"a assimetria entre o crédito concedido e a dívida assumida, está desde os seus primórdios, no fundamento de toda a vida das sociedades" (Manuel Maria Carrilho)
A parasitária burguesia grega, conluiada com os seus sócios estrangeiros, conseguiu uma proeza extraordinária: contrair uma dívida (a números de 2011) de 357 mil milhões de euros, isto é: praticamente tanto quanto as fortunas dos 10 homens mais ricos do planeta (301 mil milhões, dos quais 54 mil milhões são de Bill Gates) ; dois terços do valor dos receitas de todos os países produtores de petróleo da OPEP juntos (556 mil milhões); uma enormidade quando comparada com os 70 mil milhões do fundo de ajuda da UE disponíveis em 2010, ou com os pelintrosos 15 mil milhões de bónus pagos aos gestores financeiros de Wall Street. Mas apenas metade para o valor para que passou o fundo de ajuda da UE para financiar (emprestar a juros) as dívidas soberanas dos países da periferia europeia apenas um ano depois: 780 mil milhões. Inatingivel parece ser no entanto o custo da guerra global dos Estados Unidos ao “terrorismo”: 1 Trilião e 47 mil milhões, guerra pela qual a todo o cidadão abençoado pela água benta da democracia ocidental é extorquido grosso tributo.
O governo grego saída das eleições de Janeiro de 2015 começou a auditar a natureza da dívida, visando apurar que parte dela é odiosa, ilegítima, porque não foi contraída em beneficio do povo. "O país está em guerra, uma guerra social e de classes com os credores. Nesta guerra não vamos ser alegres escuteiros dispostos a continuar as políticas do Memorando da Troika, iremos cumprir o Programa de Tessalónica" disse Nicos Voutsis, ministro do Interior, este mês no Parlamento. É neste contexto que o primeiro ministro da Grécia visita Berlim a convite - primeiro que tudo o espectáculo montado com peças lego alemãs do poderio militar do Ocidente. Poderão a Rússia e a China, agora congeminando bancos globais com os Brics, oferecer-te toda esta riqueza, Tsipras? passe o que se passar, combinamos desde já que ambos vamos mostrar uns sorrisos, pelo menos enquanto tivermos a presença de jornalistas. Enquanto isso, o governador do Banco Central Europeu exige que Grécia "honre totalmente" a sua dívida
"Caros amigos, com sabem, a Grécia tem estado desde há algum tempo em rota de colisão com os fundamentos do neoliberalismo. Confrontado com a desastrosa política da austeridade e extorsão por parte dos mercados, o nosso povo está determinado em defender a democracia, o Estado Social, os bens públicos e o direito a um trabalho pago adequadamente. Batalhamos pela vida, pela dignidade e justiça social, todos dentro da luta para orientar a economia para as necessidades da sociedade, em vez da sociedade estar orientada para as necessidades da economia e do lucro financeiro. Os nossos horizontes não estão limitados pelas fronteiras do nosso país. Estendem-se por toda a Europa. Sabemos que outros povos estão a seguir os nossos passos, determinados a usar o poder da democracia para fazer um mundo mais justo e o futuro mais promissor. A frente que irá enfrentar o actual equilíbrio de poder na Europa já está a ser formada e cada dia fica mais forte" (Mensagem de Alexis Tsipras ao Fórum Social Mundial 2015, a decorrer em Tunes)
Hoje comemora-se o dia da Independência na Grécia. Pela primeira vez desde 2011, quando os presentes apuparam o presidente da República numa cerimónia oficial, o desfile em Atenas não teve barreiras policiais para afastar as pessoas.
Uma simples mistificação dos economistas da escola neoliberal norte-americana, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias de Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos. Neste sentido, só o Presente é nosso, não o momento passado nem aquele que aguardamos, porque um está destruido, e do outro, se não lutarmos, não sabemos se existirá.
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quarta-feira, março 25, 2015
e como quem empresta a juros (schulden) tem mais de metade da culpa (Schuld)...
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