"Cabul com tanta tropa e movimento, vem mesmo a calhar. Se calhar também, voltamos ao tempo da guerra das ex-colónias, ou seja, os oficiais compravam um apartamento do J.Pimenta, após cada comissão de serviço. Onde compram agora?"
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Luis Salgado de Matos, ao apelar á guerra de agressão da Nato contra o Irão, não é um vulgar imbecil. É mais do que isso. Ele é um resquicio que faz parte daquela classe de sargentos que lucravam com a guerra colonial – pelas transferências continuadas de angolares para escudos e vice-versa valorizando o dinheiro 30 por cento por cada vez em cada transferência. Ganharam-se assim desavergonhadamente milhões, num pais com carências de toda a ordem. Os profissionais da desgraça alheia sempre se manifestaram expeditos. Não duvido que Luis Salgado de Matos precise de ganhar a vida, ou que os seus direitos de parasita possam estar a ser postos em causa. Apenas se exige, com os meios disponiveis nos tempos que correm, que o faça honestamente.É do mais elementar bom senso que defenda ele e a sua excelentissima familia os seus/deles previlégios. E o primeiro passo é mandar os seus filhos lá para a tal guerra contra os muçulmanos de Teerão e arredores. Mande os dele, porque os nossos não vão de certeza.
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Passado este desabafo, sabemos que os tempos vão mudando e que as coisas hoje já (quase) não são assim. O negócio da morte é uma profissão tecnológica. Já não há cobardes. São todos uns valentões, escudados atrás das suas fardas e postos de engenheiros a bel recato e a milhas de distância. Bestas tecnológicas. *(aquele "quase" é que é que os lixa, porque quando saem cá para fora,,,). Nos novos caminhos civilizacionais ditaturiais que se desenham no horizonte, acabar literalmente com a contestação de massas será um objectivo urgente a conseguir; nessa perspectiva, a recente discussão entre o criacionismo religioso e darwinismo cientifico não é ingénua. Enquanto, explorando a crendice e a estupidez, se prega o livre arbitrio da Criação por um Deus que ninguem viu nem ninguem sabe quem é, entre os Homens trabalha-se afanosamente na concepção de um design do porvir humano, deturpando Darwin, procurando uma velha aspiração dos seus detractores - a fundação de uma "teoria" hostil à reprodução dos "pobres e indolentes",pensada por forma a que estes deixem de se constituir como um obstáculo ao aumento numérico dos "homens superiores".
Voltando à marca da besta, deve ser assim, como superior, que Luis Salgado de Matos e os seus compinchas de opinião se sentem. Ou, se calhar, já lhe administraram o tal microchip, e não sente nada.
* Para aprofundar o tema:
O CAPITALISMO BIOTECNOLÓGICO E O ESPECTRO DO EUGENISMO LIBERAL
um artigo de José Luís Garcia, publicado no LeMonde Diplomatique, em Novembro/2003
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