mediatismo, ainda que sem ligação com a realidade dos trabalhadores. Na manhã seguinte viram que “a revolta” deu em nada. Exemplo local disso é a não repetição da grande manifestação de 15 de Outubro, o esvaziamento do movimento Occupy Wall Street (elogiado pelo especulador George Soros) ou a nivel global a falência do Forum Social Mundial. Comparem-se estas acções geridas pela autodenominada esquerda anti-autoritária com os seus figurões académicos â cabeça, com a marcha dos operários mineiros das Astúrias sobre Madrid com reivindicações concretas e estamos em presença de dois mundos separados por um abismo (a Produção e o sector Terciário). Quantos desses jovens que vemos a tocar pandeireta pelas manifestações urbanas do Bloco e afins estão dispostos a ser operários? (dito de outro modo, a assentar uma economia soberana na única componente que cria Valor?: o Trabalho)

A seguir: “O socialismo num só país, o internacionalismo proletário e a pós-moderna fraude trotskista”
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1 comentário:

Anónimo disse...

Islamic Intelligence.
http://islamic-intelligence.blogspot.pt/2012/07/israel-has-full-control-over-mi5-mi6.html

http://amarchaverde.blogspot.pt/2012/07/servico-secreto-israelense-mossad.html

http://aangirfan.blogspot.pt/2011/10/gaddafi-is-alive-not-dead.html