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quarta-feira, agosto 29, 2012

as eleições em Angola não têm nada a ver com eleições


A crise geral em que entrou o sistema capitalista a partir dos anos 70 foi o início de uma contra ofensiva do Ocidente, cujo objectivo era voltar a transformar as sociedades do Terceiro Mundo em economias compradoras e submeter o seu desenvolvimento ulterior à lógica da reorganização do capital transnacionalizado. Quem se submeter pode tirar partido temporariamente da criação de uma bolha económica da qual beneficiam as burguesias locais; os que recusem a submissão ver-se-ão na condição de relegados para um recém-descoberto Quarto Mundo e alvo de tentativas de destruição (Cuba, Vietname, Indonésia, República Democrática da Coreia, Jugoslávia, Iraque, Afeganistão, Libia, Síria, Irão, etc.). Esta ofensiva, que constitui a dimensão principal da estratégia do capital dominante na crise permanente, aproveita com êxito a vulnerabilidade das tentativas de cristalização do Estado Nacional na periferia do sistema e é ilustrada em dois domínios: a dominação do sistema financeiro global e a criação de endividamento pela emissão de dólares. Neste quadro, consoante os recursos a colocar em território de caça imperialista, são atribuidas funções diversas desempenhadas por diferentes periferias e a respectiva especialização primária – por exemplo, o petróleo e outros recursos naturais angolanos, a lingua portuguesa como factor de intermediação na exploração de uma economia dependente.

Na pretensão de escapar a estes factores de dominio, as lutas encabeçadas pelos movimentos de libertação nacional colocam as mesmas questões que a independência, isto é, a construção e a prossecução da via para o Socialismo, porque as duas vertentes não são de natureza diferente da que conduziu às revoluções socialistas. Uns e outros são respostas ao desafio da expansão capitalista - a expressão da rejeição da condição periférica que esta implica. Nestas circunstâncias a burguesia local encontra-se com frequência no campo do compromisso precoce com o Imperialismo. E por isso, os movimentos de independência nacional, dado que ficaram sob a direcção da burguesia (neste caso os gestores dos meios de produção estrangeiros), não realizaram ainda o seu objectivo, pelo contrário, buscam subservientemente apenas o ajustamento da sociedade local às exigências do modo de acumulação mundializado. Por isso as revoluções nacionais populares continuam na ordem do dia – ou seja – abrir uma via à superação do capitalismo que avance em direcção ao socialismo universal. 

O Estado periférico é um Estado débil, devido à aliança entre o Capital dominante global e as Oligarquias locais; Passem as mentiras. Nesta situação, independentemente da escolha entre dois bandos corruptos que gerem ambos a alienação do Poder e a ilusão dos seus objectivos, o acesso à democratização burguesa ao estilo clássico ocidental está-lhe praticamente vedado - e por isso a existência da sociedade civil está necessariamente limitada.


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