Para quem estava habituado a falar do alto da carapaça de uma tartaruga tropical ou de turbante exótico enfiado na carapuça, o ex-presidente achou uma "ideia peregrina" que Cavaco, depois de um longo silêncio (e quem cala consente!) tivesse quebrado o silêncio sobre o Orçamento de Estado para 2013 ao presidir à inauguração de um hotel de Luxo. E que disse Cavaco? nada, ou seja o mesmo que Soares (que disse coisa ainda pior).
Por sorte, uma jornalista sagaz deu-lhe por estes dias para arrumar uns livros lá em casa (Ana Sá Lopes) e veio-lhe parar à mãos um, que veio esclarecer que Cavaco como professor teórico de ciência económica incerta defendeu uma coisa e, no papel de serventuário daqueles que subjugaram a economia à depredação financeira, cala-se.
O livro, uma compilação de artigos publicados em jornais, chama-se "Crónicas de uma Crise Anunciada" e é de 2001. Quer dizer: quando Cavaco foi contratado para concorrer ao lugar que agora ocupa, já sabia que a "crise" iria acontecer.
No artigo "a Mentira" (Publico Junho de 2001) Cavaco Silva, contra a politica preconizada por António Guterres, diz que "defender a redução da despesa pública em tempos de crise económica é uma proposição errada - o que terão pensado os meus alunos da Universidade ao ouvirem o primeiro-ministro e o ministro das Finanças afirmarem perante as câmaras de televisão precisamente o contrário do que lhes ensinei e que leram nos livros de macroeconomia e de finanças públicas? porque estamos em época de exames, entendi que era meu dever não ficar calado. O argumento é falso" - e o professor continua: "Quando o crescimento económico de um país abranda, a politica correcta é precisamente deixar que a receita fiscal baixe automaticamente e não cortar na despesa pública (...) Se quando um país é atingido por uma crise económica se cortasse a despesa pública, a crise ainda se agravaria mais. É por isso que não se deve fazê-lo" (artigo completo aqui)
Mais valia que Cavaco nunca tivesse ensinado nada (aliás, só o poderia ter feito com "sucesso" numa Universidade Religiosa Neoconservadora). Embora dentro desses antros não se note, cá fora, na vida real, estamos de novo em época de exames: e Cavaco e os seus Assessores estão a ser examinados por esse grande professor que é o Povo. O chumbo está assegurado!
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