Os princípios de conservação e de degradação da Energia, a teoria darwinista da Evolução e a crítica Marxista da Economia Politica arruinaram o modelo clássico de Newton. As ciências da transformação já não falam hoje de certezas pré-determinadas, mas sim de probabilidades, de opções e de bifurcação.
Uma nova maneira de pensar os processos de transformação ultrapassa sem excluir a antiga concepção da causalidade: as causas mecânicas e as contigências probabilísticas combinam-se sem se excluírem, libertando-se das interpretações positivistas do pensamento de Marx e superando a oposição entre o marxismo dogmático e a concepção dialéctica.
A Física (tal como o “Comunismo”de Estado) está longe do equilíbrio e falhou o objectivo de uma Ciência (ou de uma Doutrina) UNIFICADA do Devir.
Confrontam-se com a instabilidade e o desequilíbrio, os movimentos aperiódicos e o tempo marcado, enfim, o Estado tal como o conhecíamos e o fim das fronteiras
“Vivemos uma época em que o aleatório precede a certeza e em que a pluralidade dos futuros invade todos os sectores do conhecimento e da acção” (citado de Ilya Prigogine-“Entre o tempo e a Eternidade” c/ Isabelle Stengers)
O tempo irreversível deve poder descrever-se a todos os níveis da Física, ou não poderá conceber-se em parte alguma. Da mesma forma nada autoriza a passagem que leve da multiplicidade das questões locais a uma visão global unificada.
Tirar Marx da linearidade é escolher entre adoptar uma concepção determinista onde o importante foi a Teoria,,, e a noção de caos inicial de leis singulares que deve ter em conta a impossibilidade de antecipar o que a acção vai produzir em termos de resultado e onde o importante é a Prática,,, que é o Fazer!, ao invés de reflectir sobre aquilo que não conhecemos. Exclui-se assim o reformismo fazendo uso do aparelho de Estado, afinal um instrumento de dominação da antiga classe burguesa industrial, cujo controlo nas experiências anteriores descambaram para o despotismo burocrático.
A concepção do tempo uno e múltiplo estende-se à Natureza, que não pode ser determinada por outra coisa que não por si mesma. Autodetermina-se ela própria pelo desenvolvimento conflitual das suas forças, que são finitas aqui cabendo fazer uma pausa para relembrar a segunda lei da termodinâmica e a entropia de decrescimento que lhe está associada e que Nicholas Georgescu-Roegen pretendeu estender á Economia.
(O relatório inicial do Clube de Roma (de 1972 decorrente da conferência-The Limits to Growth) fazia uma proposta de crescimento Zero!)
Então toda a acção consciente sobre os acontecimentos será inútil quando tiver consequências imprevisíveis?
Não devemos renunciar a estabelecer as leis da história e declarar a incompreensão do mundo futuro, quando pretendemos mudá-lo. A liberdade conceptual do caos, sabêmo-lo bem por experiência própria, desemboca na apologia do Liberalismo e na desregulamentação social.
A ordem como estado de equilíbrio só pode ser o produto de uma desordem prévia, existindo longe do equilíbrio segundo leis tendenciais que determinam o caos. Da mesma forma a Lei Tendencial do Valor – o tempo de trabalho socialmente necessário à produção de uma mercadoria que tende a exprimir-se na Troca – estão na origem das leis tendenciais da baixa das taxas de Lucro de Marx descritas nos capítulos 13/14 e 15 de “o Capital” e que se confirmam hoje amplamente, com origem na insuficiência da procura, apesar da extraordinária capacidade de Produção instalada.
Como se torna evidente as leis económicas apreendidas em “o Capital” são históricas, mutáveis e modificáveis e têm de ser hoje lidas no quadro da nova divisão de trabalho, onde a complexidade se contem entre “países proletários”, “países-patrões” (G8) e países inviáveis (África, entre outros) sendo tentado essa complexidade ser gerida por uma ínfima minoria da Elite transnacional que não ultrapassa 4% da população mundial por sua vez associando “funcionários tecnocratas” que situam esta vanguarda em cerca de 20%.
Como “exército de reserva” necessário ao capitalismo “sobeja” 80% da população do planeta, que são usados ou descartados conforme as conveniências dos ciclos económicos (curtos ou longos conforme demonstram Christopher Freeman e Francisco Louçã em “Ciclos e Crises no Capitalismo Global – das Revoluções Industriais à Revolução da Informação” – Edição Afrontamento).
O objectivo da gestão privada do capital não é a criação de empregos, mas a apropriação do Lucro, que depois é re-investido sem preocupações sociais em perpetuar o sistema de manutenção dos previlégios adquiridos, quiçá aumentando-os!, até à já previsível exaustão de recursos.
A ultrapassagem do Capitalismo – Marx no século XXI - (vidé a obra de Lucien Séve)
A função original do dinheiro era medir e fazer circular as mercadorias, mas a evolução do poder do mercado Financeiro tende actualmente a dominar amplamente o poder do Estado.
Que fazer para obviar a superação das relações capitalistas da divisão de trabalho, do sistema salarial e do próprio mercado?
Trata-se de operar uma mudança cultural profunda na consciência popular, com a justaposição dos indivíduos que compõem a Sociedade em acções associativas no “interesse geral”, substituindo a noção de “interesse” pela noção de amor (no sentido ecológico mais lato)
O que deve ser “revolucionado” é: - a desmonopolização da gestão com a reapropriação cidadã dos fins da actividade social,
- o acesso social à gestão das empresas,
- a privatização do Estado, introduzindo a gratuidade como característica daquilo que é inapropriável (os recursos vitais de sobrevivência da espécie humana – o direito à saude, à educação, à habitação,a energia, a luz do sol,o ar, o amor, etc)
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