Nos bons velhos tempos em que a burguesia se pautava ainda por valores éticos, embora de forma fleumática, o britânico Lord Northcliff, desarrincou certa vez uma tirada que ficou famosa:
“Só se podem chamar notícias ao que alguém, em qualquer lugar, pretende ocultar, tudo o mais é publicidade.”
Este é o caso dos RSF.
Robert Menard, o secretário geral da Ong "Repórteres Sem Fronteiras" (RSF) reconhece efectivamente que a organização trabalha em publicidade e marketing quando admite que é financiada pelo Instituto Republicano Internacional,
que é composto por 4 departamentos norte- americanos: "Endowment for Democracy (NED), um serviço criado por Reagan em 1983 para apoiar os programas de infiltração da CIA na sociedade civil nos paises que se pretendem tornar dependentes, pelo NDI, a "alternativa" do Partido Democrata para o mesmo efeito, a CIPE para a área do Comércio, o sindicato AFL-CIO em nome da "solidariedade no trabalho",,, e ainda, ultimamente em especial pelo "Center for Free Cuba" (CFC), todos debaixo do chapéu de chuva da "ajuda americana" USAID.
Fica assim descoberto o porquê do seu activismo contra Cuba, questão aliás já posta em livro por Jean-Guy Allard.
Como sempre, por detrás destes aparente e inocentes subsidios escondem-se as actividades da CIA: vidé www.voltairenet.org/
que no contrato estabelecido os obriga a mentir descaradamente, como por exemplo, no caso do assassinato por militares yankees do jornalista José Couso em 2003 no Hotel Palestina em Bagdad.
Para impor a sua ordem, especialmente nas zonas mais quentes da América Latina, George W. Bush recorreu a um inflexivel especialista em contra-revolução, com provas dadas sob as ordens de Oliver North (Operação IrãoContras), colaborando em proximidade com o subsecretário para o control de armas John Bolton, que hoje é embaixador na ONU: Otto Reich. (na foto do cartaz)
É esta espécie de gente que administra as "noticias" sobre liberdade e outras tretas e, para cúmulo,,, têm pretensões a que os incautos as assimilem.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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sábado, setembro 30, 2006
quinta-feira, setembro 28, 2006
Critica da Ideologia do Progresso
Passaram ontem 66 anos sobre a morte de Walter Benjamin (1892-1940). Judeu, Alemão e Marxista foi encontrado morto quando, fugindo do nazismo, tentava escapar da França ocupada para a Espanha dominada pelos fascistas de Franco. Do baú que levava consigo, contendo manuscritos que foram deixados apodrecer pela água e pelo tempo numa cela subterrânea de Port Bou, nunca saberemos o conteúdo.
Da obra legada, partiu a primeira tentativa importante de crítica da ideologia do Progresso – acrescentando o pessimismo à teoria da revolução comunista, com conceitos premonitórios que Marx, no estádio de desenvolvimento da produção industrial na sua época não poderia ter conhecido. No “Livro das Passagens Parisienses“ propõe-se o desenvolvimento de um materialismo histórico que iria abolir radicalmente a ideia de progresso. Para Benjamin a Revolução, ou seja o processo de emancipação do proletariado criado pela produção industrial, tinha deixado de ser determinada pelo desenvolvimento das forças produtivas, mas seria antes uma interrupção abrupta de um processo catastrófico, e note-se bem que isto estava a ser dito em 1929, cujo indicador era o aperfeiçoamento crescente das técnicas industriais militares – isto é, para retomar a sua imagem, como apagar um pavio fumegante antes que o fogo da tecnologia ficasse incontrolável e provocasse uma explosão fatal à civilização humana (expresso no ensaio “Sentimento Único” 1928) – “apenas podemos ter confiança ilimitada na IG Farben e no aperfeiçoamento pacífico da Luftwaffe” dizia em “O Surrealismo”.
Walter Benjamin reconhece contudo a contribuição positiva do desenvolvimento dos conhecimentos e das técnicas, mas recusa-se a considerá-las ipso facto como um progresso humano. Sem negar o potencial emancipador da tecnologia moderna, ele preocupou-se com o seu dominio social, pelo controlo da sociedade sobre as suas relações com a Natureza. A sociedade sem classes do futuro deverá colocar um fim não somente na exploração do homem pelo homem mas também na da natureza, substituindo as formas destruidoras da tecnologia actual por uma nova modalidade de trabalho, “que longe de explorar a natureza, pode fazer nascer dela as criações virtuais adormecidas no seu seio” in “Teses sobre o Conceito de História” (1940). Recusando uma escrita da história em termos de progresso – que seria a elegia da “civilização” e da “produtividade” – ele propõe-se interpretá-la do ponto de vista das suas vítimas, das classes e povos esmagados pelo carro triunfal dos vencedores. Nesta perspectiva, o progresso aparece como uma tempestade maléfica que distancia a humanidade do paraiso original e que fez da história “uma catástrofe que continua a empilhar ruína sobre ruína”. A Revolução perdeu o papel de locomotiva da História para passar a ser o travão de emergência que a humanidade puxa antes do comboio se despenhar no abismo.
Para aprofundar o tema, ler:
“Marxismo, Modernidade e Utopia” de Michael Löwy e Daniel Bensaid, Edit. Xamã, São Paulo, 2000.
quarta-feira, setembro 27, 2006
Internet, Informação e Cidadania
o canto popular exorcisa o diabo
o senador McCarthy e o McCarthismo em pano de fundo
a Internet está em perigo porém não existe debate sobre o seu futuro. Companhías de cabo gigantes como a AT&T Comp., Comcast e a Verizon estão a apoderar-se da Rede mediante legislação e ordens judiciais perseguindo a finalidade da perda do carácter democrático da Rede e oferecer, em troca, um serviço duplo - um caro e rápido, de alta tecnología, à medida dos ricos e outro de segunda classe para os pobres, mas com intervenção corporativa nos conteúdos.O assunto aparece referido em primeiro lugar na nova edição dos "Projectos Censurados 2007" que foca 25 casos que foram ignorados na imprensa corporativa nos EUA durante este ano.
Existe uma tradução para espanhol, aqui
entretanto, as reinvindicações sobem de patamar,
Não queremos só Informação, queremos poder de DECISÃO!
A Internet já representa um salto para a frente no que se refere aos processos de produção, difusão e utilização de informação. Entretanto, o seu papel político ainda é marginal, porque estamos apegados a sistemas representativos obsoletos, elitistas e dispendiosos. As tecnologias de criptografia e chaves duplas já criaram as condições para o cidadão participar directamente de algumas decisões governamentais importantes, como discussão e votação de leis, utilização de verbas orçamentais, definição de metas e prioridades públicas, etc...
É evidente que os políticos sabem disto e não pretendem abrir mão do seu privilégio de representar apenas os grupos de pressão economicamente relevantes e de cuidar dos seus próprios interesses na condução das coisas públicas. A grande luta do século XXI não vai ser por mais informação (pois a mesma já está na ponta de nossos dedos) mas por mais democracia, por mais participação directa e por menos gastos com um sistema representativo política e tecnologicamente ultrapassado.
terça-feira, setembro 26, 2006
des-Urbanismo
A demolição do prédio Coutinho em Viana do Castelo traz para a ordem do dia a problemática do Decrescimento. Deveria este tema ser ponto de partida no debate para se evitar o seu contrário: o construtivismo (os pós-modernistas chamam-lhe "desconstrutivismo") continuado do supérfluo e desnecessário em termos de utilização, que não na obtenção de lucros imediatos pelo simples acto de construir e vender mamarrachos que precisam de ganhos em dimensão em metros quadrados para que aumentem de valor para a mentalidade de pato-bravo que os promove. O prejuizo, é sabido, é distribuido por por tudo e todos os que estão à volta, na secagem da paisagem.
Este era um dos pontos fulcrais do livro “Sob o Signo da Verdade” (quem se lembra?) de Manuel Maria Carrilho onde, entre outros problemas ligados ao jornalismo corporativo, denunciava o clima de compadrio entre os gestores da cidade (no caso em Lisboa) e os lobies instalados da construção civil?. Paulo Morais no Porto, também em livro – “Mudar o Poder Local” - viria a fazer iguais denúncias. O resultado, claro está, é a ostracização dos personagens que se arroguem pretender alterar as necessidades irracionais de crescimento do capitalismo. De La Rochefoucalt depreende-se a astuta máxima: “se queres fazer carreira disfarça os teus dons, esconde a tua inteligência, faz-te mesmo um pouco medíocre”. Mas Carrilho “não aprende” e ontem voltou à carga: “ o dinheiro dos contribuintes deve ser gasto não com ex-politicos, mas com pessoas especializadas em várias áreas, brilhantes no que fazem, que mais do que dizem percebem mais do que aqueles palermas” disse, num colóquio subordinado ao tema “Portugal, os Media e a Democracia” referindo-se aos comentadores (sempre-os-mesmos) habitualmente presentes nos meios de desinformação. A vida e a dinâmica de corrupção vigente parecem dar-lhe razão, a avaliar por esta noticia escondida num esconso de jornal:
“Um prédio de cinco pisos, dentro da zona protegida das muralhas do Castelo de São Jorge, em Lisboa, fora embargado pelo ex-presidente da Câmara. A altura, a profundidade e a área do logradouro “escandalizaram Santana Lopes”. Agora, a autarquia desembargou o monstro, com o argumento de que o projecto fora aprovado em 1998, cinco dias antes da entrada em vigor do Plano da Colina do Castelo”.
A alternância no que tem de mais degradante a funcionar: mais do que pré concertado, a seguir aos “bons” vêm os “maus”, muda aos 2 e acaba aos 4, e de seguida inverte-se a classificação e volta o jogo ao principio. Depois de fingimentos vários para salvar as aparências aparece-nos claro que resultado do jogo é pré-comprado.
domingo, setembro 24, 2006
dois livros que mereciam ser traduzidos
“Banco Mundial, umGolpe de Estado Permanente”
Eric Toussaint, CADTM
Desde o seu nascimento que o Banco Mundial ignora as recomendações das Nações Unidas suportando regimes não democráticos e ditaduras, sendo a sua acção um vector de pobreza mais do que ajuda às populações abrangidas pelos seus planos. (A social-democracia portuguesa, que nunca se conseguiu libertar verdadeiramente do pendor neo-fascista herdado do anterior regime, foi financiada pelo BM desde a década de 80 sob a batuta de Mário Soares, com os “notáveis” resultados que obtivemos e que temos hoje presentes).
No 3º mundo a instituição é conhecida sobretudo por não fazer caso dos “direitos humanos”.
Para chegar a estas constatações, Eric Toussaint dedica-se a distinguir a diferença entre os objectivos proclamados e os objectivos na verdade atingidos (os primeiros visando a redução da pobreza, os segundos visando a submissão das estruturas públicas ou privadas às exigências do capitalismo mais brutal).
Pelas 310 páginas do livro perpassa um inventário detalhado desmascarando sucessivamente todas as imposturas – nomeadamente o prtenso “modelo” sul- coreano estilizado na asséptica Singapura, propondo em fim de análise que exista a possibilidade de trazer a Banca perante a Justiça. O autor propõe a abolição de todos os fundos monetários internacionais (como o FMI) subsistuindo-os por Instituições ao serviço da emancipação dos povos.
“Inimigos, Confissões de um Homem Chave do FMI”
Ernesto Tenembaum
Quando um jornalista de ideias progressistas e um antigo alto responsável do FMI se encontram, as matérias para discussão são numerosas. Como os dois são argentinos o desafio rapidamente se reportou à crise económica que se abateu sobre aquele país no final da década de 90. Esta obra epistolar é o resultado da troca de emails durante vários meses entre os dois homens. Sem jamais renunciar às suas convicções o antigo funcionário internacional defende a sua acção e a da instituição na qual trabalhou por mais de 30 anos, admitindo contudo certas limitações do FMI, o que nos faz descobrir a entrada num mundo misterioso em que a Economia tem uma dimensão religiosa.
Eric Toussaint, CADTM
Desde o seu nascimento que o Banco Mundial ignora as recomendações das Nações Unidas suportando regimes não democráticos e ditaduras, sendo a sua acção um vector de pobreza mais do que ajuda às populações abrangidas pelos seus planos. (A social-democracia portuguesa, que nunca se conseguiu libertar verdadeiramente do pendor neo-fascista herdado do anterior regime, foi financiada pelo BM desde a década de 80 sob a batuta de Mário Soares, com os “notáveis” resultados que obtivemos e que temos hoje presentes).
No 3º mundo a instituição é conhecida sobretudo por não fazer caso dos “direitos humanos”.
Para chegar a estas constatações, Eric Toussaint dedica-se a distinguir a diferença entre os objectivos proclamados e os objectivos na verdade atingidos (os primeiros visando a redução da pobreza, os segundos visando a submissão das estruturas públicas ou privadas às exigências do capitalismo mais brutal).
Pelas 310 páginas do livro perpassa um inventário detalhado desmascarando sucessivamente todas as imposturas – nomeadamente o prtenso “modelo” sul- coreano estilizado na asséptica Singapura, propondo em fim de análise que exista a possibilidade de trazer a Banca perante a Justiça. O autor propõe a abolição de todos os fundos monetários internacionais (como o FMI) subsistuindo-os por Instituições ao serviço da emancipação dos povos.
“Inimigos, Confissões de um Homem Chave do FMI”
Ernesto Tenembaum
Quando um jornalista de ideias progressistas e um antigo alto responsável do FMI se encontram, as matérias para discussão são numerosas. Como os dois são argentinos o desafio rapidamente se reportou à crise económica que se abateu sobre aquele país no final da década de 90. Esta obra epistolar é o resultado da troca de emails durante vários meses entre os dois homens. Sem jamais renunciar às suas convicções o antigo funcionário internacional defende a sua acção e a da instituição na qual trabalhou por mais de 30 anos, admitindo contudo certas limitações do FMI, o que nos faz descobrir a entrada num mundo misterioso em que a Economia tem uma dimensão religiosa.
sábado, setembro 23, 2006
Isabel do Carmo, sobre a questão do Médio Oriente, “avia” três neocons numa penada
“Algumas das reacções suscitadas pelas minhas tomadas de posição relativas à guerra Israel-Libano revestiram-se dum tom emotivo, que em nada interessa ao esclarecimento das questões e que muitas vezes deturpou ou inverteu mesmo o sentido do que eu disse. O respeito que me merecem alguns dos intervenientes e a importância que eu penso que a situação do Médio Oriente representa para o Mundo, levam-me a responder.
1. Sou médica e não historiadora, como foi comentado or um dos intervenientes. O facto de ser médica não me impede, antes me obriga, a não estar fechada para o Mundo e a ter acesso aos livros de História e outras fontes de informação que todas as pessoas têm, se quiserem. Para além de ser médica tenho responsabilidades em relação ao meu passado que tenciono cumprir, informando-me e tomando posição.
2. Relativamente a raças, racismo e racistas, considero, de acordo com as posições teóricas de geneticistas e epidemiologistas actuais, que não há raças humanas, há grupos étnicos que podem ter algumas caracteristicas físicas, aliás superficiais, comuns e comunidades com caracteristicas culturais também comuns. A espécie humana sobreviveu graças a cruzamentos sucessivos (cito toda a bibliografia do professor Jean Bernnard, ex-presidente da ComissãoNacional de Ética em França, falecido há poucos anos, nomeadamente o seu livro, “L`Histoire du Sang”). Todos viemos de todo o lado. Aquilo que se transforma em racismo é geralmente consequência de grupos dominantes sob ponto de vista económico, social e político que exercem esse domínio sobre grupos dominados em relação aos quais os primeiros encontram caracteristicas distintivas.
3. Mais uma vez se cai no erro, nuns propositado, noutros resultado de evntual confusão, de se considerar que anti-sionista é o mesmo que anti-semita. Anti-sionista é ser crítico da formação de uma pátria judaica constituida sobre território de outros povos. Anti-semita é ser contra os semitas, neste caso a comunidade judaica, embora a designação “semita” deva abranger outras populações do Médio Oriente. Há judeus, membros da comunidade judaica, e mesmo nascidos em Israel, que são anti-sionistas. A acusação de “anti-semita” e “racista” a quem critica o Estado de Israel (como faz António Melo em relação a mim) é uma forma de colar o crítico de Israel às posições “anti-semitas” que levaram ao horror da II Guerra Mundial, que ainda hoje é dificil sequer de perceber. Que AM diga que por ser crítica de Israel sou “racista” desgosta-me, porque quero pensar que resulta de uma verdadeira falta de comunicação. Repito o que escrevi: “Raça judia só houve para os nazis, não há narizes, nem crâneos típicos de judeus, são análises grosseiras e superficiais”, e mais adiante: “É pena que a comunidade judaica que se poderia orgulhar de uma cultura tão importante na Europa, com pensadores determnantes na nossa história (...) se volte para o mito sionista. Isto é “racismo” António Melo?, isto é “um incitamento ao racismo e à violência”, “água suja”, “um incitamento racista, a ressumar ódio anti-semita”? Evito ficar indignada porque isto atinge de facto a minha honra, mas fico perplexa, sem perceber sequer o que pode ocasionar esta tresleitura. Falaremos a mesma lingua? Claro que o tema e a questão das comunidades culturais seria muito interessante de discutir, com calma e bons modos. Ora a minha admiração pela capacidade de resistência judaica e pelos fenómenos intelectuais da sua cultura e o meu respeito pela memória inapagável dos horrores da Inquisição e do Holocausto não me obrigam, não me poderão obrigar, a aceitar o sionismo ou a desculpar que as vítimas se transformem em vitimadores. E lembro que isso pode ser usado como uma chantagem moral.
4. Relativamente aos tempos de criação dos reinos de Judá e Israel e à evocação bíblica do leitor Victor Ramos, lembro que o Antigo Testamento é o registo escrito duma epopeia, tornado sagrado pelas três religiões monoteistas, mas não é um livro de História. Para consulta dos fundamentos arqueológicos, cientificos, da época correspondente evoco, entre outros autores insuspeitos, o livro de Israel Finkelstein, do Instituto da Arqueologia da Universidade de Telavive e de Neil Asher Silberman, director histórico no ENAME Center for Public Archeologic and Heritage Presentation da Bélgica (“Bible Unearthed”, Nova Iorque 2001, ou a tradução francesa “La Bible devoilé, 2002).
5. Quanto à fundação de Israel em 1948, de facto, tal como diz AM, o primeiro país a reconhecer este Estado foi a URSS. Acrescento que também um dos primeiros paises a ajudar foi a Checoslováquia. Mas percebemos hoje os interesses geoestratégicos (que não ideológicos) na zona. Já anteriormente os britânicos acautelavam os seus interesses, pois na declaração de Balfour de 1917, este escrevia a Lord Rothschild, representante da comunidade judaica britânica: “O Governo de Sua Majestade encara favorávelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu. A “protecção” britânica do Canal de Suez e em seguida os interesses do petróleo foram ditando a sua posição na zona.
6. O sionismo, tal como foi sonhado pelo seu fundador, Herzl, no século XIX (Theodor Herzl, L´État des Juifs, 1889) não tinha a ver com o que é hoje. Como comunidade a instalar chegaram a ser postas as hipóteses da Argentina e de Moçambique. Foi um projecto à boa maneira das utopias socialistas do século XIX, tendo algumas sido levadas à prática, com evoluções diversas. O Estado de Israel de 1948, fundado também por socialistas e sindicalistas, como diz AM, evoluiu logo no primeiro ano para a maior das distorções. Quando do Plano de Partilha de 1947 estava escrito que existiriam dois Estados (o árabe e o judaico) e que haveria um “regime internacional especial para a cidade de Jerusalém” (textos das Resoluções de 1947) tendo sido estabelecidas as respectivas fronteiras. O Estado Árabe não chegou a ser constituido, porque se iniciou imediatamente a expansão de Israel que, de 1948 a 1949 passou dos 14 mil km2 que lhe estavam atribuidos para 21 mil km2. Para tal sucederam-se massacres de aldeias e expulsão dos árabes, que constituiam o dobro da população. Para o conhecimento do que foi esta expulsão evoca-se toda a investigação e obras da corrente também insuspeita chamada dos “novos historiadores” de Israel, muito conhecidos nos meios académicos do país e europeus. Trata-se por exemplo de Benny Morris, “The Birth of the Palestinian Refugee Problem, 1947-1949, Cambridge, 1987, ou para uma leitura de conjunto, Dominique Vidal, “O Pecado Original de Israel” 2002, (a expulsão dos palestinianos revisitada pelos “novos historiadores” israelitas). Mas claro que estas referências não aparecem na divulgação habitual e muito menos no nosso país. Depois disto vieram os 97 mil milhões de dólares de ajuda dos EUA, desde 1948. E está tudo dito. As expansões continuaram.
7. Quando digo que o “Estado de Israel é uma situação de facto”, frase que AM critica, significa isso mesmo – está lá e não penso que acabar com ele seja a solução. Mas penso que a Palestina também tem de ser um facto, as fronteiras estabelecidas (Resolução 242 da ONU, de 1967) têm que ser respeitadas. O Estado da Palestina também tem de existir. Citando as palavras do professor Leibowitz, mais uma vez insuspeito: “O facto fundamental, para lá da ideologia, da teoria e da fé, é que este país pertence a dois povos. Cada um deles está no seu intímo profundamente consciente de que este país é o seu. Dito de outro modo, a nossa opção tem de ser ou pela partilha ou pela guerra total” (Joseph Algazy, “La Mauvaise Conscience d`Israel. Entretiens avec Yesayahon”, Leibovitz, 1994).
8. Finalmente, será que temos de escolher entre a cólera e a peste, teremos que ficar encurralados entre o imperialismo EUA/Israel e o regime teocrático do Irão? Será que ao criticarmos o Imperialismo militar e politico e a globalização económica temos de cair nos braços de fundamentalismos medievais e do terrorismo? Recuso essa escolha. Há outro mundo, o que não faz títulos de jornais,outros islamismos, outros israelitas. E necessáriamente outros projectos. E a propósito, meu caro António Melo, é tudo o que tem a dizer a respeito desta guerra?"
Isabel do Carmo, Médica, ex-Dirigente do PRP-BR
1. Sou médica e não historiadora, como foi comentado or um dos intervenientes. O facto de ser médica não me impede, antes me obriga, a não estar fechada para o Mundo e a ter acesso aos livros de História e outras fontes de informação que todas as pessoas têm, se quiserem. Para além de ser médica tenho responsabilidades em relação ao meu passado que tenciono cumprir, informando-me e tomando posição.
2. Relativamente a raças, racismo e racistas, considero, de acordo com as posições teóricas de geneticistas e epidemiologistas actuais, que não há raças humanas, há grupos étnicos que podem ter algumas caracteristicas físicas, aliás superficiais, comuns e comunidades com caracteristicas culturais também comuns. A espécie humana sobreviveu graças a cruzamentos sucessivos (cito toda a bibliografia do professor Jean Bernnard, ex-presidente da ComissãoNacional de Ética em França, falecido há poucos anos, nomeadamente o seu livro, “L`Histoire du Sang”). Todos viemos de todo o lado. Aquilo que se transforma em racismo é geralmente consequência de grupos dominantes sob ponto de vista económico, social e político que exercem esse domínio sobre grupos dominados em relação aos quais os primeiros encontram caracteristicas distintivas.
3. Mais uma vez se cai no erro, nuns propositado, noutros resultado de evntual confusão, de se considerar que anti-sionista é o mesmo que anti-semita. Anti-sionista é ser crítico da formação de uma pátria judaica constituida sobre território de outros povos. Anti-semita é ser contra os semitas, neste caso a comunidade judaica, embora a designação “semita” deva abranger outras populações do Médio Oriente. Há judeus, membros da comunidade judaica, e mesmo nascidos em Israel, que são anti-sionistas. A acusação de “anti-semita” e “racista” a quem critica o Estado de Israel (como faz António Melo em relação a mim) é uma forma de colar o crítico de Israel às posições “anti-semitas” que levaram ao horror da II Guerra Mundial, que ainda hoje é dificil sequer de perceber. Que AM diga que por ser crítica de Israel sou “racista” desgosta-me, porque quero pensar que resulta de uma verdadeira falta de comunicação. Repito o que escrevi: “Raça judia só houve para os nazis, não há narizes, nem crâneos típicos de judeus, são análises grosseiras e superficiais”, e mais adiante: “É pena que a comunidade judaica que se poderia orgulhar de uma cultura tão importante na Europa, com pensadores determnantes na nossa história (...) se volte para o mito sionista. Isto é “racismo” António Melo?, isto é “um incitamento ao racismo e à violência”, “água suja”, “um incitamento racista, a ressumar ódio anti-semita”? Evito ficar indignada porque isto atinge de facto a minha honra, mas fico perplexa, sem perceber sequer o que pode ocasionar esta tresleitura. Falaremos a mesma lingua? Claro que o tema e a questão das comunidades culturais seria muito interessante de discutir, com calma e bons modos. Ora a minha admiração pela capacidade de resistência judaica e pelos fenómenos intelectuais da sua cultura e o meu respeito pela memória inapagável dos horrores da Inquisição e do Holocausto não me obrigam, não me poderão obrigar, a aceitar o sionismo ou a desculpar que as vítimas se transformem em vitimadores. E lembro que isso pode ser usado como uma chantagem moral.
4. Relativamente aos tempos de criação dos reinos de Judá e Israel e à evocação bíblica do leitor Victor Ramos, lembro que o Antigo Testamento é o registo escrito duma epopeia, tornado sagrado pelas três religiões monoteistas, mas não é um livro de História. Para consulta dos fundamentos arqueológicos, cientificos, da época correspondente evoco, entre outros autores insuspeitos, o livro de Israel Finkelstein, do Instituto da Arqueologia da Universidade de Telavive e de Neil Asher Silberman, director histórico no ENAME Center for Public Archeologic and Heritage Presentation da Bélgica (“Bible Unearthed”, Nova Iorque 2001, ou a tradução francesa “La Bible devoilé, 2002).
5. Quanto à fundação de Israel em 1948, de facto, tal como diz AM, o primeiro país a reconhecer este Estado foi a URSS. Acrescento que também um dos primeiros paises a ajudar foi a Checoslováquia. Mas percebemos hoje os interesses geoestratégicos (que não ideológicos) na zona. Já anteriormente os britânicos acautelavam os seus interesses, pois na declaração de Balfour de 1917, este escrevia a Lord Rothschild, representante da comunidade judaica britânica: “O Governo de Sua Majestade encara favorávelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu. A “protecção” britânica do Canal de Suez e em seguida os interesses do petróleo foram ditando a sua posição na zona.
6. O sionismo, tal como foi sonhado pelo seu fundador, Herzl, no século XIX (Theodor Herzl, L´État des Juifs, 1889) não tinha a ver com o que é hoje. Como comunidade a instalar chegaram a ser postas as hipóteses da Argentina e de Moçambique. Foi um projecto à boa maneira das utopias socialistas do século XIX, tendo algumas sido levadas à prática, com evoluções diversas. O Estado de Israel de 1948, fundado também por socialistas e sindicalistas, como diz AM, evoluiu logo no primeiro ano para a maior das distorções. Quando do Plano de Partilha de 1947 estava escrito que existiriam dois Estados (o árabe e o judaico) e que haveria um “regime internacional especial para a cidade de Jerusalém” (textos das Resoluções de 1947) tendo sido estabelecidas as respectivas fronteiras. O Estado Árabe não chegou a ser constituido, porque se iniciou imediatamente a expansão de Israel que, de 1948 a 1949 passou dos 14 mil km2 que lhe estavam atribuidos para 21 mil km2. Para tal sucederam-se massacres de aldeias e expulsão dos árabes, que constituiam o dobro da população. Para o conhecimento do que foi esta expulsão evoca-se toda a investigação e obras da corrente também insuspeita chamada dos “novos historiadores” de Israel, muito conhecidos nos meios académicos do país e europeus. Trata-se por exemplo de Benny Morris, “The Birth of the Palestinian Refugee Problem, 1947-1949, Cambridge, 1987, ou para uma leitura de conjunto, Dominique Vidal, “O Pecado Original de Israel” 2002, (a expulsão dos palestinianos revisitada pelos “novos historiadores” israelitas). Mas claro que estas referências não aparecem na divulgação habitual e muito menos no nosso país. Depois disto vieram os 97 mil milhões de dólares de ajuda dos EUA, desde 1948. E está tudo dito. As expansões continuaram.
7. Quando digo que o “Estado de Israel é uma situação de facto”, frase que AM critica, significa isso mesmo – está lá e não penso que acabar com ele seja a solução. Mas penso que a Palestina também tem de ser um facto, as fronteiras estabelecidas (Resolução 242 da ONU, de 1967) têm que ser respeitadas. O Estado da Palestina também tem de existir. Citando as palavras do professor Leibowitz, mais uma vez insuspeito: “O facto fundamental, para lá da ideologia, da teoria e da fé, é que este país pertence a dois povos. Cada um deles está no seu intímo profundamente consciente de que este país é o seu. Dito de outro modo, a nossa opção tem de ser ou pela partilha ou pela guerra total” (Joseph Algazy, “La Mauvaise Conscience d`Israel. Entretiens avec Yesayahon”, Leibovitz, 1994).
8. Finalmente, será que temos de escolher entre a cólera e a peste, teremos que ficar encurralados entre o imperialismo EUA/Israel e o regime teocrático do Irão? Será que ao criticarmos o Imperialismo militar e politico e a globalização económica temos de cair nos braços de fundamentalismos medievais e do terrorismo? Recuso essa escolha. Há outro mundo, o que não faz títulos de jornais,outros islamismos, outros israelitas. E necessáriamente outros projectos. E a propósito, meu caro António Melo, é tudo o que tem a dizer a respeito desta guerra?"
Isabel do Carmo, Médica, ex-Dirigente do PRP-BR
sexta-feira, setembro 22, 2006
Os Intocáveis
o "Compromisso Portugal" pronuncia-se sobre as alternativas sociais para o nosso país,,,
"O fim do contrato social do pôs-Segunda Guerra Mundial e da regulação de tipo keiynesiano, a partir de meados da década de 70, em particular após os choques petrolíferos, leva, por parte do capitalismo, a uma aceleração sem precedentes do tempo de circulação do capital: flexibilidade e volatilidade, cariz cada vez mais efémero dos produtos e mercadorias, estonteante velocidade dos fluxos financeiros, inovação tecnológica, automação, dispersão geográfica para zonas onde o trabalho é mais fácil de controlar... Aliás, o grande sacrificado das grandes mutações é, precisamente, o trabalhador: As dificuldades económicas apontam-lhe a pistola: os sálarios tem de descer; o trabalho tem de passar de estável a precário; os despedimentos tem de ser facilitados ao limite; a organização colectiva do trabalho despedaçada, em nome da drástica e “urgente” necessidade de diminuição dos custos de trabalho e do aumento de produtividade, num cenário de competitividade global. Conhecemos, no concreto, o que tudo isto significa nos dia de hoje: códigos do trabalho amigos dos empresários; aumento do desemprego; empresas de trabalho temporario que contratam ao mês, ao dia ou mesmo à manhã; diminuição drástica do tempo de lazer e aumento disfarçado ou às claras da jornada de trabalho; disseminação, em todos os niveis de qualificação, de uma enorme violência psicológica, do chicote esclavagista: ninguém ousa reclamar o pagamento de horas extraordinárias, nem, tão pouco, sair à hora legalmente estipulada – o medo sobressai como nota dominante, impedindo solidariadades profissionais e/ou de classe ou a mera reivindicação de direitos elementares. Nada disto seria possivel sem um magma ideológico poderosissimo, que consegue impôr como pensamento dominante a selvajaria organizada através da disseminação do medo. Inevitabilidade e fatalidade, em suma, de uma nova era em que os domínios subtraídos ao lucro (serviços publicos) e a redistribuição (baseada em impostos progressivos e na taxação das grandes fortunas e das mais-valias) pertencem a um passado longínquo e cujos defensores seriam trogloditas fossilizados. Mas o pior desta constelação hegemónica é a culpabilização do próprio trabalhador e/ou desempregado: não há trabalho, os salários não aumentam, os direitos recuam? A culpa é individual (de cada trabalhador em si) ou colectiva (os trabalhadores em geral). Acresce, por isso, a uma enorme vulnerabilidade social (o trabalhador de hoje pode ser o desempregado ou o pobre de amanha), uma gigantesca pressão individual subjectivamente vivida como depressão, pânico, autodepreciação. Atente-se na repercussão e tratamento mediáticos de um relevante estudo do Instituto de Emprego e Formaçao Profissional. A ideia que por todo o lado perpassou foi a de que os desempregados inscritos nos centros de emprego, esses grandes malandros, não aceitam metade das ofertas de emprego! Ora, uma leitura um pouco mais atenta do relatório permite-nos facilmente concluir que:
a) tal volume de ofertas resume-se a pouco mais de nove mil (quando os inscritos ultrapassam os 430mil);
b) As razões assentam, principalmente, no desajustamento entre as qualificações dos trabalhadores e as ofertas empresariais (que tal contratar por tuta e meia um operário qualificado ou um quadro superior?), na mobilidade geográfica (morar no Porto e ir trabalhar para Castelo Branco...) e nas baixas remunerações, em geral inferiores ao próprio subsidio de desemprego!!!
Daí que importe falar agora na outra parte da relação. A burguesia nacional, desde os tempos do capitalismo mercantil e da politica de transporte dos Descobrimentos, revelou-se, com raras excepções, mais propensa ao saque, ao lucro imediato e à exploração do que ao investimento produtivo, à inovaçao, à qualificação e ao risco. Os nossos maiores patrões prosperam nas grandes superficies (hipermercados, centros comercias), nas telecomunicaçoes e na especulação imobiliária. Pouco mais. E lucram, desmedidamente, com um Estado que obriga os trabalhadores aos maiores sacrificios e a uma violencia social cada vez maior, fazendo, tantas vezes por eles, o trabalho sujo, como tem feito o Governo Sócrates (as promessas de criação de 150 mil empregos?; as anunciadas alterações à arbitrariedade patronal plasmadas no Código do Trabalho? As novas regras de subsidio de emprego que penalizam os jovens? A constante retórica do privilegiado, que faz com que o velho desconfie do jovem, o trabalhor do público do privado, o precário do por ora estável? O desinvestimento no ensino superior, que todos os anos tem menos dinheiro no Orçamento do Estado? Um Estado que não lhes cobra devidamente os impostos, isenta boa parte das suas mais-valias e favorece as fugas para os paraisos fiscais. Um Estado que assiste, impávido, sem sequer se questionar, a uma mais-valia potencial de 680 milhões de euros na Galp por parte do grupo Amorim, em apenas oito meses e a um lucro superlativo de 85 milhões de euros da Sonae no primeiro semestre deste ano. Mas nos centros comercias, só para retomar o paradoxo, um quarto dos trabalhadores não tem direito a subsidio de refeição, mais de metade está em situação de precaridade (muitos sem contrato), trabalhando mais de doze horas. No entanto, ousar combater a exploração e os exploradores, que, de forma legal, com a cumplicidade do Estado e de forma ilegal, amiúde, roubam muita da riqueza que criam para si, é um crime de lesa-majestade que agita, em unissono, os novos e velhos cães de guarda".
(João Teixeira Lopes, Sociólogo)
"O fim do contrato social do pôs-Segunda Guerra Mundial e da regulação de tipo keiynesiano, a partir de meados da década de 70, em particular após os choques petrolíferos, leva, por parte do capitalismo, a uma aceleração sem precedentes do tempo de circulação do capital: flexibilidade e volatilidade, cariz cada vez mais efémero dos produtos e mercadorias, estonteante velocidade dos fluxos financeiros, inovação tecnológica, automação, dispersão geográfica para zonas onde o trabalho é mais fácil de controlar... Aliás, o grande sacrificado das grandes mutações é, precisamente, o trabalhador: As dificuldades económicas apontam-lhe a pistola: os sálarios tem de descer; o trabalho tem de passar de estável a precário; os despedimentos tem de ser facilitados ao limite; a organização colectiva do trabalho despedaçada, em nome da drástica e “urgente” necessidade de diminuição dos custos de trabalho e do aumento de produtividade, num cenário de competitividade global. Conhecemos, no concreto, o que tudo isto significa nos dia de hoje: códigos do trabalho amigos dos empresários; aumento do desemprego; empresas de trabalho temporario que contratam ao mês, ao dia ou mesmo à manhã; diminuição drástica do tempo de lazer e aumento disfarçado ou às claras da jornada de trabalho; disseminação, em todos os niveis de qualificação, de uma enorme violência psicológica, do chicote esclavagista: ninguém ousa reclamar o pagamento de horas extraordinárias, nem, tão pouco, sair à hora legalmente estipulada – o medo sobressai como nota dominante, impedindo solidariadades profissionais e/ou de classe ou a mera reivindicação de direitos elementares. Nada disto seria possivel sem um magma ideológico poderosissimo, que consegue impôr como pensamento dominante a selvajaria organizada através da disseminação do medo. Inevitabilidade e fatalidade, em suma, de uma nova era em que os domínios subtraídos ao lucro (serviços publicos) e a redistribuição (baseada em impostos progressivos e na taxação das grandes fortunas e das mais-valias) pertencem a um passado longínquo e cujos defensores seriam trogloditas fossilizados. Mas o pior desta constelação hegemónica é a culpabilização do próprio trabalhador e/ou desempregado: não há trabalho, os salários não aumentam, os direitos recuam? A culpa é individual (de cada trabalhador em si) ou colectiva (os trabalhadores em geral). Acresce, por isso, a uma enorme vulnerabilidade social (o trabalhador de hoje pode ser o desempregado ou o pobre de amanha), uma gigantesca pressão individual subjectivamente vivida como depressão, pânico, autodepreciação. Atente-se na repercussão e tratamento mediáticos de um relevante estudo do Instituto de Emprego e Formaçao Profissional. A ideia que por todo o lado perpassou foi a de que os desempregados inscritos nos centros de emprego, esses grandes malandros, não aceitam metade das ofertas de emprego! Ora, uma leitura um pouco mais atenta do relatório permite-nos facilmente concluir que:
a) tal volume de ofertas resume-se a pouco mais de nove mil (quando os inscritos ultrapassam os 430mil);
b) As razões assentam, principalmente, no desajustamento entre as qualificações dos trabalhadores e as ofertas empresariais (que tal contratar por tuta e meia um operário qualificado ou um quadro superior?), na mobilidade geográfica (morar no Porto e ir trabalhar para Castelo Branco...) e nas baixas remunerações, em geral inferiores ao próprio subsidio de desemprego!!!
Daí que importe falar agora na outra parte da relação. A burguesia nacional, desde os tempos do capitalismo mercantil e da politica de transporte dos Descobrimentos, revelou-se, com raras excepções, mais propensa ao saque, ao lucro imediato e à exploração do que ao investimento produtivo, à inovaçao, à qualificação e ao risco. Os nossos maiores patrões prosperam nas grandes superficies (hipermercados, centros comercias), nas telecomunicaçoes e na especulação imobiliária. Pouco mais. E lucram, desmedidamente, com um Estado que obriga os trabalhadores aos maiores sacrificios e a uma violencia social cada vez maior, fazendo, tantas vezes por eles, o trabalho sujo, como tem feito o Governo Sócrates (as promessas de criação de 150 mil empregos?; as anunciadas alterações à arbitrariedade patronal plasmadas no Código do Trabalho? As novas regras de subsidio de emprego que penalizam os jovens? A constante retórica do privilegiado, que faz com que o velho desconfie do jovem, o trabalhor do público do privado, o precário do por ora estável? O desinvestimento no ensino superior, que todos os anos tem menos dinheiro no Orçamento do Estado? Um Estado que não lhes cobra devidamente os impostos, isenta boa parte das suas mais-valias e favorece as fugas para os paraisos fiscais. Um Estado que assiste, impávido, sem sequer se questionar, a uma mais-valia potencial de 680 milhões de euros na Galp por parte do grupo Amorim, em apenas oito meses e a um lucro superlativo de 85 milhões de euros da Sonae no primeiro semestre deste ano. Mas nos centros comercias, só para retomar o paradoxo, um quarto dos trabalhadores não tem direito a subsidio de refeição, mais de metade está em situação de precaridade (muitos sem contrato), trabalhando mais de doze horas. No entanto, ousar combater a exploração e os exploradores, que, de forma legal, com a cumplicidade do Estado e de forma ilegal, amiúde, roubam muita da riqueza que criam para si, é um crime de lesa-majestade que agita, em unissono, os novos e velhos cães de guarda".
(João Teixeira Lopes, Sociólogo)
quinta-feira, setembro 21, 2006
discurso aos americanos: "o Diabo está em vossa Casa"
impulsionado pela exibição de ontem, na Assembeia da ONU em Nova Iorque, por Hugo Chavez durante o seu discurso, o livro "Hegemonia ou Sobrevivência" de Noam Chomsky que estava em 161.000º lugar nas vendas da Amazon disparou em menos de 24 horas para a 7ª posição.
ler mais:
* Democracy Now.org/
* Thinking Peace.com/
* Chavez aplaudido na Assembleia Geral da ONU
videos:
* 1ª parte do discurso
* 2ª parte
quarta-feira, setembro 20, 2006
O novo mundo
O “xatoo” feito pelos leitores de jornais
Quando eu não estiver presente, não haverá mais rosas, ciprestes,
lábios vermelhos, nem vinho perfumado.
Não haverá mais auroras nem crepúsculos,
alegrias nem sofrimentos, O Universo não existirá
Omar Khayyam
“O mundo dos sentidos é o que é: a aparência em forma de realidade que interpretamos de acordo com as nossas capacidades perceptivas. Neste processo, a inteligência deverá desempenhar um papel de peneira, ou seja, efectuar a crítica necessária à destrinça entre o que realmente interessa e o acessório. As mudanças aparentemente estruturais que nos chegam com o terceiro milénio parecem configurar novos estilos de fazer politica, novas fórmulas de organização social e diferentes relações de produção no âmbito da economia. Pelo menos é o que a imprensa escrita e falada nos pretende transmitir, grande parte em defesa dos preceitos neoliberais que parecem constituir os alicerces da sociedade que lentamente se implementa. Um mundo que assenta numa forte selecção natural, não deixando lugar aos desafortunados da vida, independentemente da causa dessa desventura: falta de saúde, menos ambição ou uma sensibilidade mais escrupulosa, bondade pura e simples, enfim, uma série de “defeitos” que não se adequam às linhas orientadoras do mundo neoliberal. Não é o mérito que irá ser recompensado, mas sim a força, a persistência, a ambição, a frieza – estas são as “qualidades” do mundo capitalista. É uma interpretação como outra qualquer. Quem detém o Poder parece arrogar-se o direito de esboçar o perfil do “homem novo”. Mas não façam disso verdade absoluta nem profissão de fé. Novos mundos surgirão sobre este, demonstrando a potencialidade de qualidades que actualmente o liberalismo despreza”.
Paulo Frederico F. Gonçalves (leitor do Porto)
domingo, setembro 17, 2006
As Transnacionais e a Lavagem de Imagem
sobre a arquitectura desumanizada causada
pela necessidade intrinseca das multinacionais de
induzirem o Consumo supérfluo
pela necessidade intrinseca das multinacionais de
induzirem o Consumo supérfluo
Nos últimos trinta anos a Corrupção alcançou valores desmesurados que afectam sensivelmente a própria economia real e os processos de governabilidade do sistema; é nisto que basicamente consiste “a Crise” (de quem sente a crise).
Segundo dados da ONU em 2002 existiam nas finanças internacionais mais de 1 bilião de dólares procedentes das distintas expressões da Corrupção – má gestão de fundos públicos, evasão fiscal, tráfico de influências, etc, a níveis nunca vistos. Estes capitais circulam pelos circuitos da Banca transnacionalizada e têm a sua origem nas politicas que as multinacionais praticam para vencer os obstáculos que encontram no seu caminho desenfreado para obter a aprovação de leis favoráveis aos seus interesses, que comprem vontades, e optimizem os seus benefícios a qualquer preço. Esta amplitude de actuação alcança hoje foros de escândalo conquanto os seus representantes nos meios de comunicação social se encarregam da tarefa de lavar a imagem destas empresas criando uma opinião pública e uma cultura que justifiquem a depredação cultural, ética, física e ambiental. Tal é a gravidade desta questão que a ONU se sentiu na obrigação de promulgar um código ético – o Global Compact (que obviamente ninguém cumpre), pelo qual se emitiriam certificados de ética que permitiria às empresas agraciadas exibir o símbolo da ONU como sinal de “boa conduta”.
Na sequência das bancarrotas financeiras cíclicas, a última das quais foi a dos “tigres asiáticos” (1997), a fim de evitar mais uma desta vez global e equiparável à de 1929, o escândalo da Enron em 2001, gerida por um amigo pessoal do Presidente Bush, o “Kenny Boy”) pôs na ordem do dia o grau de corrupção e a degradação moral que os monopólios podem desenvolver. A resposta do governo dos Estados Unidos a estas questões do Neoliberalismo foi o 11 de Setembro e a passagem à fase do Neoliberalismo Armado.
A Humanidade enfrenta agora uma época caracterizada não só pela ausência de valores éticos, como também de instituições judiciais a nível mundial que possam travar a cobiça das empresas transnacionais. As empresas mais contaminantes são as norte-americanas e por isso o seu governo, em 180 paises que assinaram, foi o único que não subscreveu o Tratado de Kyoto. A justificação dada, sem remorsos, foi a de que tal acordo afectaria sensivelmente o “modus operandi” das suas empresas, ainda que com esta recusa se arruíne o planeta. Existem milhares de exemplos concretos de desastres ecológicos, mortes e doenças de centenas de milhares de pessoas com causa directa na actuação das Multinacionais.
Também do ponto de vista social a Organização Internacional do Trabalho (OIT) realizou investigações e tem vindo a denunciar o mal que as empresas transnacionais causam ao Emprego, aos sistemas de Segurança Social e à própria vida social no processo de trabalho, conforme consta dos relatórios da “CGT Europe-International". É preciso não esquecer que o Banco Mundial, citado pelo Nouvelle Observatore em 1992, face a estas questões, se propôs estimular a migração das “indústrias sujas”, sob qualquer dos pontos de vista atrás equacionados, para países menos desenvolvidos, atendendo a três razões: a lógica económica aconselha despejar os resíduos tóxicos sobre os países com menos rendimentos, ainda com baixos níveis de contaminação e com escassa incidência de cancro. Não sei se estão a seguir o raciocínio: assim de uma forma a que a distribuição seja mais equitativa.
(continua)
sábado, setembro 16, 2006
sobre as deslocalizações e o poder das multinacionais
As empresas multinacionais são a forma de dominação económica internacional mais característica da nossa época
De 17 a 19 de Setembro decorre em Lisboa (sob a égide do Presidente da Câmara Municipal - vidé post abaixo) um encontro que reúne os responsáveis de algumas das maiores empresas multinacionais. Durante estes dias eles discutirão as melhores estratégias para garantirem que a crescente submissão dos Estados aos seus interesses permaneça incontestada. Para os responsáveis políticos portugueses, este encontro surge como uma oportunidade para “venderem” as virtudes do nosso país, tentando assim, de forma desesperada, travar o processo de deslocalização de unidades produtivas pertencentes a empresas multinacionais que tendem hoje a transferir as suas unidades para países onde o custo do trabalho seja ainda mais baixo, os direitos laborais mais reduzidos, o enquadramento fiscal menos oneroso e as normas ambientais ou de higiene e segurança menos “constrangedoras”.
Para os Estados, sobretudo para os menos desenvolvidos e de mais pequena dimensão, o dilema real: ou se submetem à vontade dos accionistas, criando um enquadramento favorável aos interesses do capital, ou sofrem as consequências da eventual deslocalização – encerramento de empresas, aumento do desemprego, perda de receitas fiscais, estagnação económica... Para os trabalhadores o dilema é trágico: assistir ao reforço do despotismo patronal, com um aumento da exploração que se traduz no incremento da intensidade e da duração do trabalho, perda ou quanto muito manutenção dos salários, ou então conhecer a angústia do desemprego num contexto de regressão social.
Perante isto urge perceber como se chegou a esta situação. Para a ATTAC, a origem do reforço do poder do capital altamente concentrado está nas políticas neoliberais que se tornaram dominantes um pouco por todo o lado desde os anos oitenta. Estas políticas têm-se traduzido na instituição de uma crescente liberdade de investimento e de circulação dos capitais. O poder das empresas multinacionais, que fabricam diferentes partes do produto final em diversos países, assenta pois na liberdade para poderem investir onde bem entendem.
Isto ocorre num quadro de fragmentação e heterogeneidade dos enquadramentos nacionais. O resultado é perverso: põe-se em concorrência os trabalhadores e os estados do mundo inteiro, terraplenando direitos e conquistas de décadas de luta social e política em todas as áreas: tributação dos capitais, protecção dos consumidores, legislação laboral ou protecção ambiental.
Esta não é, todavia, a última cena do filme. A história não terminou e ao mercado sem fim é preciso contrapormos uma cooperação sem fim. Nomeadamente é urgente reencontrar formas de cooperação dos trabalhadores que atravessem as fronteiras dos diferentes países. Em luta por uma nova globalização, onde haja agora lugar para cláusulas sociais e ambientais à escala do planeta.
De 17 a 19 de Setembro decorre em Lisboa (sob a égide do Presidente da Câmara Municipal - vidé post abaixo) um encontro que reúne os responsáveis de algumas das maiores empresas multinacionais. Durante estes dias eles discutirão as melhores estratégias para garantirem que a crescente submissão dos Estados aos seus interesses permaneça incontestada. Para os responsáveis políticos portugueses, este encontro surge como uma oportunidade para “venderem” as virtudes do nosso país, tentando assim, de forma desesperada, travar o processo de deslocalização de unidades produtivas pertencentes a empresas multinacionais que tendem hoje a transferir as suas unidades para países onde o custo do trabalho seja ainda mais baixo, os direitos laborais mais reduzidos, o enquadramento fiscal menos oneroso e as normas ambientais ou de higiene e segurança menos “constrangedoras”.
Para os Estados, sobretudo para os menos desenvolvidos e de mais pequena dimensão, o dilema real: ou se submetem à vontade dos accionistas, criando um enquadramento favorável aos interesses do capital, ou sofrem as consequências da eventual deslocalização – encerramento de empresas, aumento do desemprego, perda de receitas fiscais, estagnação económica... Para os trabalhadores o dilema é trágico: assistir ao reforço do despotismo patronal, com um aumento da exploração que se traduz no incremento da intensidade e da duração do trabalho, perda ou quanto muito manutenção dos salários, ou então conhecer a angústia do desemprego num contexto de regressão social.
Perante isto urge perceber como se chegou a esta situação. Para a ATTAC, a origem do reforço do poder do capital altamente concentrado está nas políticas neoliberais que se tornaram dominantes um pouco por todo o lado desde os anos oitenta. Estas políticas têm-se traduzido na instituição de uma crescente liberdade de investimento e de circulação dos capitais. O poder das empresas multinacionais, que fabricam diferentes partes do produto final em diversos países, assenta pois na liberdade para poderem investir onde bem entendem.
Isto ocorre num quadro de fragmentação e heterogeneidade dos enquadramentos nacionais. O resultado é perverso: põe-se em concorrência os trabalhadores e os estados do mundo inteiro, terraplenando direitos e conquistas de décadas de luta social e política em todas as áreas: tributação dos capitais, protecção dos consumidores, legislação laboral ou protecção ambiental.
Esta não é, todavia, a última cena do filme. A história não terminou e ao mercado sem fim é preciso contrapormos uma cooperação sem fim. Nomeadamente é urgente reencontrar formas de cooperação dos trabalhadores que atravessem as fronteiras dos diferentes países. Em luta por uma nova globalização, onde haja agora lugar para cláusulas sociais e ambientais à escala do planeta.
Presidente da Câmara de Lisboa
melhor do que andar de mota,,,
Ainda não é a descoberta e a exposição pública do escândalo que na altura foi a negociata que envolveu a máfia do pré-falido clube desportivo Sport Lisboa e Benfica e os promitentes vencedores das eleições de 2001 nas pessoas do PSD e de Durão Barroso – a tomada de poder pela troupe neocon que à época convocou efusivos apertos de mão entre o Eusébio e os candidatos, e outros malabarismos mediáticos, causaram danos por ora inquantificáveis ao património público e à cidade. A alienação dos terrenos da Luz, a decisão de financiar o novo estádio e a forma como as contrapartidas dadas pela CML pelo apoio politico do clube (6 milhões de simpatizantes benfiquistas) foram transferidas na forma de prejuízos para a EPUL no mandato de Santana Lopes, levou na época à demissão em bloco de toda a administração dessa empresa municipal.
alguns anos depois,,, uma pequena ponta do icebergue.
do leitor Alfredo G. Pereira:
“os acontecimentos estranhos vão-se sucedendo na CML. Desta vez ficámos a saber que o Departamento Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económico Financeira, da Policia Judiciária, desencadeou uma operação de investigação na EPUL e em empresas suas participadas. Ao que se sabe estarão em causa verbas indevidamente pagas aos novos administradores destas empresas (…) Carmona Rodrigues permanece eclipsado no silêncio e na presença, omisso em declarações ou, eventualmente, escondido por uma matilha de gorilas no seu gabinete – por que será que o homem tem tanto medo (ou será mesmo “pavor”) dos jornalistas? Salvo melhor opinião, a ideia que cada vez mais transparece é a de que Carmona Rodrigues gosta de trabalhar na “penumbra”, liberto de explicações e justificações públicas… O que terá Carmona a esconder?”
Depois dos casos da Braga Parques, Infante Santo e agora na EPUL, devido à excessiva presença da Policia Judiciária na vida da CML, menos comedidos estão os restantes elementos que apoiam esta vereação camarária, decerto excitados por verem escarrapachados na praça pública o “modus operandis” de que, em vícios antigos neste tipo de cargos, se habituaram a depender os gestores.
A vereadora "Zézinha" Nogueira Pinto irrompeu aos gritos pelo gabinete de Sá Fernandes, quando soube que este tinha optado por denunciar o caso ao Tribunal de Contas dando disso conta aos jornalistas,,, e o nº2 da CML, responsável pelo pelouro das Finanças, o vice-Presidente Fontão de Carvalho classificou o comportamento do vereador eleito pelo Bloco de Esquerda como “terrorista”
Quem não alinhar no clima geral de Corrupção inerente à ordem vigente já sabe o que o espera. Guantanamo com ele!
Ainda não é a descoberta e a exposição pública do escândalo que na altura foi a negociata que envolveu a máfia do pré-falido clube desportivo Sport Lisboa e Benfica e os promitentes vencedores das eleições de 2001 nas pessoas do PSD e de Durão Barroso – a tomada de poder pela troupe neocon que à época convocou efusivos apertos de mão entre o Eusébio e os candidatos, e outros malabarismos mediáticos, causaram danos por ora inquantificáveis ao património público e à cidade. A alienação dos terrenos da Luz, a decisão de financiar o novo estádio e a forma como as contrapartidas dadas pela CML pelo apoio politico do clube (6 milhões de simpatizantes benfiquistas) foram transferidas na forma de prejuízos para a EPUL no mandato de Santana Lopes, levou na época à demissão em bloco de toda a administração dessa empresa municipal.
alguns anos depois,,, uma pequena ponta do icebergue.
do leitor Alfredo G. Pereira:
“os acontecimentos estranhos vão-se sucedendo na CML. Desta vez ficámos a saber que o Departamento Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económico Financeira, da Policia Judiciária, desencadeou uma operação de investigação na EPUL e em empresas suas participadas. Ao que se sabe estarão em causa verbas indevidamente pagas aos novos administradores destas empresas (…) Carmona Rodrigues permanece eclipsado no silêncio e na presença, omisso em declarações ou, eventualmente, escondido por uma matilha de gorilas no seu gabinete – por que será que o homem tem tanto medo (ou será mesmo “pavor”) dos jornalistas? Salvo melhor opinião, a ideia que cada vez mais transparece é a de que Carmona Rodrigues gosta de trabalhar na “penumbra”, liberto de explicações e justificações públicas… O que terá Carmona a esconder?”
Depois dos casos da Braga Parques, Infante Santo e agora na EPUL, devido à excessiva presença da Policia Judiciária na vida da CML, menos comedidos estão os restantes elementos que apoiam esta vereação camarária, decerto excitados por verem escarrapachados na praça pública o “modus operandis” de que, em vícios antigos neste tipo de cargos, se habituaram a depender os gestores.
A vereadora "Zézinha" Nogueira Pinto irrompeu aos gritos pelo gabinete de Sá Fernandes, quando soube que este tinha optado por denunciar o caso ao Tribunal de Contas dando disso conta aos jornalistas,,, e o nº2 da CML, responsável pelo pelouro das Finanças, o vice-Presidente Fontão de Carvalho classificou o comportamento do vereador eleito pelo Bloco de Esquerda como “terrorista”
Quem não alinhar no clima geral de Corrupção inerente à ordem vigente já sabe o que o espera. Guantanamo com ele!
quinta-feira, setembro 14, 2006
,,,da saudade americana pelos seus velhos valores (também esses discutíveis)
“Esta guerra já foi chamada um confronto de civilizações, mas na verdade é uma luta pela civilização. Estamos a lutar para manter o modo de vida das nações livres”
G. Bush, no GroundZero, 11/9/2006
A estupidez mediática não tem limites: Tom Cruise (Top Guns) exibe o seu novo rebento, enquanto Bush (Top Secrets) exibe um preso de Guantanamo (publicado naTimeMagazine)
Quando os norte- americanos (66% já discordam de Bush, embora permaneçam embrutecidos sobre os grandes temas) se derem conta que o tradicional “american way of life” é um modelo falido, que o seu estilo de vida é insustentável (300 milhões de indivíduos consomem perto de 40% da energia total gasta no planeta, habitado por 6 mil milhões de pessoas) o choque irá ser enorme e as saídas para a resolução da questão não serão airosas nem pacíficas. Falando de Ecologia e Desenvolvimento Sustentável, face à notória ignorância do cidadão médio americano sobre estes assuntos, quando comparados com o alto nível de educação e consciência cívica dos seus vizinhos cubanos, Wayne Smith, antigo embaixador em Havana, afirmou recentemente que “Cuba tinha sobre os Estados Unidos o efeito de uma lua-cheia num lobisomem”
A parte da humanidade que tem consciência do problema, aguarda com ansiedade pela implosão interna dos EUA – a única saída imaginável por onde se poderá começar a equacionar alternativas que possam preservar a continuidade da Vida e do Homem.
“Eles não deviam restringir ao povo americano a possibilidade de ouvirem a verdade” afirmou Mahmoud Ahmadinejad, o ameaçado Presidente do Irão por possuir armas inexistentes, quando a propósito do 11/9 desafiou o Presidente dos Estados Unidos para um debate televisionado sobre os grandes problemas mundiais. Por estas bandas nada se ouviu sobre o assunto.
* A luta contra o Império reforça-se e ganha forma. 114 paises reunidos em Havana na “Conferência dos Países Não Alinhados” constituem-se numa nova frente alternativa anti-Imperialista
* Pela 1ª vez nem os EUA nem a Rússia foram convidados para estar presentes na “Cimeira do Sudeste Asiático” (ASEAN)
G. Bush, no GroundZero, 11/9/2006
A estupidez mediática não tem limites: Tom Cruise (Top Guns) exibe o seu novo rebento, enquanto Bush (Top Secrets) exibe um preso de Guantanamo (publicado naTimeMagazine)
Quando os norte- americanos (66% já discordam de Bush, embora permaneçam embrutecidos sobre os grandes temas) se derem conta que o tradicional “american way of life” é um modelo falido, que o seu estilo de vida é insustentável (300 milhões de indivíduos consomem perto de 40% da energia total gasta no planeta, habitado por 6 mil milhões de pessoas) o choque irá ser enorme e as saídas para a resolução da questão não serão airosas nem pacíficas. Falando de Ecologia e Desenvolvimento Sustentável, face à notória ignorância do cidadão médio americano sobre estes assuntos, quando comparados com o alto nível de educação e consciência cívica dos seus vizinhos cubanos, Wayne Smith, antigo embaixador em Havana, afirmou recentemente que “Cuba tinha sobre os Estados Unidos o efeito de uma lua-cheia num lobisomem”
A parte da humanidade que tem consciência do problema, aguarda com ansiedade pela implosão interna dos EUA – a única saída imaginável por onde se poderá começar a equacionar alternativas que possam preservar a continuidade da Vida e do Homem.
“Eles não deviam restringir ao povo americano a possibilidade de ouvirem a verdade” afirmou Mahmoud Ahmadinejad, o ameaçado Presidente do Irão por possuir armas inexistentes, quando a propósito do 11/9 desafiou o Presidente dos Estados Unidos para um debate televisionado sobre os grandes problemas mundiais. Por estas bandas nada se ouviu sobre o assunto.
* A luta contra o Império reforça-se e ganha forma. 114 paises reunidos em Havana na “Conferência dos Países Não Alinhados” constituem-se numa nova frente alternativa anti-Imperialista
* Pela 1ª vez nem os EUA nem a Rússia foram convidados para estar presentes na “Cimeira do Sudeste Asiático” (ASEAN)
terça-feira, setembro 12, 2006
Bloco Central deixa Corrupção (um negócio de Estado) de fora
um, que "não se conformava", eleito mudo e calado, o outro eleito pelo método americano para se manter em silêncio, enquanto não se revogou uma única das medidas tomadas desde o governo Barroso*,,, já conseguem descobrir quem representam ? e,,, recorrendo ao léxico popular, já conseguem descobrir agora o que é que este "par de jarras" anda a fazer?
filhos da república: os mais dilectos, BCP/OpusDei, BES/Escom e BPI, declararam, no primeiro semestre de 2006, 378 milhões de euros de lucros, (salvo os valores não quantificados que estão sediados em off-shores), o que representa um aumento de 31,6% em relação ao mesmo periodo do ano passado. "Vivemos numa economia dualista", explica o nº2 da Goldman Sachs, o economista António Borges: "Enquanto metade da economia está de rastos, a outra metade está muito próspera".
(ver noticia aqui)
Nem de propósito, segundo assinalava o relatório do Banco Mundial divulgado em Junho passado, Grécia e Portugal são os países com mais «significativos problemas de corrupção em curso».
"O relatório avalia os esforços para reduzir a corrupção em 26 países ex-socialistas, na Turquia e em cinco países da União Europeia (Alemanha, Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal), usados estes como termo de comparação. Sustenta-se no documento a necessidade de concretizar reformas que previnam as reincidências Apesar da sua prevalência em muitos países da Europa de Leste e ex-União Soviética, a corrupção permanece elevada em muitos países da Europa ocidental.
Nos países da União Europeia, a corrupção no sistema tributário revela-se relativamente alta na Grécia e Portugal e muito baixa na Alemanha, Espanha e Irlanda. «O suborno em Portugal é tido como sendo particularmente prevalente a nível local e como certo em agências governamentais chave (incluindo a polícia, a administração fiscal, e a judiciária, bem como nos desportos)», segundo assinala o relatório do Banco Mundial". (fonte)
filhos da república: os mais dilectos, BCP/OpusDei, BES/Escom e BPI, declararam, no primeiro semestre de 2006, 378 milhões de euros de lucros, (salvo os valores não quantificados que estão sediados em off-shores), o que representa um aumento de 31,6% em relação ao mesmo periodo do ano passado. "Vivemos numa economia dualista", explica o nº2 da Goldman Sachs, o economista António Borges: "Enquanto metade da economia está de rastos, a outra metade está muito próspera".
(ver noticia aqui)
Nem de propósito, segundo assinalava o relatório do Banco Mundial divulgado em Junho passado, Grécia e Portugal são os países com mais «significativos problemas de corrupção em curso».
"O relatório avalia os esforços para reduzir a corrupção em 26 países ex-socialistas, na Turquia e em cinco países da União Europeia (Alemanha, Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal), usados estes como termo de comparação. Sustenta-se no documento a necessidade de concretizar reformas que previnam as reincidências Apesar da sua prevalência em muitos países da Europa de Leste e ex-União Soviética, a corrupção permanece elevada em muitos países da Europa ocidental.
Nos países da União Europeia, a corrupção no sistema tributário revela-se relativamente alta na Grécia e Portugal e muito baixa na Alemanha, Espanha e Irlanda. «O suborno em Portugal é tido como sendo particularmente prevalente a nível local e como certo em agências governamentais chave (incluindo a polícia, a administração fiscal, e a judiciária, bem como nos desportos)», segundo assinala o relatório do Banco Mundial". (fonte)
pêtas antigas, mentiras modernas, aldrabices pós-modernas
Cerca de 1460 o grão-ducado de Veneza era uma poderosa potência económica cujo fulgor se devia ao comércio aberto a Oriente pelas rotas descobertas por Marco Polo. Ali, à fluorescente urbe afluiam e prosperavam viajantes que comerciavam toda a espécie de mercadorias exóticas. Desse tempo, conta o pintor veneziano Giambattista Cima da Conegliano, que arrivou a Veneza um sapateiro islamita de nome Ananias com uma habilidade nata para congeminar estorietas que deliciavam e entretinham com inusitada competência os tempos livres das ilustres e cosmopolitas personagens que criavam a aura de prosperidade para a cidade. Uma das mais populares histórias do sapateiro era a "Lenda de São Marcos", cuja fama depressa chegou aos ouvidos do Poder do Doge investido por delegação dos poderes divinos na Terra, como se usava à época. Mais esperto do que o sapateiro, embora as competências dos dois não fossem qualitativamente comparáveis, o doge Marco Barbarigo, com base na lenda provada por uns ossos antigos, teve o inspirado desarrincanço de mandar erguer sobre umas ruinas ali existentes, a famosa Catedral em honra do santo, que assim virou São Marco. Melhor visto, a obra justifivava e acrescentava às receitas públicas grossas maquias de impostos cobrados a todos que pretendiam entrar e comerciar na cidade, dando-lhe importância acrescentada. Quase três séculos depois, quando chegaram os invasores comandados por Napoleão, ordenaria este a abertura da Strada Nuova, demolindo o humilde casario que se lhe atravessava no caminho da Piazza de São Marco e lhe dificultava a passagem das modernas carruagens.
Foi por esse novo itinerário que passaram com facilidade os enormes blocos de pedra destinados à construção a Ala Napoleónica, local que alberga hoje, entre diversos museus, o esplendoroso café Florian onde os turistas ao som de violinos sugam coca-colas a 15 euros cada. Tem esta viagem relâmpago pela história o propósito de recordar que a realidade visivel que ficou para a posteridade do notável poder imaginativo do sapateiro Ananias, passando ao lado de outras novidades tecnológicas trazidas do Oriente - por exemplo: a caixa de engraxador assinalada pelo pintor no canto inferior esquerdo do quadro - (além de outras como a pólvora, que haveria de divertir tantas gerações de emplumados guerreiros ocidentais) e a imprensa escrita, duas inovações que não vêm agora ao caso)- dizia eu, o que ficou como monumento para a posteridade foi a Basilica de São Marcos!; é mais ou menos nestes termos que se vão construindo as arquitecturas e os itinerários visiveis das cidades.
Para que os embustes não passem em claro, no 5º aniversário do evento que pretende "mudar o mundo", aqui ficam 5 livros que desmontam a tremenda falácia em que assenta a construção da nóvel arquitectura Imperial pós-moderna. Para a desmistificação do famigerado 11 de Setembro de 2001: nada mais que a cronologia da história recente do capitalismo.
"Um novo Pearl Harbour", de David Ray Griffin - questões incontornáveis postas à Administração Bush
"O processo do 11 de Setembro", de Victor Thorn - o 11/9 submetido à prova dos factos.
"O Terror Fabricado" (made in USA), de Webster G. Tarpley - o mito do século XXI
"A mentira sobre os atentados com explosivo liquido", por James Petras
"Omissões e Manipulações da Comissão de Inquérito ao 11 de Setembro", de David Ray Griffin
"A Guerra contra a Verdade", de Nafeez Mosaddeq Ahmed - desinformação e anatomia do terrorismo.
do mesmo autor do blogue:
"Inquérito independente sobre as Bombas de Londres"
"A Guerra como a pintam os Media do Ocidente Express", por Elsa Mosher
Foi por esse novo itinerário que passaram com facilidade os enormes blocos de pedra destinados à construção a Ala Napoleónica, local que alberga hoje, entre diversos museus, o esplendoroso café Florian onde os turistas ao som de violinos sugam coca-colas a 15 euros cada. Tem esta viagem relâmpago pela história o propósito de recordar que a realidade visivel que ficou para a posteridade do notável poder imaginativo do sapateiro Ananias, passando ao lado de outras novidades tecnológicas trazidas do Oriente - por exemplo: a caixa de engraxador assinalada pelo pintor no canto inferior esquerdo do quadro - (além de outras como a pólvora, que haveria de divertir tantas gerações de emplumados guerreiros ocidentais) e a imprensa escrita, duas inovações que não vêm agora ao caso)- dizia eu, o que ficou como monumento para a posteridade foi a Basilica de São Marcos!; é mais ou menos nestes termos que se vão construindo as arquitecturas e os itinerários visiveis das cidades.
Gentile Bellini
"Processione in Piazza San Marco"
Galerie dell`Academia, Venetia.
Não será de estranhar portanto que, na sequência de outras pêtas modernas engendradas por uma imensa prole de sapateiros com a profissão de jornalistas corporativos a soldo do grupo neo-Nazi acoitado na Administração norte-Americana, um dia destes surja no Ground Zero em Nova York um novo lugar de culto - o edificio mais alto do Mundo, a "Freedom Tower" - do arquitecto-estrela Daniel Libeskind mandatado pelo poder económico-financeiro Judeu, acolitado por Norman Foster e Richard Rogers em nome da coligação do ex-Império britânico e por outros em nome da construção da imagética mediática do Império Atlântico - mais um ícone perfeito do Não-Lugar, pensando na definição de lugar antropológico dada por Marc Augé.Para que os embustes não passem em claro, no 5º aniversário do evento que pretende "mudar o mundo", aqui ficam 5 livros que desmontam a tremenda falácia em que assenta a construção da nóvel arquitectura Imperial pós-moderna. Para a desmistificação do famigerado 11 de Setembro de 2001: nada mais que a cronologia da história recente do capitalismo.
"Um novo Pearl Harbour", de David Ray Griffin - questões incontornáveis postas à Administração Bush
"O processo do 11 de Setembro", de Victor Thorn - o 11/9 submetido à prova dos factos.
"O Terror Fabricado" (made in USA), de Webster G. Tarpley - o mito do século XXI
"A mentira sobre os atentados com explosivo liquido", por James Petras
"Omissões e Manipulações da Comissão de Inquérito ao 11 de Setembro", de David Ray Griffin
"A Guerra contra a Verdade", de Nafeez Mosaddeq Ahmed - desinformação e anatomia do terrorismo.
do mesmo autor do blogue:
"Inquérito independente sobre as Bombas de Londres"
"A Guerra como a pintam os Media do Ocidente Express", por Elsa Mosher
sábado, setembro 09, 2006
Jornalismo (IV) o Silêncio Ensurdecedor dos Jornalistas Portugueses
"Entre a falta de coragem e o acomodamento, em tempo de "informação espectáculo", os jornalistas portugueses – aqueles que poderiam ainda merecer esse nome – dão-nos o espectáculo patético da sua agonia".
José Mário Branco, na revista "Politica Operária"
O mundo mediático mudou, o seu papel na sociedade também - "Jornalistas embedded (ou "na cama com")
"O mundo pós-queda do muro de Berlim, este mundo mais declaradamente obsceno, genocida e mafioso, o mundo da ditadura do conglomerado finança-bomba-droga, o mundo da liberdade das raposas nos galinheiros, conseguiu impor o seu discurso único com a indispensável ajuda dos jornalistas, devidamente enquadrados no mundo empresarial mediático. O que nos deve preocupar não são os que gostam disso, os que lucram com isso, os que têm o preço na montra – esses são, nos dias de hoje, o que eram Moreira das Neves, Pedro Moutinho, José Augusto ou Manuel Múrias antes de 1974. São claramente megafones da ditadura, que nem pestanejam perante os terríveis crimes dos impérios, para quem mais ou menos 100.000 mortos, mais ou menos um milhão de desempregados, mais ou menos umas megatoneladas de urânio e uns milhões de cancros não aquecem nem arrefecem. São corruptos e capazes de tudo: de mentir, de caucionar os piores crimes, de censurar as informações, de caluniar e de provocar, sob a capa rota da "independência", da "isenção", e de palavras vagas ou secretas como "a nossa fonte", "o alegado criminoso", "segundo os comentadores", etc. – nas mãos deles, puras muletas para fins de impunidade judicial. (...)
Mas, talvez mais grave que o papel desses "jornalistas", é o dos que se vendem muito mais discretamente, os que não estão na montra, mas cujo silêncio é precioso para que o sistema funcione bem. Digo que "se vendem" porque, nas profissões, como esta, que deveriam implicar um particular compromisso ético ou deontológico com a sociedade – como é, por exemplo, o caso dos médicos, dos artistas e escritores, dos professores e de certos cientistas –, a cumplicidade por inacção ou por omissão é quase tão grave como a dos cúmplices directos".
(Ler o artigo completo, aqui)
José Mário Branco, na revista "Politica Operária"
O mundo mediático mudou, o seu papel na sociedade também - "Jornalistas embedded (ou "na cama com")
"O mundo pós-queda do muro de Berlim, este mundo mais declaradamente obsceno, genocida e mafioso, o mundo da ditadura do conglomerado finança-bomba-droga, o mundo da liberdade das raposas nos galinheiros, conseguiu impor o seu discurso único com a indispensável ajuda dos jornalistas, devidamente enquadrados no mundo empresarial mediático. O que nos deve preocupar não são os que gostam disso, os que lucram com isso, os que têm o preço na montra – esses são, nos dias de hoje, o que eram Moreira das Neves, Pedro Moutinho, José Augusto ou Manuel Múrias antes de 1974. São claramente megafones da ditadura, que nem pestanejam perante os terríveis crimes dos impérios, para quem mais ou menos 100.000 mortos, mais ou menos um milhão de desempregados, mais ou menos umas megatoneladas de urânio e uns milhões de cancros não aquecem nem arrefecem. São corruptos e capazes de tudo: de mentir, de caucionar os piores crimes, de censurar as informações, de caluniar e de provocar, sob a capa rota da "independência", da "isenção", e de palavras vagas ou secretas como "a nossa fonte", "o alegado criminoso", "segundo os comentadores", etc. – nas mãos deles, puras muletas para fins de impunidade judicial. (...)
Mas, talvez mais grave que o papel desses "jornalistas", é o dos que se vendem muito mais discretamente, os que não estão na montra, mas cujo silêncio é precioso para que o sistema funcione bem. Digo que "se vendem" porque, nas profissões, como esta, que deveriam implicar um particular compromisso ético ou deontológico com a sociedade – como é, por exemplo, o caso dos médicos, dos artistas e escritores, dos professores e de certos cientistas –, a cumplicidade por inacção ou por omissão é quase tão grave como a dos cúmplices directos".
(Ler o artigo completo, aqui)
sexta-feira, setembro 08, 2006
Lusa dependência
"Porque será que tenho a sensação que escrever nos blogues durante o Verão é o que há de mais parecido com o escrever na areia?"
José Medeiros Ferreira
Pois é!. Não há nada melhor do que escrever a partir da Controlinvest, via Lusa.
O chefe da principal agência nacional de noticias também opina em artigos de opinião, levando já alguns anos, (mais precisamente desde pouco depois da golpada neocon de Barroso em 2001), de trabalho profícuo na clownesca tarefa de divertir/constrangir até às lágrimas uma legião de fãs que atravessa transversalmente todo o espectro politico. É obra! Desta feita, no DN, com a sua amplamente reconhecida sagacidade aliada a uma notável “competência cultural” olé, olé!, começa uma escarradela sobre o recente livro de Günter Grass com qualquer coisa como isto: “por incrível que pareça o esquerdalho (sic) premiado com o Nóbel (...)” eheheh – espera-se dos avatares da tralha intectual de Direita uma definição para o termo, e qual será o equivalente aplicável ao Papa Ratzinger, também ele alistado voluntáriamente nas SS alemãs – que aliás se pretendeu limpar da mácula inquirindo hipócritamente sobre “onde estaria Deus” quando o Nazismo, uma das três faces em confronto pelo domínio mundial capitalista na 2ª Grande Guerra, mobilizou toda a sociedade civil na Alemanha, e não apenas “um bando de lunáticos” como o representante do extra-terrestre deus na Terra sugeriu a partir da Basilica de Auschwitz.
José Medeiros Ferreira
Pois é!. Não há nada melhor do que escrever a partir da Controlinvest, via Lusa.
O chefe da principal agência nacional de noticias também opina em artigos de opinião, levando já alguns anos, (mais precisamente desde pouco depois da golpada neocon de Barroso em 2001), de trabalho profícuo na clownesca tarefa de divertir/constrangir até às lágrimas uma legião de fãs que atravessa transversalmente todo o espectro politico. É obra! Desta feita, no DN, com a sua amplamente reconhecida sagacidade aliada a uma notável “competência cultural” olé, olé!, começa uma escarradela sobre o recente livro de Günter Grass com qualquer coisa como isto: “por incrível que pareça o esquerdalho (sic) premiado com o Nóbel (...)” eheheh – espera-se dos avatares da tralha intectual de Direita uma definição para o termo, e qual será o equivalente aplicável ao Papa Ratzinger, também ele alistado voluntáriamente nas SS alemãs – que aliás se pretendeu limpar da mácula inquirindo hipócritamente sobre “onde estaria Deus” quando o Nazismo, uma das três faces em confronto pelo domínio mundial capitalista na 2ª Grande Guerra, mobilizou toda a sociedade civil na Alemanha, e não apenas “um bando de lunáticos” como o representante do extra-terrestre deus na Terra sugeriu a partir da Basilica de Auschwitz.
quinta-feira, setembro 07, 2006
World Trade Center
"em cinema, quando se quer ser convincente como autor nunca se podem utilizar actores de reconhecido mérito comercial"
Otar Iosselani
Para a opinião pública americana os “bárbaros ataques terroristas do 11/9” mataram mais de 3000 norte-americanos” - É um mito que as vítimas do ataque às Torres Gémaes tenham sido exclusivamente americanos. Na verdade, morreram cidadãos (salvo erro) de 93 paises - traduzindo á letra - nas torres funcionava o “Centro de Comércio Mundial” (WTC), o centro nevrálgico do poder económico globalizado, um símbolo do poderio dos Estados Unidos exercido sobre todo o mundo, e onde naturalmente exerciam as suas funções as empresas comerciais e financeiras desses muito diversificados e inúmeros paises. Fazer crer que as vitimas foram todas americanas, é servir objectivos de propaganda cuja finalidade está á vista de todos.
Oliver Stone, o polémico realizador, acusado nos media conservadores de ser “antipatriótico”, e "viciado em teorias de conspiração" (NYT) vem de um notório fracasso comercial – “Alexandre o Grande” – mas desta feita em que estreou nos EUA o seu mais recente “World Trade Center”, sucesso de bilheteira oblige, Stone, que filma a historieta do salvamento de 2 policias naquele dia fatídico, não deve ter dito nada, por não ter nada a dizer, ou os ultras não se estejam a desfazer em elogios: - "uma obra prima" diz o "Media Research Center", "vão-vê-lo" açula o fundador do "Parents Television Council"; "God Bless Oliver Stone" aclama a ultra "National Review" online; a "Entertainment Weekly" diz que é "um filme escrupuloso e honrado"; a "Variety" aplaude-o pela "sobriedade"; finalmente, a "Holywood Reporter" diz que a "história é contada de uma forma sombria, desfocada embora honesta", decerto esquecida no rol das comtempladas pelos 10 por cento das receitas doadas à "World Trade Center Memorial Foundation" para construir um memorial de 400 milhões de euros no "Ground Zero". This is America! e o sucesso de bilheteira está garantido. Mas se Stone tivesse pretendido analisar a verdade sobre as implicações politicas e sociais do 11/9, em vez de se preocupar apenas com os dramas pessoais das vitimas e suas excelentissimas familias, sem prejuizo do valor moral que essa análise possa ter - Oliver Stone teria pano para mangas! - e se tivesse realmente algo de novo a dizer, esperaria para estrear mundialmente o filme a concurso durante o próximo "Festival de Veneza" (30/8 a 9/9) onde vai estar apenas como convidado extra-concurso.
Só a verdade é revolucionária. Meia-verdade ou uma parte da verdade é o quê? e serve a quem?
Já não faltam todos – segundo uma sondagem Scripps Howard/Ohio University 1/3 dos norte-americanos pensam que a Administração Bush está, de uma maneira ou de outra, implicada nos atentados do 11 de Setembro.
* 12 % dos estadunidenses declararam que o Pentágono não tinha sido atingido por um avião comercial, mas sim por um missel.
* 16 % dos estadunidenses declararam que o desmoronamento das Twin Towers não tinha sido causado pelo impacto dos aviões, mas sim por meio de explosivos aplicados previamente segundo os modelos de demolição controlada.
* 36 % dos estadunidenses declararam que a administração Bush está implicada, activa ou passivamente, na perpretação dos atentados.
Outro inquérito da Zogby USA, efectuado entre 12 de maio 2006 e 16 maio 2006, indicou as opiniões que :
* 42 % dos estadunidenses não estão convencidos pelos trabalhos da “Comissão Kean”.
* 44 % dos estadunidenses pensam que George W. Bush instrumentalizou os atentados para partir para a guerra.
* 45 % dos estadunidenses duvidam da versão oficial e subcrevem o seu apoio à reabertura das investigações judiciais.
(fonte: Reseau Voltaire)
Otar Iosselani
Para a opinião pública americana os “bárbaros ataques terroristas do 11/9” mataram mais de 3000 norte-americanos” - É um mito que as vítimas do ataque às Torres Gémaes tenham sido exclusivamente americanos. Na verdade, morreram cidadãos (salvo erro) de 93 paises - traduzindo á letra - nas torres funcionava o “Centro de Comércio Mundial” (WTC), o centro nevrálgico do poder económico globalizado, um símbolo do poderio dos Estados Unidos exercido sobre todo o mundo, e onde naturalmente exerciam as suas funções as empresas comerciais e financeiras desses muito diversificados e inúmeros paises. Fazer crer que as vitimas foram todas americanas, é servir objectivos de propaganda cuja finalidade está á vista de todos.
Oliver Stone, o polémico realizador, acusado nos media conservadores de ser “antipatriótico”, e "viciado em teorias de conspiração" (NYT) vem de um notório fracasso comercial – “Alexandre o Grande” – mas desta feita em que estreou nos EUA o seu mais recente “World Trade Center”, sucesso de bilheteira oblige, Stone, que filma a historieta do salvamento de 2 policias naquele dia fatídico, não deve ter dito nada, por não ter nada a dizer, ou os ultras não se estejam a desfazer em elogios: - "uma obra prima" diz o "Media Research Center", "vão-vê-lo" açula o fundador do "Parents Television Council"; "God Bless Oliver Stone" aclama a ultra "National Review" online; a "Entertainment Weekly" diz que é "um filme escrupuloso e honrado"; a "Variety" aplaude-o pela "sobriedade"; finalmente, a "Holywood Reporter" diz que a "história é contada de uma forma sombria, desfocada embora honesta", decerto esquecida no rol das comtempladas pelos 10 por cento das receitas doadas à "World Trade Center Memorial Foundation" para construir um memorial de 400 milhões de euros no "Ground Zero". This is America! e o sucesso de bilheteira está garantido. Mas se Stone tivesse pretendido analisar a verdade sobre as implicações politicas e sociais do 11/9, em vez de se preocupar apenas com os dramas pessoais das vitimas e suas excelentissimas familias, sem prejuizo do valor moral que essa análise possa ter - Oliver Stone teria pano para mangas! - e se tivesse realmente algo de novo a dizer, esperaria para estrear mundialmente o filme a concurso durante o próximo "Festival de Veneza" (30/8 a 9/9) onde vai estar apenas como convidado extra-concurso.
Só a verdade é revolucionária. Meia-verdade ou uma parte da verdade é o quê? e serve a quem?
Já não faltam todos – segundo uma sondagem Scripps Howard/Ohio University 1/3 dos norte-americanos pensam que a Administração Bush está, de uma maneira ou de outra, implicada nos atentados do 11 de Setembro.
* 12 % dos estadunidenses declararam que o Pentágono não tinha sido atingido por um avião comercial, mas sim por um missel.
* 16 % dos estadunidenses declararam que o desmoronamento das Twin Towers não tinha sido causado pelo impacto dos aviões, mas sim por meio de explosivos aplicados previamente segundo os modelos de demolição controlada.
* 36 % dos estadunidenses declararam que a administração Bush está implicada, activa ou passivamente, na perpretação dos atentados.
Outro inquérito da Zogby USA, efectuado entre 12 de maio 2006 e 16 maio 2006, indicou as opiniões que :
* 42 % dos estadunidenses não estão convencidos pelos trabalhos da “Comissão Kean”.
* 44 % dos estadunidenses pensam que George W. Bush instrumentalizou os atentados para partir para a guerra.
* 45 % dos estadunidenses duvidam da versão oficial e subcrevem o seu apoio à reabertura das investigações judiciais.
(fonte: Reseau Voltaire)
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