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quinta-feira, maio 31, 2012

My Name is Bond, Mister Eurobond


Calma!, o agente Barroso está a trabalhar numa solução com a chanceler alemã: depois das anotações em papéis ficticios e da vida das pessoas em concreto, segue-se a caça ao Ouro como garantia da dívida soberana de paises inteiros. O BCE transforma-se assim em mais uma loja de penhores das muitas que por aí proliferam porta sim porta não?

"Plano alemão de pseudo-eurobonds para enfrentar a crise da dívida está em discussão. Este veria o ouro e tesouros nacionais dos vários países usados como garantia para o financiamento comum a juros baixos. Quer dizer, "trata-se de um Pacto de Redenção: o Sul da Europa recebe ajuda se empenhar o Ouro e Tesouros nacionais". O plano separaria as dívidas dos estados membros em duas componentes: soberana e não soberana. Tudo o que estiver acima do limite de endividamento de 60% imposto pelo Tratado de Maastricht seria considerado dívida soberana. A restante parcela de 40% ou mais seria gradualmente transferida para o “fundo de redenção” que seria suportado por obrigações europeias comuns" (via cadpp)
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quarta-feira, maio 30, 2012

Intervenção da Troika em Espanha está eminente

Onde é que os portugueses já viram isto? tudo começa com noticias assépticas: "Instabilidade do sector financeiro penaliza Espanha e Zona Euro". Depois os juros aumentam para os paises endividados dependentes de financiamento nos "mercado" - em Espanha ultrapassaram hoje os 6%. No final do processo será activado o Mecanismo Europeu de Estabilidade o que, toda a gente já sabe à boca pequena, será solicitado a 1 de Julho.

Tudo parece ter começado (mas de facto não é assim) com a “descoberta” do buraco financeiro no Bankia, primeiro noticiado como sendo de 6 mil milhões, que depois passou a 2 Mil milhões, mas (depois de preparada a opinião pública, disparou para 12, logo para 19 Mil Milhões). No final, decidida a nacionalização dos prejuízos do Bankia (com a estafada tanga do perigo de alastramento à banca nacional) o governo do partido neoconservador declarou que para salvar o sistema bancário de Espanha era preciso injectar naquele banco 23,5 Mil Milhões de Euros. Esse dinheiro lançado para a fogueira de um banco falido (tal como no caso do português BPN) não vai poder ser devolvido e fará disparar o défice do país para dois dígitos. Estas condições inaceitaveis, que descarregam o compromisso de pagar essa dívida odiosa para cima da generalidade dos contribuintes, fará deteriorar as condições de vida da generalidade da população, na medida em que se trata de uma verba maior que os orçamentos de Estado para a Saúde e Educação juntos. A politica económica para salvar a “indústria” financeira na pessoa dos banqueiros, à semelhança do que se passou e passa na Grécia e em Portugal, é totalmente imoral (ver video).

O Bankia não tem sequer um ano. É um grupo de bancos espanhóis ligados a algumas das regiões mais envolvidas com a especulação imobiliária. O Banco da Espanha sabia onde estava a grande bolha financeira - na ligação das caixas de aforro e da banca comercial na concessão de crédito ao sector imobiliário - mas mesmo assim colaborou com a fraude de juntar diversos banco maus, o que nunca poderia resultar numa coisa boa. Está-se a ver: a viagem urgente da vice-presidente Soraya Sáenz de Santamaría para os Estados Unidos só pode significar uma coisa: a intervenção da Espanha está iminente. Soraya, que mal fala Inglês, tem duas reuniões agendadas, conforme relatado pelo palácio de La Moncloa, uma com o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, e outra com a directora do FMI, Christine Lagarde.

O que se passa de seguida é a clássica fuga de capitais do país, as medidas restritivas no acesso aos depósitos, a contas a prazo e a corrida aos bancos para sacar umas belas maquias para debaixo dos colchões. Na Argentina a coisa chamou-se o Corralito. Principal responsável pelo pedido de resgate em Espanha?: Rodrigo Rato e outros 6 magnificos do Partido Popular nomeados para gestores do Bankia. Rato havia sido antes ministro das finanças de José Maria Aznar e depois sub-director do FMI. No final quem estará em condições de se pronunciar sobre a situação espanhola é a Presidente da Argentina, bem conhecida por se ter recusado a pagar a dívida cozinhada pelo FMI e ter recuperado de novo a economia do país para niveis de crescimento invejáveis, sem o recurso aos "mercados" de especulação financeira. "Rodrigo Rato dava-nos lições de finanças, ele, quem agora pôs um banco na falência", disse Cristina Fernández Kirchner ao saber do resgate do governo espanhol ao Bankia (video)

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terça-feira, maio 29, 2012

do Crescimento sem austeridade

“o Capitalismo está em expansão, a situação social e económica de muitas pessoas é que se degrada. Assim, o capitalismo é entendido como uma parte da sociedade oposta ao resto, como o conjunto dos homens que detêm o dinheiro acumulado, e não como uma relação social que engloba todos os membros da sociedade actual
(in Le Nouvel Esprit du Capitalisme, 1999

Durante esta crise, tivemos mais do que nunca a impressão de que as “classes dominantes” não dominavam grande coisa; de que, pelo contrário, eram elas próprias dominadas pelo “sujeito autónomo” (Marx) do Capital (1). Durante a crise, esteve outra vez na moda citar Marx. Mas o pensador alemão não falou apenas de lutas de classes. Previu também a possibilidade de que um dia a máquina capitalista parasse por si só, que a sua dinâmica se esgotasse. Porquê? A produção capitalista de mercadorias contém, desde a origem, uma contradição interna, uma verdadeira bomba-relógio, situada nas suas próprias bases. Não é possível fazer frutificar o Capital, e portanto acumulá-lo, sem ser explorando a força de trabalho. Mas o trabalhador, para gerar um lucro para o seu patrão, tem de estar equipado com as ferramentas necessárias, e hoje com as tecnologias de ponta. Daí resulta uma corrida constante – a concorrência assim o obriga – pelo uso das tecnologias. O primeiro empregador a recorrer a novas tecnologias ganha sempre, porque os seus trabalhadores produzem mais do que os que não dispõem dessas ferramentas. Mas o sistema inteiro perde com isso, porque as tecnologias substituem o trabalho humano. O valor de cada mercadoria particular contém assim uma porção cada vez mais diminuta de trabalho humano – que no entanto é a única fonte de mais-valia, e logo de lucro. O desenvolvimento da tecnologia reduz os lucros na sua totalidade. Todavia, durante século e meio, o desenvolvimento da produção de mercadorias à escala global pôde compensar esta tendência para a diminuição do valor de cada mercadoria particular.

Desde os anos de 1960, este mecanismo – que já não era mais que uma contínua fuga para a frente – enraizou-se. Os ganhos de produtividade permitidos pela microelectrónica trouxeram, paradoxalmente, a crise ao capitalismo. Eram necessários investimentos cada vez mais gigantescos para, de acordo com os padrões de produtividade do mercado mundial, fazer trabalhar os poucos operários que restavam. A acumulação real do Capital ameaçava parar. Foi nesse momento que o “capital fictício”, como lhe chamou Marx, levantou voo. O abandono da convertibilidade do dólar em ouro, em 1971, eliminou a derradeira válvula de segurança, a última ancoragem à acumulação real. O crédito (2) não é mais do que uma antecipação dos ganhos futuros esperados. Mas quando a produção de valor, e portanto de mais-valia, na economia real estagna (o que nada tem que ver com uma estagnação da produção de coisas – mas o capitalismo gira em torno da produção de valor, e não de produtos enquanto valores de uso), só as finanças permitem aos proprietários de Capital fazer lucros já impossíveis de obter na economia real.
















A ascenção do Neoliberalismo a partir de 1980 não era uma manobra ignóbil dos capitalistas mais ávidos, nem um golpe de Estado montado com a cumplicidade de políticos complacentes, como quer fazer crer a “esquerda radical”. Pelo contrário, o Neoliberalismo era a única maneira possível de prolongar ainda um pouco mais o sistema capitalista. Um grande número de empresas e de indivíduos conseguiu manter durante muito tempo uma ilusão de prosperidade graças ao Crédito. Agora essa muleta também se partiu.Mas o regresso ao keynesianismo, evocado um pouco por todo o lado, será totalmente impossível: já não há dinheiro “real” suficiente à disposição dos Estados, isto é, dinheiro que não tenha sido criado por decreto ou por especulação, mas que seja o fruto de uma produção de mercadorias conforme aos padrões de produtividade do mercado mundial. Por agora, os “decisores” adiaram ainda um pouco mais o Mane,Thecet Phares (3) juntando um outro zero aos algarismos extraordinários escritos nos ecrãs e aos quais já nada corresponde. Os créditos acordados para salvar os bancos são dez vezes superiores aos buracos que faziam tremer os mercados há vinte anos – mas a produção real (dito de forma banal, o PIB) aumentou cerca de 20-30%! O “crescimento económico” dos anos 1980 e 1990 já não tinha uma base autónoma, era devido às bolhas financeiras. E quando essas bolhas tiverem rebentado não haverá “saneamento” a partir do qual tudo possa recomeçar"
(in “Sobre a Balsa de Medusa”, Ensaios Acerca da Decomposição do Capitalismo,´pp 47-50 Anselm Jappe, edições Antígona, 2012)

O Naufrágio Made-in-USA, (The-Raft-of-Illusions) Grupo Metamorphosis

(1) "... com efeito, derivamos para uma situação em que os humanos não são mais que «resíduos» (Zygmunt Bauman). As inúmeras pessoas que sobrevivem a vasculhar no lixo - e não só no «terceiro mundo» - mostram onde vai finalmente uma humanidade que estabeleceu como exigência suprema o processo de valorização mercantil: é a própria humanidade que se torna supérflua quando já não é necessária para a reprodução do capital-fetiche. Há uma quantidade cada vez maior de pessoas que já não «servem», nem mesmo para ser exploradas, ao mesmo tempo que lhes foram retirados todos os recursos para viver. E os que dispõem de recursos fazem frequentemente um muito mau uso deles (...)" pp. 10-11
 (2) o Crédito prolonga não só o sistema enquanto tal, mas também o dos consumidores. E grande parte do “dinheiro fictício” impresso desde 1971 (dólares como moeda de referência global) passou a ter como única finalidade promover o endividamento ao consumo para que as empresas multinacionais pudessem ter mercado de escoamento para a sua produção.
 (3) Baltazar, o último rei da Babilônia viu-se cercado na sua capital por Ciro quando estava envolvido numa orgia com os seus cortesãos. Numa gabarolice impiedosa o rei estava a ser servido nas jarras sagradas que Nabucodonosor tinha mandado recolher ao templo. Comprometido na profanação, Baltazar viu com horror uma mão invisível traçar na parede em letras de fogo estas palavras misteriosas: “Mane Thecet Phares”. Chamado à pressa o profeta Daniel para interpretar o acontecimento fê-lo deste modo: “Os teus dias estão contados, desiquilibraste a balança, o teu reino será invadido e dividido”. Nessa mesma noite, de facto, a cidade foi tomada, Baltazar foi morto e o reino foi dividido entre os Persas e os Medos

segunda-feira, maio 28, 2012

do Crescimento e da Austeridade

E subitamente todos começaram a falar na necessidade de "crescimento"; bem, nem todos (1)...


Desde que existe economia (e desde os primeiros economistas proponentes do contrato social, Hobbes, Locke, Hume, Smith, Mill) assente nas trocas de mercadorias manufacturadas (economia mercantil) é suposto que o Estado exista para garantir preços justos e uma efectiva redistribuição que não deixe gente excluída, no mínimo, dos bens essenciais (2). No máximo não há limites, até ao facto de uma infíma minoria poder apropriar-se da própria maquinaria do Estado para servir os seus próprios interesses.

Nas sociedades modernas a medida do custo de vida justo sempre foi aferida pelo preço do pão. Na precursora Inglaterra uma forma de pão de trigo custava 1 penny, pesando a massa para o fazer o mesmo peso que a moeda: 280 gramas. Daqui precede o jargão que associa o dinheiro a “massa”, atribuindo os males da sociedade àqueles que “metem a mão na massa”

Um papo-seco antes de 1974 custava 1 cruzado (4 centésimos de Escudo, ou seja, quatro tostões). Em Maio de 2012 o mesmo pequeno pãozinho (cheio de buracos do forno eléctrico) custa 14 cêntimos. Feitas as contas, se em 1970 com 1 escudo se compravam 25 carcaças, hoje em em dia com 1 euro dever-se-iam comprar 200 vezes mais, ou seja 5.000 papo-secos. Mas com 1 euro agora só se compram 7,14 carcaças – quer dizer, o preço do pão democrático aumentou 14.280%. Em compensação o ordenado minimo em 1973 era de 3.300 Escudos, hoje em dia aumentou cerca de 2.940% e é de 485 Euros (o equivalente a 97.233 Escudos), ou seja, o salário em média aumentou menos 11.340% que o preço do pão. É a isto que os burgueses serventuários dos proprietários dos meios de produção se querem referir quando falam em “crescimento” (para meter a mão na massa)


(1)FMI, BCE e Comissão dizem que são os "salários altos" em Portugal os culpados do desemprego, mas os ordenados da equipa de inspectores da Troica variam entre os 13 mil e 20 mil euros! (fonte)
Recorde-se que, com a "ajuda" da Troica, a dívida portuguesa subiu num ano de 117 mil para 190 mil milhões de euros!

 (2) Face ao aflitivo desabafo da Rainha Isabel I: “vire-me para onde me virar só vejo pobres por todo o lado” foi decretada em 1601 a “Lei dos Pobres” em Inglaterra (Poor Relief Act). Regulamentando o auxílio aos necessitados, os juízes de comarca passaram a ter o poder de lançar o imposto de caridade, pago por todos os donos de terras e além disso tinham o poder de nomear inspectores em cada paróquia com o objectivo de arrecadar e distribuir o montante que era obrigatório acumular pela lei. Esta lei é considerada a primeira na implementação do que havia de se tornar na Assistência Social. (wikipedia)
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domingo, maio 27, 2012

o insustentável fedor da burguesia

Não seria muito dificil de supôr, fácil à vilanagem que nos saiu em representação. Assim, simultaneamente todos os titulos de jornais trazem em grandes parangonas o que há muito se supunha:

os Serviços de Informações da República são utilizados para informar clãs de negócios a partir do governo sobre os outros clãs da concorrência privados. O Relvas disse na Comissão de Inquérito do Parlamento que não conhecia o ex-espião da Ongoing de lado nenhum; afinal tratam-se por tu pelo menos desde os bons tempos dos conluios com o boss Angelo Correia (ex-patrão de Passos Coelho) e da agora angolana Finertec. O Balsemão considera que a «situação é mais grave que no tempo da PIDE". O Relvas mentiu, recebia informação, confirmava-a e ainda por cima ameaça os potenciais intrusos da imprensa, mas a Comissão da tanga ao Inquérito acha que ele apenas disse uma inverdade. Enfim, o ministro lá vai permanecendo em funções, ficando a flatular no ar um insuportável pivete a porcaria - um clássico - teria pensado o Relvas lá para os cordões da sua bolsa: isto é como quem limpa o cu a meninos

Jan Miense Molenaar, l`Odorat, 1610, Mauritshuis, Den Haag 
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sábado, maio 26, 2012

da Sarna à Comichão no "inquérito" às PPP

No livro do juiz jubilado Carlos Moreno «Como o Estado gasta o nosso dinheiro» lançado em Outubro de 2010 fazia-se uma veemente denúncia da corrupção no financiamento dos investimentos do Estado através das Parcerias Público Privadas. Questionava-se já então saber das razões que levaram, entre muitos outros, Joaquim Ferreira do Amaral (ex-ministro das Obras Públicas de Cavaco) à direcção da Lusoponte ou Jorge Coelho (ex-ministro das Obras Públicas de Guterres) à direcção da Mota-Engil, depois de terem tomado decisões em nome do Estado que foram favoráveis a estas empresas. O caso, na altura era visto como um mero factor de desperdício na gestão do Estado keynesiano para menos Estado à moda de Friedman. Hoje passados dois anos é raro quem não veja no esquema uma intolerável torrente de corrupção. Tanto que o Governo se viu na contingência de nomear uma Comissão Parlamentar para tentar desvalorizar e se possivel apagar um caso que até a troica obriga a rever  -  embora concordando com o essencial do esquema, o Juiz é que não se cala: Há «benefícios sombra» para os privados em alguns contratos - em alguns?, e o povo a pensar que todos eles têm na sua essência a transferência de receitas sobre bens públicos para os bolsos dos privados
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sexta-feira, maio 25, 2012

Catastróika

o impacto da privatização massiva de bens públicos como objectivo da ideologia neoliberal 

As despesas do Estado com as privatizações por via das parcerias público-privadas (PPP) atingiram 3,5 milhões por dia! O Estado endivida-se, o povo é que paga. O polvo da corrupção continua a crescer, mas continua, com a complacência da "justiça de classe" a dizer que não tem tentáculos. O Estado endivida-se, o povo é que paga.

Se deixas a regulamentação dos recursos na mão dos privados serás escravizado. A regulamentação é a aplicação prática da democracia, a forma como nós público, controlamos democráticamente os negócios monopolistas, para que possamos controlar os grandes grupos económicos, de forma que não nos controlem eles a nós. Como já controlam o Estado em vários Países da UE, os prejuízos vão para os contribuintes (Estado) e os lucros revertem para esses grupos (...) As Universidades são avaliadas não pelo nível de qualidade de Educação que proporcionam, mas de acordo com quão atractiva é essa Educação para o mercado (...) As Universidades supostamente públicas, estão a ser obrigadas a adaptar-se aos mercados, são agora empresas para gerar lucros. O objectivo primordial é vender Educação e a Educação não é uma mercadoria, mas um direito dos cidadãos. (...) a Europa está a começar o seu período de trevas com a privatização da água, dos recursos energéticos e dos transportes. Serviços de infra-estruturas e manutenção muito dispendiosos e há muito tempo financiados pelos cidadãos contribuintes"

Se a Grécia é actualmente o melhor exemplo da relação entre a dividocracia e a catastroika, ela é também, nestes dias,a prova de que as pessoas não abdicaram da responsabilidade de exigir um futuro. Cá e lá, é importante saber o que está em jogo — e Catastroika rompe com o discurso hegemónico omnipresente nos medias convencionais, tornando bem claro que o desafio que temos pela frente é optar entre a luta ou a barbárie As consequências mais devastadores registam-se nos países obrigados, por credores e instituições internacionais (como a Troika), a proceder a privatizações massivas, como contrapartida dos planos de «resgate». Catastroika evidencia, por exemplo, que o endividamento consiste numa estratégia para suspender a democracia e implementar medidas que nunca nenhum regime democrático ousou sequer propor antes:



quinta-feira, maio 24, 2012

Ladri Di Biciclette

Depois de muitas tentativas goradas, no catastrófico cenário de destruição do pós-guerra em Itália, Antonio Ricci consegue um emprego como colador de cartazes,

para o qual é condição indispensável , possuir uma bicicleta, mas ele e a sua família, há meses na miséria, tinham empenhado a sua única bicicleta. Assim que conta à mulher a perspectiva de emprego, esta decide penhorar os lençóis de sua cama para poder levantar a bicicleta para o marido poder trabalhar. Mas, para piorar a situação, no seu primeiro dia de trabalho, a bicicleta é roubada, simbolicamente no preciso momento em que colava um cartaz de uma starlette do cinema americano



Ladrões de Bicicletas, um filme de Vittorio di Sica de 1948, é a história desse pobre pai de família desempregado que, sem a bicicleta que é o seu instrumento de trabalho, perderá o emprego e voltará à condição de desempregado sem futuro previsível. A bicicleta assume-se como metáfora da tecnologia que se interpõe entre o individuo e as suas condições vitais de sobrevivência. Torna-se necessário submeter-se ao fetiche do uso dos meios de produção que não possui nem controla para que o operário tenha acesso ao trabalho assalariado. A burguesia coloca o proletariado em disputa entre si: “se você tem uma bicicleta, eu também tenho!, o emprego pode ser meu!”. Marx e Engels na Ideologia Alemã descreveram a situação: “Esta contingência apenas é engendrada e desenvolvida pela concorrência e pela luta dos indivíduos entre si. Assim, na sua imaginação, os indivíduos parecem ser mais livres sob a dominação da burguesia do que antes, porque as suas condições de vida parecem acidentais; mas, na realidade, não são livres, pois estão mais submetidos ao poder das coisas



Face à fatalidade Ricci decide então denunciar o roubo junto à polícia, que não o leva a sério, aconselhando-o que a procure ele mesmo. Com o seu pequeno filho Bruno ao lado, ele começa então a difícil tarefa de localizar a bicicleta pelas movimentadas ruas de Roma. Nessa caminhada desfila então aos olhos do espectador de forma documental o verdadeiro estado das coisas no país inteiro: a crise económica, o desemprego, a superstição, a miséria e a promiscuidade. No final, num momento de desespero, Ricci tenta roubar uma bicicleta da porta de uma fábrica, sem sucesso, sendo preso e humilhado à vista do pequeno Bruno...

"Ladrões de Bicicletas" é uma obra única de puro realismo, um documentário rodado ao vivo com amadores. Genuíno, descrevendo situações do dia-a-dia, de personagens comuns vividas por actores não-profissionais, filmado nas ruas, sem recursos nem efeitos de estúdio. O cenário é o da fome, da penúria - a vergonha da criança por ser pobre é confrangedora – é o ser humano face à perda de dignidade, impotente perante situações de irracionalidade. Óscar de melhor filme estrangeiro é uma obra prima incontornável. Um dos grandes clássicos do cinema. Passa hoje na Cinemateca. Mas, para quem não puder ver em formato de sala, há uma versão completa no you-tube
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Para Onde Vai o Dinheiro das Scut?

A introdução de pagamento nas auto-estradas que antes eram gratuitas não foi só prejudicial para os automobilistas, mas também para o Estado. Uma peça importante para se perceber que a dívida pública, contrariamente ao que procuram fazer crer, é resultado de criminosas transferências do erário público para os bolsos de uns quantos privados! (Mota-Engil, Mellos, Grupo Espírito Santo, entre outros, da secular rede de sucção dos recursos do país. E é neste quadro que nos impõem sacrifícios (redução de vencimentos, diminuiçaõ drástica dos beneficios sociais por direito constitucional, etc., )...Um exemplo bem demonstrativo de como a riqueza pode, em larga escala, ser transferida de muitos, para uns poucos! 

quarta-feira, maio 23, 2012

A importância do Não Pagamento da Dívida

Alexis Tsipras, o coordenador do novo partido "Syriza, Frente de União Social" disse ontem (via TVI24) que não tinha quaisquer previsões para governar com a Grécia fora do Euro, isto é, que aceita a subserviência à Alemanha do deutsche-euro.

Garcia Pereira a respeito da situação na Grécia, para além da derrota dos partidos do memorando, destacou o ensinamento de que não é possível estabelecer uma aliança política sem um programa de governo claro, com base no não pagamento da dívida
Garcia Pereira pronunciou-se também sobre os últimos dados do INE sobre a recessão (2,2%)
em Portugal no primeiro trimestre deste ano, denunciando tratar-se de uma manobra de manipulação da opinião pública concluir-se por uma desaceleração da retracção económica; quanto ao recém-empossado presidente Hollande, alertou para não se criarem falsas expectativas em torno de alguém que vai logo a correr falar com a chanceler alemã, começando já, à boa maneira PS, a mudar de discurso quanto à renegociação do tratado orçamental;


terça-feira, maio 22, 2012

Um governo, uma maioria, um presidente, uma ditadura.

Sem qualquer razão especial aparente, o Governo decidiu e o senhor Presidente assinou por baixo a alteração à Lei nº 44/86 que regula a declaração do "estado de sítio e do estado de emergência" (ver especialmente o Capitulo II artigo 8º) 


Depois de aprovada subrepciamente com os votos da maioria de direita e extrema direita na Assembleia da República, tal "decisão" tem a ver com directivas globais emanadas dos EUA, as quais têm de ser cumpridas obedecendo a um modelo de uniformização em função da adesão de Portugal à Nato. Os governos têm assim mão livre para requisitar as Forças Armadas e levá-las a reprimir os dissidentes sem limitações legais, dissidentes cujo número não vai parar de crescer consoante as condições de vida se agravam. Prevendo esse agravamento, na Europa foi criado um Corpo de Policia de Intervenção supranacional às ordens da UE sediado em Itália (adstrita à base norte americana de Vicenza) destinado a intervir e reprimir qualquer situação de sublevação de civis que ocorra em qualquer país pertencente à União. A coisa chama-se “EuroGendfor, European Gendarmerie Force” e em termos de democracia coloca uma questão simples: foi vc que votou a possibilidade de o seu país ser invadido por tropas estrangeiras? É natural que muito poucas pessoas saibam disto (excepto as que têm vindo a arriscar o pêlo nas manifestações defrontando a policia de choque), mas podem começar a pesquisar a génese do novo fascismo por aqui: http://www.grifo.com.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=293&Itemid=33
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domingo, maio 20, 2012

a situação na Grécia e o que pretende o Syriza?

Quem rejeitaria um Governo baseado na plataforma mínima dos 5 pontos apresentada inicialmente pelo Syriza em 8 de Maio? – o problema é que as condições face às novas eleições evoluem (ou degradam-se) rapidamente, obrigando os intérpretes do “socialismo em liberdade”, através de alianças impostas, a renegar na prática os propósitos entretanto tornados obsoletos – 70% dos gregos não pretende sair do Euro e a Alemanha pressiona para que esta questão seja alvo de um referendo. A chantagem europeia inviabilizará qualquer tentativa de formar uma cada vez mais impossível união entre a esquerda na Grécia, restando apenas os partidos pró-Troica para se conciliar alianças. As semelhanças com o quadro partidário parlamentar em Portugal e as analogias politicas ressaltam evidentes.


a Posição do Partido Comunista da Grécia: 
O que pretende o Syriza?

"A avaliação feita pelo KKE (Partido Comunista da Grécia) sobre os procedimentos que emanam de mandatos exploratórios a desenvolver no Parlamento burguês é que estes são uma fraude, na medida em que fazem parte de um plano geral para a manipulação das massas visando desarmar a luta da população, distraindo-a dos seus objectivos e colocando o foco principal no próximo processo eleitoral. Esta é a razão pela qual o KKE, quando foi questionado antes das eleições sobre o que faria no caso de receber mandatos parlamentares, esclareceu de forma honesta e corajosamente diante do povo (sem se preocupar com o custo que tal posição teria no que respeita a votos), que seria imediatamente prescindir desses mandatos. O KKE esclareceu que não irá participar num governo de gestão burguesa que objectivamente implique uma maioria que seja pela manutenção no euro, logo, contra a saída da crise. Estando muito bem informados sobre a posição e a prática dos outros partidos, sabemos que nenhum dos governos propostos, tanto aqueles a favor de "renegociação" ou aqueles a favor da "emendas" num novo Memorando da Troica podem resolver os problemas que se têm vindo a agravar desde a “ajuda”, ou até mesmo mesmo abordar as necessidades mais básicas das pessoas.

Este é o conteúdo de responsabilidade histórica, pelo qual a coligação social democrata SYRIZA denuncia a actuação do KKE, à qual este responde que os reformistas estão a demonstrar uma postura historicamente irresponsável em relação às pessoas. Respeitar a instituição dos mandatos não significa que as diversas partes devam fazer tentativas exploratórias com discussões hipócritas e propostas desde que uma ou mais partes decidiram não participar do governo na medida em que eles querem novas eleições que satisfaçam os seus próprios propósitos. Porque, por exemplo, não disse o SYRIZA desde o início que quer um governo de partido único, de modo a evitar este jogo miserável que, infelizmente, vai continuar durante as próximos semanas? Foi por este motivo que apelámos para as eleições de ontem, não porque as eleições constituam, como se costuma dizer, o culminar da intervenção do povo, a solução para os problemas do povo, mas, com a finalidade de parar o processo de enganar o povo. Em qualquer caso, estamos a caminhar para as novas eleições. Portanto, as pessoas devem estar prontas para intervir e tirar conclusões a partir deste processo de engano. Estes são jogos encenados. Mesmo que se tivesse formado um governo de último momento, as pessoas deviam novamente estar vigilantes porque as eleições estão sempre ao virar da esquina.

Velhos e Novos Dilemas (modernizados)

Avaliámos, ao mesmo tempo que os procedimentos de cada partido face aos mandatos obtidos tentam colocar no centro da atenção do povo novos dilemas enganosos, para que as pessoas fiquem presas aos velhos dilemas, para que a resistência das massas populares cada vez mais radicalizadas seja reduzida em face da pressão. Tais dilemas são:

Primeiro: euro ou dracma, apesar do facto de se saber que seja com o euro ou o dracma as pessoas continuarão a ser subalternizadas e desapossadas.
Segundo: solução grega ou europeia, apesar de que a questão será determinada pela luta de classes e do confronto na Grécia em primeiro lugar e, claro, a nível europeu, não por negociações, mas através do reforço do trabalho europeu e do movimento das pessoas na sua luta contra a UE, em ruptura com o directório burguês imperialista que a enforma.
Terceiro: Austeridade ou Desenvolvimento, tentando fazer esquecer que o caminho do desenvolvimento capitalista implica sempre austeridade, pouco nítida nas condições da competição capitalista, mas com maior nitidez na resolução das contradições inter-imperialistas
Quarto: Direita ou Esquerda. Memorando ou Anti-Memorando. Este dilema também assume outras formas, de acordo com os desenvolvimentos dos dois pólos de Centro-Direita e Centro-Esquerda, perante os quais o Syriza assume responsabilidades muito sérias, marginalizando e obscurecendo as contradições reais dentro da Grecia e na União Europeia.

As verdadeiras questões para o povo grego são estas:

Queremos uma Grécia de Trabalhadores Independentes e Livres dos compromissos europeus, ou uma Grécia anexada e incorporada numa União Europeia Imperialista? – a contradição real no interior da Grécia e da EU está entre as empresas capitalistas, as empresas monopolistas e os interesses das classes trabalhadoras, o auto-emprego na cidade e no campo, a contradição entre a capacidade de governo do poder do povo e o exercício do poder para a perpetuação da classe burguesa proprietária dos meios de produção.

Especialmente o Syriza, com as suas mutações contínuas e o seu programa geral, tenta usar uma fachada de Esquerda para convencer as pessoas de que os interesses dos capitalistas e dos trabalhadores podem coincidir e ambos podem existir e prosperar em conjunto. Na verdade estão a pedir apoio social para um governo de Esquerda, com o manifesto desejo que as pessoas se limitem a aplaudir, numa condição em que as pessoas deviam ser mais exigentes, monitorando e emancipando-se em relação aos governos burgueses que as colocaram na actual situação. O Syriza quer impor a priori expectativas reduzidas para as pessoas, sujeitando-as ao dilema esquerda-direita, na lógica do “socialista” Pasok em 1980. Mas as novas condições “socialistas” de hoje é claro que não permitem uma fiel imitação do Pasok, que então tinha slogans avançados, tais como “a CEE a NATO são o Mesmo Sindicato” e “Fora com as Bases Americanas”. Hoje em dia o Syriza limita-se a uma má imitação dessas tácticas fora das práticas, o que é muito negativo para as pessoas.

Cada um dos Partidos que tiveram responsabilidade de mandato popular por eleições, e aqueles que tomaram parte nos diálogos, utilizaram as intervenções abertas da UE e do FMI para consolidar os velhos dilemas. Estas novas intervenções não são propriamente novas, desprezíveis e sem precedentes. Elas existiram antes no passado e abriram processos de chantagem durante os governos Papandreou e Papademos e continuarão depois das eleições qualquer que seja o governo que vier a ser formado. Neste ponto será também revelado que, a qualquer governo que prentenda manter a Grécia na União Europeia a todo o custo, não poderá negociar ou renegociar uma solução a favor do povo por forma a sair da crise, a favor dos direitos das pessoas. Finalmente, esse governo irá assinar as decisões da União Europeia, no máximo, proferindo algumas objecções menores como o Pasok fez durante o seu primeiro período de governo.

A única posição patriótica, a favor das pessoas, é o cancelamento unilateral da dívida, a luta pela retirada da UE, pondo assim cobro às suas chantagens.

Estas chantagem e dilemas intimidatórios estão criar dois novos pólos de dois partidos de rotação, com acções politicas absolutamente indolores para os grupos empresariais, e que no final são úteis à UE, na medida em que todos concordam com a participação na UE, cumprindo portanto os seus desígnios. As classes trabalhadoras e o povo em geral não devem reforçar estes dois pólos, contribuir para a sua reprodução ou apoiá-los de qualquer forma. Ao atacar a outra alternativa possivel, eles procuram estabilizar e incorporar na consciência das pessoas a inevitabilidade de assimilação pela UE e, consequentemente na NATO e na participação nas guerras imperialistas, apesar do facto de que eles não tocam neste último ponto, como se não dissesse respeito ao governo que vai ser eleito.

Não é de todo acidental que nos 5 pontos promovidos pelo Syriza e nas suas várias propostas à sociedade, isso não esteja incluído tanto como eixo central como no conteúdo, a saber: o que fará a delegação governamental do governo Tsipras quando participar numa cimeira da NATO?, qual a estratégia imperialista de "defesa inteligente" cujo tema irá propor?, ou seja, qual o objectivo, medidas e políticas para fazer frente à aliança imperialista mais inflexível e mortal?. O Syriza, fica claro, em busca de um governo de coligação onde seja maioritário, quer evitar comprometer-se agora para evitar que poucos dias após a formação de governo seja de imediato exposto pela assinatura da decisão de não alterar o que quer que seja no que respeita à NATO.


O ecletismo e a escolha dos temas são característicos dos 5 pontos do Syriza para que se possa aproximar de um público específico, como se um governo não tivesse que lidar com todos os problemas. Nesse campo testemunhámos a intervenção da Federação Helénica de Industriais para salvaguardar a estabilidade da Grécia na UE, em oposição ao povo e, acima de tudo, a de evitar a agudização da luta de classes. O partido Nova Democracia (ND) está a gozar com a consciência das pessoas com o argumento falacioso de que o Syriza está conduzindo o país para fora da UE e que o Syriza responde que vai garantir que a Grécia vai permanecer na UE a todo o custo, algo que até é verdade. Enquanto, ao mesmo tempo ele está mentindo quando afirma que a "UE é uma rua de sentido único" com a intenção de se tornar mais humano e popular. O PASOK afirma que pode encontrar um acordo com o Syriza, na medida em que este partido diga que é a favor da UE e do euro. O Syriza está a mentir quando afirma que irá cancelar o contrato de empréstimo e que irá libertar o povo da dívida pugnando por outro contrato social. E estes três, juntamente com a Esquerda Democrática estão a levar as pessoas ao medo, até mesmo à chantagem, mas com enfoques diferentes, colocando uma barreira contra uma solução alternativa realmente diferente e radical.


Estes são os dilemas que servem absolutamente para colmatar a agonia da classe dominante, confrontada com o perigo de uma revolta popular, para se juntarem a uma equipe política que sirva os seus fins criando um sistema bipolar novo (“socialistas” mais a ”esquerda democrática” na velha ambição de uma maioria de esquerda que conserve dentro dela completamente assimiladas as conquistas da direita). A esquerda que aspira a governar, que, alegadamente, não hesita em assumir responsabilidades, é o veículo ideal para a assimilação da subjugação, e mesmo da ruptura do movimento operário, a frustrar a sua aliança social com o auto-emprego na cidade e no campo. Armados com o bastão e, quando necessário com a cenoura, para transformar o movimento popular num mero ajuntamento de espectadores aplaudindo, comprados com benefícios temporários (migalhas nas condições de ofertas reduzidas, devido à crise e miséria), as actuações de uma tal coligação seria indolores para o sistema. Um objectivo especial para que este objectivo estratégico possa ser alcançado é enfraquecerem em todos os sentidos, incluindo o uso de repressão, o papel de vanguarda do KKE no movimento operário e popular, nas manifestações anti-monopólio e anti-imperialistas, ou para forçar que a sua mutação, de modo a que o essencial do sistema de segurança seja salvaguardado senão mesmo reforçado. Os únicos que ficariam satisfeitos com tal desenvolvimento seriam os industriais, os armadores dos navios, e os grupos monopolistas. Nenhuma destas duas tentativas de conjugação será bem sucedida.

A nova batalha eleitoral já começou. É uma oportunidade para as pessoas que sofrem entenderem que há um perigo real de que o radicalismo burguês, aquilo que eles demonstraram, é que a tendência de buscar uma solução alternativa será subjugada com a ilusão da "solução aqui e agora", a procura do mal menor, "algo de melhor" ou que quer que seja. Não estamos a viver nos anos 70 ou 80 durante a “nova democracia” e em seguido dos governos “socialistas” do Pasok, então com condições favoráveis para o capitalismo. Este período estava a terminar, o que permitiu determinadas concessões e reformas que foram inócuas na Grécia, uma vez que já tinham sido realizadas na Europa capitalista. O caminho do desenvolvimento capitalista conduz inevitavelmente à crise económica, às circunstâncias que temos hoje, quando uma vingança histórica foi decidida contra os povos da Europa através da abolição de todas as conquistas e concessões feitas depois da guerra e, no caso da Grécia, após a ditadura militar.

A oportunidade que actualmente se apresenta para aqueles que desejam realmente lutar por uma vida melhor, no meio da imagem grotesca desta semana de guerrilha de mandatos, quando cada partido tenta parecer agradável, podemo-nos apresentar como um negociador para corrigir militantemente o voto do povo, com a finalidade de fortalecer o KKE. Para reflectir sobre as acções essenciais das pessoas para sair da crise e pró-desenvolvimento das pessoas e, nesse sentido sobre o que um governo popular significa. O futuro será ainda mais difícil e as pessoas não devem jogar um jogo cuja única acção é esperar, e não deve acreditar que os resultados das eleições podem corrigir ou derrubar a bárbara linha política neoliberal que está instalada, enfim, que tudo isto é devido ao capitalismo e à assimilação da Grécia na União Europeia, com ou sem Merkel e Sarkozy. As pessoas têm nos dias que correm uma grande oportunidade para utilizar a sua experiência e não para deitá-la fora em nome da crise, dos dilemas e das ilusões. O povo e o país precisa de um Partido Comunista forte e de um movimento de trabalhadores totalmente emancipado de cada empregador, de cada instância de poder governamental e do tenebroso abraço da UE. Consequentemente, o voto deve servir a recomposição do movimento operário, a aliança social e esta é a razão pela qual o fortalecimento do KKE é importante. As pessoas vão pagar um preço elevado por cada milímetro que se retirarem desta perspectiva. O preço será de novo mais tormentos e decepções e a perda de um tempo valioso"

Atenas, 10 de Maio de 2012
Gabinete de Imprensa do Comité Central do KKE
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sábado, maio 19, 2012

a Bomba Relógio

desemprego


Portugal perdeu 203 mil empregos nos 12 meses de intervenção que a Troica já leva. Temos actualmente mais de 1,1 milhões de desempregados. Estes valores representam um aumento de 6,4% da taxa de desemprego apenas nos últimos três meses. Segundo o cromo da semana, o ex-ministro Eduardo Catroga, o tipo que andou a congeminar a formação deste governo sob os auspícios da sombra de Cavaco Silva, o número de desempregados tenderá a aumentar durante este e o próximo ano. Valha ao estafado "portugal" ao menos um que aproveitou a nova oportunidade de empreendorismo oferecida pelo regime, ao menos um que vai manter o emprego seguro e com direitos como chairman da EDP...

sexta-feira, maio 18, 2012

provas de obediência canina são factor de selecção preferencial...


só como termo de comparação da qualidade de animais que os responsáveis pelas forças de repressão andam a formar, registe-se que na Grécia um em cada dois policias votou no partido neo-nazi Golden Dawn - nada de mal afinal, são descendentes da famosa ordem dos rosa-cruzes que fundaram a homónima seita Hermética em cujas águas navegou gente tão notável quanto o nosso reverendado poeta pró-fascista Fernando Pessoa...

como Sidonista convicto que viu o chefe bater a bota deixei-vos a Mensagem
salvem a pátria, entreguem-na aos policias 

quinta-feira, maio 17, 2012

Um ano de memorando da Troica e a questão política central do não pagamento da dívida

Como sempre temos dito, o povo português não tem que pagar uma dívida que não foi ele que contraiu nem foi contraída em seu beneficio.

E convirá agora recordar àqueles que hesitam nesta tomada de posição, por um lado, que a dívida de 1892, na bancarrota do país então verificada, acabou de ser paga em 2005, isto é, mais de cento e dez anos depois!) e, por outro, que a actual dívida pública, que era, em Maio de 2011 (à data da assinatura do chamado acordo com a Tróica) de 117 mil milhões de euros, passou presentemente, um ano depois dessa ajuda, a ser de 190 mil milhões de euros – ou seja, não só não diminuiu como cresceu mais de 73 mil milhões de euros, em apenas doze meses! Isto, enquanto o salário anual dos trabalhadores portugueses foi reduzido em 700 euros e o desemprego ( sem parar de crescer) atingiu mais de um milhão de trabalhadores. Por isso, aqueles que querem que, de um modo ou outro, se pague a dívida, mesmo que de forma reestruturada ou mais suave, tal como defendem os partidos da chamada esquerda parlamentar, devem ser confrontados com a questão que todo o operário consciente lhes deve colocar: então, e seria para pagar quanto e durante quanto tempo? Um ano? Dois? Cinco? Vinte? Cem? Cento e treze?

quarta-feira, maio 16, 2012

é preciso ter lata para alguém ainda defender o "mercado livre"

A defesa do “mercado” na concepção liberal considera-o como uma pura instância politica, pretensamente separada da economia e da sociedade civil; ignorando os ensinamentos de John Locke e Adam Smith no sentido de ser necessária uma intervenção na ordem social que se considera desejável para corrigir as injustiças sociais e, mais tarde, dos keynesianos e marxistas que estudaram a natureza da classe do Estado, desmontando com a sua crítica dos “mercados” o seu pretenso “carácter natural” que corrige só por si de forma automática uma inocente boa vontade para com os menos afortunados. Querer-se-ia dizer, no final do filme, como em “Tobacco Road”, há sempre um rico generoso que salva uma multidão de pelintras esfomeados. Mas na novela original de Erskine Caldwell não existia nenhum rico, nem a versão de salvar os pobres da degradação foi contemplada – a personagem do rico com bom coração foi inventada em Hollywood por esse escroque imperial-ilusionista que deu pelo nome John Ford 

Na óptica mais recente do filósofo do neoliberalismo, Friedrich Hayek, este defende que os “mercados” enquanto mecanismo se afirmam capazes de uma arbitragem neutral dos conflitos de interesses que “não pode ser justa nem injusta, porque os resultados não são planeados nem previstos e dependem de uma multidão de circunstâncias (pretensamente avulsas) que não são conhecidas na sua totalidade por quem quer que seja”. Hayek entende que só faria sentido falar de justiça ou injustiça acerca da distribuição social dos benefícios e dos ónus operados pelos mecanismos de mercado se essa distribuição fosse o resultado da acção deliberada de alguma pessoa ou grupo de pessoas, condição que não se verifica, porque o autor da teoria pressupõe que os mercados são mercados de concorrência pura e perfeita. O problema de Hayek reside no facto de a realidade não confirmar o pressuposto inicial: todos sabemos, com efeito, que “tais mercados de concorrência pura e perfeita nunca existiram e nunca hão-se existir”

“Um estudo recente de três investigadores do Institut Federal Suiço de Tecnologia com séde em Zurique (disponivel em http://arxiv.org/abs/1107.5728v2 )

... dá-nos conta do grau de concentração do poder económico-financeiro ao nivel dos centros de decisão a nivel mundial (1). Partindo da definição de empresas transnacionais adoptada pela OCDE, os autores seleccionaram 43.060 empresas de entre as registadas no banco de dados Orbi 2007. Neste conjunto de empresas, detectaram-se  mais de 600 mil participações directas e mais de um milhão de participações indirectas no capital de outras empresas. De entre elas, apuraram um núcleo constituido pelas 1318 mais poderosas empresas transnacionais, que representam directamente 20% do rendimento global. Uma análise mais fina permitiu-lhes concluir que cada uma destas empresas tem, em média, participações no capital de 20 outras grandes empresas, o que permite a este grupo de 1318 empresas transnacionais deter ou controlar, em conjunto, cerca de 60% da economia mundial.

Dentro deste grupo, o estudo identificou um núcleo mais restrito de 147 entidades (3/4 das quais são instituições financeiras, bancos, seguradoras, fundos de investimento, fundos de pensões) que dominam grade parte das restantes: menos de 1% das entidades estudadas controlam 40% de toda a rede. Acresce que estas 147 entidades nucleares estão ligadas entre si por uma densa teia de participações cruzadas, o que faz delas o verdadeiro “governo” do mundo capitalista. Ficamos a saber o que são os “mercados” e compreendemos que estes “mercados” não são compativeis com a democracia.

Em outro plano, compreendemos que, neste mundo controlado pelo capital financeiro, falar de concorrência não faz qualquer sentido. E compreendemos também que a concentração do capital capital se traduziu na supremacia do capital financeiro que controla os centros de decisão à escala mundial. Fica claro o significado último da tão falada financeirização da economia. E fica claro também por que é que o fenómeno descrito, para além de acentuar a supremacia do capital financeiro sobre o capital produtivo, veio facilitar o contágio dos riscos entre os vários componentes do mesmo grupo, propiciando a convergência e a acumulação do risco num núcleo mais restrito de centros de decisão. Nisto consiste o risco sistémico: se uma destas entidades entra em colapso, a doença pode transformar-se rapidamente em pandemia à escala global”

(1) "A Crise do Capitalismo: Capitalismo, Neoliberalismo, Globalização", António Avelãs Nunes, Edições Página a Página, 2012
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terça-feira, maio 15, 2012

a Grécia fora do Euro

“Face ao impasse eleitoral na Grécia cujo processo de constituição de governo acabou por ficar nas mãos da chamada “Esquerda Democrática” (19 deputados num parlamento de 300) na última sexta-feira 11 de Maio o ministro das Finanças alemão Wolfgang Schaulble ameaçava a Grécia com a possibilidade de saída do Euro. Expulsar a Grécia do Euro por esta estar a desrespeitar os “mercados” é usar a cartada da força, é condenar o país à falência.

Uma ruptura na zona Euro seria de facto um retrocesso histórico - se o país disser que não quer cumprir com o compromisso neoliberal estará de facto a auto-excluir-se. E, apesar da perda de 17% do PIB e do desemprego que saltou dos 8% para mais de 20% desde que o país está intervencionado pela Troica FMI-BCE-UE, as sondagens eleitorais sugerem que 77% dos gregos querem continuar na zona Euro (1). Não existe uma possibilidade de saída ordenada do Euro. Não ficar seria uma tragédia. Rejeitar o sistema de financiamento do país pelos “mercados” significaria que o comércio ficaria interrompido por meses e que os bancos seriam obrigados a reintroduzir moeda nacional debaixo de uma desvalorização enorme. Estamos a falar do caos...”

Quem traça este cenário catastrófico em entrevista ao DN é Viriato Soromenho-Marques (ver video e link abaixo), um filósofo que não se assume nem de esquerda nem de direita – e quando assim é – quando não se assume a diferença, é porque é de direita (VSM é admirador de Edmund Burke, o fundador do conservadorismo clássico), adepto de um maior federalismo europeu (a expressão “United States of Europe” é a única que recolhe a classificação de triplo AAA da Fitch), propõe que o BCE passe a dispôr de estatutos que lhe permitam emprestar dinheiro directamente aos Estados membros (o chorudo negócio do endividamento, como é evidente, não pode ser descartado) e critica abertamente François Hollande por o novo presidente francês ter caído na generalizada hostilização dos “mercados” no seu discurso de vitória, não se tratando já, portanto, da mera retórica ideológica para seduzir eleitores, mas de “combater um inimigo sem rosto”. Para VSM os “mercados” no sistema neoliberal que pretende substituir o antigo sistema de créditos por bancos de fomento e investimento, são uma coisa sem rosto; Vejamos como os define:

“há aqui uma profunda incompreensão, e isto é que é grave, por parte dos dirigentes europeus, dos mais reesponsáveis, dos que têm o poder de decisão, da natureza dos mercados. Temos uma tendência para uma diabolização dos mercados, como se fossem uma entidade única, clarividente, com um propósito definido, quando são na realidade a coisa mais plural que existe”. Como assim? - Aqui, Viriato Soromenho Marques faz várias tábuas rasas nesta unica onda - para além dos bancos nunca terem sido apenas os gestores de poupanças (muitos menos das dos trabalhadores) esquece a luminária que a relação dos fundos financeiros sobre valores ficticios em circulação atingem neste momento 73,5 vezes os valores das mercadorias que sustentam a economia real (e é o senhor Hollande que vai mudar isto?)


"Os mercados são, por exemplo, os politicos espanhóis, que na primeira fase da crise, ainda ela estava nos EUA, estavam a transferir as suas contas de bancos em Espanha para a banca no estrangeiro. Isso é um movimento de mercado! quando os aforristas gregos, irlandeses e portugueses  depositam dinheiro em contas de bancos alemães com 10% em Portugal e 90% na Alemanha para garantir que no caso de haver uma debacle em Portugal, 90% do seu capital fica garantido na Alemanha, isso são os mercados! Os mercados não é o senhor Soros! são esses movimentos de pânico, de medo, de esperança, de expectactiva. O que é lamentável aqui é termos pessoas que vão decidir da vida de 500 milhões de europeus que não sabem fazer a diferença entre banqueiros especuladores, entre fundos oportunistas que funcionam como predadores do mercado, e a massa dos mercados, que é formada pelas poupanças dos trabalhadores que são fundamentais para a fluidez dos mercados globais. Do que precisamos hoje, para salvar a Europa, não é chamar nomes aos mercados, não é confundir  e camuflar a incompetência de politicos acusando um inimigo sem rosto".

A Reserva Federal é o único sistema de bancos centrais que são livres para poder emitir e emprestar o dinheiro que quiserem directamente ao Estado (no caso os EUA). A nivel global, existem apenas 18 grandes bancos e/ou conglomerados financeiros operadores no mercado primário de emissões de dívida pública por leilão que estão credenciados pelos Acordos de Basileia para avalizar dívida soberana de Estados, a saber:
Bank of America, Goldman Sachs, Barclays Capital, J.P. Morgan, Calyon, Citigroup, Commerzbank, Crédit Suisse, UBS, Deutsche Bank, HSBC, Morgan Stanley, Natixis, Royal Bank of Scotland, Societé Generale, Nomura e Santander. (in “As Dívidas Ilegitimas”, François Chesnais, pp167).

O tecido accionista destes grandes conglomerados e suas subsidiárias pensa-se que atinjam um número em volta de apenas 300 milhões de investidores-accionistas, cerca de 90% dos quais são norte americanos, ou seja, 4,3% das pessoas que vivem no planeta dispõem de meios de financiamento exclusivo e poder para decidir sobre todos os outros sobre quem vive, vegeta ou morre. E então sr. Soromenho, estas instituições têm rosto ou não têm rosto?
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segunda-feira, maio 14, 2012

e esta hem?

"Governo deveria apresentar propostas portuguesas para dar solução à crise europeia" - Viriato Soromenho-Marques sugere ao ladrão que use o produto do roubo em prejuizo dos beneficiários da crise a quem o governo serve... (aqui)