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terça-feira, abril 24, 2007

Fazendo orelhas moucas
ao folclore retórico,
de facto não resta nada
para comemorar,,,


Relembre-se dois depoimentos de dois intervenientes de peso no chamado PREC, ou seja, 1 - desde as grandes manifestações pela unidade do movimento operário (e a sua derrota pela não aprovação da Lei na AR), até
2 - à crise despoletada pelas nacionalizações que culminou com a destruição à bomba da séde da Intersindical, da responsabilidade das forças fascistas aliadas ao PS, que viriam a fundar uma central sindical "plural" com essa nobilissima e impoluta figura que foi (é) Torres Couto à frente, com os resultados que todos conhecemos: a fortuna pessoal do figurão conta-se hoje por muitos milhões (à custa dos financiamentos da CIA e da União Europeia) enquanto a formação profissional dos operários foi deslocalizada para os campos de apanha de morangos em Espanha.
Assim, a grande "comemoração" (por quem de direito) é para ser feita lá mais para o Outono, mais concretamente a 25 de Novembro,,,
Revisitemos então a História:

"Há algum diploma de que se recorde com particular orgulho?
A primeira Lei Sindical. Até porque ela tem a particularidade de ter recuperado a batalha da unidade sindical para o PS, em detrimento da unicidade proposta pelo PCP. Depois de três ou quatro votações em Conselho de Ministros, que deram sempre empates, um dos ministros, o coronel [José Augusto] Fernandes, mudou o seu sentido de voto e passou a apoiar a unicidade. Com duas condições queria uma lei democrática e que ela fosse feita por mim. Perguntei: quando tempo é que tenho? Deram-me oito dias, o que para mim, naquela altura, era uma eternidade. Apercebi-me, então, que a questão de haver, ou não, um único sindicato dependia do quorum necessário ao nível da cúpula. Fixei-o em 50%, que era o que existia em França e na Inglaterra. Quando apresentei o projecto, Cunhal teve uma reacção apopléctica, ficou furioso.
Percebeu o estratagema? Acusou-me de estar a aniquilar o sindicalismo em Portugal".
Almeida Santos, deputado do PS

"A coisa agravou-se quando aprovámos a lei de unicidade sindical: foi o alarme numa boa parte da classe política e económica da burguesia. A mim, pessoalmente, preocupava-me muito a questão da unidade sindical. Tinha ainda bem presente a experiência francesa da divisão ocorrida no imediato pós-guerra. A unicidade sindical foi aprovada por unanimidade no Conselho dos 20, mas acirrou a luta de classes. Era todos os dias uma sangria de dinheiro. Começámos a intervir nas empresas, para salvar a economia e o emprego. Foi outra medida que não agradou aos mesmos sectores. Não nacionalizámos logo a Banca: decretámos a presença de um delegado do Governo nos Conselhos de Administração, para vermos o que era feito. Os delegados nomeados eram aprovados pelo Sindicato dos Bancários. A oposição foi tal que se tornou muito difícil concluir o processo".
Vasco Gonçalves, 1º Ministro do V Governo Provisório
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