Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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sábado, abril 07, 2007
dixit dominus
Pintada numa das primeiras capelas conhecidas no norte europeu em 1649, a Beginjnhof em Amsterdão, esta pequena imagem atribuida a Cornelis Moyaert foi mais tarde baptizada com o nome de "A Assumpção de Maria" - na verdade, estupefacta a figura parece inquirir: "e ao terceiro dia fui ao buraco onde O tinham enfiado e Ele já lá não estava", por onde andas?
Poucos anos mais tarde, na impossibilidade de decifrar os grandes mistérios das crendices populares, outro pintor punha na boca das personagens de um seu quadro o titulo holandês "Zoals de ouden zongen, zo piepen de jongen" ou seja, traduzido livremente: "da maneira que o ouvires, é a maneira como o vais cantar"
A obra está exposta na fabulosa "Casa do Principe Maurits" em Haia e é de Jan Steen (1626-1679), enfim, já se sabe como todas estas mistificações religiosas acabam sempre por dar um apetite do caraças - e são sempre pretexto para grandes diversões, almoçaradas e puras farras,,, ateistas.
A pequena capela Begijnhof é o centro da que é considerada a primeira comunidade que se fixou junto ao rio Amstel, embrião do que viria a ser a cidade de Amsterdão - um grupo de casas tidas como as mais antigas da cidade, formam um pátio protegendo a igreja no seu interior (junto à Spui Straat) - é dificil dar com a porta de entrada, mas sem dúvida que logo de seguida entramos num outro mundo.
Fundada cerca do ano 1150 por um grupo dito de religiosas, anos depois, em 1345 começariam a acontecer os inevitáveis milagres que trazem grande fama a todos os potenciais fundadores de igrejas - um padre ao dar a extrema unção a um doente na rua principal da cidade, na forma tentada de lhe dar a engolir uma hóstia (nem mais nem menos que o alimento para a sua última viagem) ao desgraçado deu-lhe um vómito - e eis a puta da hóstia, em vez de se derreter nas chamas de um fogareiro que estava estrategicamente colocado ali por perto, não senhor!, começou a flutuar por cima das chamas. Uma beata que fazia acessoria ao pároco enfiou de imediato a hóstia numa caixinha e recolheu-a no local onde se situa hoje a Igreja Velha (Oude Kerk). Quando foi por ela no dia seguinte a caixa estava vazia - tinha regressado à casa do velho doente; ao segundo dia novamente a caixa estava vazia e a cena repetiu-se; ao terceiro dia lá estava ela outra vez, a hóstia vivinha da costa, a flutuar nas chamas na casa do paciente - não subsistiam dúvidas: era milagre. Mais do que isso, era o sinal de que tal fenómeno não poderia permanecer no olvido. Vieram as habituais hordas de peregrinos, conta-se que entre eles, o mais famoso, o Arquiduque Maximiliano da Austria. Mas em 1578 com a Reforma acabar-se-ia a rebaldaria mística nas ruas da cidade. Os bens extorquidos aos incautos crentes foram confiscados e os católicos deixaram de poder exercer livremente o seu culto. Quem nunca tiver pecado que confisque a primeira pedra - começava aqui a aventura maritima dos holandeses e a supremacia da cultura nórdica anglo-saxónica sobre os católico-dependentes dos paises atrasados do Sul da Europa.
Na verdade a história é bem mais prosaica. Os primeiros colonos a chegar à Holanda são negociantes judeus que comerciavam diamantes originários da Índia pela via terrestre do Cairo, no Egipto, (de onde mais tarde os portugueses trariam, via Preste João, pimenta e canela). Originários do Oriente (semita) a nova colónia prosperou e fundou nos Paises Baixos aquele que é ainda o grande centro de comércio de diamantes a nivel mundial. Com eles veio também inevitavelmente a sua cultura - do "Livro de Esther" (que não menciona uma única vez a palavra Deus) chegou, provavelmente aos nossos dias a sua corruptela para a palavra inglesa "Easter" - que se traduz por Páscoa, um derivado da Festa do Purim judaica
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