Era mais que evidente que a questão da Grécia é também (talvez fundamentalmente) geoestratégica, desde os primeiros dias do boicote da UE à Grécia e a primeira viagem do Tsipras à Rússia. Essa é uma vitória que ninguém tira ao Syriza: ter transformado um caso que se tentava passar à opinião pública por apenas económico, num caso geopolítico. A medida da influência norte-americana é a medida exacta que vai do valor virtual do Dólar (quem interveio foi Janet Yellen da FED) para o Euro (como moeda subsidiária do dólar) e para o Dracma (alinhado na nova formação asiática China-Russia-Irão-India). Sem dúvida, é um bicho de sete cabeças para todo o Ocidente liderado pelos warmongers do Pentágono/Nato... e é aí que entra a Grécia, como um país da Nato (como aliás a vizinha Turquia) numa situação complexa que pode acabar num conflito armado, mais uma vez em solo europeu. E a saída pelo keynesianismo militar é aquilo que os EUA melhor sabem produzir para sair de uma crise que é global.
No Ocidente, é criminoso que os povos que sofrem com a crise provocada pelos especuladores tenham que pagar a factura. No caso da Grécia, a avaliar pelos últimos rumores, irão verificar-se "novas concessões" de cortes de 8 mil milhões de euros (um valor decerto compensado pelo Complexo-Politico-Militar norte-americano para garantir a permanência da Grécia na NATO). Não há portanto concessão alguma, há um ganho de tempo que é precioso (1); e ainda assim no rascunho de Acordo a proposta grega inclui a subida do salário mínimo contrabalançada com um aumento de impostos sobre LUCROS, RENDIMENTOS ALTOS e ARTIGOS DE LUXO. Apresentada ontem de manhã aos parceiros envolvidos nas conversações essa proposta prevê o restabelecimento da contratação colectiva. Estabelece que as empresas com lucros líquidos superiores a 500 mil euros por ano paguem uma sobretaxa de 12%, a somar à taxa regular. É proposta a introdução de um imposto sobre artigos de luxo como automóveis com mais de 2.500 de cilindrada, piscinas ou aviões privados. A introdução de sobretaxas sobre os rendimentos é outras das propostas que inclui uma sobretaxa de 0,7% logo a partir dos rendimentos anuais superiores a 12 mil euros; de 1,4% para os salários superiores a 20 mil euros por ano; de 2% para os salários superiores a 30 mil euros; de 4% para aqueles salários que superem os 50 mil euros anuais; de 6% para os rendimentos superiores a 100 mil euros; e ainda uma sobretaxa para os salários superiores a 50 mil euros por ano" (Jornal de Negócios)
70% da população prefere pagar mais para permanecer no Euro
Unicamente sobre a parte económca comenta Francisco Louçã: "os detalhes do acordo esboçado ontem entre o governo grego e a troika começam a emergir. No entanto, não há ainda uma informação completa sobre as condições propostas (e ainda não foram encerradas as discussões). Não sabemos por exemplo qual é o montante do empréstimo e que necessidades de financiamento ficam cobertas. Só sabemos o custo orçamental, oito mil milhões de euros em medidas de austeridade. Mas, sobretudo, não sabemos se há ou não uma nova abordagem da reestruturação da dívida. Fontes oficiais francesas sugeriam ontem que pode haver, mas não há confirmação nem grega nem alemã. Isso faz toda a diferença. Para um bom acordo, a Grécia só pode sair do inferno com uma reestruturação substancial da dívida. (Blogue/noPublico)(1) Discriminada e resumidamente: as propostas do SYRIZA aos Credores da Dívida contraída pelos últimos governos
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