Com os prejuizos dos Bancos completamente transferidos para as contas dos Estados para os contribuintes pagarem, a Crise acabou ou é a partir de agora que vai começar?
O director da Reserca Federal norte americana Ben Bernanke está a caminho do olho da rua para ser reformado, mas as consequências da bolha de títulos e emissões de dinheiro ficticio (quantitative easing) que ele ajudou a criar vai ficar connosco por muito, muito tempo, por décadas. Durante o mandato de Bernanke, as taxas de juros sobre os títulos do Tesouro americano caíram para mínimos históricos. Isso permitiu que o governo dos EUA acumulasse uma quantidade extraordinária de dívida. As taxas de juro sobre os empréstimos hipotecários durante o seu mandato também cairam para níveis recorde. Tudo isso ajudou a impulsionar a actividade económica no curto prazo, mas que acontece quando as taxas de juros começarem a voltar ao normal? Se a taxa média dos juros sobre a dívida do governo dos EUA subir para apenas 6 por cento, o governo dos EUA, de repente, fica obrigado ao pagamento de um trilião de dólares por ano só em juros da dívida nacional.
E é preciso recordar, houve momentos no passado em que a taxa média de juros sobre a dívida dos EUA foi muito maior que isso. Além do mais, quando o governo dos EUA começar a ter de pagar mais, para obter novos empréstimos pagará mais dinheiro que todos os outros. Que fazer com as vendas de casas e as vendas de automóveis? Todos nós nos lembramos o que aconteceu com hipotecas de taxa ajustável, quando as taxas de juro começaram a subir pouco antes da última recessão de 2008. Atingir-se-á uma situação em que a economia dos EUA simplesmente não poderá pagar as taxas de juro a subir. Os Estados Unidos e os seus Estados-clientes viciaram-se em dinheiro barato disponibilizado por um sistema financeiro grosseiramente distorcido. Desde 1913 que a Reserva Federal é o cerne dos problemas económicos que a América enfrenta (e por arrastamento a economia global), e desta vez não é excepção. Esta semana Barack Obama elogiou publicamente Ben Bernanke e afirmou que Bernanke "já tinha ficado muito mais tempo do que ele queria" como presidente da Reserva Federal. O mandato de Bernanke termina no dia 31 de Janeiro de 2014, mas muitos observadores acreditam que ele poderá sair ainda mais cedo. Bernanke parece estar cansado do trabalho e ansioso por se ver livre do herança que nos lega.
Então, quem irá substituí-lo? Bem, a imprensa de referência tem vindo a lançar a nomeação de Janet Yellen. Seria a primeira mulher a presidir à Reserva Federal, e sua filosofia é que, na mesma linha de Greenspan e Bernanke, alguma inflação é uma coisa boa para a economia. Parece portanto provável que a sucessora na FED continuará a trilhar o mesmo caminho que os seus antecessores. Mas é um caminho fundamentalmente bom? Manter as taxas de juros coladas a zero e imprimir dinheiro descontroladamente pode produzir alguns resultados positivos no curto prazo, mas a bolha que isso está cria é uma loucura que vai estourar nalgum ponto mais à frente. Na verdade, o director de estabilidade financeira para o Banco de Inglaterra, Andy Haldane, admitiu recentemente que os Bancos Centrais "intencionalmente queimaram a maior bolha de títulos da história" e alerta sobre o que poderá acontecer quando o resto do trabalhinho estiver terminado...
"Se eu tivesse que destacar o que para mim seria o maior risco para a estabilidade financeira global neste momento seria uma reversão desordenada nos rendimentos de títulos de dívida pública a nível mundial." disse Haldane. Houve "sinais de que" nas últimas semanas, os rendimentos de títulos de dívida subiram no meio de rumores de que os bancos centrais, particularmente a Reserva Federal dos EUA, vão começar a reduzir o seu estímulo (mais dinheiro impresso) - "Vamos ser claros. Nós intencionalmente queimámos a maior bolha de títulos da história", disse Haldane. "Precisamos estar atentos para as conseqüências dessa bolha poder estourar mais rapidamente do que seria desejável"
O gráfico abaixo demonstra como as taxas de juros dos títulos a 10 anos do Tesouro norte-americano caíram ao longo dos últimas décadas. Isso ajudou a alimentar a falsa prosperidade que temos vindo a desfrutar, mas não havia nenhuma outra maneira dos emissores de dólares nos EUA puderem ter sido capazes de emprestar dinheiro tão barato. Esta bolha financeira que estamos a viver agora é o palco para um ajuste muito, muito doloroso ...
Então, que aparência terá esse "ajuste"? A análise a seguir é de um recente artigo de Wolf Richter:
“Os Titulos do Tesouro a dez anos têm sido chutados para baixo do seu pedestal histórico desde Julho do ano passado, quando algumas pobres almas, cegas pela auréola da omnipotência e benevolência da Reserva Federal, os compraram a um minúsculo rendimento de 1,3%. Para eles, desde então tem sido um duche de água gelada. Como os Titulos cairam, os rendimentos serpentearam para cima e para baixo aos solavancos. Depois de um salto de cinco semanas a partir de 1,88% no início de Maio, que atingiu 2,29% na terça-feira da semana passada - eles recuaram para 2,19% desde então. Agora os investidores perguntam-se em voz alta o que aconteceria se os rendimentos do Tesouro a dez anos estivessem a regressar aos níveis mais normais de 4% ou mesmo 5%, arrastando outras taxas de juro de longo prazo com eles. Eles sabem o que iria acontecer: uma carnificina!”
E de acordo com Richter, já há sinais de que a bolha dos Títulos está a começar a estourar ...
Ben "Helicopter" Bernanke |
Na semana encerrada em 12 de Junho, os investidores acometidos de um misto de medo e ódio resgataram 14,5 mil milhões de dólares em obrigações do Tesouro, o segundo valor mais alto de sempre de 12,5 mil milhões de uma semana antes. Valores parecidos (de 27 mil milhões em apenas duas semanas) verificaram-se apenas em Outubro de 2008 quando o caos se abateu sobre os mercados financeiros. Em sintonia, as hipotecas de taxa fixa numa média de 30 anos pularam de 3,59% no início de Maio para 4,15% na semana passada. A bolha de refinanciamento de hipotecas, através da qual os bancos têm desviados biliões de dólares em juros, está a implodir - o índice caiu 36% desde o início de Maio.
Se as taxas de juros começam a subir de forma significativa, vai ter um efeito dramático sobre a actividade económica nos Estados Unidos. Já vimos este padrão anteriormente. Como Robert Wenzel observou num artigo recente no Jornal de Política Económica, vimos as taxas de juros subir de repente, pouco antes da queda do mercado de ações em Outubro de 1987, e também se viu aumentarem substancialmente antes da crise financeira de 2008 ...
Conforme o antigo presidente da Reserva Federal Paul Volcker, deixou a presidência da FED em Agosto de 1987, a taxa de juros na maturidade de 10 anos subiu de 8,2% para 9,2% entre Junho de 1987 e Setembro de 1987. A este movimento, é claro, seguiu-se o crash de Outubro de 1987. Conforme o anterior presidente da Reserva Federal Alan Greenspan deixou a presidência da FED no final de Janeiro de 2006, as taxa de juros a 10 anos subiram de 4,35% para 4,65%, para logo de seguido se situar acima de 5%.
Portanto, um olhar atento sobre as subidas de forma significativa das taxas de juros nos próximos meses será o içar da bandeira vermelha... o agravamento deliberado da crise faz todo o sentido, porque Bernanke entrega as rédeas do FED neste momento. É sempre assim com a inflacionária economia yankee, quando no meio do rodeo o cavalo está quase a cair, o cow-boy salta a tempo de não ficar mal visto na carnificina.
(artigo de referência: The Economic Colapse)
2 comentários:
Xatoo,
Que post tão confuso e pouco (nada) esclarecedor.
O monopólio financeiro mundial (nas mãos de meia dúzia de indivíduos) tem vindo a fazer o que sempre fez nos últimos duzentos e tal anos:
1 – Injeta dinheiro (criado a partir do nada) e a economia expande-se.
2 – Retira dinheiro (criado a partir do nada) de circulação e a economia implode.
É quando a economia implode que o monopólio financeiro mundial se apodera de toda riqueza dos Estados, das Empresas e das Famílias.
É tão simples como isto.
Fico espantado como ainda não o tenhas percebido e fales no A, no B e no C, como se eles não fossem apenas testas de ferro da de meia dúzia que efetivamente manda.
Não estar confuso é viver a imaginar meia dúzia de personagens obscuras a decidir os destinos do mundo dentro de um quarto escuro, que ninguém sabe quem são nem como se lhes há-de chegar...
Estar confuso é trabalhar os dados da economia real que milhões de quadros intermédios vão gerindo no quotidiano...
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