Pesquisar neste blogue

domingo, novembro 03, 2013

O caso do Irlandês que se metamorfoseou em Judeu

Quando Ovidio foi expulso e exilado para o Mar Negro começou a bater mal da bola e escreveu uma obra-prima. Fez escola nos clássicos, por nas transfigurações do mundo que descreveu, confundir a ficção com a realidade, “Metamorfoses” - ainda assim Ovidio tinha a certeza de ter sido romano…

Colonato israelita ocupado ao Estado árabe da Palestina
Gordon McKnight, um apoiante irlandêsloyalistada submissão da Irlanda do Norte à ocupação britânica, decepcionado com a evolução dos acordos para a paz, invocou a sua qualidade de descendente judeu e planeia mudar-se para Israel - ao abrigo da famigerada “Lei de Regresso” pela qual qualquer “judeu” em qualquer parte do mundo pode invocar a cidadania israelita e estabelecer-se na sua “pátria” beneficiando ainda de um subsidio estatal para a mudança e estabelecimento de habitação. Este biltre diz pretender começar aí uma nova vida. E começa bem dentro do espirito racista e fundamentalista religioso da coisa: exclama que a Palestina foi uma “invenção politica” e manda um recado aos palestinianos que sempre ali viveram (são a terceira geração depois da Nakba) afirmando que “este lapso de tempo foi um bom período de férias e está na hora de voltar para casa” (o mundo árabe, presume-se, de Marrocos à Síria). Este é, sem dúvida, um argumento extremamente válido para este homem que nunca pôs os pés na Palestina, ou na “Terra de Israel” se é que alguma vez tal coisa existiu fora da mitologia bíblica (1).
Este extracto em vídeo foi retirado do documentário da BBC intitulado “Adeus Belfast” (2) “Shalom Belfast”, na gíria yiddish, um dialecto tardio inventado na Alemanha, após a fusão da miríade de pequenos Estados-germânicos congregados na Deutscher Bund (1814)

Obviamente, não estamos aqui a lidar com gente normal de “uma raça judaica” ou de origem genética comum. Assumir a religião judaica, neste caso, introduz um conjunto de crenças supremacistas sem o menor pingo de ética. E é tudo isto, sob a fundamentalista capa religiosa do Sionismo, que o “judaísmo” na sua forma actual é.


(video por intermédio de Gilad Atzmon)

Sinopse Histórica da Destruição da Palestina

(1) Hierosolyma, parte da antiga Syria-Palaestina romana, foi cedida aos Cruzados em 1219, passando a partir desse ano a sua capital a chamar-se Hierusalem (em latim), sendo novamente retomada pelos muçulmanos em 1239. Integrada no Império Otomano, a Palestina perdeu a sua autonomia politica no final da 1ª Grande Guerra, passando depois de 1918 a ser um protectorado britânico.

A família de banqueiros Rothschild estabeleceu-se em Inglaterra em 1798. Foi a partir dali que enriqueceu com a famosa aposta de dois bicos na derrota de Napoleão em Waterloo (1815). O judeu alemão Nathan Mayer von Rothschild, o terceiro filho de Mayer Amschel Rothschild (1744-1812) foi enviado pelo pai para Inglaterra a partir da sua base de negócios em Frankfurt (a cidade onde hoje se situa o Banco Central Europeu). Nathan encarregou-se em primeiro lugar de um negócio de têxteis em Manchester (o berço da revolução industrial) tendo-se depois estabelecido em Londres com o Banco NM Rothschild & Sons.A expansão sem precedentes para Ocidente em direcção ao “novo mundo”, na parte norte então ainda uma colónia inglesa, deu azo à maior diáspora de sempre de colonos europeus em fuga da pobreza.

O coração dessa aventura, New York, pátria primordial dos exilados judeus asquenazes (traduzido à letra: judeus alemães) foi assim baptizada em 1789. O Estado do Ohio adquiriu o nome em 1833.

Após anos de luta contra os Rothschilds à frente de um consórcio de banqueiros internacionais, e o seu Primeiro Banco Central dos Estados Unidos que a família havia fundado delegando os negócios nas mãos do agente Nicholas Biddle, o presidente Andrew Jackson conseguiu não renovar a licença de impressão de dinheiro por esse Banco em 1846, acabando assim com o endividamento do Estado (criar défice era proibido pela Constituição de 1776) e expulsando os Rothschilds para fora da América, apelidando o esquema de “covil de víboras”. Não seria antes de 1913 que os Rothschilds voltariam a ser capazes de criar o Terceiro Banco Central nos Estados Unidos, a Reserva Federal, e para garantir que não sejam cometidos novamente erros, desta vez eles vão colocar um da sua própria linhagem, Jacob Schiff, responsável pelo projecto.

A cidade de Palestine no Texas foi fundada em 1846, sendo hoje mais conhecida por ali se situar uma importante fábrica de carros de combate adequados a terrenos de tipo desértico com petróleo no subsolo.

O primeiro Congresso Sionista só se realizaria na Suiça 51 anos depois, em 1897. Na sequência da 1ª Grande Guerra, dois anos após o seu final, sob a capa da Sociedade das Nações (1920) a Grã-Bretanha fraccionou o Médio Oriente em novos protectorados: a Palestina, a Transjordânia e o Iraque para os ingleses, o Líbano e a Síria para a França. A Arábia Saudita ganhou o estatuto de independente, isto é, a Saudi Aramco, a primeira companhia petrolífera com capitais norte-americanos foi fundada em 1936, sendo hoje a matriz das receitas no país e nos subsidiários emiratos.

A Palestina que temos actualmente é um legado conjunto do plano de Hitler que incentivou a emigração dos judeus a partir de 1939 e das concessões da Grã-Bretanha ao movimento Sionista que conduziram à fundação de Israel três anos após o final da 2ª Grande Guerra, em1948, começando então Jerusalem a escrever-se progressivamente em yiddish. A principal artéria da capital de Israel é a Avenida Rothschild, e a construção do seu Banco Central foi integralmente financiada pela família de banqueiros Rothschild.

 (2) O documentário da BBC descreve os grupos de judeus que se dirigiam à Irlanda do Norte enquanto durou o conflito na intenção de aprenderem nos locais de acção técnicas de defesa contra a guerrilha urbana levada a cabo pelos nacionalistas irlandeses contra a ocupação estrangeira inglesa. (ver Doc completo)

4 comentários:

proletkult disse...

Apetece, para esta gente, usar o cântico dos adeptos do Feyenoord contra o Ajax (clube dos judeus de Amsterdão), que faz uma rima entre "Hamas" e um determinado estado da matéria.

O que me impressiona é que o dito povo-eleito se espalhou pelo planeta inteiro durante 2500 anos mas, por algma razão, nunca se lembraram do tal "Reino" até ao século XX.

Mar Arável disse...

A canalha anda à solta
Que não te doam as mãos

xatoo disse...

proletkult
vá lá... até ao século XIX com o historiador Theodore Mommsem que ao reescrever a História de Roma lavou a cara às as velhas tretas religiosas judaicas com novas tretas de acordo com a racionalidade do Iluminismo e a dos encliclopedistas franceses... para "o reino de israel" não ficar desactualizado.
Por alguma razão Mommsen foi Prémio Nóbel da Literatura (isso mesmo, "literatura", e de cordel) logo quatro anos depois do 1º Congresso Sionista, para dar força à coisa...

proletkult disse...

Sim, o Mommsen. Essa personagem é um bocado sinistra. Ele não era judeu mas, se bem me lembro daquilo que li sobre ele, advogava um estado judaico dentro do Império Alemão, através da assimilação política e social. Um bocado à imagem do que já tinha acontecido com o estado de Hanover, quando passou a integrar a Prússia.

Mas quando falava em século XX referia-me à Declaração de Balfour, primeira manifestação do sionismo na grande política internacional.