Descartes, no Discurso do Método, propusera já regras para a Análise de uma coisa (atingir os elementos do objecto estudado) e a Síntese (reconstituição do conjunto onde se integra a coisa estudada). Kant, Auguste Comte e muitos outros tinham já insistido na exigência básica da pesquisa científica e da razão humana: não isolar o objecto considerado, investigar as suas ligações, as suas relações constantes e regulares com outros fenómenos. O que acrescenta de novo o método marxista inspirado em Hegel?
- a análise aprofundada de toda a realidade atinge elementos contraditórios, o ser e o não ser (ignorada na filosofia de Descartes, Comte e Kant)
- a realidade a atingir pela análise e a reconstituir pela exposição (sintética) é sempre uma realidade “em movimento”.
É preciso atingir os elementos por abstracção, declarando o método marxista possivel a reconstituição do todo e dos diversos movimentos que o constituem. Cada objecto estudado tem incorporado em si o seu devir (pela sua dialéctica). Em toda a parte, em todas as coisas, existem contradições que serão resolvidas pela sua superação, elevando-as a um nivel qualitativo superior e à aparição de novas contradições.
O método dialéctico teorizado por Marx superou a dialéctica hegeliana, que apenas distinguia a contradição de forma abstracta e de forma geral aplicada à Natureza e à História. Marx afirma que o método dialéctico não dispensa a apreensão e o conhecimento em si de cada objecto, o seu movimento interno, a sua qualidade e as suas transformações bruscas. A lógica do estudo deve pois subordinar-se ao conteúdo da matéria estudada. As ideias que fazemos das coisas – a nossa mundovisão – são apenas o mundo real, material, expresso e reflectido na mente dos homens, isto é, edificam-se com base na prática e no contacto activo com o mundo exterior, através de um processo complexo onde entra toda a cultura (sociologia cientifica). De Adam Smith a Durkheim, a divisão de trabalho foi objecto de diferentes estudos, mas não sendo dialécticos perdiam de vista a relação das contradições nos modos de produção, de circulação, consumo. A concepção materialista da Sociedade e da História está ligada à descoberta do papel do Trabalho, da produção, no fabrico de bens materiais necessários à vida. Na organização da sociedade tendo em vista um tal fim, só uma classe não vive da exploração das outras, antes é ela pròpria a criar, pelo seu trabalho produtivo todos os bens e valores e pode reconhecer o verdadeiro papel do trabalho (1). “O modo de produção da vida material, escreveu Marx, é que condiciona o processo da vida social, politica e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, é o seu ser social que determina a sua consciência”
Para os prisioneiros da caverna de Platão, as sombras que se reflectem nas paredes do fundo é que são únicas realidades existentes, isto é, as coisas são apenas sombras das ideias (2).
Do mesmo modo, em certos sectores obscuros contemporâneos subsistem forças sociais que têm interesse numa inversão idealista do mundo. Sob influência primitiva de pontos de vista de crenças religiosas, Platão declarou que os conceitos pertenciam a “um mundo mais elevado”, o das Ideias, às quais atribuiu existência independente – assim, o Idealismo é a orientação fundamental da filosofia que parte do princípio de que a existência, pensamento, espírito, vontade, logo, qualquer coisa de ideal, de imaterial, é primário, fundamental, determinante; e de que a matéria, a Natureza, o mundo material, são produzidos por “pensadores” ou factores deles dependentes. Neste contexto, as classes proprietárias e dominantes sempre detiveram o monopólio da actividade intelectual, defendendo a ferro e fogo a divisão artificial entre trabalho corporal e espiritual. Apoiada na submissão pela ignorância, trata-se de uma intrujice intencional das classes dominantes, reaccionárias, para subjugarem intelectualmente a maioria do povo que aspira a trabalhar para seu próprio beneficio (3)
A oposição entre Materialismo e Idealismo, a luta contraditória que opõe as duas mundivisões, integra uma lei fundamental da história da Filosofia. Na disputa entre sistemas filosóficos não existe nenhum conhecimento verdadeiro nem nenhum progresso, de tal forma que qualquer pensamento é válido como progressista? Se assim fosse não valeria a pena estudar filosofia. E de facto é isso que o Poder das classe dominantes determina, ao privilegiar a alienação das massas oo estudo em cursos de gestão tecnocrata em detrimento do estudo das Humanidades. A Filosofia expressa de forma mais geral os interesses, anseios e ideias de classes sociais. A luta entre posições filosóficas é, por conseguinte, totalmente explicável. Ela é o reflexo da luta económica e politica entre as classes, é uma das formas por que as classes se consciencializam dos seus objectivos e anseios, é uma componente importante da luta ideológica de classes. A filosofia do Materialismo foi, a maior parte das vezes, a expressão ideológica dos anseios das classes progressistas, que têm por objectivo a transformação da sociedade. O Idealismo, pelo contrário, foi frequentemente a visão das forças de classe reaccionárias, que ainda estão interessadas na defesa das situações sociais existentes.
Que concepção defende a filosofia materialista?
Muitas pessoas ainda continuam a acreditar que o Materialismo é uma concepção que enaltece as vantagens e os prazeres materiais e menospreza anseios e ideiais espirituais mais elevados. Desde Platão e de já há cerca de dois mil anos que ele é aasim apresentado pelos adversários da filosofia materialista: “o filisteu entende por materialismo o comer, o prazer dos olhos, o prazer da carne e a soberba, a cobiça, a avareza, a avidez, a sede de lucro e as fraudes da bolsa, isto é, todos os vícios sórdidos a que ele próprio secretamente se entrega; e, por Idealismo, a crença na virtude, no universal amor ao homem e num “mundo melhor”, em geral, que gosta de alardear perante outros mas em que ele próprio não acredita – quando muito – enquanto passa pela ressaca ou pela bancarrota que necessariamente se seguem aos seus habituais excessos “materialistas” e canta o seu estribilho favorito: “o que é o homem – meio animal, meio anjo” (4)...
na realidade o Materialismo e, por maioria de razão, o Materialismo dialéctico e histórico nada tem a ver com uma tal visão. O nome “materialismo” designa uma concepção filosófica e não uma ideologia moral.
O principio fundamental do Materialismo em todas as suas várias formas históricas, consiste em observar o mundo objectivo tal como ele realmente é, sem recorrer a hipóteses fantásticas. Dito de outro modo: o Materialismo explica o mundo a partir dele próprio, das suas conexões regidas por leis. Em primeiro lugar porque a matéria é a realidade objectiva e existe fora da nossa Consciência e independentemente dela. Em segundo lugar, porque a matéria é a fonte última de conhecimento assente em aceitar ou rejeitar a confiança do homem no testemunho dos seus orgãos dos sentidos (5). Mas a visão materialista da natureza não é mais que a simples apreensão da natureza, tal como ela se dá, sem acrescentos estranhos... (6). A concepção materialista coincide, assim, totalmente com a experiência prática dos homens, com o são raciocinio humano, mas também com a ciência. No fundo, qualquer pessoa sensata enfrenta desta maneira as coisas e os acontecimentos da vida prática, qualquer pessoa se comporta espontaneamente de forma materialista. Mesmo o mais emperdernido dos idealistas intui que não é produto de nenhum espitiro supranatural, vai ao dentista quando tem dores de dentes, como e bebe e não se esquece de respirar (7)
notas:
(1) As Classes (Karl Marx, Livro III de “O Capital”, no Marxists.Org)
(2) Platão, a Caverna
(3) "E na mesma medida em que se desenvolve a burguesia, isto é o capital, desenvolve-se também o proletariado, a classe dos modernos operários, os quais vivem só enquanto têm trabalho e só têm trabalho enquanto o seu trabalho aumentar o capital. Estes operários, que têm de se vender a retalho, são uma mercadoria como qualquer outro artigo de comércio e estão, assim, igualmente sujeitos a todas as vicissitudes da concorrência e a todas as flutuações do mercado." (Manifesto do Partido Comunista)
(4) Friedrich Engels: “Feuerbach e o Fim da Filosofia Alemã”
(5) Lenine em “Materialismo e Empiriocriticismo”, 1919.
(6) Engels, Dialéctica da Natureza
(7) Curso Básico de Filosofia Marxista Leninista, de Erich Hahn e Alfred Kosing, 1984.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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domingo, junho 30, 2013
sábado, junho 29, 2013
Garcia Pereira sobre a detenção dos manifestantes de 27 de Junho
«O que temos aqui é uma coisa muito grave, que é a realização de ficheiros políticos com dados de ativistas sociais que vão a manifestações. Algo que está proibido desde o 25 de Abril de 1974»
sexta-feira, junho 28, 2013
vips e sionistas são de outra casta...
O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na sua recente viagem à Grâ Bretanha para assistir às cerimónias fúnebres da Baronesa Thatcher em Abril último pagou a instalação de uma cama especial a bordo do avião, para ele e a sua mulher, cujo custo se situou nos 127 mil dólares por noite...
As autoridades do Estado a quem competiu tratar do pagamento dizem que, ao encomendar a mordomia ele não estava consciente do preço...
relacionado:
Quando os valores humanos, éticos, morais, religiosos e culturais desaparecem de uma sociedade, esta eventualmente transforma-se numa amálgama disforme apodrecida pelo capitalismo em estado bruto. De seguida, o assassinato, a injustiça, a corrupção, a opressão e a ocupação tornam-se as práticas desse ajuntamento de sobreviventes ainda chamada de "sociedade".
As autoridades do Estado a quem competiu tratar do pagamento dizem que, ao encomendar a mordomia ele não estava consciente do preço...
relacionado:
Quando os valores humanos, éticos, morais, religiosos e culturais desaparecem de uma sociedade, esta eventualmente transforma-se numa amálgama disforme apodrecida pelo capitalismo em estado bruto. De seguida, o assassinato, a injustiça, a corrupção, a opressão e a ocupação tornam-se as práticas desse ajuntamento de sobreviventes ainda chamada de "sociedade".
quinta-feira, junho 27, 2013
Por uma forte Greve Geral a caminho do derrube do governo
a Greve Geral tem de ter a participação massiva dos operários e trabalhadores e deve ser apoiada sem reservas por todos os sectores democráticos e patrióticos do povo português. Os partidos, as organizações sindicais, as comissões de trabalhadores, as organizações e movimentos sociais e cívicos que combatem o governo e a tróica devem empenhar-se até ao limite das suas capacidades para garantir o êxito da greve geral.
Ao impor aos trabalhadores a Greve Geral como único caminho democrático o Governo pode causar 557,2 milhões de euros de prejuizo ao país (DN)
Ao impor aos trabalhadores a Greve Geral como único caminho democrático o Governo pode causar 557,2 milhões de euros de prejuizo ao país (DN)
quarta-feira, junho 26, 2013
o Medo e a Aposta em erradicar tudo o que seja militância contra a Sociedade de Mercado
O imperialismo norte americano monta uma formidável máquina de espionagem sobre os cidadãos. O esquema tem ramificações globais – a NSA tem 68 000 funcionários que recolhem a cada seis horas um volume de dados igual aos que constam em todas as bibliotecas dos EUA... tem um orçamento anual de 2,7 mil milhões de dólares e, considerando estes meios insuficientes, tem em construção um novo centro computacional cujo custo será de 1,5 mil milhões. Um ex-funcionário da NSA resolve denunciar certos dados relacionados com estas actividades diabólicas na devassa da vida privada de cada um... e ele é que é perseguido e acusado como “espião”...
Em 2001 sob proposta da Administração Bush o Congresso dos EUA aprovava o “Patriotic Act” que conferiu poderes especiais às forças de segurança para fazer buscas sem mandato judicial, deter e deportar de diferentes pontos do mundo “todos os suspeitos de terrorismo”. Aparentemente tratava-se de uma resposta ao “ataque terrorista de 11 de Setembro” mas de facto a deriva do Estado Policial já tinha sido desenhada bastante antes desse e(in)vento.
Em 2011 o presidente Obama conferiu aos agentes de investigação não identificáveis (FBI, CIA, Oficiais do Pentágono) novos poderes para espiar, apreender meios informáticos e de telecomunicações e deter por tempo indefenido e sem culpa formada os suspeitos de actividades que ponham em risco a segurança do Estado. O critério do que é bom ou mau para o Estado é indiscriminadamente desses agentes.
Em Maio de 2013, uma sondagem de opinião realizada pela Time/CNN sobre o uso de meios de controlo da população em actos públicos (e actividades privadas de prevenção prévia) dava como resultado que 81% concorda com o uso de câmaras de vigilância nas ruas e edificios, 55% que se monitorize o uso da Internet e 79% com o uso de scanners corporais e tecnologias de reconhecimento facial. 63% acham que apesar de tudo isto os “terroristas” arranjarão sempre maneira de atacar...
Todas estas diatribes são congeminadas sob a capa de que se trata de assegurar a defesa da liberdade num espaço de mercado único na óptica ocidental que visa o progresso da humanidade. Assim, os Estados Unidos e a União Europeia são sócios inquestionaveis neste paradigma. Falamos de prosperidade. E para garantir a igualdade de oportunidades entre quase mil milhões de pessoas o presidente Obama prometeu que “quem trabalha a tempo inteiro não deve viver na pobreza... e para isso vamos subir o salário mínimo para 9 dólares à hora (6,6 €uros). Feitas as contas dá 1.160 €uros mensais de ordenado mínimo. Que fazer então com os “terroristas” portugueses que não chegam a auferir 500 €uros por mês? (para já não falar dos milhares de milhões que vivem com menos de dois dólares por dia por esse mundo fora)...
Em 2001 sob proposta da Administração Bush o Congresso dos EUA aprovava o “Patriotic Act” que conferiu poderes especiais às forças de segurança para fazer buscas sem mandato judicial, deter e deportar de diferentes pontos do mundo “todos os suspeitos de terrorismo”. Aparentemente tratava-se de uma resposta ao “ataque terrorista de 11 de Setembro” mas de facto a deriva do Estado Policial já tinha sido desenhada bastante antes desse e(in)vento.
Em 2011 o presidente Obama conferiu aos agentes de investigação não identificáveis (FBI, CIA, Oficiais do Pentágono) novos poderes para espiar, apreender meios informáticos e de telecomunicações e deter por tempo indefenido e sem culpa formada os suspeitos de actividades que ponham em risco a segurança do Estado. O critério do que é bom ou mau para o Estado é indiscriminadamente desses agentes.
Em Maio de 2013, uma sondagem de opinião realizada pela Time/CNN sobre o uso de meios de controlo da população em actos públicos (e actividades privadas de prevenção prévia) dava como resultado que 81% concorda com o uso de câmaras de vigilância nas ruas e edificios, 55% que se monitorize o uso da Internet e 79% com o uso de scanners corporais e tecnologias de reconhecimento facial. 63% acham que apesar de tudo isto os “terroristas” arranjarão sempre maneira de atacar...
Todas estas diatribes são congeminadas sob a capa de que se trata de assegurar a defesa da liberdade num espaço de mercado único na óptica ocidental que visa o progresso da humanidade. Assim, os Estados Unidos e a União Europeia são sócios inquestionaveis neste paradigma. Falamos de prosperidade. E para garantir a igualdade de oportunidades entre quase mil milhões de pessoas o presidente Obama prometeu que “quem trabalha a tempo inteiro não deve viver na pobreza... e para isso vamos subir o salário mínimo para 9 dólares à hora (6,6 €uros). Feitas as contas dá 1.160 €uros mensais de ordenado mínimo. Que fazer então com os “terroristas” portugueses que não chegam a auferir 500 €uros por mês? (para já não falar dos milhares de milhões que vivem com menos de dois dólares por dia por esse mundo fora)...
terça-feira, junho 25, 2013
Adeus Ben Bernanke, e obrigadinho pela maior bolha inflaccionária que o mundo alguma vez viu
E de repente todos os gurus da economia capitalista começaram a falar no “fim da austeridade”, o último dos quais o nobel Paul Krugman descobriu “que desde o inicio da crise em 2008 sobrevivemos atolados num regime de crescimento lento e taxas de desemprego desesperadamente altas”. Passados 5 anos, quer dizer o que deixou escapar Martin Schulz: “Salvámos os Bancos mas estamos em risco de perder uma geração”. O trabalhinho está feito. O próprio FMI tenta lavar as mãos disto e atira a culpa para cima dos governos cujas vítimas se viram incapazes de os expulsar. Conclui o mesmo Schulz, como se não percebesse a teia politico-financeira que salvou o imperialismo norte-americano: “Se eu fosse um desempregado em Portugal, diria que (os do FMI) não batem bem da cabeça”
Com os prejuizos dos Bancos completamente transferidos para as contas dos Estados para os contribuintes pagarem, a Crise acabou ou é a partir de agora que vai começar?
O director da Reserca Federal norte americana Ben Bernanke está a caminho do olho da rua para ser reformado, mas as consequências da bolha de títulos e emissões de dinheiro ficticio (quantitative easing) que ele ajudou a criar vai ficar connosco por muito, muito tempo, por décadas. Durante o mandato de Bernanke, as taxas de juros sobre os títulos do Tesouro americano caíram para mínimos históricos. Isso permitiu que o governo dos EUA acumulasse uma quantidade extraordinária de dívida. As taxas de juro sobre os empréstimos hipotecários durante o seu mandato também cairam para níveis recorde. Tudo isso ajudou a impulsionar a actividade económica no curto prazo, mas que acontece quando as taxas de juros começarem a voltar ao normal? Se a taxa média dos juros sobre a dívida do governo dos EUA subir para apenas 6 por cento, o governo dos EUA, de repente, fica obrigado ao pagamento de um trilião de dólares por ano só em juros da dívida nacional.
E é preciso recordar, houve momentos no passado em que a taxa média de juros sobre a dívida dos EUA foi muito maior que isso. Além do mais, quando o governo dos EUA começar a ter de pagar mais, para obter novos empréstimos pagará mais dinheiro que todos os outros. Que fazer com as vendas de casas e as vendas de automóveis? Todos nós nos lembramos o que aconteceu com hipotecas de taxa ajustável, quando as taxas de juro começaram a subir pouco antes da última recessão de 2008. Atingir-se-á uma situação em que a economia dos EUA simplesmente não poderá pagar as taxas de juro a subir. Os Estados Unidos e os seus Estados-clientes viciaram-se em dinheiro barato disponibilizado por um sistema financeiro grosseiramente distorcido. Desde 1913 que a Reserva Federal é o cerne dos problemas económicos que a América enfrenta (e por arrastamento a economia global), e desta vez não é excepção. Esta semana Barack Obama elogiou publicamente Ben Bernanke e afirmou que Bernanke "já tinha ficado muito mais tempo do que ele queria" como presidente da Reserva Federal. O mandato de Bernanke termina no dia 31 de Janeiro de 2014, mas muitos observadores acreditam que ele poderá sair ainda mais cedo. Bernanke parece estar cansado do trabalho e ansioso por se ver livre do herança que nos lega.
Então, quem irá substituí-lo? Bem, a imprensa de referência tem vindo a lançar a nomeação de Janet Yellen. Seria a primeira mulher a presidir à Reserva Federal, e sua filosofia é que, na mesma linha de Greenspan e Bernanke, alguma inflação é uma coisa boa para a economia. Parece portanto provável que a sucessora na FED continuará a trilhar o mesmo caminho que os seus antecessores. Mas é um caminho fundamentalmente bom? Manter as taxas de juros coladas a zero e imprimir dinheiro descontroladamente pode produzir alguns resultados positivos no curto prazo, mas a bolha que isso está cria é uma loucura que vai estourar nalgum ponto mais à frente. Na verdade, o director de estabilidade financeira para o Banco de Inglaterra, Andy Haldane, admitiu recentemente que os Bancos Centrais "intencionalmente queimaram a maior bolha de títulos da história" e alerta sobre o que poderá acontecer quando o resto do trabalhinho estiver terminado...
"Se eu tivesse que destacar o que para mim seria o maior risco para a estabilidade financeira global neste momento seria uma reversão desordenada nos rendimentos de títulos de dívida pública a nível mundial." disse Haldane. Houve "sinais de que" nas últimas semanas, os rendimentos de títulos de dívida subiram no meio de rumores de que os bancos centrais, particularmente a Reserva Federal dos EUA, vão começar a reduzir o seu estímulo (mais dinheiro impresso) - "Vamos ser claros. Nós intencionalmente queimámos a maior bolha de títulos da história", disse Haldane. "Precisamos estar atentos para as conseqüências dessa bolha poder estourar mais rapidamente do que seria desejável"
O gráfico abaixo demonstra como as taxas de juros dos títulos a 10 anos do Tesouro norte-americano caíram ao longo dos últimas décadas. Isso ajudou a alimentar a falsa prosperidade que temos vindo a desfrutar, mas não havia nenhuma outra maneira dos emissores de dólares nos EUA puderem ter sido capazes de emprestar dinheiro tão barato. Esta bolha financeira que estamos a viver agora é o palco para um ajuste muito, muito doloroso ...
Então, que aparência terá esse "ajuste"? A análise a seguir é de um recente artigo de Wolf Richter:
“Os Titulos do Tesouro a dez anos têm sido chutados para baixo do seu pedestal histórico desde Julho do ano passado, quando algumas pobres almas, cegas pela auréola da omnipotência e benevolência da Reserva Federal, os compraram a um minúsculo rendimento de 1,3%. Para eles, desde então tem sido um duche de água gelada. Como os Titulos cairam, os rendimentos serpentearam para cima e para baixo aos solavancos. Depois de um salto de cinco semanas a partir de 1,88% no início de Maio, que atingiu 2,29% na terça-feira da semana passada - eles recuaram para 2,19% desde então. Agora os investidores perguntam-se em voz alta o que aconteceria se os rendimentos do Tesouro a dez anos estivessem a regressar aos níveis mais normais de 4% ou mesmo 5%, arrastando outras taxas de juro de longo prazo com eles. Eles sabem o que iria acontecer: uma carnificina!”
E de acordo com Richter, já há sinais de que a bolha dos Títulos está a começar a estourar ...
A largada por grosso dos Titulos por Investidores estrangeiros desesperados já começou. Investidores privados estrangeiros venderam 30.800 milhões de dólares em Titulos em Abril, o maior recorde de todos os tempos. Detentores oficiais livraram-se de 23.700 milhões de dólares em bilhetes de dívida do Tesouro de longo prazo, o segundo maior número desde Novembro de 2008, e 30,1 mil milhões de dólares na dívida de curto prazo. A ordem é para Vender, Vender, Vender!
Na semana encerrada em 12 de Junho, os investidores acometidos de um misto de medo e ódio resgataram 14,5 mil milhões de dólares em obrigações do Tesouro, o segundo valor mais alto de sempre de 12,5 mil milhões de uma semana antes. Valores parecidos (de 27 mil milhões em apenas duas semanas) verificaram-se apenas em Outubro de 2008 quando o caos se abateu sobre os mercados financeiros. Em sintonia, as hipotecas de taxa fixa numa média de 30 anos pularam de 3,59% no início de Maio para 4,15% na semana passada. A bolha de refinanciamento de hipotecas, através da qual os bancos têm desviados biliões de dólares em juros, está a implodir - o índice caiu 36% desde o início de Maio.
Se as taxas de juros começam a subir de forma significativa, vai ter um efeito dramático sobre a actividade económica nos Estados Unidos. Já vimos este padrão anteriormente. Como Robert Wenzel observou num artigo recente no Jornal de Política Económica, vimos as taxas de juros subir de repente, pouco antes da queda do mercado de ações em Outubro de 1987, e também se viu aumentarem substancialmente antes da crise financeira de 2008 ...
Conforme o antigo presidente da Reserva Federal Paul Volcker, deixou a presidência da FED em Agosto de 1987, a taxa de juros na maturidade de 10 anos subiu de 8,2% para 9,2% entre Junho de 1987 e Setembro de 1987. A este movimento, é claro, seguiu-se o crash de Outubro de 1987. Conforme o anterior presidente da Reserva Federal Alan Greenspan deixou a presidência da FED no final de Janeiro de 2006, as taxa de juros a 10 anos subiram de 4,35% para 4,65%, para logo de seguido se situar acima de 5%.
Portanto, um olhar atento sobre as subidas de forma significativa das taxas de juros nos próximos meses será o içar da bandeira vermelha... o agravamento deliberado da crise faz todo o sentido, porque Bernanke entrega as rédeas do FED neste momento. É sempre assim com a inflacionária economia yankee, quando no meio do rodeo o cavalo está quase a cair, o cow-boy salta a tempo de não ficar mal visto na carnificina.
(artigo de referência: The Economic Colapse)
Com os prejuizos dos Bancos completamente transferidos para as contas dos Estados para os contribuintes pagarem, a Crise acabou ou é a partir de agora que vai começar?
O director da Reserca Federal norte americana Ben Bernanke está a caminho do olho da rua para ser reformado, mas as consequências da bolha de títulos e emissões de dinheiro ficticio (quantitative easing) que ele ajudou a criar vai ficar connosco por muito, muito tempo, por décadas. Durante o mandato de Bernanke, as taxas de juros sobre os títulos do Tesouro americano caíram para mínimos históricos. Isso permitiu que o governo dos EUA acumulasse uma quantidade extraordinária de dívida. As taxas de juro sobre os empréstimos hipotecários durante o seu mandato também cairam para níveis recorde. Tudo isso ajudou a impulsionar a actividade económica no curto prazo, mas que acontece quando as taxas de juros começarem a voltar ao normal? Se a taxa média dos juros sobre a dívida do governo dos EUA subir para apenas 6 por cento, o governo dos EUA, de repente, fica obrigado ao pagamento de um trilião de dólares por ano só em juros da dívida nacional.
E é preciso recordar, houve momentos no passado em que a taxa média de juros sobre a dívida dos EUA foi muito maior que isso. Além do mais, quando o governo dos EUA começar a ter de pagar mais, para obter novos empréstimos pagará mais dinheiro que todos os outros. Que fazer com as vendas de casas e as vendas de automóveis? Todos nós nos lembramos o que aconteceu com hipotecas de taxa ajustável, quando as taxas de juro começaram a subir pouco antes da última recessão de 2008. Atingir-se-á uma situação em que a economia dos EUA simplesmente não poderá pagar as taxas de juro a subir. Os Estados Unidos e os seus Estados-clientes viciaram-se em dinheiro barato disponibilizado por um sistema financeiro grosseiramente distorcido. Desde 1913 que a Reserva Federal é o cerne dos problemas económicos que a América enfrenta (e por arrastamento a economia global), e desta vez não é excepção. Esta semana Barack Obama elogiou publicamente Ben Bernanke e afirmou que Bernanke "já tinha ficado muito mais tempo do que ele queria" como presidente da Reserva Federal. O mandato de Bernanke termina no dia 31 de Janeiro de 2014, mas muitos observadores acreditam que ele poderá sair ainda mais cedo. Bernanke parece estar cansado do trabalho e ansioso por se ver livre do herança que nos lega.
Então, quem irá substituí-lo? Bem, a imprensa de referência tem vindo a lançar a nomeação de Janet Yellen. Seria a primeira mulher a presidir à Reserva Federal, e sua filosofia é que, na mesma linha de Greenspan e Bernanke, alguma inflação é uma coisa boa para a economia. Parece portanto provável que a sucessora na FED continuará a trilhar o mesmo caminho que os seus antecessores. Mas é um caminho fundamentalmente bom? Manter as taxas de juros coladas a zero e imprimir dinheiro descontroladamente pode produzir alguns resultados positivos no curto prazo, mas a bolha que isso está cria é uma loucura que vai estourar nalgum ponto mais à frente. Na verdade, o director de estabilidade financeira para o Banco de Inglaterra, Andy Haldane, admitiu recentemente que os Bancos Centrais "intencionalmente queimaram a maior bolha de títulos da história" e alerta sobre o que poderá acontecer quando o resto do trabalhinho estiver terminado...
"Se eu tivesse que destacar o que para mim seria o maior risco para a estabilidade financeira global neste momento seria uma reversão desordenada nos rendimentos de títulos de dívida pública a nível mundial." disse Haldane. Houve "sinais de que" nas últimas semanas, os rendimentos de títulos de dívida subiram no meio de rumores de que os bancos centrais, particularmente a Reserva Federal dos EUA, vão começar a reduzir o seu estímulo (mais dinheiro impresso) - "Vamos ser claros. Nós intencionalmente queimámos a maior bolha de títulos da história", disse Haldane. "Precisamos estar atentos para as conseqüências dessa bolha poder estourar mais rapidamente do que seria desejável"
O gráfico abaixo demonstra como as taxas de juros dos títulos a 10 anos do Tesouro norte-americano caíram ao longo dos últimas décadas. Isso ajudou a alimentar a falsa prosperidade que temos vindo a desfrutar, mas não havia nenhuma outra maneira dos emissores de dólares nos EUA puderem ter sido capazes de emprestar dinheiro tão barato. Esta bolha financeira que estamos a viver agora é o palco para um ajuste muito, muito doloroso ...
Então, que aparência terá esse "ajuste"? A análise a seguir é de um recente artigo de Wolf Richter:
“Os Titulos do Tesouro a dez anos têm sido chutados para baixo do seu pedestal histórico desde Julho do ano passado, quando algumas pobres almas, cegas pela auréola da omnipotência e benevolência da Reserva Federal, os compraram a um minúsculo rendimento de 1,3%. Para eles, desde então tem sido um duche de água gelada. Como os Titulos cairam, os rendimentos serpentearam para cima e para baixo aos solavancos. Depois de um salto de cinco semanas a partir de 1,88% no início de Maio, que atingiu 2,29% na terça-feira da semana passada - eles recuaram para 2,19% desde então. Agora os investidores perguntam-se em voz alta o que aconteceria se os rendimentos do Tesouro a dez anos estivessem a regressar aos níveis mais normais de 4% ou mesmo 5%, arrastando outras taxas de juro de longo prazo com eles. Eles sabem o que iria acontecer: uma carnificina!”
E de acordo com Richter, já há sinais de que a bolha dos Títulos está a começar a estourar ...
Ben "Helicopter" Bernanke |
Na semana encerrada em 12 de Junho, os investidores acometidos de um misto de medo e ódio resgataram 14,5 mil milhões de dólares em obrigações do Tesouro, o segundo valor mais alto de sempre de 12,5 mil milhões de uma semana antes. Valores parecidos (de 27 mil milhões em apenas duas semanas) verificaram-se apenas em Outubro de 2008 quando o caos se abateu sobre os mercados financeiros. Em sintonia, as hipotecas de taxa fixa numa média de 30 anos pularam de 3,59% no início de Maio para 4,15% na semana passada. A bolha de refinanciamento de hipotecas, através da qual os bancos têm desviados biliões de dólares em juros, está a implodir - o índice caiu 36% desde o início de Maio.
Se as taxas de juros começam a subir de forma significativa, vai ter um efeito dramático sobre a actividade económica nos Estados Unidos. Já vimos este padrão anteriormente. Como Robert Wenzel observou num artigo recente no Jornal de Política Económica, vimos as taxas de juros subir de repente, pouco antes da queda do mercado de ações em Outubro de 1987, e também se viu aumentarem substancialmente antes da crise financeira de 2008 ...
Conforme o antigo presidente da Reserva Federal Paul Volcker, deixou a presidência da FED em Agosto de 1987, a taxa de juros na maturidade de 10 anos subiu de 8,2% para 9,2% entre Junho de 1987 e Setembro de 1987. A este movimento, é claro, seguiu-se o crash de Outubro de 1987. Conforme o anterior presidente da Reserva Federal Alan Greenspan deixou a presidência da FED no final de Janeiro de 2006, as taxa de juros a 10 anos subiram de 4,35% para 4,65%, para logo de seguido se situar acima de 5%.
Portanto, um olhar atento sobre as subidas de forma significativa das taxas de juros nos próximos meses será o içar da bandeira vermelha... o agravamento deliberado da crise faz todo o sentido, porque Bernanke entrega as rédeas do FED neste momento. É sempre assim com a inflacionária economia yankee, quando no meio do rodeo o cavalo está quase a cair, o cow-boy salta a tempo de não ficar mal visto na carnificina.
(artigo de referência: The Economic Colapse)
segunda-feira, junho 24, 2013
a desmesurada ambição pessoal do dr. Fernando Seara...
leva-o a desafiar Tribunais, Leis e Juízes, demonstrando exemplarmente o estado de degradação de políticas, políticos, burocracias, que juntos complicam um assunto que deve ser simples e de rápida decisão: Seara é um homem do 25 de Novembro e como tal deve ser identificado e corrido pelo povo na próxima eleição.
Ligações: No livro do jornalista Frederico Duarte de Carvalho sobre Camarate e o Tráfico de Armas para o Irão, fica claro que a teia envolvida no assassinato de Sá Carneiro incluiu Pinto Balsemão e Ramalho Eanes, não fosse a vetusta personagem (pensando ser genuinamente social democrata) dar cabo do chorudo negócio dos ultras das Forças Armadas na venda da soberania nacional aos interesses estrangeiros do Imperialismo norte-americano.
Ligações: No livro do jornalista Frederico Duarte de Carvalho sobre Camarate e o Tráfico de Armas para o Irão, fica claro que a teia envolvida no assassinato de Sá Carneiro incluiu Pinto Balsemão e Ramalho Eanes, não fosse a vetusta personagem (pensando ser genuinamente social democrata) dar cabo do chorudo negócio dos ultras das Forças Armadas na venda da soberania nacional aos interesses estrangeiros do Imperialismo norte-americano.
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domingo, junho 23, 2013
FMI Ordena Despedimentos na Função Pública
Apesar da percentagem dos funcionários públicos em Portugal ser muito inferior em relação à população comparada com os países europeus, o FMI exigiu o despedimento de 30 000 pessoas da Função Pública. Em 2012 tinham sido 14 000 os que não viram o vinculo contratual renovado; este ano serão despedidos mais 20 000. Os que ficarem, só na área do Ensino, por via da aplicação da Tabela Única de Remunerações, os professores irão sofrer cortes salariais em 2014 no valor que o governo quer "poupar" (isto é, gastar noutras coisas): 445 milhões de euros.
O chefe da missão do FMI afirma que "a redução da despesa pública não implica quaisquer medidas discricionárias adicionais face às previamente anunciadas pelo Governo" - quer dizer, os cortes serão só o dobro do que estava previsto... sendo, segundo a CGTP o maior despedimento colectivo registado nos últimos anos em Portugal, feita à revelia do Parlamento - "uma ofensiva sem precedentes contra os trabalhadores da administração pública e também dos reformados"
Gerir números, trangredir a Constituição: "um funcionário público que entre na mobilidade perde 50% do salário passados seis meses. Se não for reintegrado nos 12 meses seguintes, o seu vínculo de trabalho no Estado cessa" (ler entrevista), ou seja, Cavaco e o governo Coelho/Portas estão unidos na imposição de um regime fascista
O chefe da missão do FMI afirma que "a redução da despesa pública não implica quaisquer medidas discricionárias adicionais face às previamente anunciadas pelo Governo" - quer dizer, os cortes serão só o dobro do que estava previsto... sendo, segundo a CGTP o maior despedimento colectivo registado nos últimos anos em Portugal, feita à revelia do Parlamento - "uma ofensiva sem precedentes contra os trabalhadores da administração pública e também dos reformados"
Gerir números, trangredir a Constituição: "um funcionário público que entre na mobilidade perde 50% do salário passados seis meses. Se não for reintegrado nos 12 meses seguintes, o seu vínculo de trabalho no Estado cessa" (ler entrevista), ou seja, Cavaco e o governo Coelho/Portas estão unidos na imposição de um regime fascista
sábado, junho 22, 2013
um Sistema Global de Espionagem de Comunicações e Armazenamento de Dados de Utilizadores da Internet
A agência de espionagem britânica GCHQ tem acesso à rede mundial de comunicações, armazenamento de chamadas, mensagens no Facebook e histórias na Internet - e compartilha (através do projecto "Tempora") esses dados com a National Security Agency (NSA) norte-americana. O novo escândalo foi tornado público igualmente por Edward Snowden que o revelou ao jornal britânico The Guardian.
A Rede de Telecomunicações da GCHQ é capaz de processar grandes quantidades de informação específicas de pessoas completamente inocentes, incluindo gravações de telefonemas e leitura de mensagens de e-mail - "Não é apenas um problema dos EUA - o Reino Unido é um enorme caniche de estimação na luta dos Estados Unidos pelo controlo ditatorial da população global" disse Snowden ao Guardian. "Eles [GCHQ] são ainda piores do que os EUA!". O quartel-general da Agência Governamental de Comunicações situada em Cheltenham, Gloucestershire, tem dois programas diferentes, que visam a realização dos monitoramentos on-line e por telefone - Global Telecoms Exploitation na categoria de "Mastering the Internet", tendo sido ambos implementados e geridos na ausência de qualquer conhecimento público, apurou o The Guardian.
sexta-feira, junho 21, 2013
"Os dois acompanhantes envolvem-no, espremendo-o no meio, numa sanduíche. Apertam-se numa dança muito sensual. Esfregam-se, rodeiam-se, esmagam-se, abrem a sua camisa, acariciam-no, tocam nele (o coiso). É uma dirty dancing a três numa variação homossexual. O grupo olha para eles de cima a baixo. Apreciam. Aplaudem. Incitam. Assobiam. Cochicham. O francês [no meio dos acompanhantes] é um padre. Poucos dias antes havia celebrado a missa da manhã na basílica de São Pedro. No Vaticano" - A cena descrita é de uma festa em Roma, uma entre as muitas nas quais padres, bispos e cardeais exercem a sexualidade que as regras da sua própria Igreja Católica restringem e condenam, de acordo com a descrição feita pelo jornalista italiano Carmelo Abbate no seu livro "Sexo e o Vaticano - Viagem Secreta ao Reino dos Castos"
quinta-feira, junho 20, 2013
ao serviço da bancarrota
A somar ao buraco do BPN (1) que já ultrapassa os 9 mil milhões, da dívida da Madeira que em 2011 se situava já nos 5,8 mil milhões, ao recém descoberto buraco dos swaps de cerca de 3 mil milhões, chega agora à letra de imprensa o buraco visivel (só) nas PPP das concessões rodoviárias no valor de mais 9 mil milhões...
Procura-se assacar a totalidade das responsabilidades à anterior gestão económico do (des)Governo de Sócrates (que teve a sua quota parte com o TGV), manipulando a opinião pública para não se lembrar que o esquemas das parcerias público-privadas (PPP) é uma invenção importada do neoliberalismo pelo cavaquismo (a 1ª PPP foi a ponte Vasco da Gama). O esquema frutificou: por exemplo, Paulo Gray, actual conselheiro do ministro Vitor Gaspar foi quem comprou dívidas fiscais indexadas a swaps para o Citigroup em 2003. Mente-se porque na verdade o Governo assume ser incapaz de averiguar a totalidade dos buracos, desculpando-se por não dispor (ou não querer dispor) de instrumentos que lhe permitam contabilizar os contratos de empréstimo swap realizados pelas empresas municipais das regiões. Que credibilidade pode ter este grupo de amanuenses num governo de vendidos ao qual não é sequer permitido contabilizar os prejuizos causados pelos patrões a quem servem?
Mas a VISÃO, através de fontes absolutamente fidedignas, descobriria, numa escala financeira bem maior, mais €46,5 milhões em contratos hospitalares públicos com a Galilei, que até incluem uma PPP e a gestão de um Serviço de Imagiologia. Mais um assunto polémico, no mínimo
Procura-se assacar a totalidade das responsabilidades à anterior gestão económico do (des)Governo de Sócrates (que teve a sua quota parte com o TGV), manipulando a opinião pública para não se lembrar que o esquemas das parcerias público-privadas (PPP) é uma invenção importada do neoliberalismo pelo cavaquismo (a 1ª PPP foi a ponte Vasco da Gama). O esquema frutificou: por exemplo, Paulo Gray, actual conselheiro do ministro Vitor Gaspar foi quem comprou dívidas fiscais indexadas a swaps para o Citigroup em 2003. Mente-se porque na verdade o Governo assume ser incapaz de averiguar a totalidade dos buracos, desculpando-se por não dispor (ou não querer dispor) de instrumentos que lhe permitam contabilizar os contratos de empréstimo swap realizados pelas empresas municipais das regiões. Que credibilidade pode ter este grupo de amanuenses num governo de vendidos ao qual não é sequer permitido contabilizar os prejuizos causados pelos patrões a quem servem?
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(Diário Económico)
(1) Sempre a somar, no caso BPN perdeu-se completamente a vergonha:
Estado contrata grandes devedores do BPN
Contas feitas por baixo, a Galilei - grupo que sucedeu à SLN, ex-dona do BPN - já cobrou ao Serviço Nacional de Saúde mais de €50 milhões. Isto apesar da dívida, superior a €1,5 mil milhões, que o Tesouro atribui àquela holding e aos seus acionistas de referência, em créditos e activos tóxicos. Parecia que estávamos a tratar de segredos de Estado. Após dias a fio de troca de "e-mails" e telefonemas, o gabinete do ministro da Saúde, Paulo Macedo, lá "libertou" a informação de que o SNS, em 2011 e 2012, tinha pago, no âmbito dos cuidados primários (Unidades de Saúde Familiar/Centros de Saúde), perto de €5 milhões à IMI e à Cedima, clínicas de exames complementares de diagnóstico detidas a 100% pela Galilei, que as herdou da SLN.Mas a VISÃO, através de fontes absolutamente fidedignas, descobriria, numa escala financeira bem maior, mais €46,5 milhões em contratos hospitalares públicos com a Galilei, que até incluem uma PPP e a gestão de um Serviço de Imagiologia. Mais um assunto polémico, no mínimo
quarta-feira, junho 19, 2013
'O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas', diz presidente da Fifa
o Ministro dos Desportos brasileiro segue este discurso e fala em endurecer a repressão para evitar mais protestos
"O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas". Joseph Sepp Blatter "disse a Dilma Roussef e ao Aldo tu-cá-tu-lá (o ministro Aldo Rebelo) que temos confiança neles. Uma vez que a bola rolar, as pessoas vão entender e isso dos protestos vai acabar", afirmou. "Se necessário, a repressão será com força" corroborou o ministro."O governo assumiu como responsabilidade e honra acolher esses dois eventos internacionais e vai realizá-los oferecendo segurança e integridade aos torcedores e turistas."
Mais uma vez é notória a promiscuidade entre uma empresa multinacional como a FIFA e os Governos que têm no futebol um dos principais meios de controlo psicológico das massas. Enquanto milhões gritam entusiasticamente "golo!" os governos congeminam na sombra e decretam todas as medidas anti-populares possiveis. Sabendo desta dependência, a FIFA abusa do seu poder, impondo condições e exigindo contrapartidas milionárias para a cedência da organização dos seus eventos. A "esquerdista" Dilma Roussef, à frente da "perplexa classe dominante" representa nesta tragicomédia o papel de puta virgem: "seria pretensioso afirmar que compreendemos o que está a acontecer. Dá a impressão que a sociedade brasileira já tinha superado alguns obstáculos à Democracia incluindo mais gente, mas...". Apesar das autoridades já terem recuado no aumento do preço dos transportes, os protestos não param, o que significa que o âmago do problema não é esse.
A FIFA tem um longo historial de corrupção e intervenções em medidas legistativas especiais nos paises onde actua. O anterior Presidente Jean-Marie Faustin Goedefroid (vulgo "João Havelange"), já muito depois de terminar o exercicio andava ainda em 2011 a braços com uma acusação de suborno por ter recebido 1 milhão de dólares de luvas do Comité Olimpico em 1997 (segundo uma denuncia da BBC que originou um inquérito).O novo presidente Sepp Blatter foi "re-eleito" assumindo o compromisso de erradicar práticas corruptas, ou no minimo que os escândalos continuassem a vir a público, para o que se contou com a criação de um "comité de reforma" onde intervieram o truta Henry Kissinger e uma personalidade com prestigio no meio, como Johan Cruyff. Mas em 2010, depois da organização do mundial da África do Sul, novamente a BBC denuncia que Blatter estava a ser investigado pela polícia suíça sobre seu papel num acordo secreto para receber mais 1 milhão de suborno que o valor nominal do contrato celebrado no valor embolsado. Em mais um documentário exibido no Panorama BBC em Novembro de 2010, denunciou-se que haviam sido pagos subornos pela FIFA na comercialização de merchandising com a International Sports Leisure (ISL) entre 1989 e 1999. Numa lista que incluia diversos presidentes de Federações de Futebol nacionais, que não foi possivel investigar, aparecem 175 subornos pagos pela ISL, totalizando cerca de 100 milhões de dólares.
A FIFA é uma multinacional que envolve o patrocinio de outras grandes multinacionais, como a Adidas, Coca-Cola, Fly-Emirates, Visa, McDonalds, etc. que repercutem estes esquemas mafiosos. Diego Maradona comparou os agentes económicos da FIFA com "um conselho de administração de Dinossauros" - "a FIFA é um grande museu gerido por dinossauros que não querem abandonar o poder. Serão sempre o mesmo." O ministro dos Desportos da Austrália, Mark Arbib, é uma das mais recentes personalidades a dizer que é preciso pôr termo a este esquema da FIFA: "é algo que estamos a ouvir por todo o mundo". O senador australiano acusa a FIFA de trapacear o país em 46 milhões de dólares, parte da verba que será dispendida na organização do Campeonato do Mundo de 2022 - "enquanto a investigação à FIFA não tiver sido concluída, a Austrália deve adiar o pagamento de dinheiro dos contribuintes para eventos que não sejam transparentes.
actualizações:
Pelé pede para que o Povo esqueça das manifestações e apoie a Selecção Brasileira
Se o seu filho adoecer leve-o ao Estádio
"O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas". Joseph Sepp Blatter "disse a Dilma Roussef e ao Aldo tu-cá-tu-lá (o ministro Aldo Rebelo) que temos confiança neles. Uma vez que a bola rolar, as pessoas vão entender e isso dos protestos vai acabar", afirmou. "Se necessário, a repressão será com força" corroborou o ministro."O governo assumiu como responsabilidade e honra acolher esses dois eventos internacionais e vai realizá-los oferecendo segurança e integridade aos torcedores e turistas."
Mais uma vez é notória a promiscuidade entre uma empresa multinacional como a FIFA e os Governos que têm no futebol um dos principais meios de controlo psicológico das massas. Enquanto milhões gritam entusiasticamente "golo!" os governos congeminam na sombra e decretam todas as medidas anti-populares possiveis. Sabendo desta dependência, a FIFA abusa do seu poder, impondo condições e exigindo contrapartidas milionárias para a cedência da organização dos seus eventos. A "esquerdista" Dilma Roussef, à frente da "perplexa classe dominante" representa nesta tragicomédia o papel de puta virgem: "seria pretensioso afirmar que compreendemos o que está a acontecer. Dá a impressão que a sociedade brasileira já tinha superado alguns obstáculos à Democracia incluindo mais gente, mas...". Apesar das autoridades já terem recuado no aumento do preço dos transportes, os protestos não param, o que significa que o âmago do problema não é esse.
A FIFA tem um longo historial de corrupção e intervenções em medidas legistativas especiais nos paises onde actua. O anterior Presidente Jean-Marie Faustin Goedefroid (vulgo "João Havelange"), já muito depois de terminar o exercicio andava ainda em 2011 a braços com uma acusação de suborno por ter recebido 1 milhão de dólares de luvas do Comité Olimpico em 1997 (segundo uma denuncia da BBC que originou um inquérito).O novo presidente Sepp Blatter foi "re-eleito" assumindo o compromisso de erradicar práticas corruptas, ou no minimo que os escândalos continuassem a vir a público, para o que se contou com a criação de um "comité de reforma" onde intervieram o truta Henry Kissinger e uma personalidade com prestigio no meio, como Johan Cruyff. Mas em 2010, depois da organização do mundial da África do Sul, novamente a BBC denuncia que Blatter estava a ser investigado pela polícia suíça sobre seu papel num acordo secreto para receber mais 1 milhão de suborno que o valor nominal do contrato celebrado no valor embolsado. Em mais um documentário exibido no Panorama BBC em Novembro de 2010, denunciou-se que haviam sido pagos subornos pela FIFA na comercialização de merchandising com a International Sports Leisure (ISL) entre 1989 e 1999. Numa lista que incluia diversos presidentes de Federações de Futebol nacionais, que não foi possivel investigar, aparecem 175 subornos pagos pela ISL, totalizando cerca de 100 milhões de dólares.
A FIFA é uma multinacional que envolve o patrocinio de outras grandes multinacionais, como a Adidas, Coca-Cola, Fly-Emirates, Visa, McDonalds, etc. que repercutem estes esquemas mafiosos. Diego Maradona comparou os agentes económicos da FIFA com "um conselho de administração de Dinossauros" - "a FIFA é um grande museu gerido por dinossauros que não querem abandonar o poder. Serão sempre o mesmo." O ministro dos Desportos da Austrália, Mark Arbib, é uma das mais recentes personalidades a dizer que é preciso pôr termo a este esquema da FIFA: "é algo que estamos a ouvir por todo o mundo". O senador australiano acusa a FIFA de trapacear o país em 46 milhões de dólares, parte da verba que será dispendida na organização do Campeonato do Mundo de 2022 - "enquanto a investigação à FIFA não tiver sido concluída, a Austrália deve adiar o pagamento de dinheiro dos contribuintes para eventos que não sejam transparentes.
actualizações:
Pelé pede para que o Povo esqueça das manifestações e apoie a Selecção Brasileira
Se o seu filho adoecer leve-o ao Estádio
terça-feira, junho 18, 2013
a politica de Educação ou a formação de quadros para servir o Capitalismo
"O segredo para alcançar uma vantagem competitiva não está na reacção ao caos, mas na produção desse caos" (Zygmunt Bauman, A Sociedade Sitiada, 2002)
A opinião é do professor Santana Castilho numa entrevista concedida em Setembro de 2011, escassas semanas após a tomada de posse do actual governo: "Nuno Crato não sabe o que é uma escola. Este modelo de avaliação é tecnicamente miserável e, do ponto de vista humano é monstruoso. O ministro da Educação começou o reinado como um autêntico palhaço da avaliação do desempenho dos professores... num governo que prometeu não haver cortes na Educação mas que a breve trecho já tinha fechado mais de 200 escolas...". Como na altura Nuno Crato disse nada ao ser investido em palhaço, calou consentiu. E continuou a rábula (aliás decidida em instâncias superiores): só em 2012 os cortes atingiram cerca de 506 milhões de euros... e com a nova investida em nome da "mobilidade" o Ministério em 2013 prepara a rescisão de mais de 6000 contratos com professores, colocando-os irreversivelmente no desemprego - a somar aos 1100 empregos que desapareceram por dia até Março último. Santana Castilho é uma das vozes mais críticas da destruição da escola pública, com assento regular em comentários no jornal Público, tendo nesta semana de greve dado uma nova entrevista televisiva que voltou a fazer implodir a politica do Ministro da Educação:
No final de tão aguerrida batalha (ver parte 2 e parte 3), o que não fica bem claro por estes dias é que Santana Castilho foi o técnico que Passos Coelho convidou em 2010 para trabalhar na elaboração do Programa Eleitoral do PSD para a Área da Educação. Santana Castilho esperaria até inclusivamente ser convidado para ministro...E foi esse programa que foi votado e venceu a eleição. Mas assim que se apanhou com os votos que deram ao grupo de clientes de Passos Coelho a possibilidade de se atirarem a lamber o pote, o governo mandou o programa às urtigas. Confessava então Santana Castilho: "estou profundamente desiludido". Ora quando os tipos da mesma área politica se ludibriam una aos outros sem pingo de vergonha e o ministro com as suas ilegalidades formais policias nas escolas, etc. continua a manipular uma boa parte da opinião pública, é certo que se atingiu o grau zero na congestão da coisa pública - e ao caso vem a velha citação de Heródoto: "É sem dúvida mais facil enganar uma multidão do que um só homem"
Grau zero, porque não se trata já de implementar qualquer politica, mas sim de desmantelar o que antes existia... que é mais conveniente e promete mais lucro do que o laborioso trabalho de construir algo. Enfim, destruir para angariar oportunidades de negócio para um grupo restrito de amigos. Ignorando olimpicamente greves e manisfestaçõers, o Governo aumenta subsídio às escolas privadas, passando em tempo estas instituições a receber mais cinco mil euros por turma. O FMI recomenda aumentar número de alunos por turma - o Governo compromete-se a aumentar o número de alunos por turma. Não se trata já apenas de um programa ditatorial do neoliberalismo aplicado ao ensino, numa Escola que pretende formar ideologicamente "especialistas e ignorantes", mas sim de negar a Democracia (a verdadeira, a autêntica, não a demagógica que nos impingem), a qual só pode ser realizada dentro de grupos relativamente homogéneos, em que todos os individuos sejam sensivelmente iguais e se complementem uns aos outros. Como afinal haveria de ser o modelo civilizacional europeu:
Finlândia: a melhor educação do mundo é 100% estatal, gratuita e universal
A opinião é do professor Santana Castilho numa entrevista concedida em Setembro de 2011, escassas semanas após a tomada de posse do actual governo: "Nuno Crato não sabe o que é uma escola. Este modelo de avaliação é tecnicamente miserável e, do ponto de vista humano é monstruoso. O ministro da Educação começou o reinado como um autêntico palhaço da avaliação do desempenho dos professores... num governo que prometeu não haver cortes na Educação mas que a breve trecho já tinha fechado mais de 200 escolas...". Como na altura Nuno Crato disse nada ao ser investido em palhaço, calou consentiu. E continuou a rábula (aliás decidida em instâncias superiores): só em 2012 os cortes atingiram cerca de 506 milhões de euros... e com a nova investida em nome da "mobilidade" o Ministério em 2013 prepara a rescisão de mais de 6000 contratos com professores, colocando-os irreversivelmente no desemprego - a somar aos 1100 empregos que desapareceram por dia até Março último. Santana Castilho é uma das vozes mais críticas da destruição da escola pública, com assento regular em comentários no jornal Público, tendo nesta semana de greve dado uma nova entrevista televisiva que voltou a fazer implodir a politica do Ministro da Educação:
No final de tão aguerrida batalha (ver parte 2 e parte 3), o que não fica bem claro por estes dias é que Santana Castilho foi o técnico que Passos Coelho convidou em 2010 para trabalhar na elaboração do Programa Eleitoral do PSD para a Área da Educação. Santana Castilho esperaria até inclusivamente ser convidado para ministro...E foi esse programa que foi votado e venceu a eleição. Mas assim que se apanhou com os votos que deram ao grupo de clientes de Passos Coelho a possibilidade de se atirarem a lamber o pote, o governo mandou o programa às urtigas. Confessava então Santana Castilho: "estou profundamente desiludido". Ora quando os tipos da mesma área politica se ludibriam una aos outros sem pingo de vergonha e o ministro com as suas ilegalidades formais policias nas escolas, etc. continua a manipular uma boa parte da opinião pública, é certo que se atingiu o grau zero na congestão da coisa pública - e ao caso vem a velha citação de Heródoto: "É sem dúvida mais facil enganar uma multidão do que um só homem"
Grau zero, porque não se trata já de implementar qualquer politica, mas sim de desmantelar o que antes existia... que é mais conveniente e promete mais lucro do que o laborioso trabalho de construir algo. Enfim, destruir para angariar oportunidades de negócio para um grupo restrito de amigos. Ignorando olimpicamente greves e manisfestaçõers, o Governo aumenta subsídio às escolas privadas, passando em tempo estas instituições a receber mais cinco mil euros por turma. O FMI recomenda aumentar número de alunos por turma - o Governo compromete-se a aumentar o número de alunos por turma. Não se trata já apenas de um programa ditatorial do neoliberalismo aplicado ao ensino, numa Escola que pretende formar ideologicamente "especialistas e ignorantes", mas sim de negar a Democracia (a verdadeira, a autêntica, não a demagógica que nos impingem), a qual só pode ser realizada dentro de grupos relativamente homogéneos, em que todos os individuos sejam sensivelmente iguais e se complementem uns aos outros. Como afinal haveria de ser o modelo civilizacional europeu:
Finlândia: a melhor educação do mundo é 100% estatal, gratuita e universal
segunda-feira, junho 17, 2013
A Invenção dos Judeus Portugueses (II)
A “Consolação às (a)Tribulações de Israel”, a primeira "obra literária" em português de um alegado judeu, era praticamente desconhecida em Portugal e pelo mundo fora, até que a Fundação Gulbenkian resolveu editar o livro em 1989. Na referida obra, o autor Samuel Usque serve-se de uma prosa inspirada nos textos bíblicos, na literatura sagrada e em clássicos gregos, "para contar a história do povo judaico, mártir e perseguido, ao mesmo tempo que declara a esperança dos Judeus atingirem a Terra Santa" (em 1553).
Diz-se no próprio prefácio da edição da Gulbenkian: "“o texto levanta problemas, os quais não foram, nem poderão vir a ser esclarecidos de maneira satisfatória. Há os porquê e para quê, assim como os para quem” (pp133). O original das “Tribulações de Israel” é dedicado a Gracia Nasi, comparada pelo autor “ao próprio Sol por afeição em ser eu, ilustríssima Senhora vossa feitura (…) grato das muitas mercês que de vossa larga mão tenho recebido”
Quem era Gracia Nasi?
“Gracia Nasi”, nascida em Lisboa em 1510 como Beatrice de Luna no seio de uma família espanhola de Aragão, foi uma das mulheres mais ricas da Europa renascentista. Adquiriu fortuna quando se casou com Francisco Mendes Benveniste, dono da eminente casa internacional financeira - a Casa dos Mendes - igualmente operadora das carreiras de naus de comércio de especiarias entre Lisboa e Antuérpia (então um principado dos Habsburgos) para onde, depois de uma passagem por Ferrara em Itália, Dona Gracia se mudou depois que ficou viúva em 1538. Era tia de José Miquêz, uma figura importante na politica do Império Otomano para onde Gracia emigrou novamente, vindo a morrer em Constantinopla em 1569. Gracia Nasi era então alguém a quem chamaríamos hoje "grande empresária" cuja familia detinha o monopólio da carreira de transferência de bens vindos de África e do Oriente com destino ao norte da Europa, mais desenvolvida. Com Lisboa reduzida a mero entreposto comercial de transição a "epopeia dos descobrimentos" viu-se submetida aos interesses estrangeiros. Gracia Nasi era então "uma das pessoas mais ricas e importantes da cidade, possivelmente morando na luxuosa Rua Nova próxima do centro financeiro e da Alfândega" (conforme menciona Esther Mucznik a biografia que pariu da personagem), residindo ao lado de banqueiros e comerciantes abastados vindos de toda a Europa atraídos pelas oportunidades de investimento com o retorno de juros elevadíssimos - isto é, Gracia Nasi ascendeu à condição de "judia" pela sua posição sócio profissional. Como rica e sanguessuga, integrou por direito próprio o grupo de judeus odiados pelo povo ao qual a Igreja naqueles dias dava uma mãozinha condenando a usura.
E no entanto, diz a moderna propaganda judeo-sionista ao construir a lenda, Dona Gracia ajudou milhares de judeus pobrezinhos a safar-se das agruras das perseguições da Inquisição liderada pelos cristãos, fazendo jus às seculares "atribulações do povo de Israel"...
Diz-se no próprio prefácio da edição da Gulbenkian: "“o texto levanta problemas, os quais não foram, nem poderão vir a ser esclarecidos de maneira satisfatória. Há os porquê e para quê, assim como os para quem” (pp133). O original das “Tribulações de Israel” é dedicado a Gracia Nasi, comparada pelo autor “ao próprio Sol por afeição em ser eu, ilustríssima Senhora vossa feitura (…) grato das muitas mercês que de vossa larga mão tenho recebido”
Quem era Gracia Nasi?
“Gracia Nasi”, nascida em Lisboa em 1510 como Beatrice de Luna no seio de uma família espanhola de Aragão, foi uma das mulheres mais ricas da Europa renascentista. Adquiriu fortuna quando se casou com Francisco Mendes Benveniste, dono da eminente casa internacional financeira - a Casa dos Mendes - igualmente operadora das carreiras de naus de comércio de especiarias entre Lisboa e Antuérpia (então um principado dos Habsburgos) para onde, depois de uma passagem por Ferrara em Itália, Dona Gracia se mudou depois que ficou viúva em 1538. Era tia de José Miquêz, uma figura importante na politica do Império Otomano para onde Gracia emigrou novamente, vindo a morrer em Constantinopla em 1569. Gracia Nasi era então alguém a quem chamaríamos hoje "grande empresária" cuja familia detinha o monopólio da carreira de transferência de bens vindos de África e do Oriente com destino ao norte da Europa, mais desenvolvida. Com Lisboa reduzida a mero entreposto comercial de transição a "epopeia dos descobrimentos" viu-se submetida aos interesses estrangeiros. Gracia Nasi era então "uma das pessoas mais ricas e importantes da cidade, possivelmente morando na luxuosa Rua Nova próxima do centro financeiro e da Alfândega" (conforme menciona Esther Mucznik a biografia que pariu da personagem), residindo ao lado de banqueiros e comerciantes abastados vindos de toda a Europa atraídos pelas oportunidades de investimento com o retorno de juros elevadíssimos - isto é, Gracia Nasi ascendeu à condição de "judia" pela sua posição sócio profissional. Como rica e sanguessuga, integrou por direito próprio o grupo de judeus odiados pelo povo ao qual a Igreja naqueles dias dava uma mãozinha condenando a usura.
E no entanto, diz a moderna propaganda judeo-sionista ao construir a lenda, Dona Gracia ajudou milhares de judeus pobrezinhos a safar-se das agruras das perseguições da Inquisição liderada pelos cristãos, fazendo jus às seculares "atribulações do povo de Israel"...
Não se percebe!
A patrona Gracia e os seu protegido Samuel Usque que fugiram da Inquisição portuguesa foram refugiar-se em Ferrara ficando a "trabalhar" sob a égide de um notável Duque italiano que era ele próprio uma simbolo da Inquisição decretada pela Papa sobre todos os submissos povos do sul da Europa?
domingo, junho 16, 2013
A pátria onde Camões morreu de fome e onde todos enchem a barriga de Camões! (José de Almada Negreiros)
sábado, junho 15, 2013
Breve História de Hierosolyma (Jerusalem)
Retirando da História a mitologia da criação do homem e do mundo por seres fantásticos sobrenaturais, a estação arqueológica por excelência de vestigios primitivos da ocupação humana na Palestina é Jericó (7000 a.e.c.), não Jerusalém (2600 a.e.c).
"Naquele tempo os habitantes da Judeia desencadearam uma guerra porque foram proibidos de mutilar os seus genitais" (citação atribuida ao imperador Adriano na Historia Augusta 14.2.)
"Jerusalém estava tão bem identificada com o solo por aqueles que cavaram as suas fundações, que não ficou nada para ver àqueles que ali chegavam acreditando que já alguma vez tinha sido habitada" – Flavius Josefus, “Guerra” VII.1, 1.
Depois da queda de Roma a Ocidente às mãos das tribos bárbaras germânicas, o Império Romano do Oriente sobreviveu durante o século V, no entanto começou a perder territórios de forma continuada. Uma grande fatia caíu em poder dos invasores muçulmanos vindos da Arábia nos séculos VII e VIII. No século IX os Turcos deixaram deixaram as estepes e no seu caminho para o Ocidente e para o Sul estabeleceram o seu domínio por todo o Médio Oriente tomando a Bizâncio os territórios que constituem hoje a Turquia. A capital Constantinopla foi tomada em 1453. De raízes mais gregas que romanas, a cidade converter-se-ia na capital do Império Otomano. A grande Catedral mandada construir pelo imperador romano Justiniano no século VI foi convertida na mesquita “Hagia Sophia”, (a “Sagrada Sabedoria”) segundo a tradição da população muçulmana. Os sacerdotes “estudiosos” dos antigos textos bíblicos mudaram-se para Itália, enquanto os clássicos gregos traduzidos e dados a conhecer pelos Árabes no Al-Andalus caíram em mãos dos cristãos que fundaram a Espanha católica com capital em Toledo. Com esses manuscritos fundou Afonso X a biblioteca que lhe valeu o cognome de “o Sábio”, convertendo a cidade num polo de cultura que irradiou o saber dos clássicos por todo o Ocidente.
No final do século XI aproximadamente dois terços do mundo antigo conhecido tinha sido conquistado fisicamente pela superioridade moral dos muçulmanos, incluindo as importantes regiões do Egipto, Anatólia e Síria Palaestina. As Cruzadas, expedições militares destinadas a conquistar regiões de povos pagãos, como forma de redenção dos pecados cometidos segundo as crenças religiosas dos invasores, começaram em 1095 tentando implantar Estados Cristãos no Médio Oriente, porém a irresistível expansão dos Estados Islâmicos acabaram por reverter alguns ganhos efémeros, como na implantação do Reino Cristão da Síria. Com a expulsão definitiva deste último, o espirito das Cruzadas declinou rapidamente a partir do século XVI, com o advento da Reforma Protestante e o declínio da autoridade Papal.
al-Malik al-Kamil foi um sultão do Egipto da dinastia dos Ayúbidas, sobrinho de Saladino. Apesar de ter derrotado os Cruzados em Damietta no ano de 1219, cedeu-lhes Jerusalém - al-Kamil é uma personagem histórica muito importante porque foi ele, ao consentir uma ocupação pacifica, foi o verdadeiro fundador da mitologia da "terra santa"
A Quinta Cruzada organizada pelo imperador Frederico II do Sacro Império Romano e Rei da Sicilia sob a égide do Papa Honório III, encontrou pela frente as forças muçulmanas defensoras lideradas por al-Kamil, que se tinha tornado sultão nesse mesmo ano após a morte de al-Adil em Agosto. No ano seguinte, al-Kamil quase foi derrubado por uma conspiração entre os cristãos coptas egipcios sufocada pelo seu irmão, o
governador de Damasco, al-Mu'azzam.
Francisco de Assis afirmando-se como o oposto à mística das Cruzadas, acompanhou porém esta Quinta Cruzada no cerco a Damietta em 1219, sendo recebido sem qualquer protecção pelo sultão, tentando converter al-Kamil ao cristianismo, obviamente sem sucesso. Al-Kamil fez diversas ofertas de paz aos cruzados, todas rejeitadas, por conta da influência do legado papal Pelágio. Ele oferecia-lhes a “devolução” de Jerusalém, propunha-se reconstruir as suas muralhas (destruídas pelo seu irmão al-Mu'azzam) e a devolver a “Vera Cruz”, uma reliquia mística proveniente, segundo a tradição cristã, da verdadeira cruz em que Jesus Cristo foi crucificado, embora os muçulmanos não fizessem a menor ideia do que fosse nem possuíssem nada de semelhante.
Por conta de uma grande carestia e epidemias na sequência desse ano em que o Nilo não inundou as suas margens, al-Kamil não conseguiu continuar a defender Damietta e a cidade foi capturada em Novembro de 1219 pelos cristãos. O sultão recuou para Almançora, uma fortaleza recuada no Nilo e quase não houve combates até 1221, quando o sultão novamente tentou oferecer a paz aos ocupantes, tendo esta sido novamente recusada. Os cruzados marcharam em direcção ao Cairo, mas al-Kamil simplesmente abriu as represas do rio provocando grandes inundações ao longo do Nilo, forçando os Cruzados a aceitar finalmente uma paz de oito anos. Em Setembro do mesmo ano al-Kamil reconquistou Damietta.
Apesar das atrocidades cometidas, uma vez que as hostes cristãs não cumpriram os seus objetivos, já que os reforços prometidos não chegaram, Frederico II foi excomungado pelo papa Gregório IX. Essa foi a última cruzada para a qual o papado mandou as suas próprias tropas.
Nos anos seguintes, houve uma disputa de poder entre al-Mu'azzam e al-Kamil, estando este disposto a aceitar a paz com Frederico II, que estava já a planear a Sexta Cruzada. Porém, al-Mu'azzam morreu em 1227, eliminando a necessidade de uma negociação de paz apressada. Porém Frederico e o seu exército já estavam na região. Após a morte do irmão, al-Kamil e o outro irmão, al-Ashraf Khalil, negociaram um tratado de partilha cedendo toda a Palestina para al-Kamil, ficando ele com a Síria. Em Fevereiro de 1229, al-Kamil negociou uma paz de dez anos com Frederico II. O Tratado de 1229 é único na história das cruzadas. Unicamente pelo caminho diplomático e sem nenhum confronto militar expressivo, Jerusalém, Belém e um corredor até ao mar foram cedidas para a fundação do Reino de Jerusalém o qual passou a ser administrado pelo patriarca latino Geraldo de Lausanne que interditou o acesso dos cristãos à cidade sagrada. O território de Jerusalem foi cedido com excepção da zona do Templo, do Domo da Rocha e da Mesquita de al-Aqsa, que permaneceram sob controle muçulmano. Além disso, todos os habitantes muçulmanos da cidade mantiveram as suas posses e as suas residências, tendo os seus próprios funcionários públicos para efectivarem um sistema judicial separado e garantindo a liberdade religiosa para todos habitantes e peregrinos.
Em 1239, o tratado com Frederico II expirou e, perante a ameaça de nova Cruzada liderada por Richard 1ºEarl de Cornwaal, Jerusalém foi de novo tomada pelos muçulmanos. O Império dos Ayúbidas (1171-1342) cairia de seguida numa guerra civil, sendo dividido entre a Síria e o Egipto pelos dois filhos de al-Kamil. Porém nem uma aliança entre a Síria e Jerusalem conseguiu evitar que a cidade fosse saqueada em 1241 pelos Corásmeos com o apoio do Egipto. Neste período o Egipto e a Síria atingiram em conjunto um periodo de grande prosperidade e desenvolvimento, tendo como base as exportações que tinham como destino o continente europeu. A razão para que esta balança comercial se tornasse tão favorável era o facto dos produtos orientais terem uma grande procura, precisamente por serem raros e muito apreciados no Ocidente (seda, especiarias, etc). Os Ayúbidas representaram no mundo uma muito maior evolução do que o mundo ocidental, principalmente nos ramos mais ligados às ciências: a matemática, medicina, astrologia e física. Mas depois das invasões do Império Mongol de Genghis Khan a partir de 1526 tudo se perdeu. O Império Mongol, que no seu auge dominou 130 milhões de pessoas entre a Mongólia, passando pelo subcontinente Indiano até ao Médio Oriente, viria por sua vez a sucumbir face ao poderio do Império Britânico em 1857. A Palestina que temos hoje é um legado da Grã-Bretanha e das suas concessões ao movimento Sionista.
No cadinho das duas grandes guerras entre as potências europeias (1914-1945) o Estado de Israel deve a sua criação à conjugação dos investimentos financeiros da Casa dos Rothschilds e em meios humanos ao plano Nazi de colonização da antiga colónia britânica por meio do incentivo à emigração de judeus da Alemanha para a Palestina através do Plano Havaara.
fontes:
* História Augusta (wikipedia)
* Mitologia Cristã "Jesus Never Existed"
* a Dinastia dos Ayúbidas (wikipedia)
* História das Cruzadas (Enciclopedia Britânica)
* os Condados cristãos de Inglaterra (wikipedia)
* o Império Mongol (wikipedia)
"Naquele tempo os habitantes da Judeia desencadearam uma guerra porque foram proibidos de mutilar os seus genitais" (citação atribuida ao imperador Adriano na Historia Augusta 14.2.)
"Jerusalém estava tão bem identificada com o solo por aqueles que cavaram as suas fundações, que não ficou nada para ver àqueles que ali chegavam acreditando que já alguma vez tinha sido habitada" – Flavius Josefus, “Guerra” VII.1, 1.
Depois da queda de Roma a Ocidente às mãos das tribos bárbaras germânicas, o Império Romano do Oriente sobreviveu durante o século V, no entanto começou a perder territórios de forma continuada. Uma grande fatia caíu em poder dos invasores muçulmanos vindos da Arábia nos séculos VII e VIII. No século IX os Turcos deixaram deixaram as estepes e no seu caminho para o Ocidente e para o Sul estabeleceram o seu domínio por todo o Médio Oriente tomando a Bizâncio os territórios que constituem hoje a Turquia. A capital Constantinopla foi tomada em 1453. De raízes mais gregas que romanas, a cidade converter-se-ia na capital do Império Otomano. A grande Catedral mandada construir pelo imperador romano Justiniano no século VI foi convertida na mesquita “Hagia Sophia”, (a “Sagrada Sabedoria”) segundo a tradição da população muçulmana. Os sacerdotes “estudiosos” dos antigos textos bíblicos mudaram-se para Itália, enquanto os clássicos gregos traduzidos e dados a conhecer pelos Árabes no Al-Andalus caíram em mãos dos cristãos que fundaram a Espanha católica com capital em Toledo. Com esses manuscritos fundou Afonso X a biblioteca que lhe valeu o cognome de “o Sábio”, convertendo a cidade num polo de cultura que irradiou o saber dos clássicos por todo o Ocidente.
No final do século XI aproximadamente dois terços do mundo antigo conhecido tinha sido conquistado fisicamente pela superioridade moral dos muçulmanos, incluindo as importantes regiões do Egipto, Anatólia e Síria Palaestina. As Cruzadas, expedições militares destinadas a conquistar regiões de povos pagãos, como forma de redenção dos pecados cometidos segundo as crenças religiosas dos invasores, começaram em 1095 tentando implantar Estados Cristãos no Médio Oriente, porém a irresistível expansão dos Estados Islâmicos acabaram por reverter alguns ganhos efémeros, como na implantação do Reino Cristão da Síria. Com a expulsão definitiva deste último, o espirito das Cruzadas declinou rapidamente a partir do século XVI, com o advento da Reforma Protestante e o declínio da autoridade Papal.
al-Malik al-Kamil foi um sultão do Egipto da dinastia dos Ayúbidas, sobrinho de Saladino. Apesar de ter derrotado os Cruzados em Damietta no ano de 1219, cedeu-lhes Jerusalém - al-Kamil é uma personagem histórica muito importante porque foi ele, ao consentir uma ocupação pacifica, foi o verdadeiro fundador da mitologia da "terra santa"
al-Kamil e FredericoII |
Francisco de Assis afirmando-se como o oposto à mística das Cruzadas, acompanhou porém esta Quinta Cruzada no cerco a Damietta em 1219, sendo recebido sem qualquer protecção pelo sultão, tentando converter al-Kamil ao cristianismo, obviamente sem sucesso. Al-Kamil fez diversas ofertas de paz aos cruzados, todas rejeitadas, por conta da influência do legado papal Pelágio. Ele oferecia-lhes a “devolução” de Jerusalém, propunha-se reconstruir as suas muralhas (destruídas pelo seu irmão al-Mu'azzam) e a devolver a “Vera Cruz”, uma reliquia mística proveniente, segundo a tradição cristã, da verdadeira cruz em que Jesus Cristo foi crucificado, embora os muçulmanos não fizessem a menor ideia do que fosse nem possuíssem nada de semelhante.
Por conta de uma grande carestia e epidemias na sequência desse ano em que o Nilo não inundou as suas margens, al-Kamil não conseguiu continuar a defender Damietta e a cidade foi capturada em Novembro de 1219 pelos cristãos. O sultão recuou para Almançora, uma fortaleza recuada no Nilo e quase não houve combates até 1221, quando o sultão novamente tentou oferecer a paz aos ocupantes, tendo esta sido novamente recusada. Os cruzados marcharam em direcção ao Cairo, mas al-Kamil simplesmente abriu as represas do rio provocando grandes inundações ao longo do Nilo, forçando os Cruzados a aceitar finalmente uma paz de oito anos. Em Setembro do mesmo ano al-Kamil reconquistou Damietta.
Apesar das atrocidades cometidas, uma vez que as hostes cristãs não cumpriram os seus objetivos, já que os reforços prometidos não chegaram, Frederico II foi excomungado pelo papa Gregório IX. Essa foi a última cruzada para a qual o papado mandou as suas próprias tropas.
Nos anos seguintes, houve uma disputa de poder entre al-Mu'azzam e al-Kamil, estando este disposto a aceitar a paz com Frederico II, que estava já a planear a Sexta Cruzada. Porém, al-Mu'azzam morreu em 1227, eliminando a necessidade de uma negociação de paz apressada. Porém Frederico e o seu exército já estavam na região. Após a morte do irmão, al-Kamil e o outro irmão, al-Ashraf Khalil, negociaram um tratado de partilha cedendo toda a Palestina para al-Kamil, ficando ele com a Síria. Em Fevereiro de 1229, al-Kamil negociou uma paz de dez anos com Frederico II. O Tratado de 1229 é único na história das cruzadas. Unicamente pelo caminho diplomático e sem nenhum confronto militar expressivo, Jerusalém, Belém e um corredor até ao mar foram cedidas para a fundação do Reino de Jerusalém o qual passou a ser administrado pelo patriarca latino Geraldo de Lausanne que interditou o acesso dos cristãos à cidade sagrada. O território de Jerusalem foi cedido com excepção da zona do Templo, do Domo da Rocha e da Mesquita de al-Aqsa, que permaneceram sob controle muçulmano. Além disso, todos os habitantes muçulmanos da cidade mantiveram as suas posses e as suas residências, tendo os seus próprios funcionários públicos para efectivarem um sistema judicial separado e garantindo a liberdade religiosa para todos habitantes e peregrinos.
Em 1239, o tratado com Frederico II expirou e, perante a ameaça de nova Cruzada liderada por Richard 1ºEarl de Cornwaal, Jerusalém foi de novo tomada pelos muçulmanos. O Império dos Ayúbidas (1171-1342) cairia de seguida numa guerra civil, sendo dividido entre a Síria e o Egipto pelos dois filhos de al-Kamil. Porém nem uma aliança entre a Síria e Jerusalem conseguiu evitar que a cidade fosse saqueada em 1241 pelos Corásmeos com o apoio do Egipto. Neste período o Egipto e a Síria atingiram em conjunto um periodo de grande prosperidade e desenvolvimento, tendo como base as exportações que tinham como destino o continente europeu. A razão para que esta balança comercial se tornasse tão favorável era o facto dos produtos orientais terem uma grande procura, precisamente por serem raros e muito apreciados no Ocidente (seda, especiarias, etc). Os Ayúbidas representaram no mundo uma muito maior evolução do que o mundo ocidental, principalmente nos ramos mais ligados às ciências: a matemática, medicina, astrologia e física. Mas depois das invasões do Império Mongol de Genghis Khan a partir de 1526 tudo se perdeu. O Império Mongol, que no seu auge dominou 130 milhões de pessoas entre a Mongólia, passando pelo subcontinente Indiano até ao Médio Oriente, viria por sua vez a sucumbir face ao poderio do Império Britânico em 1857. A Palestina que temos hoje é um legado da Grã-Bretanha e das suas concessões ao movimento Sionista.
No cadinho das duas grandes guerras entre as potências europeias (1914-1945) o Estado de Israel deve a sua criação à conjugação dos investimentos financeiros da Casa dos Rothschilds e em meios humanos ao plano Nazi de colonização da antiga colónia britânica por meio do incentivo à emigração de judeus da Alemanha para a Palestina através do Plano Havaara.
fontes:
* História Augusta (wikipedia)
* Mitologia Cristã "Jesus Never Existed"
* a Dinastia dos Ayúbidas (wikipedia)
* História das Cruzadas (Enciclopedia Britânica)
* os Condados cristãos de Inglaterra (wikipedia)
* o Império Mongol (wikipedia)
sexta-feira, junho 14, 2013
"Viver acima das nossas possibilidades..." o Parlamento dá o exemplo
Andam a gastar acima das suas possibilidades. Do endividamento total das cinco forças partidárias com assento na Assembleia da República, mais de 8,3 milhões de euros dizem respeito a fornecedores. PSD é o mais endividado.
Os cinco partidos políticos com assento na Assembleia da República tinham, no final do ano passado, uma dívida total superior a 22,4 milhões de euros. PSD e PS eram os mais endividados, comas suas dívidas a representarem 86,5% do endividamento total dessas cinco forças partidárias. Numa altura em que as empresas agonizam com a crise económica, PSD, PS, CDS-PP, PCP e BE devem aos fornecedores mais de 8,3 milhões de euros. As contas partidárias relativas a 2012, que foram apresentadas à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) até ao final de maio, deixam claro que os partidos políticos estão longe de apresentar uma situação financeira equilibrada. E, tal como o Estado, apresentam um nível de endividamento elevado, em particular PSD e PS, os dois principais partidos do arco da governação. Com as eleições autárquicas deste ano, que irão realizar-se entre o final de setembro e meados de outubro, tudo indica que o endividamento dos partidos políticos tenderá a agravar-se, por força das despesas com a campanha eleitoral. O PSD, apesar de ter reduzido o passivo total em12,8%,tem ainda uma dívida superior a 10,8 milhões de euros. E o PS foi mesmo a única força partidária a aumentar a dívida: em 2012, devido ao acréscimo de 7,6% no endividamento, o PS passou a ter uma dívida total demais de 8,5 milhões de euros. (fonte CM)
Os cinco partidos políticos com assento na Assembleia da República tinham, no final do ano passado, uma dívida total superior a 22,4 milhões de euros. PSD e PS eram os mais endividados, comas suas dívidas a representarem 86,5% do endividamento total dessas cinco forças partidárias. Numa altura em que as empresas agonizam com a crise económica, PSD, PS, CDS-PP, PCP e BE devem aos fornecedores mais de 8,3 milhões de euros. As contas partidárias relativas a 2012, que foram apresentadas à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) até ao final de maio, deixam claro que os partidos políticos estão longe de apresentar uma situação financeira equilibrada. E, tal como o Estado, apresentam um nível de endividamento elevado, em particular PSD e PS, os dois principais partidos do arco da governação. Com as eleições autárquicas deste ano, que irão realizar-se entre o final de setembro e meados de outubro, tudo indica que o endividamento dos partidos políticos tenderá a agravar-se, por força das despesas com a campanha eleitoral. O PSD, apesar de ter reduzido o passivo total em12,8%,tem ainda uma dívida superior a 10,8 milhões de euros. E o PS foi mesmo a única força partidária a aumentar a dívida: em 2012, devido ao acréscimo de 7,6% no endividamento, o PS passou a ter uma dívida total demais de 8,5 milhões de euros. (fonte CM)
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