Cerca de 1460 o grão-ducado de
Veneza era uma poderosa potência económica cujo fulgor se devia ao comércio aberto a Oriente pelas rotas descobertas por Marco Polo. Ali, à fluorescente urbe afluiam e prosperavam viajantes que comerciavam toda a espécie de mercadorias exóticas. Desse tempo, conta o pintor veneziano
Giambattista Cima da Conegliano, que arrivou a Veneza
um sapateiro islamita de nome Ananias com uma habilidade nata para congeminar estorietas que deliciavam e entretinham com inusitada competência os tempos livres das ilustres e cosmopolitas personagens que criavam a aura de prosperidade para a cidade. Uma das mais populares histórias do sapateiro era a "Lenda de São Marcos", cuja fama depressa chegou aos ouvidos do Poder do Doge investido por delegação dos poderes divinos na Terra, como se usava à época. Mais esperto do que o sapateiro, embora as competências dos dois não fossem qualitativamente comparáveis, o doge Marco Barbarigo, com base na lenda provada por uns ossos antigos, teve o inspirado desarrincanço de mandar erguer sobre umas ruinas ali existentes, a famosa Catedral em honra do santo, que assim virou São Marco. Melhor visto, a obra justifivava e acrescentava às receitas públicas grossas maquias de impostos cobrados a todos que pretendiam entrar e comerciar na cidade, dando-lhe importância acrescentada. Quase três séculos depois, quando chegaram os invasores comandados por
Napoleão, ordenaria este a abertura da Strada Nuova, demolindo o humilde casario que se lhe atravessava no caminho da Piazza de São Marco e lhe dificultava a passagem das modernas carruagens.
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Foi por esse novo itinerário que passaram com facilidade os enormes blocos de pedra destinados à construção a Ala Napoleónica, local que alberga hoje, entre diversos museus, o esplendoroso café Florian onde os turistas ao som de violinos sugam coca-colas a 15 euros cada. Tem esta viagem relâmpago pela história o propósito de recordar que a realidade visivel que ficou para a posteridade do
notável poder imaginativo do sapateiro Ananias, passando ao lado de outras novidades tecnológicas trazidas do Oriente - por exemplo:
a caixa de engraxador assinalada pelo pintor no canto inferior esquerdo do quadro - (além de outras como a pólvora, que haveria de
divertir tantas gerações de emplumados guerreiros ocidentais) e a imprensa escrita, duas inovações que não vêm agora ao caso)- dizia eu, o que ficou como monumento para a posteridade foi a
Basilica de São Marcos!; é mais ou menos nestes termos que se vão construindo as arquitecturas e os itinerários visiveis das cidades.
Gentile Bellini
"Processione in Piazza San Marco"
Galerie dell`Academia, Venetia.
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Não será de estranhar portanto que, na sequência de outras pêtas modernas engendradas por uma imensa prole de sapateiros com a profissão de jornalistas corporativos a soldo do grupo neo-Nazi acoitado na Administração norte-Americana, um dia destes surja no
Ground Zero em Nova York um novo lugar de culto - o edificio mais alto do Mundo, a "
Freedom Tower" - do arquitecto-estrela
Daniel Libeskind mandatado pelo poder económico-financeiro Judeu, acolitado por
Norman Foster e
Richard Rogers em nome da coligação do ex-Império britânico e por outros em nome da construção da imagética mediática do Império Atlântico - mais um ícone perfeito do
Não-Lugar, pensando na definição de
lugar antropológico dada por
Marc Augé.
Para que os embustes não passem em claro, no 5º aniversário do evento que pretende "mudar o mundo", aqui ficam 5 livros que desmontam a tremenda falácia em que assenta a construção da nóvel arquitectura Imperial pós-moderna. Para a desmistificação do famigerado
11 de Setembro de 2001: nada mais que a cronologia da história recente do capitalismo.
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Um novo Pearl Harbour", de David Ray Griffin - questões incontornáveis postas à Administração Bush
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O processo do 11 de Setembro", de Victor Thorn - o 11/9 submetido à prova dos factos.
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O Terror Fabricado" (
made in USA), de Webster G. Tarpley - o mito do século XXI
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A mentira sobre os atentados com explosivo liquido", por James Petras
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Omissões e Manipulações da Comissão de Inquérito ao 11 de Setembro", de David Ray Griffin
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A Guerra contra a Verdade", de
Nafeez Mosaddeq Ahmed -
desinformação e anatomia do terrorismo.
do mesmo autor do blogue:
"
Inquérito independente sobre as Bombas de Londres"
"
A Guerra como a pintam os Media do Ocidente Express", por Elsa Mosher
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