“a boa ditadura é aquela que consegue pôr um polícia dentro da cabeça de todos” (Rui Zink)
Em periodos de expansão os capitalistas precisam de importar mão de obra para suprir tarefas socialmente desqualificadas que ninguém quer – como contraponto à exportação de capitais e à deslocalização dos postos de trabalho qualificado para novos locais de baixo custo em busca de melhor rentabilidade para a produção. A este vai-vem de dinheiro, pessoas e bens, à amalgama social de recondicionamento do import-export que coloca os ressentimentos para lá linha de fronteira, chamam eles globalização. Localmente, nos inevitáveis periodos de recessão, as consequências nefastas, tanto da falta de capital como de excedentes do “exército proletário de reserva”, permanecem. Assim sendo, Globalização, aumento de violência e Crime parecem ser realidades indissociáveis (1). E, como diria Voltaire, caindo os conceitos avulsos no meio da populaça desprevenida “está tudo perdido” – de facto, a mensagem do ministro das polícias coincide com “a análise” de Jorge Jesus, o provável indigitado treinador para o Benfica: “os estrangeiros não são problema; estamos já a tratar da sua neutralização” (do jornal “I” de hoje)
“O mal não deve ser imputado apenas àqueles que o praticam, mas também àqueles que poderiam tê-lo evitado e não o fizeram” (Tucidides: “a guerra é um mal, mas a submissão às ordens de outros Estados é pior…”)
É sabido, grande parte dos problemas que afligem o mundo nascem de realidades de extrema pobreza (ou dito de outro modo, grande parte das causas dos problemas deve-se à ganância para obter extrema riqueza). Um grupo de jovens que se juntam para assaltar um banco tem uma relação concreta com um grupo de gestores que se associam para falsificar contas. E o problema, como sempre se recorda no pensamento radical de esquerda, não é que o “exagero” ou a “ganância” de meia dúzia de energúmenos (que não são apenas meia dúzia) tenham estragado tudo. O problema é que o exagero e a ganância, que fabricam fraudes, são a base do sistema.
(1) para aprender qualquer coisinha: ler
"A sublevação na Bela Vista e as condições económicas"
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