Pesquisar neste blogue

domingo, fevereiro 26, 2012

A grande contradição dos nossos tempos é a que opõe a natureza social do trabalho à apropriação privada da riqueza gerada por ele.

Supunhamos uma celha de dinheiro, um recipiente do género daquele onde o Tio Patinhas costumava tomar banho esfregando-se com moedas de ouro. Mais que um determinado montante de dívida ali acumulada que agora é propriedade de alguém, esse montante de dinheiro (Capital) representa trabalho acumulado. O capital não é apenas um mero aglomerado de papel/moeda a que se atribuiu um determinado valor; não é igualmente apenas um mero composto de partes (capital fixo, capital móvel, mais valia, lucro, etc). o Capital é o somatório que reflecte e incorpora todas as relações sociais de produção nele integradas. Por esta razão, por vezes um pouco esquecida, a obra de Karl Marxo Capital”, publicada pela primeira vez por Engels em 1894, tem um subtítulo: “Crítica de Economia Politica”, ou seja, a crítica da supremacia social do dinheiro (1). O Capital é a medida resultante de um processo de acumulação sobre uma estrutura económica assente na exploração colectiva de todo um povo (ou, pior ainda, das malhas imperialistas que se estendem sobre outros povos). O montante de capital obtido pelo modo de acumulação capitalista clássico é portanto “capital morto” que não tem outro préstimo senão o de ser re-investido por forma a poder prosseguir o seu ciclo de expansão. Como notou Marx: “o Capital" (trabalho morto acumulado) só se pode manter e prosperar sugando sempre novas quantidades de trabalho vivo”. Daí a preocupação de todos os sectores subservientes ao modo neoliberal de produção, da esquerda à direita, com o “crescimento da economia”, isto é, o prosseguimento da exploração do trabalho vivo, embora este seja pago cada vez a mais baixo preço (2), porque melhores salários num perspectiva reformista do capitalismo é uma reinvindicação utópica, quando por exemplo em Portugal a inflação é já a maior da zona euro, enquanto o PIB baixa dramaticamente (3)

notas
(1) “O Capital, Critica de Economia Politica" http://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/index.htm
(2) Paul Krugman, o prémio Nobel ídolo da “esquerda social democrata” que vem ser homenageado por três universidades portuguesas, advoga que os salários em Portugal devem cair em cerca de 30% em relação aos praticados na Alemanha http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=42485
(3) Portugal terá em 2012 a maior contracção do PIB e inflação mais elevada da zona Euro http://lutapopularonline.blogspot.com/2012/02/o-pais-ja-nao-aguenta-mais.html
.

Sem comentários: