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quarta-feira, abril 25, 2007

(...) obrigam-me a vir para a rua gritar

Foi a 10 de maio de 1972 que José Afonso cantou pela primeira vez "Grândola Vila Morena" num concerto realizado no Burgo das Nacions em Santiago de Compostela na Galiza. No mesmo local seria levado a efeito em 1985 um outro concerto memorável, para angariar apoios para o cantor, que na altura lutava já contra a doença que havia de o vitimar. Só para que conste,,, para todos aqueles que tecem loas ao artista, tentando apropriar-se da sua obra, esvaziando-a da prática revolucionária radical que o Zeca sempre teve em vida,

a carta que o Zeca escreveu aos militares revoltosos da assembleia de Tancos:
"Camaradas, tendo tomado conhecimento pelos jornais do vosso trabalho de consciencialização revolucionária e de algumas das vossas últimas tomadas de posição em face da actual situação politica, ofereço os meus serviços para eventuais sessões de convivio dentro dos objectivos de dinamização politico cultural e prática politica já existentes em algumas unidades progressistas do país"
José Afonso, Avenida Bento Gonçalves 3 1º Esq. Setúbal, telefone 26211
(fonte)

No periodo imediatamente posterior ao Golpe de Tancos em Setembro de 1975 (de onde saiu o VI Governo provisório do Almirante Bardamerda) as forças da burguesia e do Ocidente lograram finalmente inverter o desenlace das lutas revolucionárias iniciadas com a adesão popular ao golpe militar dos capitães de Abril reunidos precariamente em torno de um programa vago e cheio de ambiguidades como era o do MFA. A dualidade existente no seio do movimento, entre spinolistas e as diversas alas de militares de esquerda seria finalmente resolvida com novo golpe em 25 de Novembro de 1975. - "Este veio completar o golpe de Tancos, dissolvendo o que restava do MFA, erradicando e dispersando as Unidades progressistas e os fuzileiros que ainda funcionavam como certo poder paralelo, restabelecendo a cadeia hierárquica burguesa, e retomando o controlo sobre o essencial dos meios de informação. (o caso República). A partir de então poder-se-ia falar de Estado na completa acepção marxista do termo, isto é, Estado como instrumento suficientemente coeso e apto para a repressão, ao serviço da dominação burguesa. Mas ainda com a especificidade de que a grande burguesia nacional já tinha sido em grande parte expropriada, tratando-se portanto de um poder representativo dos interesses do Ocidente capitalista em geral; buscar-se-ia agora (não sem muitas contradições) reconstituir a grande burguesia nacional através dos seus representantes remanescentes e do apoio do capital internacional”

O Poder Está na Ponta das Espingardas

Ronaldo Guedes da Fonseca em “A Questão do Estado na Revolução Portuguesa” (Edit. LivrosHorizonte, 1983) num fulgurante ensaio sobre este período histórico conclui:
(…) ”eliminada a força dissuasória das Unidades militares progressistas e da Armada, a GNR e a PSP podiam finalmente sair dos seus redutos e exercer plenamente o seu papel repressivo ao serviço da ordem burguesa, embora que com maiores limitações do que durante o regime fascista. Isto porque os golpes de Tancos e de 25 de Novembro não representaram nem significaram “putchs” fascistas como tal, mas sim movimentos golpistas de inspiração e objectivos correspondentes ao projecto da social-democracia para os países de capitalismo periférico, isto é, a instalação de uma democracia burguesa semi-autoritária”.
Na terrinha dos santanas e sócrates e dos pacóvios visitantes dessa sórdida metáfora do país em que se transformou o buraco do Túnel do Marquês, passaram exactamente 33 anos até o presidente cavaco abolir o prefixo “semi
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