“Bailarina com Castanholas” Autor Desconhecido do 1º quartel do século XIX, dinastia Qajar, Pérsia
Fosses tu imagem pré-gitana semita dos tablaos de Sevilha parida por algum famoso Ocidental e estarias exposta com honras de vedeta perante os canibais fotografadores nipónicos, ombreando com o urinol de Deschamps, o pirilau de David na Piazza della Signoria, ou as representações das gajas segmentadas em fragmentos quânticos que o Picasso andou a papar
Henrique Raposo discorre sobre a “morte do eurocentrismo” papagueando um falso multiculturalismo, vagabundeando por frases feitas extraidas do livro “After Tamerlane – A História Global do Império” de John Darwin.
Que, e passa-se a citar, quase “ninguém (excepto o próprio e respectivo clã) percebe a actual globalização marcada pelo sucesso das nações asiáticas, que a história global dos últimos séculos não pode ser centrada apenas nos europeus ocidentais, que o imperialismo não foi o pecado original da Europa, que os povos não-ocidentais, como os otomanos, persas, chineses ou japoneses também construiram os seus impérios, que a visão partilhada entre liberais e marxistas (os dois no mesmo saco) de que o Ocidente foi e é o único motor da história está errada, que a China e a Índia eram antes das caravelas as maiores economias do mundo e por consequência os asiáticos estão agora a recuperar o lugar que lhes pertence”. Calinada!
Ao fazer tábua rasa da Revolução Industrial, a viragem decisiva na moderna história da humanidade, e não mencionando sequer a pequena minudência que foi o Colonialismo o Raposo será um espécime perfeito daquilo a que Francis Wheen apelidou de “Mercador da Demolição da Realidade” no ensaio essencial “How Mumbo-Jumbo conquered the World – Uma Curta História das Modernas Desilusões”
Confesso uma certa curiosidade mórbida em conhecer quem serão os bestuntos leitores do Raposo: uns assépticos pós modernos que engolem informação hidrófila e não (re)conhecem factos como
80%das trocas comercais, se centrarem hoje nos três polos principais saidos do Sistema imperialista dominado pelos Estados Unidos no pós guerra e pelos dois vencidos obrigados a assumir as condições politico-económicas da derrota: a Alemanha (hoje a “Europa” do BCE de Frankfurt) e o Japão (a sub-potência colonizada da Ásia, cuja “constituição” foi redigida sob a jurisdisção do general yankee MacArthur)
ou, sendo o valor das mercadorias em circulação hoje em dia inferior a 10% relativamente ao valor dos capitais que se movimentam globalmente - na hegemonia financeira do Ocidente, expressa na especulação bolsista neste mapa onde a dimensão das esferas é proporcional ao montante das transacções:
Onde estão "os outros Impérios" que Henrique Raposo diz que está a ver?; a dimensão do Produto Nacional Bruto é distribuída do modo mencionado na anamorfose seguinte dando uma ideia da dimensão dos rendimentos comparados a nível mundial, fruto da supremacia imperialista na globalização neoliberal:
ou ainda, para aqueles que como Sir Callum McCarthy (membro do "Board of Deputies of British Jews", presidente da poderosa "Financial Services Authority" (FSA) no Financial Times induzem a pensar (mal) que:
serão eles capazes de explicar o que fazem ainda 70 mil militares yankees na Alemanha 60 anos depois do fim da guerra? Ou os 50 mil na península da Coreia, uma reminiscência da Guerra da Coreia? Ou qual é a finalidade das mais de 500 bases militares norte-americanas espalhadas pelo mundo? ou ainda, quais são os propósitos das novas bases construídas no Iraque? Serão um monumento à democracia ou mais um megalito imperialista comemorando o controlo das fontes energéticas no Médio Oriente?
Nada disso, dirá o Raposo (o imperialismo Ocidental não existe), tudo isto é construído em prol do renascimento dos velhos-novos “impérios asiáticos”
a politica oficial bushista prometeu uma saída rápida, mal os iraquianos estivessem a mamar suculentamente nas tetas da democracia. Será verdade?, ou a estória é outra?
AlternateFocus - BlipTV: : Iraque, "The Bases Are Loaded"
clique para ver o video
* créditos: Os gráficos deste post, que podem ser ampliados para ser lidos clicando nas imagens, são retirados do indispensável "Atlas da Globalização" publicado pelo "Le Monde Diplomatique", edição de 2003 que pode ser comprada aqui
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