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Depois destas grandiloquências Bush distribuiu os amendoins: ameaçou o Irão com “uma liderança ofensiva” se este país continuar com o seu programa de enriquecimento de urânio, enquanto para dentro anunciou um plano de investigação e de nuclearização energética dos EUA; mudou o programa eleitoral do Hamas marimbando-se na legitimidade do voto popular; afirmou que manterá a ocupação militar do Iraque até que “a democratização armada tenha terminado” (!) e reiterou o empenho norte-americano em continuar com o desenho económico e politico do Médio Oriente. Em nome do Destino determinado a partir dos céus finalmente recordou a todas as elites económicas e politicas que a Democracia e a Liberdade são exactamente a mesma coisa que a vontade dos Estados Unidos. Bush, o Dubya da Skull&Bones - como diria Neruda – fez soar a trompeta para anunciar que engoliria o Mundo.
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Marx afirma que a consciência humana é sempre social e histórica, isto é, determinada pelas condições concretas da nossa existência. Então, poderia o Império decidir-se por outras opções que não aquelas que são determinadas no actual estádio de desenvolvimento das formações económicas?
Um rápido olhar para o quadro abaixo mostra-nos que a melhor opção para optimizar a conjuntura é passar rapidamente e em força do léxico politiquês/economês para a prática da variante A – a que oferece mais garantias, ou seja a Guerra; por aí se descobrem e encontram as pistas do discurso geo-estratégico dos Neocons.
a Estrutura do Mercado de Trabalho e a Dinâmica da Retoma Reestruturante no Centro Capitalista
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gráfico adaptado da Monthly Rewiew
“A geopolitica não significa nada, a não ser a ideologia expansionista do Imperialismo”!
escrevia Franz Neumann em “Behemoth” (1942) criticando o imperialismo alemão do III Reich, cujo expansionismo esteve na origem do desencadear da II grande guerra mundial.
Para quem ainda não teve a sua dose dos diversos fascismos, é sempre útil comparar o espírito da época, quando o centro do capitalismo era a Alemanha, sintetizado depois por Herbert Marcuse:
“O regime nazi não alterou o processo de produção, cuja matriz continuou nas mãos dos grupos que controlavam os meios de produção. O seu objectivo era abolir a distinção entre Estado e Sociedade, transferindo as funções políticas para os que detinham o poder”
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O Exército tornou-se um Estado dentro do Estado, os empresários foram submetidos a restrições e a classe operária foi subjugada de forma totalitária. Patrões e empregados, reunidos na Frente do Trabalho, participaram lado a lado de desfiles e manifestações, observando as mesmas regras de comportamento. Mais importante: a antiga burocracia e as altas instâncias da indústria e das finanças reconheceram o novo Mestre e os novos métodos de Governo. O Estado moderno foi organizado fora do campo das relações interpessoais, domínio considerado como não-político, segundo leis e modelos próprios. Antes, o Estado reconhecia que certos direitos sociais já existiam antes dele. O nacional- socialismo aboliu essa distinção entre Estado e Sociedade. O Estado como uma máquina: um conceito que reflete melhor a realidade nacional-socialista do que as teorias sobre raças ou sobre o Estado-guia. Ninguém sabe quando e onde surgirá a máquina: todas as atividades humanas são submetidas aos objetivos imperiosos de controle e de expansão. Na realidade, não são Himmler, nem Göring, nem Ley que atacam e comandam efetivamente, e sim a Gestapo, a Luftwaffe e a Frente de Trabalho. O poder supremo não se concentra num industrial, general ou líder político, mas nos conglomerados industriais, no aparelho militar e na função política. Pela importância conferida ao indivíduo, o nacional- socialismo tornou concretas certas tendências fundamentais da sociedade individualista.
Dá-se um chupa aos neoliberais que aqui virem alguma analogia com os tempos que correm.
Pode-se entretanto ler o restante ensaio de Marcuse “O que é o nacional-socialismo?” do III Reich,,, enquanto se filosofa sobre o que virá a ser o “mundial-individualismo” do IV Reich
para aprofundar o tema:
"Do Estado Nacional para o Estado Global: o declínio da democracia" (Universidade de Frankfurt)
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