Diz a noticia que a Auto-Europa se propõe fazer (se não se trata de mais uma das habituais operações de marketing) um investimento de 670 milhões numa nova linha de produção que irá criar 500 novos empregos em 5 anos. Os intelectuais que nunca viram um operário por perto embandeiram em arco lá de cima – estão a ver? afinal “o Estado cria emprego!” - e isto para desancar nos neoliberais parece chegar, mas é uma mistificação – a euforia afinal assenta nos 134 milhões/ano a que corresponde 100 trabalhadores por ano até 2019. Ora nem o sindicalista amarelo do BE acredita nas boas intenções disto. O assunto culmina com a descoberta que o capital a investir, 38,2 milhões de dólares, é emprestado pela AICEP, decerto com o aval do Estado (isto é, do Governo que distribui tacho)
O que ganha o Estado, isto é, nós portugueses com o negócio?
a Auto-Europa importa cerca de 80 por cento dos componentes que utiliza na montagem dos veículos “portugueses”. Com este presumível aumento de produção (de for verdade) o valor das vendas que ficam em Portugal é de 20 por cento dos 2,2 mil milhões de euros que a montadora exporta, um pouco mais de 2% do PIB; ou seja ficam no país 440 milhões, o que dá 14,600 euros de valor acrescentado por trabalhador/ano.
Por comparação, o peso que o sector das Florestas no PIB português representa é de 11 por cento; não sendo necessário importar matéria-prima. Supondo, por excesso, que o sector importa 30 por cento do valor facturado em maquinaria e produtos químicos, ficam na economia do país 8,4 mil milhões de euros, o que dá um valor acrescentado proporcionalmente por trabalhador de 19 vezes mais que o da Auto-Europa. A montadora de automóveis - que acrescenta essencialmente mão-de-obra a custos muito mais favoráveis em relação á média europeia, e beneficia além do mais de um regime especial de impostos – é boa é para a Alemanha, cujas fábricas exportam para Portugal 1,7 mil milhões de euros por ano
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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