Queixam-se os intectuais com alvará de uma grande perplexidade perante a incapacidade de compreensão dos acontecimentos na sua multiplicidade. Se ao ler a mac-papinha que nos servem já não vemos apenas bons de um lado e maus doutro, como ultrapassar o desconforto ao ter de fazer a distinção? “Como é que se continua a ler, escrever e pensar quando muitos de nós não percebem já nada disto?” interroga-se Prado Coelho.
Façam como nós nunca deixámos de fazer, caríssimos. Leiam nas entrelinhas da escassa informação que o Poder deixa escapar. Fica clarinho como água!
Criticar este Governo pós assalto neoliberal ao PS, sem que seja numa perspectiva de mudança de paradigma revela-se um exercicio alienante. Com efeito a Direita em peso baba-se em elogios a Sócrates, e por aqui nada mudará a não ser que seja (como aliás,tudo) importado. E o pior está para vir com o consulado do Sr. Silva. De fora, da UE já veio o mote: para o ano é preciso apertar ainda mais as medidas de contenção do défice. Sobra pouco que esconda que estamos a regredir em relação à média europeia. Vamos em 70%, e das medidas avulsas que ficam do exercicio deste ano, destinadas a proletarizar a classe média, retêm-se por contraponto os Fundos Europeus “caidos do Céu” por acção dos acordos do sr. Barroso feitos com Bush, com o beneplácito das cúpulas neoliberais do directório central da UE, no caso ("feliz acaso!")sob a presidência do aliado Britânico. Portugal vai continuar a beneficiar de generosos fluxos financeiros da União sem que isso se reflicta em resultados visiveis na melhoria de situação dos portugueses. Com a experiência que temos de exercicios anteriores das clientelas Cavaquistas na delapidação de Fundos Comunitários, quanto às perpectivas para o futuro, estamos conversados.
Que mudou então ao fim deste 1º ano de PS, a não ser o tom, tambem ele autoritário, das delarações? Nada!
Ponto por ponto, da lista vinda ontem no jornal Publico:
1 - Defice: dos 6,8% previstos e encenados por Vitor Constâncio, o valor ficará abaixo, o que se traduz numa melhoria cosmética de imagem do governo.Os mais de 1300 milhões de euros arrecadados devem-se a cobranças por via da informatização dos serviços fiscais, determinada por Ferreira Leite e ao aumento de impostos, como o IVA, desincentivando o consumo, e não a qualquer esforço de contenção ao nacional-tachismo governamental e autárquico. Imagine-se então se algum dia houvesse moralidade e um esforço efectivo na cobrança dos 3000 milhões de Euros que as Empresas devem à Segurança Social. A manipulação do “défice” que serve para encobrir o financiamento às guerras do Império ficaria com a careca à mostra.
2 – o Plano Tecnológico limita-se quase em exclusivo à informatização dos serviços do Estado como ficou evidente na rábula promocional da visita do sr. bill Gates cá à paróquia. Outra parceria de dificil gestão entre o MIT e a Universidade do Minho parece ser a outra metade do “Plano”, a anunciar.
3 – a Reestruturação da Administração Pública consiste em dar primazia aos contratos individuais de trabalho à americana. Um funcionário lamentava-se um destes dias numa Tv que, para poder trabalhar (a titulo precário nos CTT), apenas em 6 anos tinha assinado mais de uma centena de Contratos ao serviço duma empresa intermediária de prestação de serviços, a Manpower.
4 – OTA e TGV – perante a oposição generalizada de vastos sectores técnico-profissionais que por todo o pais os contesta , os mega-investimentos estão encalhados. Marcarão posição lá mais para o fim da legislatura para sinalizar dividendos a cobrar pelos actuais gestores aos futuros gestores.
5 – Fim dos regimes especiais na segurança social e de saúde. A lei das Reformas afecta centenas de milhares de pessoas que descontaram valores substanciais dos seus ordenados e agora após 40 e mais anos de trabalho lhe vêem sonegados os seus direitos. Alguém se está a abotoar com a massa. Releia-se que ficou dito no parágrafo1.
6 – Lei das Rendas. Destina-se a fazer reverter a actividade desmesurada da Construção Civil da construção nova para a Reabilitação urbana. Perante aquela que parece uma inevitabilidade em face da insustentavel situação de anarquia vigente, esbarra no entanto na ausência de um prévio Plano de Reordenamento de Território. A avaliar pelo caso das irregularidades nos casos Parque Mayer-Feira Popular, Vale de Santo António, Convento dos Inglesinhos, etc – o Pato-Bravismo conluiado com as autarquias vai sobreviver.
7 – Medicamentos fora das Farmácias – lucros fabulosos se adivinham para as Multinacionais Farmacêuticas com o pré-fabricado clima de terror epidémico cuidadosamente publicitado nos espaços públicos mediáticos.
8 – Férias Judiciais reduzidas para um mês. O Conselho Superior de Magistratura já veio a terreiro informar que não conseguirá aplicar a medida. Guerra à vista.
9 – Verão de incêndios e combate aos fogos. Em menos de um mês o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil já conheceu 3 Comandos diferentes. De Prevenção e Ordenamento Florestal nada à vista.
10 – Estratégia de Bolonha - relegada para 2007, enquanto prossegue a sanha anti-escola de proximidade em milhares de pequenas povoações portuguesas. Se queres estudar, emigra, se puderes.
11 – Lei do Aborto – Não foi votada no Parlamento onde o partido da maioria tinha legitimidade para o fazer e resolver a questão porque as obras das Clinicas Privadas ainda não se encontram concluidas. Mais um aninho e o tema volta a ser Arma de Distracção Macissa da opinião pública
12 – Protocolo de Quioto – neste momento Portugal é, à americana, o país da UE mais incumpridor nas emissões de Carbono. Criação da taxa de carbono adiada “sine die” e pagamento de compra de direitos de emissão à vista.
13 - Politica externa: Freitas do Amaral é o lado bonzinho do eixo do Mal. O mais omisso, fora do espectáculo, éTabu.
Global Business - os Governos dos Banqueiros
“Jorge Sampaio presidiu, a partir de Belém, a uma década em que Portugal regrediu em quase tudo” disse Miguel Sousa Tavares.
Estamos dependentes do sucesso das guerras do Império, com cujos crimes o Sr. Silva será conivente e cúmplice, para não continuarmos a regredir na próxima década.
Criando novos partidos com imagem de Centro populista (Portas,Sarmento,Santana), dando novo fôlego no espaço mediático ao CDS, recauchutando a imagem de “esquerda” do PS - independentemente da côr com que se pretenda pintar o Regime, este derivou de facto imperceptivelmente para a Extrema-Direita. Em perfeita sintonia com os Neocons de Washington.
Eles "andem" aí e alguém teve interesse em promovê-los. Assim como quem diz: "olhem que ainda há pior que nós",,,
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