Nos mapas geoestratégicos costuma dividir-se o mundo em dois blocos, ou sim ou sopas, os que são livres e os que não são – mas “Livres” de quê?
Na recente “Conferência sobre o Poder e o Endividamento” afirmou-se, fundamentadamente, preto no branco, que os paises mais pobres do mundo pagam todos os dias para cima de 100 milhões de dólares em verbas transferidas para os paises ricos do primeiro mundo. Quem conhece as informações básicas sobre como estes mecanismos funcionam, sabe também que esta situação é insustentável, e sabe sobretudo porque é que ela tem de parar!
Fora das grandes equações financeiras que se adivinham por detrás do sistema secular de trocas desiguais, dito de outro modo, e trazendo um exemplo corriqueiro para o nosso quotidiano: por cada cafézinho que você bebe paga 55 cêntimos – mas desse preço o agricultor na origem recebe apenas 3 míseros cêntimos – esta é a melhor representação do sistema responsável pelas desigualdades que afligem o mundo.
Enquanto bebemos a bica, (ou o cimbalino no delicioso dialecto portuense) as empresas Multinacionais do Café fazem as regras do consumo nos nossos centros comerciais e supermercados – dominando a indústria global que vale 80 biliões de dólares anuais – fazendo do café a mercadoria mais valiosa do comércio global, logo depois do petróleo.
e para fechar:
o maior paradoxo: no berço onde nasceu a cultura do café, na Etiópia, existem actualmente 74.000 agricultores que definham à mingua, à beira da bancarrota; a Oxfam move-se para tentar ajudar na crise humanitaria,,, vai um cafézinho? ou engasgou-se?
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