Apesar de, segundo a Intersindical, esta ter sido a maior manifestação de sempre em Lisboa, 80 por cento do tempo de antena da RTP* de sexta feira foi ocupado com as peripécias económicas da OPA** disputada entre a fome de um grupo empresarial “nacional” testa-de-ferro dos interesses das multinacionais e a vontade de continuar a comer pela parte do grupo estatal que gere a Telecom portuguesa – cuja propriedade, no seu núcleo duro, oculta pela blindagem dos estatutos, já é de há muito propriedade de outras multinacionais.
Ora aqui está, em 4 linhazinhas e meia apenas, a síntese daquilo que resmas de experts levam horas infinitas a perorar acerca de – omitindo o essencial: em ambas as hipóteses a PT é para desmantelar e os trabalhadores são para descartar – gradualmente, como a União Europeia advoga, ou de imediato e à bruta como Sonae pretendia, conservando para si uma fatia no monopólio bicéfalo das redes, e revendendo as restantes partes da carcaça a preços de saldo, como antes o fizeram quando entregaram os investimentos no Brasil aos norte-americanos da maior multinacional mundial, a Wal-Mart.
Provavelmente quando compra, o empresário Belmiro-&-agora-o-filho, satisfaz já as pré-determinações de quem lhes encomendou a venda.
* a RTP cobre-se de ridiculo, para não dizer pior, ao fazer a promoção gratuita de insignificâncias politicas, como esta ou esta. Embora esses grupos minúsculos tenham algum cadastro na delapidação e venda dos interesses publicos que deviam pertencer e ser geridos em prol de toda a comunidade não é pela relevância das investigações judiciais que ocupam o espaço de informação público. Deveremos ousar pensar que a RTP foi arregimentada ou trabalha em função desses interesses? ** um jornal dito de referência reservou à OPA quatro páginas e meia, incluindo o editorial, enquanto aos 150 mil trabalhadores que saíram à rua dedicou meia página, ¼ com uma fotografia e o outro ¼ da página com um artigo intitulado: “As Manifestações Valem a Pena?”
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