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Em Junho de 1946 quem se senta no lugar principal do banco dos réus elevado ao estatuto de vedeta pelos Media, não é o Presidente do Reichtag – é o “Marechal Goering” (grafia inglesa) – quase todos os réus são acusados pela “tese do complot” e tudo gira em torno de classificações simplistas como os “crimes de guerra”, a intenção de “genocidio” etc. Os americanos acusam Göring de ter criado a “Luftwaffe” à revelia do Tratado de Versailles (que definia os termos da capitulação alemã no pós-1ª guerra e que o próprio Roosevelt reconheceu como injusto) e de ter dado início a uma “guerra de agressão”, mas principalmente com a pré-determinada intenção de proceder a um "exterminio". (o direito do povo alemão se poder auto-determinar é mandado às urtigas).
Hermann Göring, deputado desde 1928 foi a partir de 1932 o Presidente do Parlamento alemão, denominado Reichtag – a casa que legitima o Poder do Povo conforme ainda se lê na frontaria, sob a égide do Presidente da República social-democrata Paul von Hindenburg.
A 7 de Abril 1933 o Parlamento aprovou a “Lei de Restabelecimento Público” que decretou o pagamento de 1000 marcos de imposto especial por conta (PEC ou Income Tax, como se diz agora) a todos os judeus residentes e os impedia, como estrangeiros, de desempenharem cargos na administração pública ao mesmo tempo que estabelecia quotas para os nacionais alemães visando acabar com o desemprego endémico, ao mesmo tempo que reformava compulsivamente todos os não arianos.
Perante a guerra, defende-se Göring, decretou-se a 24 de Janeiro de 1939 uma “solução total” (“total” e não “solução final” sublinha Göring aos juizes exibindo os documentos) que prevê o internamento de desocupados em campos de trabalho obrigatório, tanto mais quanto se manifestassem contra os interesses da construção do III Reich (a palavra alemã "reich" significa Império). A lei prevê a legalidade de se poder proceder a “detenções preventivas”. Reich deposto, Reich erguido, as analogias voltam hoje a ser flagrantes – mude-se a terminologia “judeus” por “árabes” e sabemos do que se trata. E dos campos de detenção, ainda que secretos, geridos pela CIA, também sabemos.
Nas regiões ocupadas pela Alemanha são criados os “Einsatzkomands”, grupos especiais militares de activistas encarregados de “limpar o terreno” de terroristas anti-Nazis. Os grupos sob o comando de Eichmann até fins de Maio de 1944 tinham liquidado 450 mil judeus na Hungria. O General Otto Ohlendorf o comandante da região ocupada da Ucrânia tinha feito o mesmo a 90 mil. Em Vilnius no Báltico as vítimas totalizam 80 mil. Actualmente no Iraque o número vai em 650 mil muçulmanos. No sul de França a vila de Oradour-sur-Glane é totalmente destruída em 10 de Junho de 1944 pelas tropas germânicas sob o pretexto de ali se acoitarem partizans, que na época era a designação usada para “terroristas”. A terrivel experiência da pequena povoação francesa inspirou Albert Camus para escrever "a Peste". Sessenta anos depois aconteceu tal e qual o mesmo em Fallujah.
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A grande maioria dos réus são condenados à morte por enforcamento. Hermann Göring suicida-se na véspera da execução. Albert Speer, o ministro das Obras Públicas, que tinha recebido e gerido milhares de trabalhadores coercivamente recrutados para as grandes obras e para a indústria militar, é condenado a trinta anos de prisão em Spandau. Actualmente o fomento da imigração em massa de estrangeiros, por razões de sobrevivência, substituiu estes métodos. Washington relançou os militarismos alemão e japonês contra o Terceiro Mundo. E o capitalismo seguiu e segue a sua senda de destruição.
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(*1) O campo anexo Birkenau era em exclusivo destinado a “Campo Familiar de Ciganos” e dos documentos de transporte até ao final de 1944 tinham sido registadas ali como admitidas 21.300 pessoas, homens, mulheres e crianças, das quais 3697 foram transferidas e gaseadas em Auschwitz. Os registos referem ainda 352 crianças nascidas nesse campo. (o documentário televisivo refere 21 mil mortos - o que significa que não teria havido sobreviventes - o que é completamente falso)
(*2) Em Guantanamo não são, que se saiba, admitidas mulheres, pelo que não há nascimentos a registar. De certo modo, comparando duas desgraças em duas épocas distintas, as formas de repressão e de encarceramento nas prisões secretas actuais são um retrocesso civilizacional
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