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quinta-feira, julho 28, 2011

"American Default"

No principio da crise de recessão em curso (2008) a rede bancária dos Estados Unidos tinha concedido créditos num valor total que ultrapassava os 12,5 triliões de dólares. Desse valor a componente maior, 8,5 triliões, dizia respeito aos créditos para aquisição de bens imobiliários (mortgages) cujas práticas fraudulentas e criminosas estiveram na origem do rebentamento da bolha do subprime. A segunda componente era, a muito longa distância, os financiamentos ao consumo através de pagamentos por cartões de crédito, que representavam “apenas” 730 biliões de dólares... e a menor componente os empréstimos a estudantes para pagarem propinas no ensino privado no valor total nada desprezivel de 530 biliões.











Desde a pretensa “viragem” iniciada pela messiânica Administração Obama (2009) os chamados cortes na despesa (menos Estado), medidas de austeridade (mais impostos) e nos insuficientes financiamentos da banca em estado de falência (menos actividade produtiva, uma vez que se trata de uma crise de sobreprodução) pareciam ter invertido a tendência de endividamento (ver gráfico). Mas não é verdade. De facto a diminuição de 1,1 triliões fica a dever-se à devolução de habitações aos bancos por incapacidade de pagamento dos proprietários e à respectiva desvalorização desses bens imobiliários que os bancos não conseguem colocar de novo no mercado pelos valores iniciais, aceitando sucessivamente baixar o preço dessas habitações para revenda. A este colapso vieram juntar-se os planos de ajuda aos bancos de Bush e o plano de ajuda à economia de Obama que, afinal, consistem sempre no mesmo: imprimir e pôr a circular mais papel-moeda distribuindo-o pelos Estados-vassalos a caminho de uma situação de hiperinflação global.

Em 2011, com a crise nos 3 anos e ainda a gatinhar, o endividamento dos norte americanos continua a situar-se num astronómico e insustentável total de 11,4 triliões de dólares. Obviamente, salvo pequenas nuances na desigualdade distributiva de rendimentos, o esquema de aliciamento bancário para aquisição de dívidas a juros baixos para serem cobradas a juros altos, que é válido para um universo de 300 milhões de pessoas nos Estados Unidos é igualmente válido para os 10 milhões de endividados em Portugal. Actualmente os pacotes de acções tóxicas constituem o maior “bem” de exportação dos Estados Unidos, tendo como principais “compradores” os Bancos Centrais dos paises aliados nomeadamente os da União Europeia que obrigam os governos a converter essa merda em divida pública soberana pagável pelos contribuintes colocados debaixo do fogo dos planos de austeridade.

É sobre este pano de fundo que decorre o actual braço de ferro nos Estados Unidos, com os dois partidos únicos a fingir que se desentendem sobre o aumento do tecto de endividamento que evite a bancarrota. Mas democratas e republicanos estão mais que entendidos: desvalorizando o dólar em oitenta por cento (como fizeram no pós guerra quando fundaram Bretton Woods) põem praticamente o défice a zero, e quem detêm os titulos de dívida ou notas de dólar fica com pouco mais que papel para embrulho a 20 cêntimos por peça. Desde que Obama perdeu as eleições intercalares e a maioria no Congresso, as negociações preparatórias para o regresso dos bushistas ao poder decorreram com o senador decano do lobie judeu a apertar com o presidente. A tal ponto que Obama numa dessas reuniões abandonou abruptamente a sala visivelmente irritado[“nunca pensei que um presidente pudesse ter tão pouco préstimo”]. Seguidamente foi o “speaker” John Boehner que negou qualquer acordo: “A Casa Branca quer um cheque em branco para nos pôr todos a pagar mais” e por fim Donald Trump o palerma que se anuncia como candidato às presidenciais de 2012, que concluiu: “os republicanos não devem aceitar nenhum acordo, quanto mais não seja para lixar Obama”
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2 comentários:

Tio Patinhas disse...

Em Português 1.000.000.000 escreve-se milhar de milhão e não bilião; Em Português 1.000.000.000.000 escreve-se bilião e não trilião. A nossa lingua é o Português Classico e não o Português do Brasil ou um sucedaneo do Inglês.

xatoo disse...

esse orgulho nacionalista (só de lingua) num país dependente e vassalo dos anglo-saões há pelo menos 300 anos não deixa de ser curioso...
A notícia diz respeito ao que se passa nos Estados Unidos... por isso caro titio Patinhas.. vai dar aulas para outra freguesia, pq essa "sapiência" não tem nada a ver com o que está aqui escrito sobre o assunto