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Logo ao principio do filme de Godard (1) o operador ajusta a câmara, inclina-a para baixo e foca o espectador sentado às escuras numa sala de cinema. É um filme sobre a Verdade do cinema (doravante destronado pela televisão) e sobre as interpretações de todas as pessoas sobre tudo aquilo que vêem. Aqui, enquanto todos olhamos as cores garridas do lenço que o Poder segura numa mão, num golpe de prestidigitação de mágico ele introduz-nos um Coelho no bolso.
Se a Maçonaria é constituída por homens tão íntegros como os próprios de si se apregoam; se os Maçónicos passam a vida a invocar os preceitos e deveres de Obediência aos ideais da Revolução Francesa (para os mais esquecidos: Fraternidade, Igualdade e Liberdade; e a ordem não é arbitrária); se os Maçons se orgulham de ter congeminado nas suas Lojas a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, na óptica da burguesia e um mês e meio apenas após a tomada da Bastilha; se gente tão impoluta e importante esteve e está sempre ligada ao Poder, como se compreende que tenham conduzido o país (2) e o mundo) ao estado larvar de corrupção em que se encontra?
Em “a Economia da Corrupção nas Sociedades Desenvolvidas Contemporâneas” (uma obra que parece séria à primeira vista (3) um livro-debate organizado pela doutora Cristina de Abreu, (ediç. Fronteira do Caos), uma colaboração do Cepese com a Policia Judiciária lê-se que “a Corrupção e o Terrorismo constituem porventura os dois maiores desafios da sociedade internacional do século XXI, as duas maiores ameaças à sociedade democrática” (sic)
Aqui está a primeira grande mentira da nossa época: quem são esses “terroristas”? o Poder fala daquilo que conhece, o terrorismo está entre eles, por exemplo, quando, depois da muleta bushista do 11 de Setembro (4) e de legislar sobre o cerceamento das liberdades no Ocidente, decidem alcunhar activistas políticos da causa independentista Basca, ou os movimentos Anarquistas como “terroristas”. Em breve virão buscar os comunistas a sério para engrossar a lista… Conclusão da fábula: se de “terroristas” (leia-se da "guerra ao terrorismo" de Bush) nada vemos de concreto, de corruptos escondidos está o mundo deles cheio. De cada vez de modo mais sofisticado, evoluindo do tempo em que tinham o Poder na mão, para o tempo em que, ocultos, têm a mão no Poder (5)
(1) le Mépris
(2) Os actuais surripiadores instalados no “governo” levam apenas seis meses de actuação e não são a única desculpa para o que está a acontecer (Passos Coelho recusa dar explicações em Comissão Parlamentar sobre as Secretas)
(3) CEPESE: Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
(4) www.911truth.org/
(5) Paulo Morais: "Os cidadãos são hoje como os servos de gleba de outrora, agora sob a forma de contribuintes usurpados" (para ler aqui)
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