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segunda-feira, fevereiro 19, 2007






Se atentarmos nas gigantescas campanhas de desinformação que grassam nos Media é normal suspeitarmos que existe um esforço organizado no sentido de denegrir todos os regimes políticos que se opõem à ditadura global do Mercado Livre – representados por governos que se demitiram da politica (fazendo crer que hoje em dia todas as questões são “problemas técnicos”) para se transformarem em meros executivos das empresas e multinacionais (que são as que têm actualmente bases para se expandir dentro da ideologia neoliberal)
Como financia o Império (e as oligarquias subservientes) o anticastrismo, o anti-chavismo (o golpe antidemocrático de 2002), a islamofobia, o anti-comunismo? – se é certo que o organismo supranacional (a Fundação Nacional para a Democracia - National Endowment for Democracy-NED), que financia p/e os Repórteres Sem Fronteiras, o El Mundo, o grupo Cisneros, etc) encarregado de canalizar verbas para “os meios de comunicação social” foi apenas criado em 1983 por Ronald Reagan, é mais que certo que existiu um longo trabalho que antecedeu esse tipo de actividades.

Quem Paga a Fria Guerra Cultural?

Em Langley na Virgínia, respirava-se uma atmosfera de emergência. A CIA (Central Inteligency Agency, CIA) que durante os últimos vinte anos havia logrado cumprir as tarefas de forma secreta, enfrentava agora uma crise profunda nas suas relações públicas. A forma como a CIA havia executado golpes de Estado, assassinatos e planeado deposições de governos democraticamente eleitos, estava a circular por todo o mundo nas primeiras páginas dos jornais, apesar de todos os esforços para o evitar. Com o antecedente da guerra do Vietname, e no meio de um clima de crescente desconfiança nacional, a CIA, que até então tinha sido uma instituição respeitada, começou a ser vista como um elefante enraivecido na loja de louças e de filigrana que era a politica internacional. Ficaram a descoberto os detalhes sujos da deposição do presidente Mossadegh no Irão em 1953; da expulsão do governo de Arbenz na Guatemala em 1954; da desastrosa operação da Baía dos Porcos; e de como a CIA havia feito espionagem a dezenas de milhar de norte- americanos e tinha negado esse tipo de práticas perante o Congresso, elevando assim a novos níveis a arte de mentir.

É por demais bem conhecido que a CIA congregou à sua volta os intelectuais de extrema- direita quando ”internacionalizou” as suas actividades logo depois da 2ª Grande Guerra; poucos sabem porém que também individuos do centro e da “esquerda” num esforço para desviar a “intelligentsia” do país da influência do “comunismo” trabalharam activamente para que, torneando o obtstáculo, as actividades da CIA fossem direccionadas para levar à aceitação generalizada da “maneira de vida americana” por esse mundo afora.

Frances Stonor Saunders, uma historiadora britânica, lança-se através da história na cobertura da operação “Congresso para a Liberdade Cultural” no panorama cultural da guerra fria em “The Cultural Cold War: The CIA and the World of Arts and Letters”. O livro centra-se na carreira de Michael Josselson, a principal figura intelectual na operação, e na forma como foi atraiçoado por pessoas que no principio lhe tinham dado cobertura. Saunders demonstra que, nos primórdios dos Escritórios de Serviços Estratégicos “Office of Strategic Services, OSS) de onde viria a emergir depois a CIA, estes eram muito menos dominados pela ala direita conservadora do que depois viriam a ser – e a ideia de se ir ajudando a descartar progressivamente os moderados, para além de ser maquiavélica, tinha em vista unicamente abrir caminho para as figuras de topo que hoje todos conhecemos: os Bushs (pai e filho) que acabaram depois por, em duas tacadas fulcrais (1963, o assassinato de Kennedy - 2001, o 11 de Setembro), estabelecer as bases do novo mundo de dominação global, a cuja tentativa de implantação assistimos hoje.

O McCarthysmo, foi decretado nos anos 50 pelo pelo “Smith Act” para combater a grande maioria dos intelectuais americanos que na época eram susceptiveis de se deixar mentalizar pela Rússia de Estaline – e afastar o espectro do Comunismo (proibindo os livros que os Nazis antes haviam queimado). Na medida em que a “Caça às Bruxas” iniciada pelo senador McCarthy provocou uma enorme crise de consciência (nomes como Orson Welles, Charlie Chaplin, Arthur Miller e muitos outros foram perseguidos e impedidos de trabalhar) a América procurou que aparecessem, para consumo interno, outros ideais mais moderados.

A Cultura da Guerra Fria

Stephen J. Whitfield em "The Culture of the Cold War" escreve um bem documentado ensaio demonstrando como a Guerra Fria foi produzida e sustentada por valores como o super- patriotismo, intolerância e suspeição - e como estas patologias infectaram todos os aspectos da vida na América nos anos 50: na indústria do entretenimento, nas igrejas, nas escolas (tal como hoje são minados pela prefabricada “guerra contra o terrorismo)
"Without the Cold War, what's the point of being an American?" era a questão posta por John Updike no conto “o Coelho no Descanso” – com a situação do muro de Berlim a funcionar em pleno, a questão cultural americana foi resolvida pela assimilação dos valores europeus utilizados nas lutas dos Movimentos pelos Direitos Civis que se sucederam na década de 60 e seguintes. Sem a complexa Guerra Fria contra o papão “comunista” como e onde teriam ido os norte- americanos buscar a ideia de “Identidade Nacional”?


Bush Pai e Clinton:
as duas faces da mesma moeda
hoje em dia entretêm-se a jogar golf,
enquanto cá por baixo as lagartas dos
tanques tomam conta dos investimentos

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