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sexta-feira, novembro 30, 2012

Gerhard Richter

Cresceu na Alemanha da era do Nazismo, numa pequena localidade na fronteira com a Checoslováquia; e teve de colaborar numa versão local da Juventude Hitleriana - "Isso significava que eu tinha orgulho em usar aquele bonito uniforme que me tinham dado, com aquele belo cinto com a sigla". Aquilo era "parecido com qualquer grupo de escuteiros, não havia nada assim de tão perigoso".

Como professor, o meu pai requereu a entrada no Partido Nacional Socialista. Depois da guerra, com o programa de "des- nazificação" imposto pelos Aliados ocidentais, ninguém que tivesse sido professor foi autorizado a voltar a ensinar de novo. O meu pai tinha estado fora na guerra durante 6 anos. Mais 1 ano, porque ficou prisioneiro num campo de concentração das tropas ocidentais. Passados 7 anos, quando Horst Ritcher voltou a casa éramos todos uns estranhos para ele, devia parecer-lhe que já não pertencia àquela familia, uma vez que não nos podia sustentar. Foram tempos muito dificeis, até que passados mais alguns anos conseguiu um trabalho como empregado numa fábrica de têxteis... (entrevista à Time Magazine, 8 de Outubro)

Gerhard Richter permaneceu na República Democrática da Alemanha, vivendo em Dresden (1), onde deu os primeiros passos na pintura, até 1961, data em que resolveu dar o salto para a Alemanha Ocidental, eldorado onde o dinheiro afluía a jorros para conjurar pela inveja a sociedade baseada na propriedade colectiva em construção no sector Oriental de Berlim. Na féerie da Berlim Ocidental, a partir do ponto zero da destruição total (2), os investimentos capitalistas transformaram artificial e rapidamente a cidade numa das mais modernas metrópoles da Europa, equiparando-a a impérios da moda como Paris, Milão, Londres ou até a Nova Iorque.


Em 2001 o músico Eric Clapton comprou o quadro de Richter "Abstraktes Bild" por 2 milhões de Libras, em Outubro de 2012 o mesmo quadro foi vendido por cerca de 22 milhões de Libras. É extraordinária a capacidade de acrescentar valor à produção instalada. Apesar de tudo, a Pobreza pinta a manta.

Gerhard Richter termina a entrevista: "Não faço colecção das minhas obras. Não faria sentido ser dono delas. Adoro vê-las quando vou a um museu, ou a uma exposição, mas não sou um coleccionador de arte, não tenho necessidade de possui-las". Reminiscências culturais em Ritcher da propriedade colectiva para usufruto da totalidade da sociedade? 

Richter: "Deus Salve o Dadaismo"
notas
Enquanto a Catedral Francesa e a Catedral Alemã na Gendarmenmarkt (parte ocidental de Berlim) foram rapidamente reconstruidas, a Catedral de Dresden, gravemente destruida pelos bombardeamentos aliados,  sofreria obras de reconstrução que só estariam terminadas em Junho de 2011.
(2) Fevereiro de 1945: o Holocausto de Dresden
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4 comentários:

Bate n' avó disse...

Desculpe lá maçá-lo novamente, o link "(2) Fevereiro de 1945: o Holocausto de Dresden" não funciona...

xatoo disse...

ora essa, não maça nada. Já deve estar bem; por sinal esse post tem uma fotografia extraordinária de um grupo de judeus bestialmente contentinhos da vida e com ar próspero à saida de um campo de concentração...

Bate n' avó disse...

Porreiro.
Nesse mesmo post, ri-me com a intervenção do igf...só 50.000 é que pereceram em Dresden!!!!!!!


Se puder veja aqui o irmão Nataniel, ou o homem é doido varrido ou então...
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=jcTGgvhb5MU

http://brothernathanaelfoundation.org/

Anónimo disse...

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