Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
... se verá qual a evolução da situação, tendo sempre em mente que o Syriza, passe a propaganda odiosa lançada pelo radicalismo burguês, é uma força essencialmente social democrata disposta a aplicar um programa de centro-esquerda no sentido da terceira-via de Giddens, que propõe uma mera e mais que programada reviravolta no capitalismo na Europa para evitar a sua falência - não para produzir nenhuma "revolução socialista" sem base social de apoio nem condições geoestratégicas para tal, conforme imaginaram muitos arautos do nosso ultra-esquerdismo caseiro em menos de um mês. Nem o PCP, um partido essencialmente reformista, advogaria tamanha irresponsabilidade. Assim sendo, o governo Tsipras este fim de semana já congelou 404 milhões de euros de grandes depositantes, que não conseguiram provar a origem lícita do dinheiro. O programa de reformas da Grécia deverá obter 7,3 mil milhões de euros de receitas no combate à evasão fiscal e à corrupção - portanto, a Grécia está a inverter a situação dos governos neoliberais europeus que esbulham os cidadãos para salvar bancos. O que é uma passo muito positivo que merece todo o apoio das classes trabalhadoras europeias e não a diabolização. (Keep Talking Greece) Na proposta entregue hoje ao Eurogrupo a Grécia compromete-se tacticamente a pagar as dividas contraídas e a não pôr em risco as metas fiscais com medidas unilaterais (Infolibre). Em flash-back:
ultimato europeu?
Em 2011 a exposição dos bancos comerciais privados ao financiamento da dívida pública dos Estados era, no caso da Grécia, de 55,7 mil milhões de euros por parte dos franceses, 21,4 mm da banca alemã e de 10,1 mil milhões dos bancos portugueses. A exposição de Portugal era superior aos bancos dos Estados Unidos, que tinham 8,4 mm de investimentos no endividamento da Grécia. Como se sabe, os prejuízos da banca comercial infectada por produtos tóxicos nos balanços aldrabados foram transferidos para a esfera pública como dívida soberana do Estado – nem que tivesse sido combinado, nesse mesmo ano de 2011 houve a transição do governo (PS) que pediu a “ajuda” da Troika (junta financeira tripartida parida pela EU de Barroso) para o governo (PSD) cavaquista de Passos Coelho, encarregado de confiscar aos portugueses dinheiro quanto baste para suportar doravante a dívida do Estado que antes era dos bancos.
Recorde-se a história e compare-se o que então não foi dito com o que Yanes Varoufakis afirma agora: “o dinheiro das "ajudas" não chegou à Grécia, foi antes para os grandes bancos”. ” – Cavaco Silva vem insistindo na fábula dos “portugueses foram dos que mais contribuíram para o resgate grego”, mas a Grécia é que está a dar dinheiro ao teu governo, estúpido!. Questionado sobre a postura de Portugal e Espanha, Yanis Varoufakis deu uma resposta politicamente correcta, invocando a sua boa educação para não ir mais além, mas que não deixou de revelar a postura da Ministra das Finanças no Eurogrupo, que envergonha os portugueses... Os governos de Portugal e Espanha "estão a querer ser mais alemães do que a Alemanha", desabafou Varoufakis ao correspondente da RTP após a reunião do Eurogrupo"
Para cumprir com os compromissos dos anteriores governos para o pagamento da dívida e respectivos juros e sustentar a gestão corrente do Estado a Grécia necessita de entre 58,7 a 85 mil milhões de euros, para o que precisa de manter este sistema de financiamento, recusando no entanto a ingerência estrangeira nas medidas de austeridade pondo em execução o "Plano o Salónica". Depois que o novo governos grego ousou enfrentar o “desafio audaz contra os imperialistas financeiros” o país conseguiu um acordo com o Eurogrupo que anula os compromissos de austeridade assumidos com a Troika, reavendo soberania e capacidade de decidir na direcção de novos parceiros, incluindo a Rússia e a China, unindo-se, caso o venham a entender, à “nova ordem económica” emergente criada pelo bloco dos BRICs.
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