Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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segunda-feira, agosto 07, 2006
Pensar a economia de outro modo
Parece que é unânime que o nosso País enfrenta uma grave crise económica e social. O mesmo já não acontece quanto à identificação dos principais problemas, dos objectivos a atingir e dos caminhos a prosseguir. E não acontece, naturalmente, tendo em conta a natureza social da ciência económica, por onde perpassam os interesses e os conflitos de classe.
Contudo, o pensamento económico dominante de cariz neoliberal, cujo discurso é veiculado pelos principais órgãos de comunicação social, tenta apresentar como única, verdadeira e cientificamente comprovada, a sua visão dos problemas económicos e sociais, bem como do caminho para a sua resolução. Para o efeito, tenta dar a ideia de que todos estão de acordo (uns são prós e os outros a favor), socorrendo-se da opinião “insuspeita” de meios académicos ou de grandes instituições internacionais (como o FMI e a OCDE) ou da “voz” dos mercados, dos grandes grupos ou das agências de rating. Para isso, tudo faz para minimizar ou silenciar todos os que pensam a economia de outro modo. Sendo assim, nada há a fazer se não aceitar as receitas da “cartilha neoliberal”, que envolvem sempre sacrifícios para as classes trabalhadoras e de mais baixos rendimentos. Mas há sempre quem reme contra a corrente. Vem isto a propósito do recente lançamento dum livro do economista Eugénio Rosa, intitulado “Uma nova política económica ao serviço das pessoas e de Portugal” (*).
Trata-se duma importante obra, com exaustiva informação estatística, onde o autor analisa a situação económica e social do nosso País, nos últimos dez anos, apresenta algumas causas do agravamento dessa situação e aponta alguns contributos para uma política económica alternativa. Como indica o seu subtítulo, trata-se de “uma alternativa ao pensamento neoliberal dominante nos media e a nível oficial e mesmo académico”. Nesta obra, Eugénio Rosa enfatiza como uma questão central, a necessidade de colocar a economia ao serviço das pessoas (satisfação das necessidades humanas), ao invés da ideia dominante de pôr as pessoas ao serviço da economia (satisfação dos interesses dos grupos económicos). Como salienta o professor Mário Murteira, no prefácio do livro, há um discurso ideológico dominante que “oculta o essencial da realidade social a que respeita, em lugar de contribuir para desvendá-la e permitir a sua transformação positiva” (ler restante artigo de J.Alberto Pitacas)
do prefácio do Prof. Mário Murteira: "Como Eugénio Rosa mostra convincentemente, tem-se acentuado no nosso País a exclusão e a desigualdade. Não se trata, pois, de crescer pouco, ou mesmo de estagnar; trata-se de uma minoria enriquecer, enquanto a maioria empobrece em termos relativos ou mesmo absolutos. Esta caracteristica profunda da sociedade portuguesa é praticamente ignorada pelo discurso ideológico dominante (...)"
Eugénio Rosa (2006), "Uma Nova Política Económica ao Serviço das Pessoas e de Portugal", Editorial Caminho, Lisboa.
(*) lista completa de artigos de Eugénio Rosa, publicados no site "Informação Alternativa"
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