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terça-feira, fevereiro 28, 2006

Cinema, Mitos e Previsões Oscarológicas

É curioso ver como se constroem os grandes mitos e como eles acabam por ter tão pouca relação com a realidade, seja no que se refere a Hollywood, seja de uma forma mais geral aos acontecimentos com que se vai construindo a História.
A biografia "Brando Unzipped", escrita por Darwin Porter, lançada esta semana em Londres, é repleta de novas informações sobre um dos maiores mitos norte-americanos, o actor Marlon Brando. A grande revelação do livro é o romance entre Brando e o comediante Wally Cox, que teria sido amante da estrela durante décadas até morrer em 1973. E, que Brando mantinha a urna com as cinzas de Cox na sua casa e até jantava na presença dela, enquanto entabulava diálogos imaginários com Cox, imitando perfeitamente a voz do ex-amante. Que coisa mais mórbida!!! Ainda segundo o livro, Brando, no seu testamento, pediu aos familiares que lançassem as suas cinzas no Vale da Morte, na Califórnia, juntamente com as de Cox. É de igual modo curioso verificar como agora se desconstroem os Mitos tendo como único objectivo ganhar dinheiro com isso.
Quase ninguém se consegue escapar dos terrenos mediáticos mainstream de Hollywood onde habitualmente se fazem as apostas sobre “quem são os melhores”. Digo quase, porque como é evidente o mundo cinematográfico está longe de se resumir ao cinema americano, pese embora a habituação causada pelos tradicionais clichés inroduzidos financeiramente numa Indústria dominada por patrões (produtores) de apelidos terminados em “berg” e “stein” – de doutrina filosófica judaica, portanto.
Por alguma razão enquanto as salas do Ocidente estão cada vez mais às moscas, em Teerão para se conseguir p/e ver um filme como “Vale dos Lobos, Iraque" em exibição simultânea em 5 cinemas permanentemente esgotados, seja preciso comprar bilhetes com uma semana de antecedência. Ou em Bollywood onde se produzem mais do dobro dos filmes.
É por estas e por outras que o número de espectadores-comedores de pipocas blockbusters anglófonas se encontra em recessão, salvo para um pequeno nicho de Independentes proscritos (de escolas como a de Woody Allen que se mudou recentemente para a Europa, ou de Chaplin e Welles que nunca ganharam um óscar) – que gloriosamente ainda tentam manter o ceptro da tradição artistica que influenciou gerações de verdadeiros cinéfilos. É nesta estreita faixa de mercado que os Óscares vão beber, e, os laureados são tão previsiveis quanto o são as intenções dos promotores do espectáculo. Coloquem-se então as nossas apostas. Os critérios de escolha dos vencedores previlegiam o espectáculo em si, e não a função critica da sociedade, óbviamente implicita.

* Melhor Filme – “Crash” de Paul Haggis, embora quem vá ganhar, por ser diferente, original, desinibido, artistico, etc, seja o melodrama “Brokeback Mountain”. A favor de “Crash” é tão só uma rigorosa exposição ideológicamente desinteressada e um dos mais fiéis retratos da sociedade da América do Norte que alguma vez nos foi dado ver.
* Melhor Actor Principal – Philip Seymour Hoffman, o actor de “Capote” que retrata o fascinio doentio yankee pelo crime como espectáculo mediático, embora quem merecesse ganhar fosse Ralph Fiennes pela representação em “O Fiel Jardineiro” ou Matt Dillon por “Crash”, embora a representação deste último seja relativamente curta, em beneficio da compreensão da multiplicidade da obra em geral.
* Melhor Actriz Principal – Reese Witherspoon pelo seu papel em “Walk the Line”, embora quem mereça ganhar seja a actriz Felicity Huffman em “Transamérica”, que passa quase despercebido entre nós, onde a actriz desempenha uma dona de casa desesperada que por via do “american way of life” se vê constrangida a ganhar a vida como transsexual.
* Melhor Actor Secundário – George Clooney por “Syriana”, um bombom pela condescendência para com os contestários ao sistema. Pega na estatueta e ficas absolvido.

* Melhor Actriz Secundária – Rachel Weisz, a excepção, justamente premiada pelo excepcional desempenho em “O Fiel Jardineiro”
* Melhor Argumento Original - "Os Três Enterros de Melquiades Estrada" de Tommy Lee Jones










* Melhor Mamífera (Esta categoria não existe, mas é pena) – Scarlett Joahnson em “Match Point

domingo, fevereiro 26, 2006

regressa o "Nuclear Não Obrigado"

Manifestante em Teerão, apoiando a posição oficial do Governo do Irão na questão nuclear





Terá o lobie pró-Nuclear de Patrick Monteiro de Barros andado a tentar influenciar as Autoridades Iranianas?


* O nuclear está de novo no centro dos debates sobre a energia em Portugal. Mas há sérias dúvidas sobre a sua viabilidade entre quem está contra, como Carlos Pimenta, e a favor, como José Penedos. No Expresso: "O regresso do nuclear ?
*
para já José Sócrates tambem não quer
Quercus:

15 razões para NÃO se optar pela energia nuclear em Portugal

"Ciclicamente as vozes advogando a implantação de projectos de energia
nuclear aumentam de tom, assim como as pressões para que o Estado faça
(leia-se, pague) alguma coisa. O que é curioso é que essas vozes partem de
sectores sociais (por exemplo, o Presidente da CIP) que tipicamente ecoam
preocupações com o défice público ou com grandes projectos de novas
infra-estruturas ao nível do século XXI"
um artigo de Sandro Mendonça (ISCTE e SPRU Univ. Sussex)




Entretanto perfila-se no horizonte a solução que irá talvez resolver o problema energético para o século XXI - a Fusão nuclear

A fusão é a reacção nuclear que produz a energia nas estrelas como o “nosso” Sol. No decurso de um trabalho de investigação que começou há setenta anos atrás, a humanidade avança para a construção de um primeiro reactor de fusão nuclear. O que é isso?
A Texto Editora publica uma excelente resenha sobre o assunto que tentará responder às principais questões, que pode ser lida aqui.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

“O homem que cavalga longamente por terrenos bravios sente o desejo de uma cidade. Finalmente chega a Isadora, cidade onde os prédios têm escadas de caracol incustradas de búzios marinhos, onde se fabricam artisticos óculos e violinos, onde quando o forasteiro está indeciso entre duas mulheres encontra sempre uma terceira, onde as lutas de galos degeneram em brigas sangrentas entre os apostantes. Era em todas estas coisas que ele pensava quando quando desejava uma cidade. Assim Isadora é a cidade dos seus sonhos: com uma diferença. A vida sonhada continha-o jovem; a Isadora chega em idade tardia. Na praça há o paredão dos velhos que vêem passar a juventude; ele está sentado em fila com eles. Os desejos são já recordações”
Italo Calvino, in “As Cidades Invisiveis

Repare-se na carnificina corruptora escarrapachada no post anterior. No décor anárquico do urbanismo lisboeta, sob a batuta das actividades mais do que suspeitosas de personagens de ética duvidosa,,, por aqui constrói-se de tudo, menos uma ideia moderna, civilizada e cosmopolita de Cidade.


a Cidade existe como factor de vivência gregária. Foram-se construindo para as pessoas escaparem das vicissitudes e das condições de vida precárias em lugares inóspitos. Fugindo de flagelos, procurando abrigo, os construtores foram acrescentando a Cidade, organizando-a de acordo com as necessidades (possibilidades) de cada nova leva que chegava. Para cada um reservou-se-lhe o seu lugar mais ou menos central conforme a sua posição de Classe na hierarquia social.
É isso que vemos, quando partindo dos “cascos velhos” nos centros históricos, observamos as muralhas medievais dentro das quais se acolhiam a Nobreza e o Clero nos seus palácios feudais e igrejas, em redor dos quais o povoléu procurou protecção erguendo os modestos casarios. Quando chegou a Industrialização construiram-se Vilas concebidas tendo como elemento central a Oficina ou a Fábrica e à sua volta os pátios para alojamento dos operários. De certo modo a acumulação de habitantes na Cidade na era moderna corresponde a um armazenamento de mão de obra de reserva em condições de proximidade para que possa ser explorada. Os lucros providenciados pela exploração permitiu à nova burguesia manter-se nos centros urbanos, destinando as melhores zonas ao Comércio, que prosperou, consoante afluiam à Cidade novas vagas de potenciais operários procurando trabalho, oriundos dos meios rurais com cada vez menos saídas para uma vida decente, mas que, de igual modo, no termo da sua viagem, iam aumentando a sua condição de consumidores.

Com a Tercearização na segunda metade do seculo XX ocorre um movimento de sentido contrário. Deslocando a Produção para zonas industriais exteriores à cidade, exportando-a até mesmo para paises do 3o mundo onde a desordem não é susceptivel de nos incomodar, vastos espaços de antigas manufacturas perdem a sua utilidade. Rápidamente esses lugares são ocupados e reconvertidos para as sédes de gestão, escritórios e administrações, bancos, etc. Mais uma vez as Élites se apropriam das novas centralidades e, provocado pela nova situação, um movimento de refluxo expulsa grande quantidade de habitantes para as periferias suburbanas que crescem sem infraestruturas pensadas, anárquicamente, em bairros sem função social visivel, que se convencionou amiude apelidar de “dormitórios”.

É este o panorama actual. Na Cidade de hoje aterram agora investimentos Transnacionais provenientes da Globalização que estão na base da construção dos seus edificios-Catedrais high-Tech, de sub-ocupação descabida, grosseiramente inútil.

Ostensivamente megalómanos e caros, porque pagos com dinheiro que não custa a ganhar, a função destes novos ícones de Classe não obedece a qualquer função social, salvo abrigar o novo-riquismo das Élites pós-modernas originadas pelos lucros de aplicação de Capitais Financeiros de lucros fáceis e não taxados fiscalmente. Promove o regime de apartheid, enquanto se degrada o património construido susceptivel de voltar algum dia a ser ocupado pelas classes médias, que cada vez mais, numa sociedade distorcida como a nossa, sob feroz pressão do Neoliberalismo, se encontra em contagem decrescente nas suas condições de vida.
Por outro lado assiste-se à massificação da construção de bairros sociais que se constituem em guetos que promovem a segregação em massa de classes marginais.
Que é feito da Lisboa dos bairros?, populares uns, mais chiques outros, mas onde existia um relacionamento inter-classista que cada vez mais se perde na desertificação?

“Desejando impressionar o Papa, D. Manuel ordena em 1514, que o rinoceronte acompanhe a embaixada de Tristão da Cunha a Roma. Preso por uma corrente de ferro dourado e ataviado com uma coleira de veludo enfeitada com cravos e rosas, embarca com destino ao porto de Génova. Em pleno golfo uma tempestade faz naufragar o navio e o rinoceronte morre afogado. Segundo o humanista Damião de Góis, o corpo do animal, empalhado depois de recolhido junto à costa, acabou por fazer parte da embaixada. Graças a Albrecht Dürer, que o desenhou a partir de uma gravura da época, os Europeus não o esqueceram”.
Este episódio é recordado por Dejanirah Couto na sua “História de Lisboa

Que a Direita caceteira e parasitária tenha alguma “utilidade”:
Como estamos em maré de americanização, não estará em altura de enviar alguém do Regime a Washington como sinal de boa vontade e como emissário de subserviência canina para atrair capitais de investimento em mamarrachos neoliberais? E que tal enviar Ribeiro e Castro de coleira de veludo ao pescoço com uma “Constituição da República Portuguesa” empalhada debaixo do sovaco?

Construindo Aldeias Urbanas

Uma experiência concreta levada a cabo numa zona socialmente periférica na cidade de Boston - The Dudley Street Neighborhood Initiative (DSNI) - sitio internet em www.dsni.org

O fosso entre ricos e pobres não pára de crescer nos EUA, porque as politicas de estabilização das vidas dos pobres (normalmente as comunidades negras) não se coloca em termos de soluções de longo prazo. A Economia é instável, numa espiral inflacionária que continuamente afecta o custo dos bens básicos, incluindo a alimentação, combustiveis, medicamentos e cuidados de saúde. Mais deprimente ainda é a ausencia de perspectivas na obtenção de casas para os pobres, trabalhadores, desempregados e reformados de rendimento limitado.
É com este pano de fundo que a DSNI – na definição de politicas prioritários se converte na primeira Comunidade de fins não lucrativos propondo-se organizar uma área degradada de 1,3 milhas quadradas no centro urbano da cidade de Boston. Dudley Street converteu-se num simbolo e num exemplo de renovação que previlegia a participação comunitária de todos os moradores e onde se auto constrói com planeamento a longo prazo. O seu plano de integração visa combater politicas e práticas cujas bases estão na origem das causas de pobreza e do declinio de inumeras cidades através do país. Através do controle colectivo da posse dos terrenos, utilizando as verbas que antes se destinavam especulativamente ao enriquecimento de uma minoria, os residentes ficam aptos a criar uma comunidade vibrante e multicultural, desenvolvendo centenas de casas apropriadas às necessidades, zonas integradas de comércio, de convivio social, de prática desportiva, escolas equipadas com os mais recentes inovações tecnológicas, etc, trazendo beneficios pessoais aos residentes e revitalizando o bairro que eles próprios ajudaram a planificar.
Gus Newport explica como nasceu a “Dudley Street Neighborhood
Initiative” – leia mais aqui: www.prrac.org

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Lisboa, capital da Partidocracia Oligárquica

Os jornalistas comprometem-se, como por exemplo Inês Boaventura (agência LUSA), quando escreve: “(...) a vereadora do Urbanismo defendeu tambem a preservação do edificio do Capitólio, classificado como imóvel de interesse público, contrariando a posição do anterior presidente Santana Lopes” – ¡“contrariando”! disse ela, como se a alteração do uso do Parque Mayer não estivesse dependente da legislação em vigor e a sua alteração não dependesse do IPAR, Instituo do Ambiente, etc, entre outros. “Contrariam” porque não conseguem fazer aquilo que pretendiam. Pior (para eles) seria se a Justiça funcionasse em tempo e se o anterior e este Executivo respondessem pelos danos causados ao Património da Cidade, transformado, sem qualquer discussão pública e à revelia dos interesses dos lisboetas, em quinta privada destes senhores.

o Polvo Laranja na CML - uma dívida legada de 200 milhões de euros

O projecto/operação imobiliária do Parque Mayer pelo qual a gestão camarária de Santana Lopes pagou a Frank O ‘Ghery aprox. 2,5 milhões (2.431.197 Euros) pelo estudo prévio, dependia da aprovação do Plano de Pormenor da Cidade (PDM) que determina, dependente de hierarquias superiores, os usos e as volumetrias de construção a aprovar para as diversas zonas.
As negociatas, ignorando estas disposições, que foram feitas por Santana Lopes com a empresa Bragaparques que envolveram as permutas de terrenos (o Parque Mayer foi exageradamente avaliado pela CML em 66 milhões de euros, quando pouco antes tinha custado 12 à Bragaparques) e a hasta pública da Feira Popular, tudo feito debaixo de um imenso rol de ilegalidades, estão sob investigação Judicial. Os resultados como habitualmente, são parcos. Já ninguém se lembra do famigerado Flopes, que por estes tempos deveria estar a responder em Tribunal, mas os efeitos desastrosos das suas acções visando meramente obter lucros pessoais e deixar uma marca evanescente da classe jet-séptica, permanecerão indelévelmente sobre a cidade.





Foi sobre este pano de fundo, de facetas cuidadosamente ocultadas e manipuladas, que o povo de Lisboa, chamado a votar, acabou por eleger o nº 2 da mesma gestão de Santana Lopes – Carmona Rodrigues. (dito “independente” pelo PSD)
Em face das dificuldades no prosseguimento das politicas (e dos negócios) pré-determinados, a CML inventou esta semana um novo instrumento legal, nomeadamente sobre o que está em causa no caso Bragaparques. Trata-se do Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade e Zona Envolvente (PUALZE) que pretende fazer tábua rasa sobre a anterior legislação existente. Para a apresentação do Plano, Carmona Rodrigues ignorou a obrigação de informar todos os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa, óbviamente os que se lhe opõem. Óbviamente o Executivo da CML tenta afastar da discussão das novas (e ilegais) propostas o vereador José Sá Fernandes – depois de falhadas as tentativas subterrâneas de o corromper, nos termos que têm sido largamente noticiados pela imprensa.

o Polvo Côr-de-Rosa

Sá Fernandes denuncia tentativa de suborno

Vereador do BE acusa administrador da Bragaparques de lhe ter oferecido 200 mil euros para se calar. Domingos Névoa já foi constituído arguido e pagou 150 mil euros de caução




BragaParques:
Domingos Névoa e Manuel Rodrigues são os homens fortes e fundadores da BragaParques, que é grande responsável pela expansão imobiliária da cidade de Braga e surge sempre muito ligada à gestão municipal do socialista Mesquita Machado – ao ponto de ter avançado para aquisição de capital da empresa municipalizada de água e saneamento Agere.
A empresa – que é proprietária de vastas áreas de terrenos em Braga – construiu também os três grandes parques subterrâneos de estacionamento automóvel na cidade, tendo depois alargado o âmbito da sua acção a todo o País, nomeadamente em Lisboa, Almada e Coimbra.
A dupla ‘Rodrigues & Névoa’ surge igualmente como o grande suporte da actual administração da SAD do Sporting Clube de Braga. No entanto, os dois empresários – com baixas habilitações literárias e exemplos puros de ‘self-made man’ – assumem permanentemente uma postura de grande discrição. São apontados como detentores de grande liquidez financeira, o que lhes possibilitou expandir os negócios a nível nacional, fazendo-se rodear de gestores e advogados de reconhecida eficiência.
ler mais
A 1 de Julho de 2004, na véspera da Jorge Sampaio encerrar uma série de audições a diversas personalidades sobre a possibilidade de convocar eleições antecipadas, a agência Lusa colocou 10 noticias em linha traduzindo o apoio de empresários, banqueiros e dirigentes do PSD relativamente à hipótese de Santana Lopes vir a chefiar o Executivo. Confrontada com a anormalidade de uma só jornalista ter redigido tal numero de "noticias" num só dia, a Directora de Informação afirmou que "nessa altura estava de férias".
(no jornal Publico de hoje, pag.42)

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

os caminhos das Intimidações

"The Road to Guantanamo"
descreve a vida de três jovens británicos da cidade de Tipton, no West Midlands inglés, que viajaram para o Afeganistão e acabaram detidos durante dois anos no campo militar norte-americano de Guantanamo, em Cuba.


Rizwan Ahmed, Farhad Harun, Shafiq Rasul e Rhuhel Ahmed são quatro dos actores que fizeram parte do filme "Caminho para Guantanamo" do realizador Michael Winterbottom - galardoado na "Berlinale" com o Urso de Prata para a melhor Direcção.
Quando regressavam do Festival de Berlim, os quatro actores foram detidos no aeroporto de Luton pela policia britânica e levados para serem interrogados. A Policia pretendia saber se os quatro detidos se tinham tornado actores para poderem seguir uma causa islâmica extremista.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

O espectro da Direita viaja para a Extrema-Direita

Queixam-se os intectuais com alvará de uma grande perplexidade perante a incapacidade de compreensão dos acontecimentos na sua multiplicidade. Se ao ler a mac-papinha que nos servem já não vemos apenas bons de um lado e maus doutro, como ultrapassar o desconforto ao ter de fazer a distinção? “Como é que se continua a ler, escrever e pensar quando muitos de nós não percebem já nada disto?” interroga-se Prado Coelho.
Façam como nós nunca deixámos de fazer, caríssimos. Leiam nas entrelinhas da escassa informação que o Poder deixa escapar. Fica clarinho como água!



Criticar este Governo pós assalto neoliberal ao PS, sem que seja numa perspectiva de mudança de paradigma revela-se um exercicio alienante. Com efeito a Direita em peso baba-se em elogios a Sócrates, e por aqui nada mudará a não ser que seja (como aliás,tudo) importado. E o pior está para vir com o consulado do Sr. Silva. De fora, da UE já veio o mote: para o ano é preciso apertar ainda mais as medidas de contenção do défice. Sobra pouco que esconda que estamos a regredir em relação à média europeia. Vamos em 70%, e das medidas avulsas que ficam do exercicio deste ano, destinadas a proletarizar a classe média, retêm-se por contraponto os Fundos Europeus “caidos do Céu” por acção dos acordos do sr. Barroso feitos com Bush, com o beneplácito das cúpulas neoliberais do directório central da UE, no caso ("feliz acaso!")sob a presidência do aliado Britânico. Portugal vai continuar a beneficiar de generosos fluxos financeiros da União sem que isso se reflicta em resultados visiveis na melhoria de situação dos portugueses. Com a experiência que temos de exercicios anteriores das clientelas Cavaquistas na delapidação de Fundos Comunitários, quanto às perpectivas para o futuro, estamos conversados.
Que mudou então ao fim deste 1º ano de PS, a não ser o tom, tambem ele autoritário, das delarações? Nada!

Ponto por ponto, da lista vinda ontem no jornal Publico:
1 - Defice: dos 6,8% previstos e encenados por Vitor Constâncio, o valor ficará abaixo, o que se traduz numa melhoria cosmética de imagem do governo.Os mais de 1300 milhões de euros arrecadados devem-se a cobranças por via da informatização dos serviços fiscais, determinada por Ferreira Leite e ao aumento de impostos, como o IVA, desincentivando o consumo, e não a qualquer esforço de contenção ao nacional-tachismo governamental e autárquico. Imagine-se então se algum dia houvesse moralidade e um esforço efectivo na cobrança dos 3000 milhões de Euros que as Empresas devem à Segurança Social. A manipulação do “défice” que serve para encobrir o financiamento às guerras do Império ficaria com a careca à mostra.
2 – o Plano Tecnológico limita-se quase em exclusivo à informatização dos serviços do Estado como ficou evidente na rábula promocional da visita do sr. bill Gates cá à paróquia. Outra parceria de dificil gestão entre o MIT e a Universidade do Minho parece ser a outra metade do “Plano”, a anunciar.
3 – a Reestruturação da Administração Pública consiste em dar primazia aos contratos individuais de trabalho à americana. Um funcionário lamentava-se um destes dias numa Tv que, para poder trabalhar (a titulo precário nos CTT), apenas em 6 anos tinha assinado mais de uma centena de Contratos ao serviço duma empresa intermediária de prestação de serviços, a Manpower.
4 – OTA e TGV – perante a oposição generalizada de vastos sectores técnico-profissionais que por todo o pais os contesta , os mega-investimentos estão encalhados. Marcarão posição lá mais para o fim da legislatura para sinalizar dividendos a cobrar pelos actuais gestores aos futuros gestores.
5 – Fim dos regimes especiais na segurança social e de saúde. A lei das Reformas afecta centenas de milhares de pessoas que descontaram valores substanciais dos seus ordenados e agora após 40 e mais anos de trabalho lhe vêem sonegados os seus direitos. Alguém se está a abotoar com a massa. Releia-se que ficou dito no parágrafo1.
6 – Lei das Rendas. Destina-se a fazer reverter a actividade desmesurada da Construção Civil da construção nova para a Reabilitação urbana. Perante aquela que parece uma inevitabilidade em face da insustentavel situação de anarquia vigente, esbarra no entanto na ausência de um prévio Plano de Reordenamento de Território. A avaliar pelo caso das irregularidades nos casos Parque Mayer-Feira Popular, Vale de Santo António, Convento dos Inglesinhos, etc – o Pato-Bravismo conluiado com as autarquias vai sobreviver.
7 – Medicamentos fora das Farmácias – lucros fabulosos se adivinham para as Multinacionais Farmacêuticas com o pré-fabricado clima de terror epidémico cuidadosamente publicitado nos espaços públicos mediáticos.
8 – Férias Judiciais reduzidas para um mês. O Conselho Superior de Magistratura já veio a terreiro informar que não conseguirá aplicar a medida. Guerra à vista.
9 – Verão de incêndios e combate aos fogos. Em menos de um mês o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil já conheceu 3 Comandos diferentes. De Prevenção e Ordenamento Florestal nada à vista.
10 – Estratégia de Bolonha - relegada para 2007, enquanto prossegue a sanha anti-escola de proximidade em milhares de pequenas povoações portuguesas. Se queres estudar, emigra, se puderes.
11 – Lei do Aborto – Não foi votada no Parlamento onde o partido da maioria tinha legitimidade para o fazer e resolver a questão porque as obras das Clinicas Privadas ainda não se encontram concluidas. Mais um aninho e o tema volta a ser Arma de Distracção Macissa da opinião pública
12 – Protocolo de Quioto – neste momento Portugal é, à americana, o país da UE mais incumpridor nas emissões de Carbono. Criação da taxa de carbono adiada “sine die” e pagamento de compra de direitos de emissão à vista.
13 - Politica externa: Freitas do Amaral é o lado bonzinho do eixo do Mal. O mais omisso, fora do espectáculo, éTabu.

Global Business - os Governos dos Banqueiros


Jorge Sampaio presidiu, a partir de Belém, a uma década em que Portugal regrediu em quase tudo” disse Miguel Sousa Tavares.
Estamos dependentes do sucesso das guerras do Império, com cujos crimes o Sr. Silva será conivente e cúmplice, para não continuarmos a regredir na próxima década.
Criando novos partidos com imagem de Centro populista (Portas,Sarmento,Santana), dando novo fôlego no espaço mediático ao CDS, recauchutando a imagem de “esquerda” do PS - independentemente da côr com que se pretenda pintar o Regime, este derivou de facto imperceptivelmente para a Extrema-Direita. Em perfeita sintonia com os Neocons de Washington.

Eles "andem" aí e alguém teve interesse em promovê-los. Assim como quem diz: "olhem que ainda há pior que nós",,,

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Para um debate da Televisão de qualidade no Espaço Público

Quem manda nos que mandam em nós?

Em finais do ano passado, o senhor Nuno Santos, ex-Sub-Director de Programas do Canal Público de Televisão (RTP), viajou para Itália, e foi recebido em Roma pelo Papa. Em matéria de ocupação de um espaço que é pago por um imposto especial cobrado em nome de uma prestação de serviços no Audiovisual que se pretenderia isenta e que não ofendesse susceptibilidades por razões religiosas, como (bem) determina a Constituição Portuguesa, do que ficou então decidido ninguém soube. Até ontem!, exaustivamente, horas a fio em directo na TV. Como em matéria de multidões orquestradas não quero acreditar no que os meus olhos vêem, socorri-me do Diário Ateísta para ver o que estava a acontecer. Afinal, em nome da Fé, era só mais um crime. Nada de grave:

“Por iniciativa da Santa Madre Igreja e, não fosse o Diabo tecê-las, sob forte escolta policial (obviamente paga pelo Estado), e ainda com a complacência do Ministério Público, o cadáver de Maria Lúcia de Jesus e do Imaculado Coração de Maria foi hoje profanado, infringindo-se assim o Código Penal Português cujo Artigo 254º crime que é passível de ser punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias”. Mas lá que há Bruxas há. O certo é que alguem irado com a ilegalidade determinou que chovesse a potes e relampiscásse com violência durante todo o santo dia.

Também eu, não sendo Director de Programas de Coisa Alguma gosto de visitar Itália, sr. Director (embora a minhas expensas, caro Nuno Santos). De lá procedem muitas das heranças culturais da Europa do Sul atrasada, vítima precisamente da estúpida crendice religiosa servida a contragosto, imposta por métodos terroristas.
Caminho por uma rua estreita (todas são estreitas) para chegar à Piazza Duomo, onde a catedral de Santa Maria Asssunta domina a paisagem. Ao lado, o Palazzo Episcopale. Reparem naquela sombra no meio da torre da Igreja:




Na realidade é uma cela, onde eram colocados os presos mais rebeldes, por ocasião da visita de alguma Autoridade. O preso ficava exposto naquela gaiola, morria, apodrecia e os seus ossos só podiam ser recolhidos após caírem no telhado e rolarem para o chão.
Por perto,
a Igreja de Santa Maria di Campagna de onde partiu a Primeira Cruzada Cristã de conquista de terras aos Muçulmanos.


Da mesma época, tambem de Itália, nos chegou outra herança (in “El largo siglo XX”, Giovanni Arrighi)

O capitalismo começou no Mediterraneo europeu, no norte de Itália, centrado nas cidades portuárias que tinham vínculos com o Oriente. Este capitalismo mediterrânico era basicamente comercial. A todo este período chama Arrighi o “ciclo de capitalismo genovês” devido ao seu papel expansivo que põe em jogo o capital dos empresários de Génova. Esta expansão produz-se entre o século XIV e o século XV. Este tipo de capitalismo distingue-se dos outros circuitos de capital (como o Milanês,Veneziano e Florentino que se tinham inclinado para investimentos na construção de Estado, desenvolvendo estratégias e estruturas rígidas de acumulação de capital), preferindo o modelo de construção de mercados embarcando em estratégias e estruturas cada vez mais flexíveis de acumulação. Na história do Capitalismo, Arrighi reconhece quatro grandes ciclos de capital, quatro ciclos sistémicos, cada um deles definido por uma unidade fundamental de acumulação primária e pelas estruturas e processos de acumulação de capital à escala mundial – 1 ciclo Genovês que se estendeu desde o séc.XV até princípios do sec.XVII – 1 cicloHolandês, que durou desde fins do sec.XVI até finais do sec.XVIII – 1 ciclo Britânico que abarcou a segunda metade do sec.XVIII até aos primeiros anos do sec.XX – e um ciclo Americano que começou em finais do sec.XIX com a invasão de Cuba e que continuou até à fase actual de expansão Financeira.

No final desta breve digressão pela história católica, eis como, daqueles que ocupam o espaço público, ontem como hoje em conluios secretos com o Poder, não se ouvem quaisquer esforços na condenação dos crimes que são hoje, como foram ontem, cometidos. Apenas ladaínhas catoliçóides. Esta do turismo funerário do cadáver da santa foi demais. Um dia destes com a beatificação haverá mais. A malta sóbria passa-se dos carretos.

Grand Tour, os maus vícios aprendem-se depressa

Durante todo o século XVIII a Europa do Norte descobriu o Renascimento italiano. Gerou-se nessa época um grande movimento de romagem cultural dos nobres, artistas e filósofos de todas as Côrtes europeias no sentido de apreenderam as obras de arte que de forma verdadeiramente surpreendente para as tribos guerreiras cristãs do norte, tinham sido possiveis na sequência da Inquisição. Esse movimento de peregrinos culturais ficou conhecido como o "Grand Tour".Não foi decerto apenas Arte que esses viajantes levaram de volta na bagagem.


"John Bargrave rodeado por Alexander Chapman e John Raymond estudam o mapa de Itália".
Óleo sobre cobre, da autoria de Matteo Bolognini,1647.
Catedral de Canterbury, Inglaterra.

* Para aprofundar o tema - Religião e Poder:
"O Dicionário da Heresia, e dos Dissidentes"

Liberdade de Expressão

Opus Dei exige cortes no filme Código Da Vinci








Opus Dei vs Sony-Columbia

A “Opus Dei”, grupo ultra-conservador inserido na Igreja Católica, de que faz parte o Doutor (pela esconsa Universidade de Navarra) Ramalho Eanes primeiro mandatário nacional da candidatura do Sr. Silva a Presidente, exige que a produtora Sony-Columbia faça alterações no filme “O Código Da Vinci”, que tem a estreia mundial marcada para 17 de Maio, na abertura do Festival de Cinema de Cannes.
O filme, baseado no grande-sucesso-de-vendas homónimo de Dan Brown e com o norte americano Tom Hanks e a francesa Audrey Tatou como protagonistas, parte da premissa de que Jesus e Maria Madalena na realidade se casaram e tiveram filhos e que a Igreja Católica (ICAR) tem passado os últimos 2000 anos a tentar encobrir esses factos.
A Opus Dei, que conta com 85 mil membros a nivel mundial, e que no livro é apresentada como uma organização tendencialmente secreta e ansiosa por Poder, afirmou num comunicado divulgado na terça-feira em Roma que certas referências deveriam ser retiradas do filme, para que os sentimentos dos católicos não sejam feridos. As pressões são dirigidas directamente para a Sony, pois o filme está ainda em fase de pós-produção e poderia ainda ser alterado. O comunicado avança que “a novela oferece uma visão deturpada” da ICAR e que um gesto de boa vontade por parte dos responsáveis seria apreciado pelos católicos, “em especial nestes momentos em que todos percebem as dolorosas consequências da intolerância”, numa referência à polémica levantada pelos cartoons sobre Maomé publicados na imprensa ocidental. No entanto, não é adiantada a hipótese de ser pedido um boicote dos católicos a “O Código Da Vinci”, embora, segundo um elemento do gabinete de imprensa da Opus Dei em Roma, possam ser equacionadas outras medidas, se, após a estreia, se verificar que não foram efectuadas as modificações que a organização considera necessárias.

(sobre uma noticia do jornal Publico 16/2)

* Millennium BCP, Opus Dei e a formação de jornalistas tendo em vista a apropriação da opinião nos Media - Uma relação evidente anotada aqui, com origem no Clube de Jornalistas
* A Produtora criou um sitio para quem quiser criticar o filme "O Código daVinci":
www.thedavincichallenge.com

domingo, fevereiro 19, 2006

mas afinal, quem são os suspeitos no caso das Escutas!? que serviram como manobra de diversão para o assalto dos Neocons ao Poder?

«Um homem que tenha algo a dizer e não encontre ouvintes está em má situação. Mas pior ainda estão os ouvintes que não encontrem quem tenha algo a dizer-lhes»
Bertolt Brecht
O Juiz RUI TEIXEIRA, que sabia da existência de escutas e registos efectuados a números de telefone confidenciais de altas figuras do Estado, em 2003 requereu à Portugal Telecom a entrega das disketes com gravações efectuadas entre 2001 e 2002, entretanto apensas ao processo Casa Pia. O caso ficará conhecido como "Envelope 9" quando o jornal 24 Horas faz dele manchete e o dá a conhecer à opinião pública.


Que fazia o número de telefone do PR e da quase totalidade dos então dirigentes do Partido Socialista nas disketes? o Procurador Geral da República é chamado a Belém e instado a esclarecer com urgência o assunto.O tempo passou e,,,Nada!




Rosário Teixeira um agente de bigodinho do DCIAP, funcionários da PGR, Juizes, GNR`s, enfim, um caldo d"a artilharia pesada do Estado" (no dizer do Advogado António Marinho Pinto) notificam e constituem arguidos 3 jornalistas: o director do 24Horas Jorge Tadeu, o jornalista Joaquim Eduardo Oliveira e o free-lancer Jorge Van Krieken.
Mas, afinal que fazia o número de telefone do PR e da quase totalidade dos então dirigentes do Partido Socialista nas disketes?
Ninguem quer esclarecer. Já nem o Presidente da República manda neste país.

o caso "Envelope 9" passou a processo-crime e pode demorar anos.Com esta medida judicial imposta pela Magistratura os Tribunais serão obrigados a cumprir prazos legais; para Investigação, acusação, instrução, julgamento, sentença, recursos, etc,etc,etc,etc - o caso "Envelope 9" e não já o problema das Escutas Ilegais são atirados para as calendas da Justiça. Entretanto chegará rodando normalmente a mais alta-magistratura do presidente Silva que apagará em definitivo o rasto ao caso.

Como dado concreto, fica-nos entretanto o facto da antiga Ministra da Justiça Celeste Cardona que deu origem à nomeação de Adelino Salvado e ao despoletar de todo o processo, ter adquirido um andar na zona mais nobre do Campo Grande pela módica quantia de 236 mil contos.

ps:
“Para que serve a liberdade de opinião num mundo em que os homens funcionam "ad exemplum", preferem seguir o que ouvem, imitarem o que vêem, em vez de actuarem em conformidade com aquilo que realmente pensam, aconchegando-se no conforto da maioria, camuflando-se no anonimato da manada ?!”
pergunta Joaquim Letria, um jornalista com créditos firmados, actualmente tambem ele colaborador do jornal 24 Horas que juntamente com a TSF e o DN foram pertencentes à Lusomundo Media do grupo Portugal Telecom e foram, no âmbito da concentração dos Media, vendidos à empresa Controlinveste. Alguem tem dúvidas que esta intimidação feita ao 24 Horas se prende com a ideologia Neocon de controlo do Poder Politico pelo Poder Económico?
Terá sido coincidência o facto de os dois negócios do ano passado (a aquisição da Lusomundo Media pela Controlinveste e o acordo entre a Media Capital aos espanhóis da Prisa) terem sido concluídos e anunciados no mesmo dia?

- Bloco Central de politicos Neoliberais - Todos Diferentes, Todos Iguais!

- o novo estilo populista de governação à vista para indução imediatista de impulsos demagógicos na opinião pública - "As Falácias com que nos Governam", por Manuel Baptista, no "Luta Social"

sábado, fevereiro 18, 2006

2 noticias, no mesmo dia, no mesmo jornal,,,

Está em preparação o encerramento dos Serviços de Atendimento Permanente (SAPs) dos Centros de Saúde em todo o país.
Ou Pagas, ou Morres!

- no Diário de Noticias - Sociedade, pág. 16

- no Diário de Noticias - Nacional, pág. 5

Privatização da água na agenda da Trilateral

segundo o Expresso Online, não estará na agenda do Estado a privatização da água em Portugal. No entanto, tudo aponta para que esta noticia servida por uma empresa cujo patrão tem ligações à Trilateral, não seja verdade.

Com Mário Lino e Pedro Serra à mesa,
Quatro gestores públicos, um gestor privado e um jurista integraram em 1997 uma comissão de direcção constituída, no âmbito da associação de empresas que financiam o grupo português da Comissão Trilateral, para debater as águas nacionais e peninsulares e abordar o modelo de privatização para este sector.
O relatório foi aprovado numa reunião realizada em 29 de Abril desse ano, no salão nobre do Instituto de Investigação Científica Tropical, em Lisboa, e na qual também participaram como membros do grupo consultivo a ex-ministra do Ambiente Teresa Gouveia e João Joanaz de Melo, do GEOTA. O documento foi entregue em 13 de Novembro de 1997 ao Presidente da República, Jorge Sampaio, ao Presidente da Assembleia da República, Almeida Santos, e ao primeiro-ministro, António Guterres.
Dos seis especialistas do sector que colaboraram com a Trilateral e com o sector privado nacional, um é hoje ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações e outro é presidente da Águas de Portugal. Em 1997, Mário Lino, o ministro em funções, era presidente da Águas de Portugal e administrador do IPE (Investimentos e Participações Empresariais) e Pedro Serra era presidente do Instituto da Água (INAG).
Os quatro restantes convidados da direcção do Fórum Portugal Global e da Trilateral eram Paulo Canelas de Castro (do escritório de A. Barbosa de Melo & P. Canelas de Castro), João Baú (presidente da EPAL e administrador da Águas de Portugal), Frederico Melo Franco (presidente da Luságua) e João Bártolo (administrador do IPE).
Paulo Canelas de Castro mantém a sua actividade no ramo de direito e como consultor, João Bau é investigador e apoiante da candidatura de Francisco Louçã à Presidência da República, Frederico Melo Franco é consultor da ProSistemas e do Banco Espírito Santo de Investimento e João Bártolo é presidente da Generg, um consórcio do universo da Fundação Oriente.
O actual secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, recordou, em Junho passado, quando procedeu à assinatura do Contrato de Financiamento da Carteira de Projectos do grupo de energias renováveis Generg, que o seu primeiro contacto com o grupo data de 2000, era então presidente do IPE.
O relatório aprovado pela Trilateral e financiadores, na presença dos seis convidados, tem como um dos pressupostos a «definitiva empresarialização do sector da água». Defendem a promoção de um sector privado nacional e a «reformulação do modo de intervenção no mercado da EPAL, tendo como pressuposto a respectiva privatização». O Estado deve proceder à empresarialização do sector e, posteriormente, proceder à privatização, através de «negociação directa interna no quadro da lei das privatizações».
O prazo para desencadear as operações deverá ter em conta «o posicionamento estratégico dos grupos portugueses com vontade e capacidade para actuar no sector».
Continue a ler: “A Trilateral Portuguesa”
publicado na revista «Função Pública», da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, nº 3, Dezembro de 2005
transcrito no Noticias da Amadora

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

o Viking da Porcalhota

* comentário de um leitor de o-Espectro:
"Cabul com tanta tropa e movimento, vem mesmo a calhar. Se calhar também, voltamos ao tempo da guerra das ex-colónias, ou seja, os oficiais compravam um apartamento do J.Pimenta, após cada comissão de serviço. Onde compram agora?"

Luis Salgado de Matos é um valentão que exercita os seus instintos bélicos em folhas A4. – não pertence decerto àquela geração de milhares de portugueses sacrificados que viram as suas vidas interrompidas para no auge da sua juventude encararem com dezenas de Negros com as entranhas esventradas por granadas de fósforo branco em cima de uma Berliet no meio de uma picada algures a milhares de quilómetros de casa, defendendo interesses ainda mais longinquos que nada tinham a ver, tanto com cada um de nós a nivel individual, tanto connosco como povo. Nunca viu, não sabe.
Luis Salgado de Matos, ao apelar á guerra de agressão da Nato contra o Irão, não é um vulgar imbecil. É mais do que isso. Ele é um resquicio que faz parte daquela classe de sargentos que lucravam com a guerra colonial – pelas transferências continuadas de angolares para escudos e vice-versa valorizando o dinheiro 30 por cento por cada vez em cada transferência. Ganharam-se assim desavergonhadamente milhões, num pais com carências de toda a ordem. Os profissionais da desgraça alheia sempre se manifestaram expeditos. Não duvido que Luis Salgado de Matos precise de ganhar a vida, ou que os seus direitos de parasita possam estar a ser postos em causa. Apenas se exige, com os meios disponiveis nos tempos que correm, que o faça honestamente.É do mais elementar bom senso que defenda ele e a sua excelentissima familia os seus/deles previlégios. E o primeiro passo é mandar os seus filhos lá para a tal guerra contra os muçulmanos de Teerão e arredores. Mande os dele, porque os nossos não vão de certeza.



Passado este desabafo, sabemos que os tempos vão mudando e que as coisas hoje já (quase) não são assim. O negócio da morte é uma profissão tecnológica. Já não há cobardes. São todos uns valentões, escudados atrás das suas fardas e postos de engenheiros a bel recato e a milhas de distância. Bestas tecnológicas. *(aquele "quase" é que é que os lixa, porque quando saem cá para fora,,,). Nos novos caminhos civilizacionais ditaturiais que se desenham no horizonte, acabar literalmente com a contestação de massas será um objectivo urgente a conseguir; nessa perspectiva, a recente discussão entre o criacionismo religioso e darwinismo cientifico não é ingénua. Enquanto, explorando a crendice e a estupidez, se prega o livre arbitrio da Criação por um Deus que ninguem viu nem ninguem sabe quem é, entre os Homens trabalha-se afanosamente na concepção de um design do porvir humano, deturpando Darwin, procurando uma velha aspiração dos seus detractores - a fundação de uma "teoria" hostil à reprodução dos "pobres e indolentes",pensada por forma a que estes deixem de se constituir como um obstáculo ao aumento numérico dos "homens superiores".
Voltando à marca da besta, deve ser assim, como superior, que Luis Salgado de Matos e os seus compinchas de opinião se sentem. Ou, se calhar, já lhe administraram o tal microchip, e não sente nada.

* Para aprofundar o tema:
O CAPITALISMO BIOTECNOLÓGICO E O ESPECTRO DO EUGENISMO LIBERAL
um artigo de José Luís Garcia, publicado no LeMonde Diplomatique, em Novembro/2003

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

A Deslocalização da Europa

Em termos keynesianos a crise resulta sempre de uma ruptura de equilibrio entre a produção e a capacidade geral de aquisição. No pós-guerra, numa Europa destruida, a crise resolveu-se pela entrada em cena do capitalismo americano, que em troca da “ajuda” impôs um mercado em que a concorrência fosse livre e não “falseada” pelas obrigações sociais de tradição europeia. Para obviar a livre entrada a circulação e a turbulência provocadas pelo capital, foram criados espaços supracionais de regulação que se vieram juntar aos Estados-Nação. Foram estes os primeiros mecanismos da União Europeia e data desta época a primeira morte do Estado Social Europeu. Embora o cadáver tenha sobrevivido alimentando-se da exploração desenfreada do 3º mundo levada a cabo em parceria com os Estados Unidos.

Após os ultimos trinta anos quando foi chegando ao fim o periodo dourado pós-colonial, destruidos esses espaços como possibilidades de expansão, é preciso “lançar um novo olhar sobre as teorias que têm marcado o pensamento ocidental, centrado no momento histórico em que elas foram criadas e na tensão entre o lugar em que as teorias são produzidas e aquele em que são lidas, nomeadamente as transformações que sofrem nesse processo de recepção local”.




Esta outra forma de interpretar a tradição europeia, lendo-a de um ponto de vista simultaneamente exterior e interior à Europa, é-nos proposta por Manuel Ribeiro Sanches (FLUL) numa antologia de ensaios de vários pensadores contemporaneos com o titulo “Deslocalizar a Europa” (Ediç. Cotovia)


Óbviamente existe um conflito de interesses entre o Modelo Social Europeu e o Modelo Neoliberal selvagem Americano que de “Walfare State” já não tem nada. Mais uma vez a crise existe provocada pela deslocalização da produção para onde é mais conveniente financeiramente. Analisando o tecido empresarial da China (em 2004) observa-se que as empresas Estatais representavam 11,3%, as colectivas 2,2%, as Privadas 1,9% enquanto as Empresas detidas pelo capital estrangeiro totalizavam 84,6%. Enquanto isso o consumo per-capita chinês atingia apenas uns modestos 5% em relação a um pais como a Itália. Como é também óbvio a “crise” de sobreprodução e subconsumo serve à manutenção de uma minuscula minoria anglo-saxónica branca de cariz judaico-protestante acolitada pela sombra do aparelho politico-militar norte-americano, que lutará desesperadamente para não perder direitos (mal) adquiridos. Na divisão internacional do Trabalho a visão estratégica global dos USA (leia-se IV Reich) está voltada à construção de um hiper-poder assente no controlo estrutural da produção, das finanças, do comércio, da energia e das telecomunicações no âmbito do “sistema mundo”. Para os chineses sobram as quinquilharias de mão de obra intensiva, para os japoneses os automóveis, para os coreanos a tralha electrónica, etc. O problema é evidentemente grave para a ideia de “Europa” construida democráticamente pelos cidadãos na diversidade especifica das suas regiões. Há apenas um empenhado interesse em manter uma Europa neoliberal que se integre (no Império) sem perda de capacidade de consumo. A situação parece ser tão grave para os diminutos sectores onde permanece algum pensamento racional, que até um insuspeito economista da área conservadora, o Dr. Silva Lopes saiu a terreiro clamando por “uma revolução para acabar com os paraisos fiscais” – o que não constitui novidade nenhuma tendo em consideração tomadas de posição anteriores de figuras com conhecimentos especificos da alta-finança mundial, como Joseph E.Stiglitz e George Soros.

















Na luta que se trava actualmente na Europa, entre os Povos e as Élites, entre o Neoliberalismo e o Estado Social, enfim, entre a tão desgastada ideia de Democracia e a Ditadura Imperial,,, o amigo americano veio dar uma ajudinha promovendo a visibilidade do comissário Barroso (Time Magazine 20/2),,, diz ele: “É fácil pôr as culpas para cima dos estrangeiros, na globalização, no Mercado, mas essa não é a posição honesta que deve ser tomada” – “Nostalgia is not the most helpful attitude”, yep!
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Temos então dado como adquirido que irá permanecer o pensamento irracional – de que são já por demais evidentes os sintomas no acicatar dos cães de guerra que comem nas gamelas da imprensa corporativa, desta feita contra os muçulmanos, como ontem tinha sido contra os latinos, contra os indios, contra os negros – no moderno curto percurso da Humanidade existe uma longa história de vitórias e de sucessos de gente sem escrúpulos, que deixam um rasto de milhões de vítimas anónimas.
Depois do inacreditável episódio dos cartoons, novas fugas cirúrgicas de imagens de novas torturas contra presos muçulmanos, pretendem apenas continuar intencionalmente a atear o ódio. É tudo tão óbvio, tudo tão grosseiramente rasca, que efectivamente só pode ser congeminado por doutores honoris-causa formados e encarapuçados em Georgetown, Washington. áh Ganda Barroso, vendeste-lhes a tuas hipóteses de algum dia voltares a andar sózinho na via pública.

lições da História

"A primeira exportação da Europa foi a Violência"
Sven Lindqvist


* a ler: Conquistadores e Conquistados

Caché - um filme de Michael Haneke

De como o titulo original "Escondido" (Caché) leva em português o sentido contrário: "Nada a Esconder"
Atalanta Filmes


Georges, jornalista e programador de televisão de sucesso , recebe vídeos, filmados clandestinamente a partir da rua, em que aparece com a família, assim como desenhos perturbadores e difíceis de interpretar, e não faz a menor ideia da identidade do remetente.Pouco a pouco, o conteúdo das cassetes vai-se tornando cada vez mais pessoal, o que o leva a pensar que o autor o conhece há muito tempo.
Georges sente que uma ameaça paira sobre si e sobre a sua família mas, como não é explícita, a polícia recusa-se a ajudá-lo...
Rodrigues da Silva no JL/922:
“E quem terá enviado as casssetes?” – perguntará no final o espectador de “Caché”. A pergunta justifica-se mas não percam tempo com ela. Michael Haneke fez de propósito, ao deixar tudo em aberto. Sabem porquê? Porque se tudo ficasse claro, depois do filme arriscávamo-nos a não pensar mais nele. E Haneke quer-nos despertos, abanados do torpor em que o sucessivo consumo de imagens diariamente nos deixa. Por isso é que, logo a abrir, nos engana. Pensamos que o longo plano fixo sobre om qual corre o genérico faz parte da história, e afinal… E, afinal faz, mas o que vemos não é uma imagem de uma casa, mas a de um vídeo que a filmou.(…)
Afinal as cassetes remetem para a infancia de Georges, onde quando tinha seis anos algo correu mal. Uma história de irmãos (de irmãos entre aspas), porque, se ele era filho e francês, o outro era adoptado. E argelino. E seria expulso da família de adopção por culpa deste francês que, só agora, depois de tantos anos – graças às tais cassetes – é obrigado a rememorar esse passado. Com sentimento de culpa? Sim, mas uma culpa que Haneke torna politicamente simbólica, porque se o puto argelino tivera de ser adoptado é porque os pais tinham morrido. E quando? E onde? E como? Em Outubro de 1961, em Paris, quando, no decorrer de uma manifestação pró-independência da Argélia, pela Polica francesa foram deitados ao Sena, nele se afogando mais de duas centenas de compatriotas. A França tardou a assumir isto”.

Entrevista ao realizador de "Caché", Michael Haneke

“Porque explora a culpabilidade colonial francesa?
Remexo na história. Gosto disso. Foi semelhante na Áustria, onde há tantos buracos negros que a culpabilidade individual acaba por se fundir na culpabilidade nacional. Os factos existem: há 50 anos, os franceses agiram mal na Argélia, mas a memória colectiva do país não o aceitou. Aconteceu o mesmo na Áustria: ninguém era nazi durante a guerra, eram todos vítimas. Esta espécie de cegueira voluntária deixa-me louco”. (ler mais aqui)

E nós por cá? Todos bem? Para quando um grande filme que espie as nossas culpas da nossa herança colonial?
Ou tudo nos é indiferente, como se não se tivesse passado nada? – penso que esta ausência de crítica seja por o presente ainda interferir demasiado nesse passado recente.
"Nada a Esconder?" Ou está e ficará "Escondido?"

terça-feira, fevereiro 14, 2006

spin doctors on the Web

a crescente fluxo de opiniões corporativas que desaguam no espaço virtual não acontece a titulo gracioso por um qualque voluntarismo de ocasião que atacou agora de repente os jornalistas-ideólogos-vedetas do star-system. Mal aparecem e os respectivos blogues sobem imediatamente ao top-ten das audiências.


Existem directivas emanadas de cima e o serviço é pago. Se, os leitores cansados de manipulações rascas, corrupção não investigada e espectáculos degradantes, fizeram um manguito aos jornais, e estes perdem audência de dia para dia, e ver televisão é, no mínimo, sinónimo de atraso mental, já alguem reparou que neste espaço virtual onde a livre opinião se tinha refugiado - andamos afinal a ler as mesmas coisas a que ninguem já ligava pêva?

Não há Dia de Namorados para a Directiva Bolkestein

,,, depois de mais de dois anos de congeminações, é hoje que nos vão tentar, mais uma vez, impingir a batata.







Grandes manifestações de repúdio estão hoje convocadas para Estrasburgo.
Já que não se pode deslocar caro leitor - sugiro que envie um email aos nossos deputados no Parlamento Europeu. Adivinhe, aqui desta lista quem, dos nossos "representantes", vai votar a favor da Directiva que liberaliza o trabalho-escravo importado?
O rótulo "democrata-cristão" (Europäischen Volkspartei Christdemokraten) diz-lhe alguma coisa? - veja quem são eles.



www.stopbolkestein.org

* Directiva Bolkestein: uma questão central da luta de classes em curso na Europa
por Renato Soeiro - A situação do processo legislativo

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Virá a Revolução

"Só depois de todas as revoluções virá a revolução que vale: a revolução do despojamento, da disponibilidade e do ascender à poesia, pois que somente como poeta, isto é, criador, na Arte, na Ciência, na Técnica, na Acção e na Contemplação, será o homem verdadeiramente à imagem e semelhança do divino: centelha em nós do pensamento eterno."

Agostinho da Silva, Agosto 81
Lembrado em 13 de fevereiro, dia do centenário do nascimento, por cortesia da Lena d`Agua

Sou Marujo, Mestre e Monge
marujo de águas paradas
mas que levam os navios
às terras por mim sonhadas

Também sou mestre de escola
em que toda a gente cabe
se depois de estudar tudo
sentir bem que nada sabe

Mas nem terra ou mar me prendem
e para voar mais longe
do mosteiro que não houve
e não haja, me fiz monge



"Mestre de filosofia
com mais saber e engenho
o meu gato mia."

* "O Franciscano Anarquista"

domingo, fevereiro 12, 2006

O Choque das Caricaturas

Gravura anti-semita de fins do século XIX













A teoria do Complot Islâmico e do Choque de Civilizações vem sendo progressivamente elaborada desde 1990 para proporcionar uma teoria ideológica que possa substituir o antigo inimigo depois da queda da URSS repondo assim a necessidade da continua intervenção, logo da manutenção, do Complexo Militar-Industrial norte-americano.
Uma espécie de filósofo neocon, o britânico especialista em questões orientais Bernard Lewis(1), o estratega yankee formado em Harvard Samuel Huntington e um consultor francês, Laurent Murawiec(2) foram os principais autores dessa teoria, que permite justificar, nem sempre de forma racional, a cruzada norte-americana pelo Petróleo.
Se em face dos acontecimentos dos últimos anos, depois do 11 de Setembro, tudo isto demorou algum tempo a ser descodificado, as dúvidas desapareceram por completo quando foi conhecido que o famoso livro de Huntington “The Clash of Civilizations” (1993) tinha sido uma encomenda da CIA. (Ver “Peddling Civilizational Wars” em www.counterpunch.org)
Testada pela primeira vez no desmembramento da Jugoslávia em 1996, opondo sérvios e muçulmanos, a teoria viria a servir às mil maravilhas para incutir o medo generalizado contra a Al-Qaeda, uma criação fictícia norte-americana conforme nos contou depois o general americano Wesley Clark comandante da tropas de intervenção da Nato nos Balcãs.
A decadência do capitalismo, e por consequência a queda de hegemonia da superpotência americana, o esgotamento dos recursos naturais e a guerra pelo petróleo, os fenómenos cada vez mais frequentes de catástrofes naturais derivadas do aquecimento global provocado pela emissão de dióxido de carbono cuja origem principal é o modo de vida ocidental, enfim as questões religiosas de se usar ou não usar símbolos para representar deuses, tudo tem servido às tropas de choque mediáticas para trazer à baila o choque de culturas que caracteriza o processo de globalização económica actualmente em curso. Nada disto é novo, apenas assume uma nova forma pelos mesmos métodos que servem à implementação do velho Imperialismo, não já em nome de um país (ou de um grupo como o G8, cujo destino é uma cada vez uma maior pulverização em regiões cuja diversidade de interesses obsta a que alguns ainda chamados países possam assumir o pagamento das facturas de guerras), mas tão só em nome de uma Casta oligárquica mundial transnacional acolitada à sombra dos neoconservadores que usurparam o poder em Washington.

Transformar isto em choque de culturas que se baseia nas relações irreconciliáveis entre as diferentes culturas que coabitam no planeta e que irá provocar uma competição encarniçada pela sobrevivência, foi certamente a finalidade das caricaturas de Maomé, decerto de igual maneira também elas encomendadas a um manhoso jornal dinamarquês e trabalhadas posteriormente junto das camadas mais iliteratas dos fundamentalistas obstinados de ambos os lados. Maomé é um símbolo que representa o Islão. Representar Maomé como um terrorista significa identificar todo o Islão com o terrorismo. Se esta provocação e subsquente manipulação de massas explorando a ignorância era previsível, menos expectável seria que as nossas elites literatas se deixassem arrastar neste coro vergonhoso de opiniões que transbordam dos jornais e televisões, desde o “estamos em guerra” de Pacheco Pereira até a manifestações pela “liberdade de expressão” às portas da embaixada dinamarquesa que nada têm a ver com o assunto, culminando no “estamos perante uma espécie de cruzadas ao contrário que os Islão lançou contra os não-crentes” de Miguel Sousa Tavares. Esta instrumentalização da nossa pretensa “inteligentsia” é preocupante. Será que toda esta gente ignora que os Deuses foram uma criação do Homem?, acreditam que a Virgem Maria pariu alguém que nos salvásse quando conseguiu ficar prenha dum pombo chamado Espírito Santo? Que a irmã Lúcia e os 3 pastorinhos não tiveram nada a ver com a ditadura de Salazar?
O enfrentamento entre o Islão e a nossa kultura ocidental de iconografia Cristã, que está a incendiar todo o Médio Oriente e que alastra em contínuo para o coração da Europa só poderá ter a finalidade prática de proceder à detenção de Maomé nos diversos Guantanamos em construção. Sem que os nossos intelectuais desde a extrema-direita recém incentivada até ao Bloco dito de Esquerda se mostrem minimamente preocupados.Uma ampla frente comum deveras inverosimel, ou talvez não, se tivermos em conta a defesa de previlégios (esses sim, culturais) ameaçados.

“É aqui (e não no Iraque) que George Bush pode, enfim, proclamar a vitória do seu programa. (…) Afinal, já quase toda a Gália está ocupada e apta a cumprir a “bushiszação” do mundo”, concluiria Ana Sá Lopes no DN.

Na América, um dos únicos órgão informativos relativamente independentes e dignos do nome, a cadeia de televisão PBS promoveu um debate entre os dois pontos de vista em conflito, convidando um representante da influente comunidade muçulmana – no caso da denominada Intifada Electrónica, e a versão oficial da “guerra santa” cujo vídeo pode ser visto aqui.
Enquanto no Irão o diario “Hamshari” convocou um concurso internacional de caricaturas sobre o Holocausto e os crimes dos Estados Unidos,
assim como quem diz, à laia de lembrete: não se esqueçam de protestar também contra as leis que proíbem duvidar do "Holocausto" na Europa.

Efectivamente a nova vaga de Anti-Semitismo não nasceu de geração espontânea. O poder económico da Alta-Finança Mundial refugiou-se durante a 2ª Grande Guerra nos Estados Unidos e é detido em grande maioria pela comunidade judaica aliada ao grupo étnico de brancos anglo-saxónicos que detêm em conjunto as maiores Multinacionais que exploram quase sem leis todo o planeta, mantendo e relançando a velha aspiração de dominarem o Mundo. Esta nova Casta transnacional dominante não hesitará, mais uma vez, em lançar a Humanidade num novo confronto que sirva os seus interesses, pese embora os efeitos apocalípticos que se adivinham. Ainda assim, se a destruição for tão grande quanto se calcula, ela servirá os propósitos do emergente IV Reich na medida em que controlará demograficamente a população mundial. Existem estudos que apontam para que o Capitalismo só poderá ser viável e subsistir em função das capacidades de oferta e procura de Mercado se a população mundial estabilizar por volta dos 4 biliões de habitantes. É trágico, mas a guerra do Neoliberalismo contra Todos que se avizinha, de religiosa tem apenas o nome como pretexto. O seu objectivo são números. Como sempre. e o Holocausto é necessário. Como o outro também tinha sido.













Maomé em Guantanamo - cartoon publicado no site "Rebelion"

* (1) Ver tambem: "L`Affaire Bernard Lewis" - O genocidio do Povo Arménio, e a sua negação pela falsificação da História.
* (2) Ver tambem: "A Guerra no Século XXI"
* e no site Anti-War:
"os Neocons correm pelo Ouro"

sábado, fevereiro 11, 2006

2006, o Estado a Saque

Peça em três actos









I Acto – Palácio de São Bento, gabinete do secretário geral do PS. Toca o telefone, a secretária manda Sócrates atender. Do lado de lá está o ex-Secretário geral do PS, Vítor Constâncio, agora Governador do Banco de Portugal.

VC – Estou sim!, olá. Zé, tens de vir cá hoje às 6 da tarde. Para se dar inicio àquela coisa. Não te preocupes que é assunto de rotina.
(assunto de rotina é a palavra-código para transmitir que o caso é importante e assim iludir as escutas telefónicas dos poderes mediáticos)
1ºMinistro – porra pá! Logo hoje que tinha combinado com o Diogo ir ver o casaco novo de veludo preto que o gajo comprou,,,
VC – tens muitas razões de queixa. Pior estou eu que tenho de ter isto tudo a andar antes do dia 8. Tenho de ir ao Barbeiro. (risos),,, nã nã, não é esse! É o de Sevilha, do Pinamonti no São Carlos. Sabes que eu aparecer na estreia do São Carlos é sinal de estabilidade politica pá. (…) pois,. Então até logo. Tá.

II Acto – Salão de clientes VIP do Banco de Portugal – Entra Sócrates com a testa franzida, cabelo curtinho e aquela cara de parvo que deus lhe deu que lhe confere o ar espantado pré-encenado e estudado que lhe é característico.

VC – Senta-te.
S – rrum,grrum (tosse)
VC – Como sabes,,,tás fartinho de saber, tudo o que é cortes e vendas do património desde o tempo da Manéla e do Durão não chega para fingir que se tapa o buraco. Aqueles gajos cada vez exigem mais massa,,,
S – (coçando o cocuruto) qué quirá sair daí agora,,,
Eu é que fico sempre com o odioso da questão,,,
VC – Estavas avisado. Não querias, não tinhas aceite, pá!
S – pois. Ficavam com o Lopes (ri-se alarvemente). Começo é a ter dúvidas se haverá alguma vantagem em ter alinhado nessa merda, só por causa das Lages. Não eram eles que dantes é que nos pagavam?
VC – Tino na língua!, o Sampaio, o Balsemão e o Ramalho é que sabem. E o que é que tu farias na tua insignificância? Não havia alternativa. Ou por outra, haver havia,,, era preciso era por a malta toda a trabalhar e a ganhar para aquilo que comem.
S – Surreal!,,, (risos)
VC – Bom, vamos lá mas é a factos que tenho mais que fazer. É preciso despachar aquela coisa da Portugal Telecom. Para não dar muita bronca, divide-se a batata e vende-se aos bocadinhos. Rende mais. E dizes que é por causa da concorrência.
S – e quem,,, (gagueja)
VC – (interrompendo) – Manda chamar o Belmiro. Já tá tudo meio amanhado com ele. Explica-lhe, e ele que avance com a proposta. Na parte das massas, ele que ligue para o coiso (esquece-se do nome), aquele o espanhol do Banco, pá.
S – o Horta Osório é nosso, esteve na neve comigo,,,
VC – isso, isso, é esse!
S – E o que é que o Belmiro ,,,
VC – (interrompendo) leva a Rede Móvel e no resto não mete a unha num tusto, ouviste!? Põe-te a pau com o gajo
S – tá feito.
VC – Xau!

III Acto
Espanha – Sede da Telefónica, a master-franchiser das Telecomunicações para a Ibéria.
Toca o telefone vermelho. É a secretaria de Ben Bernanke do FED

(a estória está no prelo)